Terra Magazine:
Numa semana esvaziada pela proximidade do recesso, a Câmara Municipal de São Paulo autorizou a prefeitura a vender um quarteirão de 20 mil metros quadrados no bairro do Itaim Bibi, zona oeste.
Por 34 votos a 16, os vereadores aprovaram, nesta segunda-feira (4), o Projeto de Lei 271/2011. A área, que abriga uma série de serviços públicos como escola e posto de saúde, será entregue à iniciativa privada em troca da construção de 200 creches.
A região – que fica entre as ruas Cojuba, Lopes Neto, Salvador Cardoso e Avenida Horácio Lafer – abriga, além da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), uma biblioteca pública, uma escola infantil, uma creche, uma unidade de saúde e um teatro.
O prefeito Gilberto Kassab admite que há um défict de creches na cidade. A venda de áreas como a do Itaim seria uma forma de reduzi-lo. A empresa que construir no local ficará obrigada a investir nas creches. Mas entidades de defesa do patrimônio avaliam que a área é valiosa demais e que a mudança descaracteriza o bairro.
Coordenador de um movimento de moradores contra a venda do quarteirão, Helcias Bernardo de Pádua adianta que eles irão à Justiça contra a decisão. “É um absurdo, aquela área havia sido reformada por obra do próprio Kassab, que agora vende para ceder às pressões do mercado imobiliário e transformar num paliteiro de concreto”, ataca. O grupo que envolve entidades como a Associação Preserva São Paulo, Memórias do Itaim (AGMIB), Sociedade Amigos do Itaim Bibi (SAIBIBI) e Defenda São Paulo vai acionar o Ministério Público e pedir a anulação da votação desta segunda-feira.
Segundo o substitutivo do vereador Claudio Fonseca (PPS), a prefeitura ficaria obrigada a oferecer os mesmos serviços públicos em outra área do bairro. Pádua critica, porém, a regiçao escolhida: o Parque do Povo, área verde próximo à Marginal do Rio Pinheiros. “É nossa única área de lazer e também foi inaugurada recentemente”, lamenta.
Em entrevista a Terra Magazine, a arquiteta Lucila Lacreta, presidente do movimento Defenda São Paulo, questiona as intenções da prefeitura. Para ela, a ideia das creches mascara a intenção da prefeitura de se desfazer apenas de áreas nobres, favorecendo, portanto, a especulação imobiliária.
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