Paulo Fraccaro escancara desastre da gestão Pazuello

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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As declarações foram dadas a Luis Nassif, em entrevista exibida na TV GGN, que também contou com a participação do economista Gabriel Galipolo e do jornalista Sérgio Leo.

Jornal GGN – O secretário da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO), Paulo Fraccaro, revelou que alertou ao Ministério da Saúde, até então encabeçado pelo general Eduardo Pazuello, a falta de insumos hospitalares que poderia ocorrer se não houvesse planejamento da pasta, em meio da pandemia da Covid-19. As declarações foram dadas a Luis Nassif, em entrevista exibida na TV GGN, que também contou com a participação do economista Gabriel Galipolo e do jornalista Sérgio Leo.

No final de 2020, com a crise sanitária evoluindo para o cenário catastrófico que estamos enfrentando hoje, tornou- se pública a falta de seringas para a vacinação contra o coronavírus, ocasionada pela nulidade de planejamento do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).  

Para tentar reverter o cenário, em 29 de dezembro, o governo organizou um leilão com o intuito de adquirir 331 milhões de seringas, no entanto, só foi possível acordar a compra de 7,9 milhões de insumos, tendo em vista a capacidade de produção das empresas brasileiras naquele momento.

Acontece que, em 6 de janeiro, Jair Bolsonaro voltou atrás e anunciou nas redes sociais que a compra de seringas estava suspensa devido aos preços dos produtos. Já em 14 de fevereiro,  o próprio Ministério da Saúde informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que sete Estados brasileiros corriam o risco de não ter agulhas e seringas para atender à demanda de aplicação das vacinas contra a covid-19. Fraccaro explicou como se deu este cenário. Confira:

“Em julho do ano passado, a minha entidade sentou com o ministro da Saúde preocupado. Porque, se ele não fizesse um planejamento adequado, na hora que chegassem as vacinas não iria ter insumos. Entregamos isso escrito no dia 8 de julho. Em 26 de novembro ele [o ministro da saúde] respondeu de uma maneira inocente que tinha entendido nosso pleito, mas que já estava se organizando”, contou.

“Sabendo que logo teríamos uma vacina [contra a Covid-19] eu oficializei que o Brasil iria precisar de seringas. Nós temos quatro fábricas de seringas, é para bater palma, já que poucos países têm isso, só que as quatro fábricas não iriam fazer um pré-estoque. Por isso, era preciso um planejamento para que elas pudessem se organizar, aumentar a produção e antes que fosse entregue a primeira seringa seriam necessários de três a quatro meses de planejamento”, continuou.

“Foi feito um leilão em 29 de dezembro para comprar [de cerca de ] 300 milhões de seringas, estabelecido o preço de um ano atrás, quando não havia inflação nenhuma. Lógico que não apareceu fornecedor, a não ser para oito milhões e, no dia seguinte, o Bolsonaro foi até a mídia e falou que as empresas queriam roubar e que ele jamais iria comprar seringas por aquele preço. Mas, hoje, estamos pagando preços muito mais altos por seringa”, explicou Fraccaro.

“Se nós tivéssemos planejado estaríamos pagando cerca de 15 cents [por unidade de seringa]. Hoje estamos pagando 20, 22, 30, 35 até 40 cents”, completou.

A desindustrialização promovida pela gestão Bolsonaro no caso dos ventiladores pulmonares

Além do desastre com as seringas, tão necessárias para a vacinação contra o vírus, o governo Bolsonaro ainda desbancou fábricas nacionais que se prepararam para a produção de ventiladores pulmonares, aparelho hospitalar crucial para pacientes diagnosticados com casos graves da Covid-19.

Fraccaro explicou que a “sacanagem” do governo com o setor começou em março de 2019. Na época, o país contava com quatro fábricas do produto e foi feita uma compra pelo governo de 60 mil reais sem nenhum tributo, na ocasião foi feita uma requisição administrativa a essas empresas, onde elas só iriam produzir para o governo e o preço por aparelho ficou fixado em cerca de cinco mil reais, mas pagando todos os tributos.  

“Um equipamento como aquele, num momento de carência, pagavam ICMS, PIS e COFINS, mas as empresas aceitaram isso em março e abril. No final de julho e início de agosto nós já tínhamos 11 fábricas preparadas para fazer ventiladores, de transporte e de UTI, todos atendendo as normas, e o que o governo fez? Parou de comprar! Aquelas quatro empresas iniciais, em uma delas ele tentou reduzir o pedido que já tinha feito e proibiu a empresa de vender para outros”, explicou.

“As empresas ficaram com estoques de componentes e de ventiladores. O que aconteceu agora? Entre janeiro e fevereiro, o governo publicou um decreto isentando impostos de importação para determinados produtos e colocou os ventiladores novamente nessa lista. Ou seja, é permitido que todos os hospitais públicos e secretarias possam importar os equipamentos sem pagar tributos e com 11 fábricas aqui”, disse.

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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