Seminário Brasilianas Cidades Inteligentes e o novo mercado de energia

Evento acontece nesta quinta-feira (30) em Belo Horizonte, no auditório Cemig.  
 
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Foto: Belo Horizonte, Brazil, from ISS at night. Autor NASA/Paolo Nespoli
 
Jornal GGN – Pense em um lugar onde tudo funcione com perfeição: sistemas digitais interligados, serviços eficientes, aplicativos para comércio, transparência na aplicação dos impostos arrecadados e plataformas que protejam o uso de recursos naturais. Imaginou? Pois bem. Agora, adivinhe o que aconteceria num espaço assim, adaptado ao conceito de Cidades Inteligentes (Smart cities/Smart homes), se a energia, na forma em que é oferecida hoje, entrasse em colapso, como aconteceu com a economia durante o locaute dos caminhoneiros, ou ficasse desconectada da realidade para atender às novas demandas.
 
Embora esse conceito não seja novo, ainda é desconhecido pela maioria das pessoas. A inovação tecnológica no setor elétrico pode mudar significativamente a relação entre consumidor final, produtor e distribuidor, a começar pela ampliação do número de residências produtoras da própria energia. O tema será destaque no 2º Seminário Brasilianas – Cemig, “Cidades inteligentes e o novo mercado de energia”, próxima quinta-feira (30), na Avenida Barbacena, 1200 – Belo Horizonte. 
 
O evento contará com a participação do jornalista Luis Nassif, na abertura e como mediador. No 1º Painel, Cidades Inteligentes, as palestras ficarão a cargo de Fabiana Borges Teixeira dos Santos, economista e presidente da Axxiom Soluções Tecnológicas S.A., pesquisadora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG), e Leonardo Roscoe, diretor-presidente Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel). 
 
Fabiana Borges é uma dessas raras pessoas com visão abrangente das tendências, mesmo porque está à frente de uma empresa voltada para soluções tecnológicas, TI e engenharia, com foco na modernização de grandes sistemas de operação na área de distribuição. Por isso mesmo, preocupa-se com eventuais distorções que o próprio conceito de Smarts Cities possa vir a sofrer por estratégias de marketing. “É uma questão fundamental estar atento ao que acontece fora do Brasil porque o que vai determinar o futuro são as ações do presente”, afirma. Ela acredita que é o poder público, e não o privado, que continuará à frente das ações de bem-estar social.
 
Por outro lado, parceria com empresas nacionais e estrangeiras contribuem para desenvolver projetos em sintonia com o mercado internacional, como ônibus elétrico e caminhões, mas a grande maioria das montadoras instaladas no Brasil, aparentemente, ainda não levam isso com a seriedade necessária. “Cuidam da mudança das plantas industriais em outros países em que estão presentes e protelam decisões de maior sustentabilidade aqui”, observa a presidente da Axxiom.
 
Talentos no país é que não faltam para que a Nação se modernize. No entanto, existem fatores que atrasam os processos, destaca Fabiana. Para se ter uma ideia do grau de inteligência disperso país afora, basta citar o exemplo de resultados positivos quando a criatividade é estimulada. Recentemente, alunos da graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Tesla, a gigante que promove a Fórmula Tesla, grande produtora mundial disruptiva de carros elétricos, conseguiram em apenas um ano, construir um protótipo de carro elétrico. São possibilidades que precisam ser mais exploradas para fazer o país deslanchar.
 
“Precisamos reter esses cérebros aqui”, defende a economista. Para ela, é importante questionar as soluções que se apresentam principalmente para os grandes centros urbanos, as megacidades, onde se encontra a maior parcela da população. “São mesmo decisões que levam em conta a sustentabilidade e as mudanças climáticas do planeta? ”, questiona. Esses temas que batem de frente com a realidade e expõem gargalos serão dissecados nos debates do seminário Brasilianas.
 
O 2º painel do evento, O impacto das novas tecnologias, residências geradoras e política tributária, partirá do pressuposto de que todas as áreas da economia passam por mudanças estruturais com o avanço das novas tecnologias, não seria diferente no setor elétrico. Os palestrantes desta mesa serão Renato Pinto de Queiroz, mestre em Planejamento Energético, pesquisador do Grupo de Economia de Energia do Instituto de Economia da UFRJ e membro do Instituto Ilumina, e Guilherme Dantas, Coordenador de projetos de distribuição do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL/UFRJ), professor de Economia da Energia e de Economia Industrial e doutor em Planejamento Energético pela Coppe/UFRJ
 
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Cidades inteligentes se multiplicam em todo o mundo
 
Os defensores do conceito de Smart Cities, que já são uma realidade em vários países, acreditam que as cidades inteligentes são o futuro da vida urbana. Foi assim, quando em meados da década de 1970, a expressão meio ambiente passou a se integrar ao vocabulário, e, somente aos poucos foi assimilada pela sociedade. Da mesma forma, o conceito das cidades inteligentes começa a fazer parte de propostas em cidades, bairros, condomínios, loteamento e projetos de unidades residenciais e comerciais.
 
Em síntese, a proposta é otimizar e aperfeiçoar recursos para melhor servir aos cidadãos. Isso inclui diversos itens, como energias, mobilidade, prestação de serviços e postura social. A aplicação do conceito é versátil e depende da adequação a espaços, localidades e equipamentos tecnológicos disponíveis.
 
Na Europa, por exemplo, a ideia passa por mobilidade limpa e acessível, reforçada pelo que se alcança com o avanço tecnológico em termos de qualidade de vida dos cidadãos. Em outros locais é mais focada em plataformas digitais e tecnologia. Mas o ponto em comum é que, em cada parte do planeta, como a própria expressão diz isso requer inteligência. Seja nas escolhas de estilo de vida, viagens, moradia, trabalho, consumo e espaços harmonizados. Algumas cidades inteligentes saíram do zero e foram construídas como Sogndo (Coreia do Sul). Na década de 1960, Brasília foi revolucionária como proposta urbanística e arquitetônica.
 
Minas Gerais
 
Entre as cidades que se encaixam de alguma forma na direção de adequação ao conceito de cidades inteligentes em Minas Gerais destacam-se Belo Horizonte, Santa Rita do Sapucaí, Itajubá e Lavras com capacidade de produção industrial e intelectual reconhecida e que se colocam como polo de inovação e tecnologia no país. As informações são do site Minas Inova. Entre os critérios utilizados para a classificação estão parcerias com instituições de ensino; editais de fomento; criação de ecossistemas de startups; exploração do potencial produtivo de cada cidade.
 
No ranking Connected Smart Cities (Cidades Inteligentes Conectadas), Belo Horizonte aparece como uma das cidades mais inovadoras do país. Um dos pontos positivos para a capital mineira é abrigar a SEED (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development), e iniciativas como a Opinion Box, com soluções de pesquisa de mercado online; a Solides Tecnologia, software para identificação de perfil comportamental e BeerOrCoffee, plataforma que faz conexão entre pessoas para gerar negócios.
 
Esse é o contraponto a outros que não avançaram tanto, como no caso do transporte coletivo. Na capital mineira, a única linha de Metrô tem 28 km de extensão por onde circulam quatro vagões durante o dia, que chega a um máximo de oito vagões nos horários de pico, para o transporte de 210 mil pessoas diariamente, de acordo com cálculos da Companhia Brasileira de Transporte Urbano (CBTU). Essa linha liga as Estações Vilarinho (Venda Nova) à Estação Eldorado (Contagem). A opção pelo Move, em corredores de trânsito, ainda tenta sanar as dificuldades.
 
Nos municípios do interior do Estado, localidades, onde estão instalados equipamentos de educação, como universidades e institutos de pesquisas fazem toda a diferença quando o assunto é não desperdiçar a inteligência dos habitantes. Aliás, esse é um grave problema no Brasil, onde talentos se perdem por falta de apoio.
 
Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas) é um exemplo dessa panorâmica e faz com que a cidade esteja bem próxima do que pode vir a ser uma cidade inteligente. Polo de uma região que passou a ser conhecida como Vale da Eletrônica, onde funcionam várias empresas de tecnologia e startups, a plataforma Sapucaí Valley recebeu o título de segundo crowdworking do Brasil.
 
Com mais de mais de 100 mil habitantes, Itajubá também caminha nessa direção, com forte integração entre a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) para o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços inovadores em parcerias, com o Sebrae, Sesi e Senai. Pesquisa feita em Itajubá comprovou alto grau de bem-estar da população.
 
O município de Lavras, em função da Universidade Federal de Lavras (UFLA), consegue expressiva geração de empregos e o Parque Tecnológico de Lavras (Lavrastec). O complexo reúne empreendedores e pesquisadores, em parcerias também com empresas privadas para incentivar inovação e empreendedorismo na cidade. São cidades que se tornam referência e estimulam a permanência das pessoas em seus lugares de origem e retêm parte da migração para grandes centros urbanos dentro e fora do país. A esperança de que os tempos de trevas medievais sejam varridos pelo iluminismo da inteligência humana.
 
 
Redação

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