Marina Silva anuncia apoio a Haddad no 2º turno

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Marina Silva, da Rede, hipotecou apoio à Frente Ampla Democrática em torno de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila e contra a campanha de ódio de Bolsonaro. Ela anunciou nesta segunda, dia 22, o apoio por meio de suas redes sociais oficiais. Se posiconou oficialmente fortalecendo a Frente Ampla, que reune diversos setores do Brasil em torno de um projeto democrático que garanta direitos e contra a campanha entreguista e de ódio de Bolsonaro.

Marina afirmou que votar em Haddad é a única forma de continuar a garantir a democracia. “Rede Sustentabilidade já recomendou a seus filiados e simpatizantes que não votem em Bolsonaro, pelo perigo que sua campanha anuncia contra a democracia, o meio-ambiente, os direitos civis e o respeito à diversidade existente em nossa sociedade”.

O comunicado diz ainda que Haddad é o candidato que defende a proteção dos direitos sociais e políticos.  “Darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad”.

Haddad agradeceu o apoio de Marina e da Rede. “O voto de Marina Silva me honra por tudo que ela representa e pelas causas que defende. Nossa convivência em Brasília como ministros foi extremamente produtiva e até hoje compartilhamos amizades de queridos brasileiros e brasileiras devotados à causa pública. Esse reencontro democrático me enche de orgulho. Avante!”

Veja o comunicado a seguir.

VOTO EM HADDAD!

POSICIONAMENTO NO SEGUNDO TURNO

Neste segundo turno a Rede Sustentabilidade já recomendou a seus filiados e simpatizantes que não votem em Bolsonaro, pelo perigo que sua campanha anuncia contra a democracia, o meio-ambiente, os direitos civis e o respeito à diversidade existente em nossa sociedade.

Do outro lado, a frente política autointitulada democrática e progressista não se mostra capaz de inspirar uma aliança ou mesmo uma composição. Mantém o jogo do faz-de-conta do desespero eleitoral, segue firme no universo do marketing, sem que o candidato inspire-se na gravidade do momento para virar a própria mesa, fazer uma autocrítica corajosa e tentar ser o eixo de uma alternativa democrática verdadeira. Alianças vêm de propósitos comuns, de valores políticos e éticos, de programas e projetos compartilhados, que só são possíveis em um ambiente de confiança em que, diante de inaceitáveis e inegáveis erros, a crítica é livre e a autocrítica é sincera. 

Cada um de nós tem, em sua consciência, os valores que definem seu voto. Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la.

Importa destacar que, como já afirmei ao final do primeiro turno, serei oposição, independentemente de quem seja o próximo presidente do Brasil, e continuarei minha luta histórica por um país politicamente democrático, economicamente próspero, socialmente justo, culturalmente diverso, ambientalmente sustentável, livre da corrupção, e empenhado em se preparar para um futuro no qual os grandes equívocos do modelo de desenvolvimento sejam superados por uma nova concepção de qualidade de vida, de justiça, de objetivos pessoais e coletivos. O meu apoio à Operação Lava-jato, desde o início, faz parte dessa concepção, na qual o Estado não é um bunker de poder de grupos, mas um instrumento de procura do bem público.

Vejo no projeto político defendido pelo candidato Bolsonaro, risco imediato para três princípios fundamentais da minha prática política: primeiro, promete desmontar a estrutura de proteção ambiental conquistada ao longo de décadas, por gerações de ambientalistas, fazendo uso de argumentos grotescos, tecnicamente insustentáveis e desinformados. Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Com isso, atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do país. Ademais, desconsidera os direitos das comunidades indígenas e quilombolas, anunciando que não será demarcado mais um centímetro de suas terras, repetindo discursos que já estão desmoralizados e cabalmente rebatidos desde o início da segunda metade do século passado. Segundo, é um projeto que minimiza a importância de direitos e da diversidade existente na sociedade, promovendo a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação. Por fim, em terceiro lugar, é um projeto que mostra pouco apreço às regras democráticas, acumula manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das instituições públicas e põe em cheque as conquistas históricas desde a Constituinte de 1988.

Por sua vez, a campanha de Haddad, embora afirmando no discurso a democracia e os direitos sociais, evocando inclusive algumas boas ações e políticas públicas que, de fato, realizaram na área social em seus governos, escondem e não assumem os graves prejuízos causados pela sua prática política predatória, sustentada pela falta de ética e pela corrupção que a Operação Lava-Jato revelou, além de uma visão da economia que está na origem dessa grave crise econômica e social que o país enfrenta. 

Os dirigentes petistas construíram um projeto de poder pelo poder, pouco afeito à alternância democrática e sempre autocomplacente: as realizações são infladas, não há erros, não há o que mudar.
Ao qualificar ambos os candidatos desta forma, não tenho a intenção de ofender seus eleitores, milhões de pessoas que acreditam sinceramente em um deles ou que recusam o outro, com muitas e justificadas razões. E creio que os xingamentos e acusações trocados nas redes sociais e nas ruas só trazem prejuízos à democracia, mas é visível que, na maioria das vezes, essas atitudes são estimuladas pelos discursos dos candidatos e de seus apoiadores. A política democrática deve estar fortemente aliançada no respeito à Constituição e às instituições, exercida em um ambiente de cultura de paz e não-violência.

Outro motivo importante para a definição e declaração de meu voto é a minha consciência cristã, valor central em minha vida. Muitos parecem esquecer, mas Jesus foi severo em palavras e duro em atitudes com os que têm dificuldade de entender o mandamento máximo do amor. 

É um engano pensar que a invocação ao nome de Deus pela campanha de Bolsonaro tem o objetivo de fazer o sistema político retornar aos fundamentos éticos orientados pela fé cristã que são tão presentes em toda a cultura ocidental. A pregação de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema econômico que nega direitos e um sistema social que premia a injustiça, faz da campanha de Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização. Não é um retorno genuíno ao mandamento do amor, é uma indefensável regressão e, portanto, uma forma de utilizar o nome de Deus em vão.

É melhor prevenir. Crimes de lesa humanidade não tem como se possa reparar. E nem adianta contar com o alívio do esquecimento trazido pelo tempo se algo irreparável acontecer. Crimes de lesa humanidade o tempo não apaga, permanecem como lição amarga, embora nem todos a aprendam.

Todas essas reflexões me inquietam, mas mostram o caminho da firmeza, do equilíbrio na análise e a necessidade de pagar o preço da coerência, seja ele qual for. 

E assim chegamos, neste segundo turno, ao ponto extremo de uma narrativa antiga na política brasileira, a do “rouba, mas faz” e depois, do “rouba, mas faz reformas”, mas ajuda os pobres, mas é de direita, mas é de esquerda etc. De reducionismo em reducionismo, inauguramos agora o triste tempo do “pelo menos”.
Diante do pior risco iminente, de ações que, como diz Hannah Arendt, “destroem sempre que surgem”, “banalizando o mal”, propugnadas pela campanha do candidato Bolsonaro, darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, “pelo menos” e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. A irmãmarina
     

    Sarou da dengue, da febre amarela ou ainda está convalescendo?

    Só agora ela acordou?

    Ela acordou tarde e sabe que como mulher não poderá falar no templo.

    Tá lá na cartilha dela.

    Depois desse 1%, mesmo que fale, quem poderia ouví-la?

     

  2. Mulheres sob o “Führer”, a “fadinha” e o pesadelo brasileiro.
    Em uma hipotético governo Jair Bolsonaro, as mulheres seriam condenadas ao “kinder, küche, kirche” que seria implantado pelo “Führer” tropical.

    As poucas que conseguiriam trabalhar seriam a Janaína “baixou um caboclo aqui” e a Regina “Braun” . Infelizmente, o “nosso” candidato a “Führer” não tem alguém com o talento de Leni Riefenstahl em sua assessoria.

    Parece que a “ficha” caiu um pouco tarde para a “fadinha da floresta”.

    No mais, resta aos democratas lutarem até o fim para que o Brasil acorde do pesadelo e que Deus, provando sua brasilidade, dê mais uma chance ao nosso país.

  3. Apoio crítico não é apoio.
    Apoio crítico não é apoio. Aos olhos do eleitor indeciso isso serve apenas para confirmar que ela não confia no Haddad.
    Não rende um voto. Ela deveria ter ficado no seu caixão dormindo seu sono de morta-viva.

  4. No apagar das luzes

    Nassif: se verdade essa da Fadinha daMata apoiar o dasArábias é sinal que ele se fu… Só falta, agora, uma declaração de amor político de HeloisaHelena para fechar o cenário.

  5. Tarde demais

    O apoio que ela deveria ter dado era para a Dilma em 2014 e não para o Haddad em 2018.

    O apoio tardio de uma nanica não vale nada.

    A nanica come no prato em que cuspiu.

  6. Essa gente não está apoiando

    Essa gente não está apoiando ninguém. Querem,com se fosse possível,fingir que na tem de responsabilidade com a criatura e,talvez,com seus mal feitos se vier a ser eleito.

    São todos farinha do mesmo saco. O candidato Haddad faria muto melhor se mantivesse distância dessa gente e declinasse esse tipo de apoio.

  7. Ficou pensando esse tempo

    Ficou pensando esse tempo todo se ficava em cima do muro, ou dormiu e só acordou agora? Apoio deveria ter sido dado no dia seguinte ao do promeiro turno.

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