Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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A recuperação judicial do Botafogo, por Percival Maricato

Os credores não devem se assustar: eles terão a opção de receber em prazo mais curto, se concordarem em descontar ....90% do valor da dívida

Esporte Bretão

Percival Maricato

ROUBAR UM CELULAR PODE DAR JORNAL NACIONAL, HUM MILHÃO TUDO BEM – A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO BOTAFOGO

A mídia em peso tem noticiado o crescimento do roubo de celulares e outros atos ilícitos de delinquentes que pululam nas ruas das grandes cidades,  pés de chinelo que, de fato, amedrontam a população. Para o secretário de segurança do Estado de São Paulo a culpa e do Judiciário. No limite do STF.

No entanto, nesta semana o Botafogo, pediu recuperação judicial, declarou uma dívida de R$ 404 milhões, o suficiente para comprar um milhão de celulares usados e se propôs a pagá-la parceladamente em, atenção, 16 anos, repita-se 16 anos.  Mas os infelizes credores não devem se assustar: eles terão a opção de receber em prazo mais curto, se concordarem em descontar ….90% do valor da dívida.  Antes dessa sacanagem Fogão já tinha feito acordos indecentes com os credores trabalhistas.

Eis aí mais uma vergonha nacional: pois agora times levados à inadimplência pelos cartolas  viram empresas, são vendidas por ninharias a empresários, muitos deles pilantras, que por sua vez lesam os credores. Ou seja, não pagam praticamente ninguém. Tudo permitido pela lei das SAF, sociedades anônimas de futebol.

Também está dito que o pedido não atinge John Textor, empresário americano que teria comprado o “depto de futebol”. Tudo muito confuso, separam uma banda podre do time e o negociam com empresários oportunistas como se vende um chinelo no varejão.

Lembremos que em tempos recentes o Fogão tinha um presidente que se dedicava a lograr torcedores com o golpe da pirâmide financeira, foi denunciado pelo GGN, a quem processou. Defendemos o GGN no Judiciário e ganhamos a ação, o Fogão foi condenado. O atual vice foi assessor de Bolsonaro e agora é candidato a prefeito em uma das grandes cidades do Rio de Janeiro. O Fogão serviu de instrumento para esses cartolas se projetarem, fazerem negócios e disputar cargos políticos.

A  melhor solução para os clubes que ainda não estão nessa situação, nem sempre há um presidente íntegro, dedicado e competente disponível, são raridades, seria democratizar a administração e tornar mais transparente suas contas. Em vez disso nossos parlamentares, esses aí das emendas de bilhões, aprovaram as sociedades anônimas para oportunistas se apropriarem dos clubes populares, privatizaram o futebol e por consequência as torcidas apaixonadas que ainda não  se aperceberam da tramóia. Os tais empresários compram o  time com promessas, pagam dívidas por 10% do que tem direito os credores, e depois se derem sorte tudo bem, senão voltam para seus países deixando o clube na m….., em divisões inferiores e endividados.

Mas a mídia continuará dando atenção ao roubo de celulares, essa operação aí em cima é apenas um “favor jurídico” permitido pela lei aos cartolas e capitalistas que compram times de futebol.

Note-se ainda que ninguém na mídia falou que os deputados e senadores que aprovaram o direito a levar R$ 5 bilhões do orçamento para seus currais eleitorais, e aplicarem como querem, retirando dinheiro até de crianças carentes que seriam beneficiadas, eram muito mais perigosos do que os trombadinhas, aliás, até deram  a notícia, mas não deram um único nome dos principais personagens do assalto. Mas aí alguém vai querer lembrar das Americanas, golpe de  R$ 40 bilhões, golpistas são confessos, e nada acontece.  Tem que temer e prender o trombadinha.

FLUMINENSE: FIM DA ILUSÃO

A superioridade do Manchester City sobre o Fluminense foi esmagadora, maior do que a imaginada pela crônica esportiva. O país torceu pelo Flu, mas não houve a mínima chance, o City era muito, mas muito superior e antes de findar o primeiro minuto já tinha marcado o primeiro gol; depois vieram mais três, o jogo terminou com vitória acachapante, 4 x 0.  E leve-se em conta que o time inglês jogou sem Haaland e De Bruyne, seus melhores jogadores. Este último, com suas passadas largas e sua aparente lentidão lembra Ademir da Guia, craque do Palmeiras nos anos sessenta. Haaland tem 1,96 de altura e apesar disso é dono de um bote mortal, o artilheiro do time e do campeonato inglês.

Pode ser que outros times brasileiros perdessem de menos. Nenhum tem condições de ganhar do time inglês, uma seleção de craques selecionados vindos do mundo todo. Dois ou três dos reservas do City valem no mercado mais que o time carioca inteiro. Neste havia três ex estrelas, Marcelo, Ganso e Felipe Melo. Mas todos veteranos, não podem ser comparados aos jovens craques do City que tem a mesma categoria e são mais rápidos. Bom dizer que também se viu a diferença  entre o nível dos técnicos. Guardiola deu lição em Fernando Diniz, nosso técnico provisório da seleção brasileira.

Importante dizer que os craques do City poderiam dar um baile, por na roda, humilhar os brasileiros, mas em nenhum momento tentaram fazer isso. Não obstante, um pequeno incidente secundário entre os jogadores foi suficiente para o xerife Felipe Melo quase criar uma pancadaria.  Melo manchou a conduta honrada dos brasileiros. Nesta nova fase do país precisamos acabar com o desenvolvimento do subdesenvolvimento… também no futebol. Até lá temos que nos conformar com a superioridade dos clubes europeus.

Percival Maricato é advogado

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Percival Maricato

Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

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