Como explicar o fracasso do MBL?, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Como explicar o fracasso do MBL?

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Neste domingo o movimento liderado por Kim Kataguiri foi submetido novamente ao teste das ruas e falhou. O surpreendente sucesso das manifestações contra Dilma Rousseff e a favor do Impedimento se transformou num fracasso.

Não é fácil explicar os movimentos duradouros da sociedade brasileira. É mais difícil ainda explicar fenômenos transitórios.

O conceito de luta de classes, por exemplo, não pode ser ajustado aos 350 anos de escravidão. O sucesso da escravidão no Brasil não teria sido tão grande e duradouro sem o apoio dos próprios escravos. Portanto, a colusão de classes foi mais importante do que a luta de classes.

Aquilo que chamamos de “conciliação das elites”, fenômeno que permitiu a permanência quase inalterada da mesma estrutura de poder sob o regime Colonial, Imperial e Republicano é a expressão máxima desta colusão de classes. Em nosso país as diferenças regionais (tão marcantes nas variedades linguísticas e nos hábitos alimentares) nunca foram capazes de provocar rupturas permanentes entre as elites das diversas regiões. Ocorreu no Brasil algo diferente do que ocorreu entre os espanhóis, cuja colônia sul-americana se transformou em diversos países após os movimentos de independência.

Até a década de 1970, todas rebeliões populares ocorridas no Brasil foram insurgências localizadas e transitórias. Nenhuma delas conseguiu se propagar por todo o território nacional. O PT se consolidou como partido a partir da insurgência dos trabalhadores contra a Ditadura. Findo o regime de exceção, o partido de Lula se ajustou perfeitamente ao cotidiano político nacional e até atraiu o respeito dos militares e a simpatia de uma parte das elites tradicionais.

O sucesso do MBL foi mais imediato do que o do PT, mas o movimento de Kim Kataguiri não conseguiu construir algo duradouro após derrubar Dilma Rousseff. Após unir nas ruas os insatisfeitos que estavam dispersos em torno de um programa mínimo (o Impedimento), o MBL esfarelou justamente porque foi visto (por uma parcela dos descontentes com o PT) como instrumento para um fim e não como um autêntico recomeço.

Após uma meteórica elevação de seu status (de rebelde desconhecido a colunista de um grande jornal), Kataguiri foi rapidamente descartado pelo seu novo empregador. Os interesses financeiros da Folha de São Paulo são atendidos pelo PMDB de Michel Temer e Kataguiri não tem nada além de problemas a oferecer a dono do jornal. Aqueles que não abandonaram o MBL porque tiveram seus interesses atendidos pelo usurpador se afastaram do movimento porque perceberam que a queda de Dilma Rousseff não se traduziu em melhorias e sim em perda de direitos.    

Apesar de ser liderado por jovens brancos de classe média do sudeste, o MBL encontra seu paradigma histórico na Revolta dos Malês. Os sucessos imediatos do movimento construíram as condições para sua derrota, pois as estruturas de poder consolidadas eram maiores e mais fortes do que os revoltosos imaginaram. Os poderosos amigos que o MBL fez não precisam do movimento para continuar existindo. Os adversários dos moleques liderados por Kataguiri recuperaram as ruas. O  PT pode ter perdido a presidência, mas não foi destruído. Após o golpe contra Dilma Rousseff a liderança de Lula cresceu ao invés de eclipsar.

Outra explicação pode ser dada pela natureza impermanente das relações construídas pelo MBL. O movimento cresceu na internet e se propagou para rua em razão de uma determinada conjuntura (as rupturas que ocorreram dentro do PMDB e entre o PMDB e o PT). Ele seguiu o movimento inverso daquele que foi realizado pelos adversários da Ditadura.

A resistência à Ditadura começou nas ruas e só se transformou em fenômeno virtual algumas décadas depois quando a própria rede mundial de computadores se tornou uma realidade no Brasil. Portanto, a esmagadora maioria dos militantes de esquerda mais velhos já tinham uma experiência que o MBL não teve tempo de adquirir e de transmitir aos seus novos simpatizantes. Isto explica tanto o sucesso das recentes manifestações contra as reformas de Michel Temer quanto o fiasco deste domingo.

Numa de suas últimas entrevistas Zygmunt Bauman disse que:

“No estado de interregno, as formas como aprendemos a lidar com os desafios da realidade não funcionam mais. As instituições de ação coletiva, nosso sistema político, nosso sistema partidário, a forma de organizar a própria vida, as relações com as outras pessoas, todas essas formas aprendidas de sobrevivência no mundo não funcionam direito mais. Mas as novas formas, que substituiriam as antigas, ainda estão engatinhando.

Não temos ainda uma visão de longo prazo, e nossas ações consistem principalmente em reagir às crises mais recentes, mas as crises também estão mudando. Elas também são líquidas, vêm e vão, uma é substituída por outra, as manchetes de hoje amanhã já caducam, e as próximas manchetes apagam as antigas da memória, portanto, desordem, desordem.”

http://www.fronteiras.com/entrevistas/a-fluidez-do-mundo-liquido-de-zygmunt-bauman

As palavras dele parecem ter sido confirmadas pelo que ocorreu com o MBL. A marolinha surfada por Kataguiri arrebentou na praia e os líderes do movimento não foram capazes de perceber que a espuma não é o oceano, mas um delicado subproduto que ele deposita na areia. Os militares deles voltaram a navegar… ainda não sabemos onde é que eles estão navegando, mas alguns deles já demonstraram arrependimento no Facebook.

O MBL nasceu num momento de interregno e caducou rapidamente porque uma nova forma de organização política e social ainda não foi capaz de suplantar aquela que verdadeiramente pode controlar os rumos do Brasil. Como a direita virtual européia, o MBL fracassou no seu test drive nas ruas. Em pouco tempo a memória da passagem de Kataguiri pela Folha de São Paulo será esquecida até pelo próprio jornal.

Fábio de Oliveira Ribeiro

29 Comentários

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  1. “Mas na mahã seguinte, não

    “Mas na mahã seguinte, não conta até vinte, te afasta de mim. Pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim.” O mbl foi apenas garota de programa da direita. Uma vez cumprida sua função -ajudar na derrubada do governo legítimo para que a “elite” retomasse o controle completo do estado- o “movimento apartidário”não tem mais utilidade, nem para a “elite”, nem para a direita e nem mesmo para os analfabetos políticos da classe média. Estes últimos não se importam com a corrupção, é só discurso da boca pra fora, hipocrisia. Além disso, são como um verdadeiro bando de zumbis que obedecem ordens da “elite” através da intermediação da mídia hegemônica. Se os bobões do mbl achavam que tinham algum poder real, estavam enganados. Foram usados, só isso. Agora serão descartados pra não encherem o saco.

    No mais, o fracasso deste domingo devia ser aguardado ansiosamente pelos que queriam parar esta porra e estancar a sangria. Os lavajateiros, agora que os corruptos de estimação da classe média voltaram ao poder, não fazem mais o mesmo sucesso que faziam antes. A lavagem cerebral que a mídia promoveu “O importante é tirar o PT!” deu certo. O fracasso de domingo é que foi o sucesso.

  2. Vejo a possição desse

    Vejo a possição desse Kataguiri como alguém que, de forma inteligente, claro, viu um espaço favorável para subir na vida, e os favoráveis ao impeachment pensaram ser ele uma liderança que nascia naquele ano que passou, quando o assunto era impeachment e salvação dos variados ícones da política “da hora”, como Aécio, e tantos outros. Skaf na linha de frente para contribuir com patos, camisetas, e tudo mais que pudesse expor uma manifestação agressiva e aprovada por centenas de milhares da população. Kataguiri teve o tempo todo muita grana dos ricos e coxinha para dar cabo do seu intento, e foi considerado a força merecida para alavancar o resto. Nas manifestações de domingo soube que MBL levou cinco trios elétricos para a Paulista. 

    O fato é que em menos de um ano de instalção do poder de MT, primeiramente como interino, o que tem visto o povo é um desmanche das leis trabalhistas, e um intento do governo federal em estender mãos e bbraços para o capital rentista, para os ricos improdutivos, ficando o povo, desempregado e empregado perdendo suas perspectivas de virem a ser bem-sucedidos em algum momento.

    Até mesmo no Nordeste, onde tantos se desencantaram com o PT, e com Lula, em especial, o que se ouve agora é arrependimento, e o dito Volta Lula. Digo isso porque moro em Natal e vi aqui o povão, mesmo tendo sido agraciado com os programas petistas, terem se revoltado e votado em massa contra o PT nas eleições municipais do ano passado. Vou do porteiro, ao doméstico, passando pelos motoristas e táxi e uber, só pra entender o que acontece com eles em termos de política. São pessoas, em maioria, desconhecidas da votação pela terceirização, coisa que ainda não entrou na cabeça delas, mas o ranço está nas reformas da Previdência e trabalhista. Isso eles não aceitam de jeito nenhum.

    O que parecia sólido está se perdendo no ar. Graças a Deus.

  3. bom post

    Gostei do que escreveu mas vou ser mais direto.

    Quem nasceu para ser Kataguiri nunca chegara a ser um Lula,

    Muito menos um Lenin.

  4. TINTA A TOA

    Tratar do sucesso ou do fracasso de uns manés como o cataguri, bolsonaros, psdbistas tipo aébrio, fhc, serra e outros é puro desperdício de tintas.

    Quem define quem ou o que faz sucesso ou o que vai ser condenado nesta nossa república bananeira é a rede idiotizante globo de televisão formadora de zumbis. É como um igreja de fanáticos e seus fieis amestrados.

  5. Esses caras só existiram
    Esses caras só existiram porque era interesse dá globo de ter um grupo de massa de manobra
    Todas as manifestações que esses grupos faziam, tinha chamada na Globo New a cada meia hora.
    Por isso bombavam. Esses bobões do MBL, REVOLTADOS ON LINE, VEM PRA RUA,pensavam em que fossem por causas dos seus discursos raivoso.
    Hoje a Globo não tem interesse de derrubar o Temer, retirou o apoio. O resultado sabemos.
    Esses grupos fracassaram porque nunca existiram.

  6. Na minha opinião, eles sequer

    Na minha opinião, eles sequer se esforçaram para “mobilizar” a turba golpista. Dito de outro modo: sem o apoio da mídia e dos partidos reacionários eles não são nada. E eles sabem bem disso.

    Estão bastante satisfeitos com a queda do PT, PT, PT e com as medidas antissociais do atual governo. Pra eles o serviço está melhor do que a encomenda; só falta o governo golpista terminar de entregar o pacote.

    A “diferença” deles para os demais golpistas, como Reinaldo Azevedo, por exemplo, é que estes não tem o menor escrúpulo em deixar claro que o objetivo era somente jogar o PT, PT, PT e as esquerdas como boi de piranha. MBL, Vem Pra Rua e congêneres ainda fingem que estão muito preocupados com a corupção.

    Repetindo: é puro fingimento; o mote sempre foi o antipetismo  e a pauta antissocial. Estão curtindo a vitória enquanto muitos apontam

  7. Olha, não acredito que os

    Olha, não acredito que os seguidores do MBL tomaram consciência de alguma coisa. São muito burros para saber o que fizeram e a quem obedecem.

    Acho que o movimento fracassou porque a Globo não deu tanta ênfase  a essa escumalha. O serviço porco já foi feito e Temer tem enfiado goela abaixo tudo o que quer sem ninguém piar. Assim, sem holofotes da Globo a classe média coxinha imbecil não tinha motivos para ir para a rua. Não ia aparecer na telinha. Não ia ter repórter da Globo entrevistando o estúpido de prontidão.

    Acho que a classe média coxinha imbecil é ainda mais estúpida do que aparenta. Ela só obedece, segue e pensa a mando da Globo. Sem câmara da Globo, nada feito.

  8. Estou mais pessimista

    Minha visão é mais pessimista e ao mesmo tempo mais simples. Moro em São Paulo, e claro que minha visão foi construída a partir de conversas que tenho tido com pessoas que apoiaram o afastamento da Dilma e que participaram das manifestações de rua no ano passado para afastar uma presidente sem que ela houvesse cometido nenhum crime de responsabilidade.

    A maioria desse pessoal que apoiou movimentos golpistas no ano passado é muito ignorante politicamente e pensa de forma absolutamente maniqueísta. Não têm instrumental teórico e/ou informações plurais que os permitam ter uma visão mais ampla da nossa realidade, nem do ponto de vista sócio-político nem do ponto de vista econômico. Isso caracterizou a maioria dos manifestantes golpistas. Claro que havia também os oportunistas e os que tinham interesses ideológicos e de poder na execução do golpe, mas o primeiro grupo era maioria. 

    Para o primeiro grupo, franca maioria, o que está prevalecendo agora é o sentimento de que foram “vitoriosos” com o golpe. Para eles, o afastamento da Dilma era considerado prioritário. Compraram as afirmações da mídia oligopolista de que isto era fundamental para combater a corrupção e para que o país se recuperasse economicamente. Afastada a presidente, para esse pessoal não há mais importância em ir para a rua.

    Para gente que prima pela ignorância política, é simles assim.

     

     

    1. estou….

      Não se altera esta Esquerdopatia Tupiniquim e sua Gestapo Ideológica com as explicações de sempre que se adaptam a tudo e todos os tempos. A culpa é da escravidão, da colonização portuguesa, de Pero Vaz…. A indignação e decepção das pessoas com 3 décadas de redemocratização estás nas ruas. A falta de planejamento, projeto e mudanças resultou nas manifestações. Mediocres e incompetentes todos, nestas 3 décadas. Basta voltar ao final dos anos de 1970 e inicio de 1980 e ver qual eram os problemas nacionais e o que diziam esta nova elite politica que chegava ao Poder com discursos de transformações. Mediocres e incompetestes, todos. Só que uma parte das manifestações começou a ser  abraçada e financiada  por determinado partido politico. Na outra parte desta indignação, aconteceu a mesma coisa, mas com partidos e interesses diferentes. Da representação da indignação nacional não sobrou quase nada. Transformaram as manifestações em palanque politico. E disto toda a nação já cansou  Mais do mesmo, promessas vazias, projetos não cumpridos apesar de décadas de poder. E então os téoricos de sempre e sua ideologia ditatorial. Onde está a democracia prometida? Em eleições com voto obrigatório em urnas eletrônicas? Isto é liberdade e representatividade? Onde estão os gastos com saúde e serviços públicos? Na melhoria da educação que daria à juventude novas perspectivas sociais e de qualidade de vida? Decapitações ao vivo, feitas em Pedrinhas ou Alcaçuz, de garotos com menos de 30 anos contra outros garotos de menos de 30 anos, nascidos todos sob o manto da Constituição Cidadã, mostraram o sucesso de tantos fracassados. Mas eu já sei a explicação: a  culpa é dos outros.  

    2. O imaginário social mobilizado pelo MBL segue intacto

      A classe média conservadora não ia ficar perdendo domingos em manifestações de rua. Derrubado o governo de Dilma, é hora de voltar para o conforto de casa e para o churrasco de fim-de-semana. O MBL, infelizmente, não sofreu derrota, não. O imaginário social que mobiliza está intacto, apenas sem disposição de ir para a rua, priorizondo outras coisas mundanas. O rebanho só vai para a rua mediante a criação de grandes climas, de grandes comoções, sempre muito bem orquestrados e inflados. Para assuntos comezinhos e pouco insuflados não dão importância. A mentalidade pode não estar em massa na rua, mas no almoço de domingo segue bem vigorosa. Está difusa. Contudo, basta o toque do berrante para o rebanho aglutinar-se outra vez.

      1. “… toque do berrante

        “… toque do berrante …”

        Leia-se: a globo fazendo chamadas o dia todo. Tem gente que se só se mexe se a globo mandar.

  9. Confinamento da boiada

    Minha tese é simples.

    Faltou a participação das Organizações Globo

    A boiada já está condicionada, bastaria tocar o berrante.

    Entretanto, por o rebanho pra machar ficaria perigoso, e o descontrole poderia levar ao estouro da boiada. 

    Os amarelinhos já não têm mais serventia. 

    ….

    Atualizando a partir da informação segundo a qual…

    MAIORIA DOS MANIFESTANTES NA PAULISTA ERA CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

    http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/287272/Maioria-dos-manifestantes-na-Paulista-era-contra-a-reforma-da-Previd%C3%AAncia.htm

    Imagina colocar a boiada na rua com as arbitrariedades (confisco de  direitos, inclusive dos bois) em andmento no Congresso. 

  10. Senzala’s Resort (que delícia!)

    Rapaz, pela sua linha de “raciocínio” sobre a desgraça monumental da escravidão, o Holocausto só foi possível com a colaboração de suas 6 milhões de vitímas, Stalin só massacrou 20 milhões na URSS porque elas colaboraram e as ditaduras latinoamericanas dos anos 1970 só mataram quem pediu para ser morto.

    Que tal falar só do que você entende? Que tal não misturar alhos e bugalhos?

  11. VAMOS SIMPLIFICAR: MOVIMENTO INSUFLADO PELA ELITE
    AULA DE MOVIMENTOS SOCIAIS

    Movimento sem bases populares, sem interesse nenhum em superar problemas históricos do povo brasileiro, insuflado pela Elite!

    RESULTADO A CURTO PRAZO: EFETIVO
    RESULTADO A MÉDIO PRAZO: BAIXÍSSIMO
    RESULTADO A LONGO PRAZO: 0

    Acionado: Quando a Elite precisar contagiar a população com Proto-fascismo!

  12. Fracasso bom esse que eles

    Fracasso bom esse que eles conseguiram tudo o que queriam.

    E sucesso é a esquerda que só leva porrada e não esboça a mínima reação.

     

  13. Artigo explica didaticamente.

    Artigo explica didaticamente. E acrescento que uma manifestação com tantas pautas que não tem ligação diretas uma com as outras está fadado ao fracasso. O sujeito pode ser coxinhamente “contra a corrupção” e a favor do desarmamento.

    Mas acho que a pauta que melou o ato definitivamente foi a de ser a favor das reformas do MT. Coisa que só os 1% são. E vamos combinar, um ato tem que ser claramente a favor ou contra o governo. Se é a favor da lava a jato, ou pelo menos a imagem que ela tem no imaginário da classe média, tem que ser contra o angorá, o primo, o caju, o botafogo e etc.

    Quanto ao MBL e o fedellho espertinho, foram devidamente descartados. É a hora dos guris irem dormir que o assunto agora é entre adultos. Entre executivo do Citibank e o governo temerário.

    http://www.tijolaco.com.br/blog/entreguismo-confesso-citibank-e-conselheiro-de-temer/

    Aviso para o fedelho fazer um recuo estratégico foi dado na sua própria casa:

  14. O voo de galinha do pássaro de Minerva

    Não se trata, especificamente, de fracasso do MBL.

    Se você levar em conta a capacidade de organizar, cooptar, manipular com determinados fins, o MBL foi um êxito retumbante. A direita sentou na cadeirinha e de lá não saiu; o negócio é fazer gol de canela aos 46 do segundo tempo, dane-se o estilo. Não foi uma marolinha. A tal ponto de eleger alguns dos seus membros para parlamentos municipais.

    Não trato aqui de coerência, de moralidade etc. do MBL. Cobrar estas coisas não dá. Se teve grana,se teve Globo, claro, é digno de análise. Mas de análise pretérita, não presente.

    Como análise presente, o texto quer, no fundo, perguntar: o MBL consegue agregar pessoas? o MBL é ainda a voz da direita? se não consegue cooptar, há ainda esperança para a esquerda?

    O maior erro do artigo é dizer que o MBL fracassou enquanto “instituição” (entre aspas). Curiosamente, o MBL foi “líquido” o suficiente e o próprio autor do artigo apenas observa essa “liquidez” como sinônimo de fracasso. Mas como a realidade mostra-se, muitas vezes, é alheia à representação, à ideia que fazemos dela, talvez o erro do MBL seja considerar-se ainda vivo; mas é um erro tão congruente quanto o erro do autor do artigo em desqualificá-lo atualmente como uma coisa menor.

    As forças políticas se cristalizaram (notem que, aqui, não tem “liquidez”) e, no momento, segundo penso, o tempo é utilizado para “atropelar” direitos (muito me interessa esse “atropelo” do Congresso e de Temer em aprovar a terceirização ampla e passar por cima de ritos do Senado). Esse, segundo me parece, é o equívoco da esquerda. A direita está com pressa (a maré política tá subindo, mas não na velocidade necessária) e apressando (para não discutir coisa alguma, parte do golpe). E a esquerda em geral não consegue agregar os discordantes.

  15. O experimento deu certo,
    O experimento deu certo, agora a Globo, a FIESP, os partidos de direita,as elites, o capital internacional podem ficar tranquilos que quando quiser derrubar algum governo que não querem é só junto a agências de marketing montar esses movimentos golpistas de massa.
    A esquerda se um dia voltar ao poder terá como primeiro ato a obrigação de acabar com a globo, cassar a concessão dá globo e de todos meios de comunicação golpistas, e agir para limpar o judiciário e montar um judiciário alinhado as causas de esquerda. Sem isso, esquece a direita nada de braçada.

  16. Fracasso do MBL? – Resposta ao post “Como explicar o fracasso do

    Caro Fabio,

    Lendo seu post “Como explicar o fracasso do MBL?” senti a necessidade de, respeitosamente, discordar de você e recomendar alguns cuidados. Na sua procura de explicações para o sucesso e o fracasso (que aqui coloco em dúvida) do MBL, compreendo que você buscou comparações em uma perspectiva histórica mais ampla. No entanto você comete alguns anacronismos que podem servir de justificativas perigosas para alguns acontecimentos atrozes que vivemos. Eu explico. Um tem a ver com sua leitura a respeito da escravidão e da opressão vivida pelos negros escravizados. Outra diz respeito a comparações entre movimentos sociais do passado e os atuais. Por fim, concluo discordando da sua conclusão de que a manifestação do último domingo significou o fracasso do MBL enquanto movimento social.

    “O sucesso da escravidão no Brasil não teria sido tão grande e duradouro sem o apoio dos próprios escravos”. Não tenho como concordar com a afirmação de que os escravos no Brasil apoiaram a própria escravidão. Há anos isso vem sendo tema de debate entre historiadores uma vez que havia outras formas de escravidão no continente africano, o que supostamente teria levado os povos africanos a “aceitar” serem presos em grilhões, lançados em porões de navios lotados e serem submetidos ao trabalho compulsório extenuante, com castigos físicos, violações de suas famílias, de seus corpos, de suas relações sociais, de sua identidade, de seu pertencimento ao lugar. Como argumento lembro que há vários fatores que comprovam a resistência  negra contra a escravidão. Além de inúmeras revoltas de escravos de que se tem registro (como a dos Malês que você menciona), há ainda hoje, mais de mil comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares. Por fim, recomendo a leitura do artigo “Modos de libertação e sobrevivência” em publicação recente da Revista Fapesp sobre a resistência das mulheres negras escravas já nos tempos do Brasil Império, para conquistar sua alforria, conseguir seu sustento e manter-se junto aos filhos (leia aqui). Chamo a atenção para esse ponto para que não se incorra no perigo de se justificar o crime responsabilizando a vítima. De se justificar opressão pela suposta passividade do oprimido. De eximir as classes dominantes das atrocidades que cometeram e cometem contra os trabalhadores, pela falta de reação forte o suficiente dos trabalhadores dominados.

    Dito isso, vejo que na tentativa de entender o MBL como movimento social você faz uma comparação com a Revolta dos Malês e com o próprio Partido dos Trabalhadores (um dos alvos preferidos do MBL). Grosso modo, a origem social de ambos os movimentos citados, se encontra nas classes trabalhadoras, seus objetivos, reverter uma condição de opressão por parte das classes dominantes nas suas relações de trabalho e seus meios, alcançarem o poder político. Ora, o MBL partiu justamente das classes dominantes contra as dominadas, patrocinado, ou, pode-se dizer, criado justamente por grupos historicamente em condição social e política já hegemônica no Brasil, como partidos, empresários e mídia. Embora sejam menos numerosos na história, há exemplos de outros movimentos sociais igualmente conservadores que permitem uma comparação mais esclarecedora como a Ação integralista Brasileira, nos anos 1930, a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, nos anos 1960, no que eles tem de mais “a-político”, fascista, conservador, e contrário ao velho fantasma do comunista, invocado cada vez que um governo aponta, por menor que seja, alguma atenção política para as classes mais baixas como fizera Getúlio, Jango e agora os governos Lula e Dilma.

    Analisando o trajetória do MBL, entendo que o Movimento cumpriu religiosamente com seus objetivos. Entendo que os objetivos do MBL, para seus criadores (os partidos conservadores, filões do empresariado interessados no desmonte dos direitos trabalhistas, e a mídia golpista), era criar uma estética do golpe com contornos “civis”, para dar forma ao conteúdo difuso de insatisfação social de considerável parte da população contra o inimigo criado, personificado no Partido dos Trabalhadores após quatro vitórias consecutivas nas urnas. Camisetas amarelas da CBF, o uso de metáforas de videogame como argumento “crítico” em um dos maiores jornais de circulação do país, produção de vídeos despojados visando desmoralizar membros de movimentos de esquerda, champagne na paulsita, e até a coreografia da dancinha do impeachement serviram para atrair uma parte considerável da população (gostemos ou não) que servisse com um mínimo ar de legitimidade social às aspirações golpistas da velha classe dominante que sempre se mostrou disposta até mesmo a afundar o país para não dividir seu poder político e seus privilégios. O MBL cumpriu bem o seu papel. O golpe foi consumado. O estado democrático de direito foi desmantelado: acabou-se com a voz das urnas, com os investimentos em serviços públicos, com os direitos trabalhistas. Só resta agora a reforma da previdência e a reforma política para o golpe completo se consumar. E em pouco tempo o MBL não será mais necessário pois não será mais necessário mobilização patrocinada e generalização da opinião publicada.

    Quanto à massa que seguiu a voz de comando do MBL, ela terá dois destinos, dependendo da condição socioeconômica de cada um. Agora com a terceirização, parte menor dela poderá voltar a contratar empregadas domésticas em regime de trabalho análogo à escravidão, viajar de avião para férias no nordeste ou compras em Miami, e ir ao shopping sem “gente diferenciada” dividindo o espaço de seus templos de consumo e ostentação de status social. Outra, terá sua condição de vida e trabalho precarizada pelo desmonte dos direitos de seguridade social e trabalhista, verá seu poder de consumo diminuir com a estagnação econômica, e se agarrará aos créditos de juros altíssimos dos bancos para manter seus padrões de vida e sua posição social. Mesmo que mais motivados pelo ódio, preconceito e pós-verdades midiáticas do que pela racionalidade, tolerância e informação, o que fizeram foi experimentar por um momento a participação política em defesa de seus próprios ideais, morais e valores. Agora lhes resta apenas compreender as responsabilidades de sua postura política ao assistir o produto do golpe na democracia que ajudaram a legitimar. Caso se revoltem, será contra um MBL que estará dissipado no ar, e não contra seus reais idealizadores, que permanecerão onde nunca saíram. Nesse caso peculiar, poderemos, talvez,  responsabilizar as vítimas.

  17. Cadê as fontes q dizem q os escravos foram solidários c/ escravi

    Isso me parece um despropósito. E todas as revoltas de escravos, quilombos, etc?

  18. FRACASSO DO MBL

    MBL COMEÇOU COMO MOVIMENTO LIVRE BRASILEIRO, MAS TEM SE MOSTRADO A CADA DIA MAIS POLITIZADO, CONTRÁRIO A ESQUERDA E MANIPULADO PELA DIREITA.

    MOVIMENTO LIVRE, REALMENTE DEVE SER LIVRE. SER ESQUERDA NÃO SIGNIFICA SER PT, OU PARTIDÁRIO DE CORRUPTOS DO PT, MAS SIM SER PARTIDÁRIO DE UMA DEMOCRACIA SOCIAL MAIS IGUALITÁRIA ENTRE AS VÁRIAS CLASSES SOCIAIS.

  19. Boa análise.
    É simples a

    Boa análise.

    É simples a razão do fracasso: o que acontece é que Kim nunca foi líder de nada, nunca foi escolhido líder, ele simplesmente assumiu uma liderança fictícia para levar a frente as passeatas ao lado de outros “líderes de internet” agendando os protestos. Ser líder é completamente diferente. É preciso ser eleito, ser legítimo. Existir apoio entre as pessoas comuns. Como os movimento estudantis. Eles serviram aos caras de Brasília, não ao povo mesmo, por isso fracassaram.

    Abraço

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