Os erros magnos da política externa dos EUA

Por Motta Araujo

OS ERROS MAGNOS DA POLÍTICA EXTERNA AMERICANA

Ao fim da Segunda Guerra emergiram em Washington seis grandes estrategistas geopolíticos, conhecidos como “The Wise Men”, os seis homens sábios que construíram o cenário de poder imperial dos EUA pelos próximos 50 anos. Foram eles George Kennan, Embaixador em Moscou e criador da Divisão de Planejamento Estratégico do Departamento de Estado, Dean Acheson, Secretário de Estado do governo Truman entre 1949 e 1953, Robert Lovett, Secretário da Defesa de 1951 a 1953, John McCloy, Alto Comissário dos Aliados na Alemanha, uma espécie de governador geral da Alemanha antes da proclamação da República Federal em 1950, W.Averrel Harriman, Enviado Especial do Presidente Roosevelt junto à União Soviética, Charles Bohlen , Embaixador em Moscou e o General George Marshall, Secretário de Estado de 1947 a 1949, antes Chefe do Estado Maior e principal estrategista dos Aliados na Segunda Guerra.

Esses seis cérebros criaram as grandes instituições do pós guerra, a OTAN, o Banco Mundial (do qual McCloy foi Presidente), o Plano Marshall, dirigiram a Guerra da Coreia, estabeleceram a Doutrina Truman, só falharam em um evento que não puderam barrar, a criação do Estado de Israel, projeto onde estavam em posição contrária ao Presidente Truman que, mesmo sabendo do erro, o cometeu conscientemente para ganhar a reeleição.

Hoje temos uma política externa americana completamente sem estratégia de longo prazo, a Presidência Obama, a pior nos últimos 60 anos, não sabe para onde leva os EUA, não consegue reorientar rumos fracassados como o insensato apoio incondicional à Israel e cria problemas novos, como as sanções à Rússia por causa da Ucrânia. Ao mesmo tempo vira as costas para a América Latina, última das prioridades geográficas do Departamento de Estado, que tem grande foco na Rússia-Ucrânia, Oriente Médio, Sudeste Asiático, China, Índia-Paqusitão e zero foco na América do Sul, continente ignorado por completo, como se não existisse, com graves efeitos para os EUA.

A Ucrânia é HISTORICAMENTE área de interesse da Rússia, não dos EUA. Porque razões a política externa dos EUA vai bancar um desafio à Rússia por causa da Ucrânia? A Ucrânia nunca foi um País com soberania própria antes de 1990, os Czares sempre a administraram como uma província russa, Stálin mais ainda, seu sucessor Nikita Krushev era ucraniano de Kiev, não há nenhuma lógica nos EUA se intrometerem nesse entrevero entre russos e ucranianos, é briga doméstica, eles são russos e que se entendam.

No Oriente Médio tem jogado más cartas, na Síria deveriam ter se acertado com a Rússia para sustentar o regime Assad. É ruim? Sim, os Assad não são água de rosa MAS são INFINITAMENTE MELHORES do que qualquer alternativa, Assad é ocidentalizado, casado como uma síria nascida na Inglaterra e americanizada em Nova York, é laico e anti-fundamentalista, os “rebeldes” são o diabo em festa, o pior do pior do fundamentalismo islâmico e agora convulsionando o Iraque, onde havia um Assad agora temos dez Bin Laden.

Estratégia é o que os Wise Men faziam, tentar reduzir a ruindade sem a fantasia de eliminá-la, fizeram uma paz de concessões na Guerra da Coreia sem atacar a China, na Europa toleraram os russos na Polônia porque lutar pela Polônia prolongaria o conflito da Segunda Guerra, mantiveram o Imperador do Japão, o mesmo que tinha declarado guerra aos EUA porque sem ele o Japão entraria em desintegração social e política.

A estratégia dos Wise Men era fazer o viável, não o ideal, essa era a essência da Doutrina Truman formulada por George Kennan. Hoje não há estrategistas e nem estadistas, tem um mestre de cerimônias, bom de papo e zero de ação, o Presidente Obama e uma série de mediocridades operando a diplomacia e a geopolítica.

Os Wise Men ficaram para a História.

A propósito a Topbooks acaba de lançar em edição brasileira  as MEMÓRIAS 1925-1950 de George Kennan,  em dois volumes, uma obra imperdível para quem quer conhecer a História do Século XX.

Redação

52 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. André Mota Araujo é um dos pilares

    do blog, independentemente do leitor concordar ou não com suas posições.

    O que escreve sobre geopolítica tem um milhão de vezes mais sentido que tudo o que podemos ler (se tivermos a paciência que eu perdi ha muito tempo) na mídia corporativa.

    P.S. Um outro pilar é o Luciano Hortência, mas lá ele é “hors concours”, já que é impensável discordar de qualquer coisa que escreve…

      1. Eu não gosto dele.

        Não gosto pq o considero muito preconceituoso com o Brasil e os latinos de modo geral. Pode ser inteligente e isto não discuto. Mas quando diz  “O eleitorado americano decaiu muito” ou qualquer coisa assim, deixa claro sua posição , pois o nº de votantes que aumentou  na “América” , são latinos e/ou filhos de latinos. Que deveriam se contentar em lavar sanitários, trabalhar na construção civil, serem diaristas, etc, jamais  “cidadãos americanos votantes”. Náo aprecio pessoas com esta mentalidade.

  2. Graças a DEUS os EUA

    Graças a DEUS os EUA esqueceram que a América Latina existe!

    Os piores anos dos Sul Americanos foi justamente quando os EUA interferiam na politica e na economia dos latinos.

    Quero os EUA longe do Brasil!!!

    1. Mas o brasileiros não querem

      Mas o brasileiros não querem estar longe dos EUA, 2.200.000 brasileiros visitarão os EUA em 2014., empresas brasileiras tem 180 bilhões de dolares investidos nos EUA, 110.000 estudantes brasileiros fazem curso nos States, não adianta gostar ou não gostar, é uma realidade historica e geopolitica de séculos.

    2. Seria bom

      Seria realmente bom se eles tivessem nos esquecido, mas acho que eles apenas andam trabalhando mais pela via do softpower por aqui com pressões pela Aliança do Atlântico e pelo bilateralismo, aperto na espionagem, relações com a oposição e com a grande midia (como indicado pelo Wikileaks). Tudo me parece longe de um esquecimento. O hard power apareceria mais onde o contexto permite e onde o softpower é menos operante.

  3. Acertos

    O André “puxou” um assunto muito interessante e atualíssimo, basta ver o noticiário internacional, dia após dia. Tem muito acertos em sua análise, especialmente em relação aos erros da política externa americana atual, mas faltou dizer que Obama, “herdou” muitos erros da era Bush, especialmente em relação ao Oriente Médio, embora, é lógico, não se exime a administração Obama de diversos equívocos e indecisões. Certíssimo quanto à analise do pós-guerra: acertaram no atacado, recuperaram o “ocidente capitalista” dilacerado pela Segunda Guerra Mundial, com medo do avanço da “cortina de ferro”, como dizia Churchill na época.

    1. Acertos

      Luiz Antonio,

      Obama “herdou” muitos erros da era Bush e continua ratificando o erro. Não existe nehuma diferença entre Obama e Bush, Obama é o Bush ilustrado, apenas isso

      1. O problema é que toda

        O problema é que toda diferença que posso haver não move um centímetro no monstrengo chamado Pentágono, caro João. Se exsite um poder soberano nos Estates, este é essa instuição político-militar. Totalmente independente, ninguém se atreve a mexer 

      2. É o que tem para hoje

        Obama é o retrato acabado do que é possível. Como Kennedy escolheu falcões para seus conselheiros, vive com o (mau) legado de W. Bush e com os fundamentalistas raivosos atiçados pela Fox e seus congeneres. Ainda anda às voltas com a crise de 2008 (gestada na Adm. W. Bush) e para arrematar deu autonomia  ao seu vice, que de diplomata não tem nada, basta ver a atuação na Ucrania. Próximo passo? Superar a pasteurização das eleições tanto a presidencial como a legislativa e convencer os estadunidenses que eles tem é que trabalhar feito os chineses e deixar de ser o pais dos lawyers.

        Tem alguem melhor que o Obama para administar a geléia que é os EUA hoje, de maneira minimamente civilizada?

        1. Claro que tem, há grandes e

          Claro que tem, há grandes e boas cabeças em Washington, o problema é que o eleitorado mudou muito e para pior por razões demograficas, étnicas, culturais, há uma ralé nova votando e votando mal, não sou otimista com o futuro eleitoral dos EUA. Não vejo no horizonte um ESTADISTA sendo eleito, sí palanqueiros de suburbio como Obama.

          1. Palanqueiros de suburbio,

            Palanqueiros de suburbio, amei a expressão!.  Mas não é nos suburbios que os americanos gostam de fazer suas mansões? rodeadas de um grande e belíssimo gramado e uma casa ou rancho  estilo   “E O vento Levou” ? Não sabia que existiam palanques por lá.

      3. No que toca ao Brasil, Bush

        No que toca ao Brasil, Bush foi muito melhor, estabeleceu boa relação com Lula desde o primeiro dia do primeiro mandato, a familia Bush tem uma relação muito mais proxima com a America Latina, Jeb fala espanhol fluentemente e conhece muito bem o Brasil, Bush convidou Lula para ir a Washington ANTES da posse, algo muito especial e que mostrava interesse a apreço pelo Brasil. Obama vê o mundo de forma ASIATICA, nem sabe bem o que é a America Latina, não conhece, não gosta e não quer saber.

      4. Concordo

        A minha leitura é mais ou menos igual à sua João, e eu acho que a política externa de Obama acabou caindo no imobilismo e receio de mexer com algumas “vacas sagradas” da política americana, quanto aos conflitos de Israel com os vizinhos, o “espólio” Bush, Iraque/Afeganistão, os conflitos na África (Líbia, Sudão, Nigéria, etc) e um certo desprezo (ou rancor, sei lá) com a América Latina. Tem seus pecados também, como você disse, mas entendo mais como imobilismo que iniciativa.

  4. Conheci os Wise Men

    E hoje eles estão aposentados ou desempregados.

    Sim, porque os seis citados pelo André Araújo tinham uma igualmente brilhante equipe de suporte, que pensava a longo prazo as políticas do país.

    Hoje isso seria impensável: são exigidos resultados imediatos, não importam as consequencias futuras.

    Por isso se comportam como personagens de filmes do Almodovar, sempre a beira de um ataque de nervos.

    Bem diferente do estilo das velhas raposas, que bebiam tranquilamente cervejas numa tarde quente e seca de Campinas enquanto falavam das vitórias passadas.

    São a Gringolândia Malvada — desprezíveis — mas é impossível não gostar deles!

  5. Sábios israelenses

    Mais e pior do que os crimes que cometem, é o erro de se submeterem aos ditames dos sábios do sião.

    O presidente Kennedy ousou falar sobre isso e pagou com a vida. Os EUA são uma filial subserviente

    de Israel.

  6. Será

    Caro Motta,

    será que esta política americana não quis pensadamente gerar conflitos ao redor do mundo para financiar a enorme indústria bélica deles e seus comparsas?

    Um país em paz não consome, ou consome muito pouco, em armamentos, no máximo substituindo equipamento obsoleto.

    1. A economia americana não é

      A economia americana não é baseada na industria de armamentos e sim na de bens de consumo.  A compra de material belico pelas F.A. americanas gira em torno de 300 a 400 bilhões de dolares por nao, contra um PIB de 16 trilhões, não é portanto a BASE da economia americana.

      1. Completamente ERRADO, ops EUA

        Completamente ERRADO, ops EUA adotam o que alguns autores chamam de “keynesianismo militar”. A política de desenvolvimento tencológico(base de toda a economia americana)é baseada em financiamentos públicos, via Pentágono, NASA, etc. É uma política de desenvolvimento nacionalista, a qual – sob a justificativa da segurança nacional – permite o monopólio dos contratos públicos(financiados pelo bilionário orçamento militar americano, o maior do mundo)para empresas americanas.

        A tecnologias desenvolvidas para uso bélico são, depois, adaptadas para o uso privado(vide o caso da internet), sendo, assim, a P&D financiada pelo governo dos EUA.

        1. Mais do que isso… Os

          Mais do que isso… Os dividendos tecnológicos são mais um efeito auxiliar, não o principal. O lucro principal é, obviamente, garantir o domínio de influência política e econômica sobre o resto do mundo (recursos naturais e mercados).

  7. ótimo post, com algumas observações

    1) George Kennan => junto com Nicholas Spykman, Hans Morgenthau, Raymond Aron, os grande nomes do Realismo da politica internacional, em que teve, nos EUA, como o maior de seus operadores, Henry Kissinger.

    2) Barão do Rio Branco. Grande realista politico.Soube, magistralmente, conduzir uma relação de aliança -com interesses pragmaticos, diga-se – com os Estados Unidos, usando-a como forma de contribuir na defesa dos interesses concretos do Brasil.  Gracas a essa altivez, sempre fomos tratados como um com deferência,  não como uma republica passiva e vislumbrada. A exceção de uns e outros episódios,  como do aquela do Juracy Magalhães (chanceler do Castelo Branco) ao efusivamente dizer “O que é bom para os EUA, é bom para o Brasil”, frase-mor dos defensor do alinhamento passivo, ideologico e automatico para com os norte-americanos.

    4) Covardia invocar esses grandes nomes do pos-2a Guerra, como forma de comparar com os atuais da politica exterior dos EUA. A proposito,”pensamento estrategico” passa loonge, muuuito longe do Dpto de Estado, no governo atual.

    Abcs,

    1. Morgenthau não foi um grande

      Morgenthau não foi um grande estrategista, propunha fazer da Alemanha um Pais agro pastoril, tinha o viés de se vingar da Alemanha por causa do jolocausto, portanto não tinha uma visão real politk e sim emocional, Marshall encarregou-se de anular sua influencia.

      1. Completamente ERRADO, foram

        Completamente ERRADO, foram as ideias de Morgenthau que prevaleceram na organização do sistema financeiro internacional, baseados no padrão ouro-dólar. 

        Morgenthau é uma das figuras centrais do Realismo Político nas relações internacionais, completamente descabido dizer que ele não tinha uma visão de realpolitik, sendo ele um dos principais teóricos do Realismo nas RI(vide seu clássico, Politics Among Nations).

  8. Só que não…

    Não vejo, de nenhum modo, a atual política internacional dos EUA como uma usurpadora da política dos anos 50-60. Ela é, isto sim, a filha dileta de uma política imperial que não tinha por outro objetivo senão o de por os EUA na sua atual posição.

    Americanos e ingleses apostaram pesado no desmoronamento da URSS por causa da guerra. Enquanto o Exército Vermelho enfrentava uma formidável máquina de guerra que dispunha de, em alguns momentos, quase 3 milhões de combatentes e era superior tecnologicamente, lutando numa frente de seis mil quilometros, os dois gigantes industriais primeiro ocuparam o norte da África – onde enfrentariam uma França de Vichy louca para se render, as tropas inéptas de Mussolini, derrotadas pelos ingleses e egípcios, e um corpo de exército alemão que não tinha nem um terço do poderio de um único corpo de exército, dentre os vários, do teatro do Leste. Depois invadiram uma Itália que em poucos dias desmoronou, e esperaram quase um ano para abrir um segundo front na França, sempre apostando que Stalin se destruiria contra os alemães.

    Deu errado. Embora arrasada em termos humanos, a URSS saiu da guerra tão poderosa, militarmente, que seria impossível derrotá-la, mesmo recorrendo às armas nucleares, que naquele momento eram tremendamente escassas e caras. Apostaram a vida de quase trinta milhões de pessoas em sua “wise strategy” de contar com a queda do regime soviético no pós-guerra e só tornaram Stalin um herói nacional.

    A arrogância e o desrespeito pela vida humana que se ve hoje na política externa americana não pode ser considerada como uma usurpadora das políticas daqueles tempos. Naqueles tempos, o “big stick” comia solto no lombo de todos nós latinoamericanos e por toda parte. Vietnam, Irã, Indonésia, as colônias africanas, todos palcos de intervenções diretas da OTAN, dos EUA ou de seus aliados na era do tais wise men.

    Considerar a política externa americana, ou de qualquer país da Europa Ocidental como independente é pura ingenuidade. Esses paises foram empurrados para uma confederação de facto desde a criação da OTAN, e mais e mais caminham para se tornarem uma federação. E a mediocridade que se ve nos americanos não é tão diferente da que se ve em seus pares europeus. Estes são, talvez, mais polidos. Séculos vivendo em um subcontinente tão pequeno, proporcionalmente, ensinaram aos europeus a disfarçarem melhor sua arrogância, mas nunca a elimaram ou diminuiram. Ao invés de morder ou dar uma joelhada na coluna do adversário, eles discretamente pisam na patela dele enquanto se levantam de um choque: parafraseando a música, violence avec elegance.

    Se eles não são independentes, o que os liga, então? Essa questão fundamental, que é geralmente expulsa do debate no mesmo instante em que se aceita a hipótese da independência entre esses Estados, precisa ser respondida para se entender o momento atual do mundo.

    Sempre se poderá dizer que é a cultura comum, cristã-ocidental, ou alguma outra explicação centrada nos laços políticos e históricos. Mas tudo isso oculta a grande verdade. O que os une, o que os unifica é a única coisa que têm em comum: são todos, sem excessão, Estados subordinados ao Capital. E o Capital, sabe-se hoje, é controlado por menos de uma centena de famílias, cuja rede de laços e ligações embora óvias, ainda resta por desnudar. A alta burguesia, para usar esses termos que parecem tão anacrônicos e são no entanto tão modernos, é agora a aristocracia dos idos da Revolução Francesa: arrogante, grosseira, ríspida, boçal. E assim são todos os seus servos, como capitães-do-mato modernos, a sangrar a humanidade no tronco do deus dinheiro.

    Não há déspota iluminado e menos ainda benigno. O despotismo é por si só mau, o despotismo é o Mal.

    1. 1.Na Segunda Guerra a URSS

      1.Na Segunda Guerra a URSS tinha grande quantidade de homens para lutar mas não era uma potencia militar de alto nivel tecnologico, entre julho de 1941 até a batalha de Stalingrado em 1943 a URSS enfrentou os alemães sem popuar vidas, os alemães cercaram Leningrado até 1944, chegaram muito perto de Moscou e ocuparam os campos de petroleo da Ucrania,a Romania, a Hungria e a Bulgaria, o cordão de paises da Europa do Leste.

      2.A URSS não lutou sozinha. Recebeu 11 milhões de toneladas de material belico, alimentos, medicamentos e materias priaas dos EUA. A Alemanha foi bombardeada dia e noite de 1941 a 145, o que destrui sua infra estrutura de transporte e combustiveis, o que enfraqueceu totalmente a defesa da Frente Leste, abrindo caminho para o Exercito Vermelho.

      3.A luta na Italia  NAÕ furou alguns dias, durou DOIS ANOS em encarniçadas batalhas onde os alemães defenderam cada metro recuado, a rendição das forças alemãs só se deu em 30 de abril de 1945, quando ainda havia 1 milhão de soldados alemães no Norte da Italia, bem armados em em boa ordem, a rendição foi negociada com os aliados por razões politicas dos dois lados mas o Exercito alemão controlava completamente o Norte da Italia.

      4.O planejamento e preparação para a invasão da Normandia durou dois anos, envolveu 1,5 milhão de soldados americanos deslocados para a Inglaterra, foi a maior operação militar anfibia da Historia, essa conversa que os anglo-americanos esperavam o fim da URSS na mão dos alemães nunca existiu porque as quatro grandes conferencias ineralidas a partir de 1943 (Casablanca, Cairo, Tehran, Yalta) ajustaram passo a passo a ação de cada um dos Aliados dentro do timing estategico possivel, com as naturais discussões entre os lideres mas a premissa da grande estrategia foi

      a percebida decisão do conflito a partirda batalha de Stalingrado e da retirada dos alemães do Norte da Africa, eventos que DEFINIRAM o desfecho do conflito.

      1. O exército vermelho era o

        O exército vermelho era o maior exército do mundo, e a cavalaria soviética era a mais moderna de então(os T-50)

      2. A URSS não lutou sozinha. Recebeu 11 milhões de toneladas de material belico, alimentos, medicamentos e materias priaas dos EUA. A Alemanha foi bombardeada dia e noite de 1941 a 145, o que destrui sua infra estrutura de transporte e combustiveis, o que enfraqueceu totalmente a defesa da Frente Leste, abrindo caminho para o Exercito Vermelho.

        Tem a referência? Não estou duvidando, só querendo saber mais.

        1. A Alemanha perdeu a guerra na

          A Alemanha perdeu a guerra na Rússia, Stalingrado foi o confronto decisivo. O comentário sobre as defesas alemãs terem sido destruídas por bombardeios ocidentais, o que abriu caminho para o avanço soviético não tem qualquer relação com a realidade dos fatos. Foi a força do exército soviético, seus tanques T-50, que garantiram a vitória sobre os nazistas.

      3. Falsificação e conclusões equivocadas

        1) A “ajuda” americana não era de material bélico, não há registro. E foi pouco decisiva. Boa parte nem mesmo chegou. Navios americanos foram afundados por submarinos alemães em região onde os ingleses deveriam estar vigilantes. Há quem alegue que os ingleses o fizeram de forma deliberada. Fonte: “A farsa de Churchill”, de Luis C. Kilzer

        2) Até a abertura da segunda frente, em 1944, a estratégia nazista estava concentrada em lutar contra a URSS. A relação era de 26 divisões na frente ocidental para 170 na frente leste. Fonte: “The politics of war”, de Gabriel Kolko

        3) A Invasão da Normandia” não envolveu 1,5 milhão de soldados americanos. Na primeira semana foram desembarcados pouco mais de 300 mil, dos EUA, Reino Unido, Canadá, França Livre, Austrália, entre outros. Se tiver outra fonte, altere a Wikipedia.

         

  9. Boa Andy!

    Tentar reduzir a ruindade sem a fantasia de eliminá-la.

    Fazer o viável, não o ideal,

    Os Wise Men Representaram a alma da política externa estadunidense

    Issso foi perdido com o tempo.

    Desde Maddy Albright, a diplomacia estadunidense esta em um mangue sem fim, em parte devido ao estelionato eleitoral perpetrado por W. Bush e ratificado pelo evitável 9/11  e devido ao vácuo nos think tanks, eclipsados pelas diretrizes dos bancos de investimento!

     

  10. George Kennan e a nova Guerra Fria.

    George Kennan viveu o suficiente para presenciar o relançamento da Guerra Fria. Viu e não gostou. Foi entrevistado por Thomas Friedman, em 1998, sobre a ratificação do senado americano para a expansão da OTAN, disse:

    “Eu acho que é o início de uma nova guerra fria. Acho que os russos gradualmente reagirão de modo muito adverso e isso afetará suas políticas. Penso que é um erro trágico. Não há nenhuma razão para isso tudo. Ninguém estava ameaçando ninguém”;

    e previu:

    “Isso mostra muito pouca compreensão da história da Rússia e da história soviética. Claro que haverá uma reação péssima da Rússia, e então [os expansores da OTAN] vão dizer que sempre falaram como os russos são”.

    Fonte: http://www.nytimes.com/1998/05/02/opinion/foreign-affairs-now-a-word-from-x.html
     

  11. Por que os americanos se meteram na Ucrania ?

    Motta diz:

    “A Ucrânia é HISTORICAMENTE área de interesse da Rússia, não dos EUA. Porque razões a política externa dos EUA vai bancar um desafio à Rússia por causa da Ucrânia?”

    Longe de mim, bem longe de mim, querer pontificar numa seara em que o Motta esbanja erudicao.

    Mas a resposta a esta pergunta, e a chave para entender uma grande mudanca na politica externa americana depois do colapso da URSS, de acordo com varios analistas que tenho acompanhado, se encontra no livro de Zbigniew Brzezinski “The Grand Chessboard – American Primacy and It’s Geostrategic Imperatives,” Basic Books, 1997.

    Nao li o livro, e nao vou ler, mas vi muitos excertos  que, num primeiro momento, me assustaram. E’ que eu estava experimentando um “shift” interno, mudanca radical de percepcao sobre o jogo que os Estados Unidos estao jogando no mundo, depois que sairam triunfantes da guerra fria.

    Demora um pouco para digerir o material, nao pela dificuldade de entender, mas pelo choque diante da franqueza com que ele preconiza e defende a supremacia Americana, a qualquer preco; incluindo-se ai’ o sacrificio dos valores mais caros ‘a civilizacao ocidental, tipo democracia, direitos humanos, etica, etc.

    Um leitura, mesmo que apenas dos excertos, e’ fundamental para compreender tudo o que ocorre no mundo neste momento. The “indispensable nation,” conduzida pelo complexo industrial militar, Wall Street (e a City de Londres), tem como um dos seus imperativos a “full spectrum dominance” (na linguagem dos neo-cons); e onde o filosofia neo-liberal e sua expansao irrestrita representa um dos pilares da nova ordem que se procura estabelecer – pela guerra se necessario.

    Brzezinski, membro prestigiado do Council on Foreign Relations, e fundador da Trilateral Commission a pedido de um dos Rockfellers, foi assessor especial de seguranca nacional no governo Jimmy Carter. Nunca deixou de ser influente, mesmo na era Reagan e Bush 1; depois ele voltou com forca no governo Clinton; seu pensamento parece ter sido absorvido pelos neo-cons, que entao se dedicaram a implementa-lo, a partir da era Bush 2, com o Project for New American Century (PNAC). Esse projeto continua com o Obama, um mero ventriloquo, embevecido pelo status de primeiro negro (em termos de Estados Unidos; pra nos o Obama e’ mulato) a presidir o imperio – imperio este facing deep, deep trouble neste inicio do terceiro milenio.

     

     

     

  12. Texto Muito Fraco
    Os

    Texto Muito Fraco

    Os questionamentos levantados podem ser facilmente respondidos com um pouco de conhecimento dos fatos históricos.

    Os sábios citados foram os responsáveis pelo maior erro da política externa americana: a guerra fria, de cujas garras, hoje, mais de sessenta anos depois, os americanos não conseguem escapar.

    A base da política de contenção(Doutirna truman)foi o memorando enviado por Kennan, “The Sources of Soviet Conduct”, que descrevia a URSS como um império expansionista, que deveria ser contido em todos os planos do Globo.

    Foi a doutrina de contenção que criou um estado de guerra permanente, enrijecendo os blocos de alianças em um modelo bipolar. O Estado de guerra permanente criado pela Doutrina de Contenção não foi responsável apenas pelos bilhões gastos em meios de destruição durante a corrida armamentista, como pelo acirramento ideológico e político responsável pela proliferação de regimes autoritários tanto no bloco socialista quanto no “bloco ocidental”.

    Kennan tem sua mão suja com o sangue dos milhares de latino-americanos assassinados por ditaduras brutais, que se valiam da retórica da guerra fria de combate ao terrorismo para massacrar seus povos e suprimir o Estado Democrático de Direito. No caso brasileiro, a ret´rocia vazia de Kennan foi utilizada para suprimir sindicatos e partidos políticos(desde Dutra), e reduzir a participação dos salários na renda nacional(o arrocho iniciado pela dupla Campos-Bulhões, no governo Castello Branco)colocando o Brasil no topo dos países com maior desigualdade de renda.

    A política de contenção da Doutrina Truman visava satisfazer os interesses do incipiente Complexo Industrial-Militar, que havia se fortalecido durante a mobilização da segunda guerra mundial. O sucessor de Truman, presidente Eisenhower, denunciaria a formação do Complexo em seu farewell adress(vídeo abaixo), alertando para os riscos que esses interesses industrial-militares representariam à Democracia norte-americana.

    https://www.youtube.com/watch?v=8y06NSBBRtY

    O presidente JFK também se opôs à “Pax Americana” prevista na Doutrina truman(e acabou assassinado, em crime nunca devidamente explicado, a não ser o lenga-lenga de que Lee Oswald agiu sozinho!)

    Discurso de JFK, pouco antes de ser assassiando, delineando uma política de segurança fora das concepções da Doutrina Truman.

    https://www.youtube.com/watch?v=RclaV_3_eOA

    https://www.youtube.com/watch?v=Y_cPQiLBrUA

    RESPOSTAS a algumas das questões levantadas:

    “A Ucrânia é HISTORICAMENTE área de interesse da Rússia, não dos EUA. Porque razões a política externa dos EUA vai bancar um desafio à Rússia por causa da Ucrânia?”

    Oras, essa é a essência da política de contenção: a Rússia deve ser detida em todos os lugares, permanentemente. Estranho que o autor de um texto laudatório dois país da Doutrina Truman questione a aplicação da política global de contenção na Ucrânia. Em termos atuais, a política externa de Obama é mera atualização da política de contenção, com sua estratégia de pivôs, visando cercar a Rússia e a China.

    “No Oriente Médio tem jogado más cartas, na Síria deveriam ter se acertado com a Rússia para sustentar o regime Assad. É ruim? Sim, os Assad não são água de rosa MAS são INFINITAMENTE MELHORES do que qualquer alternativa, Assad é ocidentalizado, casado como uma síria nascida na Inglaterra e americanizada em Nova York, é laico e anti-fundamentalista, os “rebeldes” são o diabo em festa, o pior do pior do fundamentalismo islâmico e agora convulsionando o Iraque, onde havia um Assad agora temos dez Bin Laden.”

    Completamente ERRADO, foram os “cold warriors” que armaram, treinaram e deram suporte aos fundamentalistas para, dentro da lógica de contenção, conter a Rússia no Afeganistão. Foram os cold warriors que criaram Osama bin Laden.

    No vídeo abaixo, Zbigniew Brzezinski falando com os mujahedins no Afeganistão, implementando a política de global contenção à Rússia naquele país(“The Grand Chessboard”, na sua concepção), e lançando a semente do discurso religioso, uma atualização da lógica messiânica do Excepcionalismo americano. 

    https://www.youtube.com/watch?v=kYvO3qAlyTg

    “Estratégia é o que os Wise Men faziam, tentar reduzir a ruindade sem a fantasia de eliminá-la, fizeram uma paz de concessões na Guerra da Coreia sem atacar a China, na Europa toleraram os russos na Polônia porque lutar pela Polônia prolongaria o conflito da Segunda Guerra, mantiveram o Imperador do Japão, o mesmo que tinha declarado guerra aos EUA porque sem ele o Japão entraria em desintegração social e política.”

    Completamente ERRADO, Japão, China e Coréia, todos faziam parte da estratégia de contenção da Rússia.

    No Japão, o lançamento das bombas atômicas foi muito mais um evento inicial da guerra fria do que o ato final da Segunda Guerra Mundial. Não havia justificativa para o ataque nuclear, o Japão já estava derrotado, sua condição era a preservação do Imperador, o que foi aceito pelos americanos, mesmo com o ataque nuclear a Hiroshima. Truman tentou intimidar Stálin na Conferência de Potsdam, comunicando-lhe da existência da nova arma, do que Stálin – munido de imensa rede de espiões – .fez pouco caso, pois já sabia de tudo. A probabilidade de uma intervenção russa no Japão foi o principal motivo para o lançamento da bomba.

    Na Coréia, igualmente o objetivo era a política de contenção soviética na Ásia. Ao contrário do que diz o artigo, houve conflito com a República Popular da China, que interveio militarmente ao ver americanos se posicionando militarmente em suas fronteiras. Stálin incentivou a ação dos comunistas coreanos(que lutaram contra os invasores japoneses)de modo a forçar a mão de Mao no conflito, incluindo os comunistas chineses em sua política de “contenção da contenção”, semelhante ao que fazem hoje na Organização de Cooperação de Xangai(o acordo de fornecimento de gás Rússia-China é um exemplo, não apenas de uma parceria estratégica, mas na construção de uma infra-estrutura energética ligando os dois giantes, Rússia e China, e criando um eixo de integração e desenvolvimento pelo caminho – a Ásia Central, o território cordial na teoria geopolítica de Mackinder – base para o projeto da Nova Rota da Seda).

    A China era elemento central na política de contenção americana no Pacífico, por isso o discurso virulento contra Truman, que teria supostamente “perdido a China”. Note que a os cold warriors não demonstraram moderação, e só não submeteram a China porque não conseguiram. A República Popular da China não foi reconhecida pelos adeptos da Doutrina Truman, que seria brevemente abandonada apenas pelo governo Nixon, que inaugura um período Realista na política externa americana, dirigida por Henry Kissinger, especialista na teoria realista de Equilíbrio de Poder(Kissinger tinha no chanceler austríaco, Metternich, principal formulador do Sistema Europeu do século XIX, seu grande modelo de estrategista. Foi dentro dessa concepção que o governo Nixon começou a desfazer a política de contenção, celerbando a paz com o Vietnã, reconhecendo a República Popular da China e buscando a cooperação com os soviéticos – SALT I, Tratado ABM, primeiras iniciativas para a limitação de armamentos). 

    Interessnate notar como, ao ver os interesses do complexo industrial-militar sendo contrariados com os reveses na política de contenção e a inauguração de uma política externa realista, os adeptos da Doutrina Truman reagiram energicamente, removendo Nixon(impeachment)sob a fantasiosa justificativa do escândalo de Watergate, por Nixon ter, supostamente, feito o que todo presidnete americano faz. Basta ver as novas faces que definiriam a política externa norte-americana no governo Ford, ninguém menos que Dick Chenney e Donald Rumsfeld.

    No vídeo abaixo, nomeação de Rumsfeld como Secretário de Defesa do presidente Ford, pós-impeachment de Nixon.

    https://www.youtube.com/watch?v=UI-mTUZjNuU

    Dick Cheney, chief of staff do governo Ford.

    https://www.youtube.com/watch?v=yYW1g9oViAc

    Rumsfeld tentando desfazer a política de limitação de armamentos acordada nos Tratados celebrados por Nixon.

    https://www.youtube.com/watch?v=BAUZbI9M-c8

    Após seu fantasioso impeachment, Nixon foi substituído por Ford, que prontamente requisitou fundos para reiniciar a guerra no Vietnã, dentro da lógica de contenção da Doutrina Truman.

    Pics: The day the Senate told Ford no more war in Vietnam

    06/13/14 05:51 PM—UPDATED 06/25/14 05:07 PM      By Michael Yarvitz

    One post-script from last night’s show: You may have noticed that during our first segment on the Vietnam War – and the efforts by President Gerald Ford to get U.S. troops back into the Vietnam War in 1975 – we featured some images from what was a nearly unprecedented meeting inside the White House Cabinet Room.

    http://www.msnbc.com/rachel-maddow-show/pics-the-day-the-senate-told-ford-no-more-war-vietnam

    https://www.youtube.com/watch?v=dUVU6llQJmg

     

    1. A DOUTRINA DE CONTENÇÃO era o

      A DOUTRINA DE CONTENÇÃO era o oposto de uma atitude bélica agressiva propugnada por outra corrente, cujo emblema

      visivel era o General Mac Arthur. A Doutrina de Contenção visava exatamente desarmar os gatilhos da ala belicista do Pentagono, não enfrentando a URSS, apenas “”CONTENDO”” sua expansão. A doutrina dos falcões Republicanas era a preparação para a guerra inevitavel contra o comunismo. A Doutrina Truman ou Doutrina de Contenção NÃO propunha o enfrentamento e sim esperar pela desintegração espontanea do sistema sovietico, porque, segundo essa Doutrina formulada por Kennan, a desintegração do sistema de governo da URSS seria INEVITAVEL e ocorreria em um horizonte de 50 anos provocada por suas contradições internas.

      Portanto, ao contrario de seu comentario, a Doutrina de Contenção era conter a expansão da URSS e esperar pacietemente por sua dissolução natural sem tentar enfrenta-la frontalmente, a não ser que tentasse conquistar novos territorios, como fez no Vietnam.

       

      1. O senhor desconhece o sentido

        O senhor desconhece o sentido de conceitos básicos da política externa americana(como Contenção, Excepcionalismo, etc.)e aspectos elementares das teorias de relações internacionais(como a Teoria Realista, vide seu comentário ignorante sobre Morgenthau).

        Seu comentário acima reflete esse desconhecimento e está, portanto, completamente ERRADO.

        A criação da OTAN(1949), no contexto da Doutrina Truman, é um exemplo da atitude “não belicista”(as aspas denotam ironia)dos EUA e aliados.

        Impedir a vitória dos comunistas na China era parte da Doutrina de Contenção, assim como impedir a vitória dos comunistas na Grécia foi o fato que baseou a criação da Doutrina Truman.

        Além de considerações geopolíticas, a Doutrina de Contenção possuia um elemento fortemente ideológico da luta contra o comunismo, o que justificava sua atuação nos mais diversos setores, como a repressão de movimentos sindicais em nome da Doutrina de Segurança Nacional(derivada da Doutrina Truman), seu corolário do “inimigo interno”, que seria qualquer movimento social contrário aos interesses das multinacionais americanas, que serviu de fundamento às ditaduras latino-americanas.

        Como o senhor pode falar em atitude não belicista em um período caracterizado pela corrida armamentista?

        O conflito direto entre EUA e URSS só não ocorreu devido a lógica militar oriunda das armas nucleares(o Equilíbrio do Terror), e não por conta da Doutrina de Contenção, que, em seu aspecto ideológico, justificava intervenções em qualquer domínio, desde movimentos sindicais na América Latina até movimentos de libertação nacional na África, Ásia e Oriente Médio.

        Sobre MacArthur, suas diferenças com Truman eram pontuais e refletiam apenas interpretações distintas da Doutrina de Contenção. Ambos entendiam que a oposição aos comunistas chineses fazia parte da Doutrina de Contenção, apenas MacArthur defendia o uso de armas nucleares contra a China(defendeu o lançamento de 90 bombas atômicas sobre a China). Essa diferença de posicionamento se deve a nova situação militar surgida com o advento de armas nucleares e a lógica do Equilíbrio de Terror. Quando eram os únicos detentores de armas nucleares, os americanos não hesitaram em utilizá-las DESNECESSARIAMENTE contra o Japão, um adversário já vencido.

        Sua afirmação sobre a Rússia tentando conquistar novos territórios no Vietnã nem merece comentários, não possui qualquer fundamento e denota tão apenas sua ignorância dos fatos e o forte conteúdo dessa ideologia McCarthista da Guerra Fria oriunda da Doutrina Truman, na qual todos os adversários dos interesses norte-americanos fazem parte de um complô para a dominação do mundo pela Rússia, o que – ao contrário do que o senhor disse – é a essência da Doutrina de Contenção, conforme o memorandum enviado por Kennan de Moscou, “The Sources of Soviet Conduct”.

         

         

  13. “A estratégia dos Wise Men

    “A estratégia dos Wise Men era fazer o viável, não o ideal, essa era a essência da Doutrina Truman formulada por George Kennan.”

    Completamente ERRADO, a Doutrina Truman seguia as concepções messiânicas do Excepcionalismo americano, delineados pelo presidente Wilson, em oposição ao Realismo americano, praticados pelo presidente Ted Roosevelt.

    Os EUA possuiriam uma missão global de preservação dos “valores ocidentais” contra o expansionismo soviético.

    A estratégia do viável é exatamente aquela adotada pelo governo Obama, que busca conciliar a doutrina do Excepcionalismo(predominante no governo Bush Jr)com o Realismo americano; ao mesmo tempo em que mantém a política de contenção(corolário do Excepcionalismo)por meio da estratégia de pivôs, ou da disseminação de “valores ocidentais”, mais notadamente a Democracia, no mundo, o governo Obama adota uma política de desengajamento típica do Realismo, conforme praticado pelos governos Nixon e Bush Sênior. O governo Clinton já combinava esses dois elementos da política externa americana, combinando uma política de distensão e desengajamento(vide a política para as Coreias, a defesa do multilateralismo e engajamento na ONU)com aspectos do Excepcionalismo(a defesa da Democracia e outros valores ocidentais).

    É essa problemática convergência que causa uma impressão de descontrole, na verdade, a política externa de Bush Jr foi muito mais desastrosa e incompetente, as dificuldades de Obama decorrem de sua incapacidade de conter os interesses belicistas dos excerpcionalistas.

     

  14. Estratégia me faz pensar em enxadristas

    Estratégia me faz pensar em enxadristas; cérebros fazendo movimentos prevendo um desenrolar complexo nem sempre garantido. E nisso acho que os americanos nunca foram bons mesmo olhando para o passado. Minha percepção é que no fundo as ações deles são mais atos do seu modo pensante do que qualquer outra coisa.

    Com todo respeito a análise do artigo, a acho um pouco falha. Particularmente sobre o caso da Ucrânia que não me foi surpresa alguma. Não me refiro a crise na Ucrânia propriamente dita, sou apenas um leigo que gosta desses assuntos e obviamente minhas fontes de informação não são privilegiadas. Me refiro a atitude dos EUA em promover sanções contra a Rússia tratando-a com hostilidade fora do razoável.

    Primeiro, não compro a hipótese disso ter a ver com interesses econômicos na comunidade Européia. Nunca será viável o gás de Xisto produzido do outro lado do Atlântico competir com o gás natural russo, isso é pura fantasia. Nem faz muito sentido que a motivação seja estarem preocupados em competir com a indústria russa pelo mercado europeu, os americanos já perderam esse mercado para os próprios europeus (recentemente compramos um motor elétrico de alta tecnologia nos EUA “made in germany”).

    A motivação seria a de sempre, ou seja, projeção de poder. Mas não num nível do intelecto de um enxadrista, seria mais perto da lógica de um valentão que não atura desaforo. E esse desaforo foi a Síria.

    Não sei se os leitores do Blog tiveram a oportunidade de acompanhar de perto os jogos de cena na véspera do ataque americano a Síria. Como sabem, quando alguém está pra morrer no deserto os abutres desfilam ao redor do infeliz. E quando a guerra é fato contado aparecem especialistas a comentar das armas e tecnologia que serão usadas. Eu vi esses especialistas montarem seu picadeiro para a diversão da audiência. Mas aconteceria algo diferente dessa vez…

    Nos bastidores os russos deslocaram para o mediterrâneo uma frota de guerra que nunca se tinha visto antes da 2ª guerra. Isso falando dos vasos de superfície, o número de submarinos evidentemente era desconhecido (os russos antes tinham feito um passeio ao longo dos limites da costa americana sem serem detectado e revelaram suas posições de propósito quando se retiravam o que causou um grande embaraço nos círculos militares americanos).

    Mas pelo visto os americanos não entenderam muito o recado. Então numa ação quase insólita o Putin publica uma carta no New York Times. O conteúdo era explícito pra quem sabe ler nas entrelinhas. Os russos não iriam tolerar um ataque ao país onde tinham uma base militar (base de Tartus). Apesar do tom diplomático, a mensagem foi bastante pesada. Em resumo colocava que se considerar um país excepcional era demonstração de arrogância e não de sabedoria. Um tom definitivamente provocador por mais escolhidas que fossem as palavras. E essa interpretação era visível na reação dos internautas americanos ao fazerem seus comentários na página do New York Times. Algo que certamente será contado nos livros de história como um evento singular apesar de ter passado batido por aqui.

    O fato inquestionável é que após a carta os comentaristas de tecnologia militar sumiram dos noticiários. O governo dos EUA fez então o impensável, abortou o ataque. O que foi facilitado pela saída honrosa aberta pelos Russos com a história do regime Sírio se submeter ao tratado internacional de armas químicas. E isso foi o cúmulo da ironia. Afinal armas químicas inexistentes foram pretexto para a guerra de mudança de regime no Iraque, e agora a simples promessa de destruírem armas químicas reais foram usadas como pretexto para se safarem da própria encrenca que armaram.

    Porém, é óbvio que com ou sem armas químicas os americanos desejavam a mudança de regime na Síria. Não é preciso ser nenhum grande expert para saber que os objetivos pragmáticos eram fechar o cerco ao Irã, preparar terreno para neutralizar o Hezbolah e de tabela diminuir a influência da Rússia na região. Um tiro e trezentas cajadadas.

    E terem sido frustrados nessa empreitada antes mesmo de começar é que explica a incrível “coincidência” de anunciarem poucos dias depois ao desenrolar desses eventos o fechamento de um acordo de intenções para suspender as sanções contra os Iranianos. Isto é, esse desembestar de salvar tudo e a todos, indica, em minha opinião, que houve mesmo um enfrentamento explicito dos Russos que deixou os radicais do governo Obama desnorteados. E isso possibilitou uma janela de oportunidade que setores mais racionais se apressaram em aproveitar.

    Mas tão logo esses setores radicais levantaram da lona, eles despertaram com ira total. A derrota na Síria era fato consumado, mas é aquele ditado: “o mundo da voltas” e a oportunidade de vingança veio logo. Essa oportunidade foi a crise na Ucrânia.

    Ou seja, a interferência dos EUA na crise da Ucrânia realmente fugiria de todas as lógicas geopolíticas uma vez que a Ucrânia é uma área de influência natural para os Russos. Mas de cabeça quente quem pensa direito?

  15. Sacanagem

     Meu caro Motta,

      Vc. foi malvado em seu post, assim o DoS irá cancelar seu visto, pois comparar o grupo dos “wise men”, com este pessoal do Obama, é sacanagem.

       Teve uma época, recente até, que eu pensei: Madeleine Allbright no DoS, foi o “fundo do poço”, mas depois, quem veio , conseguiu uma proeza – foram e são piores.

       No DoS e até NSC,Langley,USAID,DSCA, NSA, os que eram “profissionais” gabaritados, sairam para ganhar bem mais em consultorias ou empresas de lobby, no “federal service” ficaram dois tipos de “coisas”: incompetentes e apadrinhados politicos – aliás nem comento dos Embaixadores – Financiadores de campanhas presidenciais.

        Meu caro, dado real: Antigamente, não tanto assim, para adquirir um equipamento americano, o caminho era simples e direto (depois da fase MAP ): 1. Adido da embaixada, 2. Encaminhava a DSCA (Pentagono), para analise, 3. Recebia-se um “Relatório de Aceitação/Recusa da DSCA, através do adido, 3. Negociava-se, tanto aqui, com o adido e a empresa americana fornecedora, caso privada, ou diretamente com a DSCA ( estoques ), 4. Após as negociações, elaborava-se em conjunto o contrato, 5. A DSCA enviava o contrato para votação no Congresso americano.

         HOJE, os passos são iguais, mas antes do contato com o DoS/Adido, a empresa fornecedora (americana), lhe dará “contatos ” (lobbies) ativos em Washington, que irão lhe colocar em sintonia com representantes (deputados) e/ou senadores, que irão “lobbar” pelo futuro contrato – Quem os paga ? o vendedor.

         P.S.1: Ontem saiu aqui sobre as ótimas relações entre Brasil x USA, é verdade pura, como diria Lula: “nunca na história deste país ” adquirimos tantos equipamentos militares dos Estados Unidos ( após o rompimento do MAP em 1977, é mesmo) – até temos uma proposta americana para construção, aqui, de um Porta-Aviões ( da Ingalls ).

         P.S. 2 : Os wise men, eram conscientes de suas responsabilidades internacionais, já Hillary and Kerry, são politicos paroquiais, levam a politica externa americana, baseados apenas em conceitos internos, querem votos e principalmente financiamento de campanha ( Hillary não se elege em NY, sem apoio judeu, e dos anti-russos de N.Jersey, mas que votam em NY).

  16. ora…..ir contra Israel,

    ora…..ir contra Israel, evitar conflitos??  Que jeito?? A guerra é o único recur$$$o que sobrou para os States…sem guerra, sem money!!  Com a economia caindo pelas tabelas…se não vender armas, vender guerras…não sobra nada!! Nem os six wise men salvam Tio Samberg 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador