Sai o MBL Neandertal, entra a direita britânica, por Luís Nassif

Duas pesquisas  recentes  ajudam a demolir alguns mitos midiáticos.

A primeira, da Big Data Ideia, mostrando que a maioria do povo brasileiro –provavelmente no universo das redes sociais – não compactua com o retrocesso moralista.

A segunda, mais óbvia, constatando o baixo impacto das declarações de Fernando Henrique Cardoso junto ao eleitorado.

Comprova-se o óbvio.

O radicalismo dos últimos anos, com o aparecimento de dinossauros, brontossauros, pterodátilos, vampiros e harpias, foi uma construção midiática.

O que havia era uma sociedade que respeitava determinadas regras sociais, que mantinham sob controle os vultos das profundezas. As redes sociais romperam com as regras, passando a dar voz a esses grupos. E o movimento se ampliou com o incômodo da classe média com os novos emergentes.

Os primeiros a perceber essa onda foram Jô Soares, e suas meninas, e Arnaldo Jabor e suas verrinas, passando a vociferar um ranço de classe, ainda distante do ódio dos momentos seguintes.

Vociferar, aliás, talvez não seja o termo correto, perto do que ocorreu com a revista Veja, quando Roberto Civita traz dos Estados Unidos a fórmula Rupert Murdok de jornalismo de guerra.

Inaugurava-se um novo estilo, truculento até a medula, introduzido na Veja por um jornalista de confiança de Civita, Tales Alvarenga. Depois se amplia, quando colunistas de variedades, como Diogo Mainardi, recebem autorização para tratar adversários políticos com linguajar de boteco. Inaugura-se a era do jornalismo de esgoto.

Por culpa de uma direção de redação medíocre, o estilo se esparramou por todos os espaços da revista, em um exercício de suicídio editorial inédito que transformou a principal revista do país em um pasquim malcheiroso.

A Editora Record percebeu o novo veio que se abria e passou a editar os neo-direitistas impulsionados pela mídia.

Foi uma onda, como a onda da auto-ajuda, das biografias, dos livros de aventura, com elementos de marketing, como o chapéu Panamá, que cumpria o papel simbólico dos camisas verdes dos novos tempos.

Quando abriram vagas para o novo estilo, pulularam candidatos de todos os níveis, de cronistas diáfanos e colunistas de tecnologia, de economistas palestrantes a procuradores palestrantes. Surgem o sub-Jabor, depois o sub-sub-Jabor, depois o sub-sub-sub-Jabor, apenas entre os cronistas musicais.

A onda turbinada

Essa onda não teria passado disso, mais uma onda, não fosse o impacto da campanha de ódio deflagrado pela mídia, na cobertura do “mensalão” e da Lava Jato e sua adesão incondicional ao estilo esgoto.

Agora, a onda está prestes a passar no território da mídia, substituída pela onda “direita britânica”, conservadora na economia, liberal nos costumes e sóbria no linguajar, espécie de fineza à Miami. Tipo Luis Roberto Barroso. Um estilo que despreza povo, mas abomina o grotesco.

E toca uma corrida insana, com os gladiadores trocando os machados, as peixeiras, por adagas florentinas, o linguajar de zona do cais por um data vênia, por conceitos jurídicos, aprendendo a comer com talheres. Tudo porque montaram um banquete dos mendigos. E o dono da casa entrou em pânico quando bateu à porta um tal de Bolsonaro.

A onda neocon, o MBL e congêneres, serviu apenas de escada para vários desses colunistas ganharem espaço nas publicações, veículos se posicionarem no mercado, e os golpistas povoarem a campanha do impeachment.

Agora, os articulistas mais talentosos, que utilizaram a malta de escada, estão tratando de jogá-la ao mar. Os demais não conseguirão se reciclar para perfis mais sofisticados: afundarão no esgoto.

Os sobreviventes que ascenderem, como novos ricos do sistema, não querem nem que lembrem que um dia beijaram na boca, prometeram juras de amor eterno, andaram de mãos dadas trocando olhares apaixonados, se deixaram fotografar com harpias arfantes, com tipos com ideias secas e rostos suarentos.

É um jogo complexo no qual as mentes mais lentas, que não conseguem prever o rumo dos ventos, acabam pegando o barco atrasado.

É o caso de um candidato retardatário a neocon, jornalista econômico experiente, que  dias atrás publicou post no Estadão atacando colegas que criticaram o MBL, e a esquerda que “domina todas as redações”. E ficou com o paintball na mão.

Em engano igual embarcou João Doria Jr., que cai mais na conversa de vendedor de bíblias que as beatas dos filmes de faroeste.

A nova onda

A atuação do MBL e dos demais parceiros da direita tosca foi e é meramente midiática.

Aprenderam a “causar”. Meia dúzia deles faz um carnaval em uma exposição ou agride uma escritora conhecida. Ou então publicam artigos preconceituosos para “causar”. Imediatamente é repercutido pelos veículos de mídia e pela militância de esquerda. Ao reagir em massa contra os factoides, paradoxalmente os adversários ajudam a lhes conferir relevância.

Na outra ponta, Blogueiros que ganharam notabilidade pela capacidade de ofensa, e pela capacidade de ofensa ascenderam profissionalmente, agora que a Arca de Noé começa a afundar, tentam se qualificar, investindo contra a direita bárbara, troglodita e, data vênia, comportando-se com formalismo e dignidade de um guarda-livros do século 19.

A própria Veja tenta a todo custo recuperar um mínimo de dignidade, investindo em matérias legítimas – como a bela reportagem sobre a morte do reitor da UFSC -, e de defesa da diversidade, mas sempre ficando presa ao passado, com os ectoplasmas das bestas se interpondo no seu caminho.

A grande questão é que a tentativa de se voltar ao jogo político tradicional não tem futuro. Quando inaugurou a campanha de ódio, a mídia queimou as caravelas. Não consegue mais atuar como mediadora. Não tem candidatos, nem ideias. E não conseguirá celebrar o centro democrático porque a radicalização rasgou o território comum à esquerda e à direita modeadas.

Os dois partidos que garantiram a governabilidade pós-redemocratização – PT e PSDB – foram envolvidos em uma luta fratricida. E 2018 vem a galope, com apenas uma tática explícita: inviabilizar a candidatura Lula e impedir o candidato Bolsonaro.

Luis Nassif

34 Comentários

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  1. Sim Moreno Vivo,e daí
    Sim Moreno Vivo,e daí pergunta esse humilde não cadastrado?Abrirão as porteiras para os salvadores da pátria tipo Collor?Não presciso nem lhe dizer,que nesse caso,a emenda sairá pior que o soneto,levando-nos a crer que essa josta não tem jeito e o Mister Colby não sei o que,falou a maior verdade verdadeira da vida dele.Ninguém conseguiu chegar nem perto,exceto os fariseus e hipócritas de meia tigela que habitam,de Norte a Sul,de Leste a Oeste,esse País deserdado de Deus.

    1. Convém não esquecer que um

      Convém não esquecer que um “caçador de Marajás,” vulgo Collor de Mello, foi oferecido e vendido ao eleitor como um produto “novo.”  Assim como, repetiram em São Paulo, quando venderam um bosta, como o fack-garotão João Dória. Ou seja, um bosta de um reles marketeiro de merda, que não consegue nem administrar uma prefeitura. E, sai desarvorado qual um paspalho, só falta se travestir de ave do paraíso, pra chamar sua atenção.

      Basta a proximidade de eleições e: lá vem outra enxurrada de assombrações. Recomenda-se cuidado com esse tipo de mercadoria sem nota. Isso é uma roubada.

      Veja na merda que deu, eleger um suposto caçador de marajá e, mais recentemente, com o “novo” prefack que se fantazia de lixeiro, abandona a prefitura e, embarca pra lá e pra cá, turistando, que nem caxeiro-viajante.

      Orlando  

  2. Psdb e pt????

    Nassif, tire esta menção ao pt junto com este partido que apoiou a violência chamado psdb.

    Parece que você tem medo de ser chamado do petista e não o defende mesmo careca de saber que a vítima deste processo é o pt. Vítima destes bandidos de todos os naipes e becas e capas. Nã assume a defesa franca da vítima é estar encima do muro.

    Não coloque o pt junto ao psdb nunca.

    1. Também acho….. A Globo faz

      Também acho….. A Globo faz um jogo manipulador sórdido, incitando ao ódio e ao NOJO, por exemplo, quando permite que em um de seus programas mais gabaritados na Globo News, faça parte da “decoração” mum pixuleco do Lula em roupa de presidiário…… Ou quando falava das manifestações pró-impeachment como a marcha das “famílias brasileiras” e as contra, a marcha “dos militantes do PT” – tudo isso obviamente carregando símbolos que fraturam o país, induzem a uma “fé fundamentalista”, o “bem X o mal”.  A Globo é o câncer do país.

  3. É uma direita que vai soar

    É uma direita que vai soar sempre falsa e por um motivo muito simples: a direita brasileira jamais defendeu o primado do Império da Lei. Não tem como imitar os trejeitos de uma direita conservadora anglo-saxã sem seguir o Rule of Law. É exatamente isso que difere um McCain de um Trump.

    Sem o Rule of Law, o PSDB continua o que sempre foi: um partido que posa de democrata, mas que adora virar a mesa e dar golpes quando convém. Foi assim quando passou o plebiscito do parlamentarismo na Constituição de 88, na emenda da reeleição e no impeachment. 

    A imprensa tenta dizer que Bolsonaro é muito diferente. Ele é só mais ignorante e truculento que o PSDB e não tem colunista de revista que mude isso.

  4. A única coisa que não gostei no artigo que esqueceram do …….

    A única coisa que não gostei no artigo que esqueceram do Rui Pimenta do PCO. Por que falo no Rui Pimenta, simplesmente porque suas análises semanais que se encontram no YouTube quando o pessoal de centro esquerda acreditou na bobagem que o povo era de direita, o Rui dizia em alto e bom tom que tudo aquilo era uma enganação.

    Pessoalmente não de forma sistemática nem científica no natal de 2015 comecei a fazer uma pesquisa de opinião junto a diversas pessoas da classe trabalhadora. Mesmo no Rio Grande do Sul, onde as pesquisas fakes que apareciam na imprensa diziam que o apoio a direita era imenso (coisa que foi impulsionada principalmente antes das eleições, para induzir o voto no cavalo vencedor) numa conversa com qualquer um do povo vi claramente duas fases, a primeira em que repetiam as besteiras da imprensa e uma quando descia mais fundo nas convicções de cada um se via claramente uma visão social e humanista.

    Nos dias de hoje, provavelmente com a chegada do golpe e com os assalto contra o trabalhador, posso dizer com certeza que mais ou menos entre 60% a 70% da população a noção da necessidade de uma sociedade mais inclusiva e social é a base das convicções.

    Podemos dizer que em alguns meses este valor de apoio a uma visão mais a esquerda além de subir, atingindo de acordo da região valores em torno de 90%, além disto, e o mais importante, a visão está ficando mais clara e politizada.

    Poderia dizer que atualmente o brasileiro está começando a ver claro o que é a Luta de Classes, e não num sentido mais simplificado, mas sim começando a entender subjetivamente conceitos mais complexos como a mais valia.

     

  5. Só para voltar à parte importante do artigo.

    Por mais que a direita vista fraque e cartola e seja elegante, perdeu a credibilidade, e esta sim é difícil de reaver.

    O penúltimo parégrafo do artigo está uma beleza, e é um resumo do que penso a muito tempo.

    Outra coisa que poderia ter sido colocado no artigo foi a falta de “timing” da direita e do AMADORISMO NO GOLPE, no roubo estão sendo profissionais, porém o rastro que estão deixando até um ceguinho pode seguir.

    1. O Rui C. Pimenta faz, há

      O Rui C. Pimenta faz, há anos, as melhores analises políticas atuais, sempre trazendo informação útil, tanto nacional como internacional.

      Todo sábado 11:30 h pelo youtube.

  6. Muito bom, mas igualar PT e PSDB
    O PT continua onde sempre esteve, inclusive nos tempos em que governou e fez o Brasil parecer uma nação de verdade. Sempre foi um partido de 30% do eleitorado, mais ou menos. Não perdeu nada com “guerra fratricida” nenhuma, pelo contrário, tem perspectiva de crescer. Os últimos números mostram isso inclusive. 2018 é o ano que não vai acabar. Ele continuará pelo próximo meio século.

  7. Mídia golpista tosca

    A direita brasileira, dentro e fora da mídia, pode desprezar churrascarias rodízio, restaurantes por quilo e botecos, ostentar selfies com legenda em inglês macarrônico feitos em estabelecimentos gourmet onde o rango é servido com pinça e cobrado a peso de ouro, mas não consegue perder os hábitos de armar barraco com o maitre por causa de uns tostões na conta e sair palitando os dentes e falando alto em público. Financiadores estrangeiros de golpes de Estado e fraudes eleitorais já incluem isso no custo operacional.

  8. Lamentável
    Só acho lamentável essa simplificação dos discursos utilizando de artifício de esquerda e direita.

    Atualmente na briga política usando este mesmo artifício fica claro que é uma briga de esquerda.

    Assumir que o golpe político foi de direta é ignorância ou burrice.

    Não existe direita neste país, este é o real problema do Brasil.

    Sempre tivemos uma hegemonia da esquerda neste país. Só sendo diferente no regime militar.

    O mbl pra mim se iguala os aparelhado da une, cut e mst.

  9. Onde se encaixa, nessa

    Onde se encaixa, nessa analise, o que fizeram com a blogueira Yaoni Sanchez, implacavelmente perseguida por simpatizantes petistas em sua vinda ao Brasil?

    Ou o que acontece, onde a classificaçao indicativa de idade, para shows, TV, publicações, etc, são deliberadamente comparadas à censura.

    1. Onde se encaixa: Yaony

      Onde se encaixa: Yaony Sanches não é apenas uma blogueira com idéias divergentes para ser respeitada. É uma representante legítima do Império. Daqui a pouco alguém vai dizer que Michel Temer e sua quadrilha têm que ser respeitados pois apenas pensam diferentes, nada mais. E a implacável perseguição que sofreu não passou de um escracho, muito diferente  do ocorrido com Judith Butler. Classificação por idade não é COMPARADA à censura, É censura. Em alguns casos plenamente justificada, em muitos outros serve só para atender a “neanderthalidade” do MBL e seus seguidores, que não é só pensar diferente. Com violência explícita querem impor seus pontos de vista.

    2. Yaoni Sanchez “perseguida”??? FAZ ME RIR, PALHAÇO!

      Coitada da Yaoni Sanchez… foi perseguida… que dó! Nem se ela fosse prêmio Nóbel da paz receberia mais atenção da imprensa nacional. Teve espaço garantido em TODOS os veículos de mídia, deu longas entrevistas, posou de vítima e ainda foi blindada das críticas habituais pela maneira manipuladora como descreve Cuba… a começar pelo fato dela ter “fugido” da ilha e depois ter retornado ao perceber que parou de receber atenção. Essa mulher não foi perseguida no Brasil, muito poelo contrário: FOI SUPERVALORIZADA E CATAPULTADA AO ESTRELATO!

      Sobre a comparação a idade indicativa com a censura eu, sinceramente, desconheço o caso… favor me enviar o link. O que eu vi acontecer foi o oposto… tentativa de censurar apresentações onde alguém desrespeitou a restrição indicativa de idade.

  10. Timing

    Muita da confusão de hoje deve-se ao “timing” não esperado pela turma golpista. O PT resistiu e Lula não consegue ser condenado “com provas”. O povo começa a sentir a persecução acima do PT e do Lula e, ainda, começaram a aparecer os podres da própria turma golpista, inclusive da rede Globo. Moro já era para ter condenado Lula e viajado para morar nos EUA (e não conseguiu). Os tucanos já eram para estar com o bastão na mão, para 2018. Mas, por assunto de “timing”, o jogo golpista começou a virar sem antes ter sido consumado e o feitiço começa a se voltar contra o feiticeiro. Teremos Lula novamente e a revogação das maldades do Temer, mas, temos que aumentar a presença do povo nas ruas.

    1. Perderam o timing e o rumo!

      Segundo um programa informal o golpe deveria já estar consumado, ou no mínimo a intervenção militar, porém as coisas não aconteceram como o esperado, e vamos aos fatos.

      A excelente defesa técnica de Zanin tem mostrado as inconsistências diárias dos julgamentos contra Lula, são tantas que mesmo ardorosos direitistas começam claramente a denunciar a incapacidade da república de Curitiba em conseguir provar com somente uma aparência de legalidade os “falsos crimes” que Lula deveria ter cometido.

      Mas vamos entender porque o titubeante golpe mostra mais fraquezas do que virtudes golpistas. A primeira delas é que para os piratas assaltarem um galeão espanhol cheio de ouro é necessário ter um chefe pirata no comando! A nave pirata, que assalta um galeão mesmo à deriva e sem nenhuma guarnição para defende-la quando no barco pirata há no mínimo uns três chefes e alguns subchefes que se alternam de acordo com a pilhagem, tornam-se eles mesmos os seus maiores inimigos, podemos imaginar o cenário, um barco pirata sem um pirata chefe responsável pela indisciplina organizada do saque, termina alguns pegando parte do ouro e ao mesmo momento outro grupo reivindicando a mudança da partilha do butim.

      Agora a segunda e enigmática pergunta que poucos estão expondo além de pensarem diariamente somente sozinhos em seus quartos ou mesmo no banheiro, é por que a intervenção militar ainda não ocorreu? Poucos no seu íntimo deixam de imaginar que a intervenção é clara e que mais dia menos dia ocorrerá. Porém porque demora?

      Num exercício de imaginação podemos pensar que a vontade de intervir está temporariamente sendo freada por alguns problemas. E mais num segundo exercício de imaginação vamos falar quais seriam alguns dos problemas reais que freiam esta intervenção tão desejada pela maioria dos comandos militares do exército e expressa publicamente nos meios de comunicação.

      O primeiro grande problema, o mais objetivo de todos, é a resposta que os comandantes vão dar a toda a tropa em termos de SOLDO quando derem o golpe. Não é mistério para qualquer um que um membro do atual núcleo golpista, tanto no Judiciário como no Legislativo tem uma diferença brutal de salário entre os soldos militares. Se estivéssemos numa situação normal em que estes outros poderes tivessem um salário que no mínimo respeitasse a constituição, ou seja, tendo como limite o salário dos ministros do supremo, a freada de arrumação seria leve e sem maior tumulto para os usuários do ônibus. Mas como já está claro para todos que a maioria dos membros do Judiciário como dos Legislativos (tanto os juízes, procuradores como demais funcionários) recebem com todos os penduricalhos salários que ultrapassam valores de cem mil por mês mais fantásticas férias forenses. O mínimo que era de se esperar é que um general de exército (quatro estrelas) ganhasse o mesmo do que os altos salários citados.

      Porém na estrutura militar além de existir o general de exército existem, os generais de três e duas estrelas e mais o coronel, o major, o capitão, o primeiro tenente, o aspirante e abaixo deles todos os praças e graduados (desde o subtenente até o soldado). E numa hierarquia militar além da ordem de comando deve ter também uma ordem de salários! No congresso neste momento há uma PEC que pretende simplesmente aumentar o soldo dos generais quatro estrelas, mas mesmo assim estes ficarão bem abaixo dos Juízes, Promotores, Senadores e Deputados e funcionários mais graduados dos poderes legislativo e judiciário. É clássica a observação que um ascensorista do senado ganha mais do que um oficial graduado de qualquer uma das três carreiras militares.

      Outra observação importante que pode passar batido por vários é que a esquerda em geral trata com mais pertinência a função dos membros da FFAA num mundo dominado pelo capitalismo do que a direita. Enquanto a esquerda, que apesar de tratar de animais os torturadores que eram militares, e realmente eram menos do que animais, ela vê que o exército num mundo capitalista algo mais estratégico pensando em uma força armada com capacidade de preservar a defesa externa e não para ações dentro do país, a direita quer reduzir a função dos militares a uma polícia militar estadual para levar segurança a oligarquia e a pequena burguesia que tem medo de sua própria sombra. Durante os governos do PT, ações estruturantes nas três as para darem configuração de uma verdadeira força armada foi levado a cabo, ações tais como os caças Gripen, o submarino nuclear e os sistemas de mísseis do exército. Um dos motivos que talvez somente se tenha notícias das reuniões do comando do exército e não de reuniões conjuntas das três armas esteja na grandiosidade do projeto de construção de aviões de quarta geração++ (ou mesmo alguns qualificando como de sexta geração) no Brasil e de um Submarino nuclear em relação a projetos menos ambiciosos nas forças terrestres. Ou seja, uma ciumeira extremamente usual em qualquer país do mundo.

      Uma coisa de interessante que se vê nas atuais reuniões para conversar sobre o golpe é que elas são centradas no exército e que não se vê até o momento nenhuma manifestação mais contundente das outras armas.

      Outro fator mais importante que ninguém está levando em conta é “o que fazer dado uma intervenção militar”. Em 1964 era bem mais claro, existia um governo mais à esquerda e uma mobilização tanto nas posições civis como militares de elementos mais nacionalistas que pensavam mais no país como uma possível potência que tinha um fantasma de uma “revolução comunista” que só existia na cabeça de elementos equivocados a esquerda e na maioria das forças armadas. Hoje em dia, o fantasma principal levantado pela própria direita é a corrupção, porém o foco da maior corrupção está exatamente na mesma direita que levanta isto como o maior problema. Não há uma pauta definida do que fazer numa situação posterior ao militar, nem os conspiradores sabem quais seriam as soluções possíveis para a economia. Uma intervenção militar levaria a tropa em geral a expectativas de aumento de remuneração e de ganhar uma parte maior no orçamento, e os agentes do imperialismo internacional já deixaram claro que dentro do seu esquema não haveria nem dinheiro para pagar o aumento nos próximos anos já definido em lei.

       

  11. Nada como dar aparência de

    Nada como dar aparência de novo, refinando o tosco com linguagem erudita. O tal barroso é campeão nisso. Sepulcros caiados, diria o Mestre. Belos e formosos por fora e podres e imundos por dentro

  12. Nassif, a expressão “rostos
    Nassif, a expressão “rostos suarentos” é profundamente infeliz e depreciativa.
    Lembra, de forma desagradável, a expressão “wetbacks”, com a qual os William waacks americanos se referem a latinos em geral.
    No mais, quando você guarda seu lado poliana na geladeira, você é impecável.

  13. A verdadeira cara de nossa

    A verdadeira cara de nossa direita é a Neandertal. A “britânica” é fingimento. Depois que a máscara caiu e todo mundo viu a cara feia, não tem mais volta.

  14. Bem observado, caro

    Bem observado, caro Nassif.

    Mas apesar de mudar a forma, o conteúdo permanece o mesmo. Os modos elaborados, a fleuma e as palavras eruditas dos homens de negócio e dos militares ingleses invadindo, saqueando e violentando a Índia ou a China uns 200 anos atrás não torna suas ações menos nefastas e daninhas à evolução dos povos, às aquisições plurais da humanidade.

    Evoluir o capitalismo que é bom seus administradores não querem, preferem-no bárbaro mesmo. Sabem que se deixarem a evolução capitalista acontecer, vira estado de bem-estar social e daí socialismo: o poder – econômico, político – se desconcentra. Bom para a enorme maioria, ruim para os 0,01%.

  15. Crônica deliciosa!

    Tá melhorando muito, caro Nassif! Dedique umas duas horas diárias para leituras literárias, e você se tornará, além de grande jornalista, grande escritor. Tô aqui na torcida. Mas cuidado com a onça, quando citar pessoas!…

  16. Após ler o excelente “O risco
    Após ler o excelente “O risco Lula”, de Érico de Andrade, aqui mesmo no blog, estou cada vez mais convencida de que essa direita civilizada no Brasil simplesmente não existe.
    Para impedir a chegada ao poder do inimigo mor Lula/PT a classe dominante, apoiada pela classe média fascista paneleira, é capaz de apoiar até Bolsonaro, se preciso. Até uma nova ditadura, igual ou pior que a de 64.

  17. Globo e Itaú: parceiros no golpe e no ódio

    A Globo é a inimiga número 1 do Brasil. Sem a lavagem cerebral promovida ao longo dos anos pela Globo, não teria sucesso o golpe fascista de 2016.

    Destruir o poder político da Globo é necessário e facílimo. Basta ter um Presidente com coragem.

  18. Homo neanderthalensis

    Tosca ou ilustrada, são duas faces da mesma moeda. A direita Falsiane voltará a bater afagando, método que foi deixado de lado nestes anos e que revelou a verdadeira voz de muitos jornalistas, articulistas, bancada de especialistas etc.

  19. “E o movimento se ampliou com
    “E o movimento se ampliou com o incômodo da classe média com os novos emergentes.” Aqui o Nassif com precisão cirúrgica. Aliás, já tínhamos passado por isso no Milagre Econômico, de alcance muito menor em matéria de emergentes, mas talvez mais impactante porque, além de ser a primeira grande experiência do gênero no país, foi também contaminada com o mal-estal súbito de centenas de milhares de interioranos a incharem as cidades “dos ricos”, e sua infra-estrutura. 68, AI-5, exílio de Caetano… não foi por mera insatisfação com a Ditadura, porque a maioria dos que se rebelaram a apoiou integralmente quatro anos antes. “Vociferar, aliás, talvez não seja o termo correto, perto do que ocorreu com a revista Veja, quando Roberto Civita traz dos Estados Unidos a fórmula Rupert Murdok de jornalismo de guerra.” Nesse caso, vou discordar do Nassif, em parte. De fato, o murdochismo serviu para consolidar uma tendência criada com o jornalismo “porrada na cabeça” de Claudio Humberto, que nada mais era do que a pancadaria que passou a ter lugar nas rádios nordestinas assim que vieram os afrouxamentos da Abertura e o sucateamento do DENTEL. Era uma questão de tempo isso também chegar ao Sul e, nisso, Claudio Humberto é uma espécie de predecessor, na sua defesa mais que rudimentar do Governo Collor. Aí, a mídia sulista retomou os velhos tempos do pre-64. EM TEMPO:  Aos ue plantaram o furação e agora querem transformar tudo em brisa suave… lembrai-vos de Argos, Grécia, 370 a.C.

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