A ligação de José Maria Marin com a ditadura militar

Da CartaCapital

Teixeira era ruim. Marin é do mal

José Antonio Lima

Os 23 anos que Ricardo Teixeira passou à frente da CBF foram marcados pelo que o futebol brasileiro poderia ter sido. Avanços foram obtidos, como a criação da Copa do Brasil e o campeonato de pontos corridos, mas seu mandato teve como característica básica o uso do cargo e da seleção brasileira para se locupletar, como mostram as inúmeras denúncias, enquanto o futebol foi definhando ao ponto humilhante em que se encontra hoje.

Teixeira era um dirigente ruim, levou uma aura de gangsterismo à CBF. José Maria Marin é pior. Marin é do mal. As reportagens publicadas na semana passada pelos repórteres Thiago Arantes, na ESPN Brasil, e Aiuri Rebello e Rodrigo Mattos, do UOL, mostraram que Marin era, além de apoiador da ditadura, um lacaio do regime. Arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e do Sistema Nacional de Informação (SNI) disponíveis no Arquivo Nacional e na Assembleia Legislativa mostram Marin elogiando torturadores, bem como sua ligação com a ala radical da ditadura.

As denúncias somam-se às críticas feitas a Vladimir Herzog, o ex-diretor da TV Cultura morto dias depois. Foi este caso, comentado aqui pelo Bruno Winckler, que fez o deputado federal Romário (PSB-RJ) iniciar sua campanha contra Marin.

Marin, e aqui não há necessidade alguma de fugir do clichê, é um tapa na cara do futebol nacional e da sociedade brasileira. Ele é mais uma das provas de que inúmeros beneficiados pelos anos de chumbo continuam desfrutando impunemente de privilégios obtidos naquele período.

No caso de Marin, a situação é agravada pela sensação, comum para quem acompanha futebol no Brasil, de que não há nada a fazer para se livrar dele. Como foi com Teixeira, Marin só deixará o cargo se ele, e apenas ele, sentir que não vale mais a pena. A história de Marin, sua chegada à presidência da CBF e seu status são exemplo de tudo o que está errado no futebol brasileiro, e também explicam o porquê de tudo estar errado.

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*Texto originalmente publicado no site Esporte Fino

Luis Nassif

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