O maior temor de Bolsonaro: a debandada de sua tropa, por Luis Nassif

A situação é tão esdrúxula que começa a ganhar corpo a tese de que poderia ser tentado um golpe sem Bolsonaro.

Houve quem acreditasse que a intenção de Bolsonaro, no desastrado evento com diplomatas, fosse meramente reforçar seu discurso eleitoral para suas bolhas.

É mais que isso: é para impedir a debandada de seus principais auxiliares. Confiando na blindagem da presidência, até agora aliados ousaram se meter na lama até o pescoço. Não pensaram no dia seguinte. Confiaram excessivamente na manutenção do poder de Bolsonaro, pelo voto ou pelo golpe.

Essa sensação de impunidade foi sendo solapada pela ação de Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenando a prisão de vários agitadores. A prisão do deputado Daniel Silveira colocou o bolsonarismo em uma sinuca de bico. Bolsonaro foi obrigado a usar o recurso do indulto, provocando enorme desgaste junto a setores do Estado ainda favoráveis a ele.

A queda de Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), e uma das pessoas mais próximas a Bolsonaro, foi um golpe fatal, mais ainda que a prisão do Ministro da Educação, acusado diretamente de corrupção. Agora, são escancarados os abusos de Guimarães, que foram muito além do assédio sexual. Ele está sob risco concreto de condenação e prisão. E Bolsonaro nada poderá fazer,

O evento com diplomatas despertou uma reação inédita de instituições e corporações públicas. Associações de toda ordem, da Polícia Federal, da ABIN, do TCU, sociedade civil, de todos os lados, a condenação foi unânime. 

Ponto essencial foi o rescaldo da reunião, quando se constatou que os comandantes militares foram convidados e recusaram-se a comparecer ao show, assim como ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado.

O episódio explicitou de maneira inédita a vulnerabilidade de Bolsonaro, ainda mais após a repercussão negativa internacional e a constatação de que qualquer tentativa de golpe provocará retaliações não apenas das democracias europeias como dos Estados Unidos.

É esse o ponto central. Com a debandada antecipada de seus aliados, Bolsonaro poderá contar apenas com as milícias, alguns clubes de Caça e Tiro e prováveis malucos que arriscarão episódios violentos.

Esse movimento fortalecerá ainda mais o papel das Forças Armadas de defesa da legalidade;

Nas próximas semanas, todo o entorno de Bolsonaro começará a pensar seriamente na conta que recairá sobre cada um, com o fim do governo. E será cada vez mais presente, para os Bolsonaros, o pesadelo da futura prisão da família.

A situação é tão esdrúxula que começa a ganhar corpo a tese de que poderia ser tentado um golpe sem Bolsonaro. Não há nenhuma indicação concreta, apenas uma demonstração de como a imprevisibilidade caminha do risco de um golpe de Bolsonaro, para a hipótese de um golpe sem Bolsonaro.

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Poder369 divulga pesquisa e tendência é ter 2o turno.
    De fato, sem Trump e Netanyahu, ficou mais difícil para positivistas bolsonaristas. Estão na frente, e podem vencer em vários Estados. Será que tem perspectiva de volta de Trump com impopularidade de Joe? Novembro dirá…. Manter a tropa e prolongar a guerra de posição é gramsciano demais, mas é coerente com olavismo cultural. A paciência não é o metodo preferido dos bozonazis, mas é o que resta até sete de setembro que precisa ser desmontado pelas instituições de Estado e a sociedade civil preventivamente. Eles não tem paciência e podem apelar. Armados aos milhares, se entrarem em transe conspiratorio, pode ficar sem controle, o suficiente para ocorrer o que aconteceu no Império nos anos 1960′ a saber: JFK, Martin Luther King Jr, Robert Kennedy, Fred Hampton, até que Lennon disse “dream is over”. Não é só o Brasil… é o mundinho que está se redesenhando.

  2. Desde o princípio venho insistindo que a análise mais apropriada não seria a de um golpe e sim de manutenção do golpe. O golpe foi dado lá atrás,mais especificamente quando o camisa preta do Paraná divulgou de forma descabida e editada os famosos aúdios da conversa do presidente Lula com a presidenta Dilma buscando efervercer ainda mais o ambiente golpista e nada e ninguém ousou impedí-lo. Naquele momento ficou claro que havia,com ainda há,a mão invisível do golpe que sustentava a tudo e a todos os golpistas.
    O sujeito que ocupa a presidência da república é somente uma peça na ação golpista que pode ou não continuar. Os golpistas contam com várias ações possíveis de serem executadas e a manutenção do sujeito é somente uma delas. Se não for palatável,como aparentemente não é,pode ser realizada uma troca com alguém que,maciçamente apoiado pelo canais golpistas,poderá provocar grandes estragos já que muitos,ainda que disfarçadamente,votam em outros candidatos somente pela rejeição do sujeito.
    De qualquer forma,é inegável que não existe liderança mais adequada a escória formada através de anos e anos de lavagem cerebral contra qualquer um que se proponha a diminuir as desigualdades do país do que o atual ocupante da presidência da república.
    O grande problema é que o campo popular somente dispõe do presidente Lula e sua grande envergadura política que consegue manter-se forte apesar de todas a inimagináveis arbitrariedades que se cometeram contra ele.
    A mão invisível do golpe pode,inclusive,até aceitá-lo,se for o caso,mas com a desidratação completa dos poderes do governo e a manutenção de um congresso majoritariamente passível de manutenção e com o Brasil,se possível,sem nenhuma empresa estatal,sobretudo a Petrobrás.

  3. O grande perigo real de agitações em prol de Bolsonaro, se perder as eleições, serão os Clubes de Tiro espalhados pelo país, com grande estoque de armas e munições, cujos participantes pertencem às alas de extrema-direita e são extremamente radicais, compostos por representantes da elite, polícias civil e militar, advogados e afins e membros da maçonaria, que garantem a impunidade desses grupelhos radicais. É aí que mora o perigo!

  4. O inimigo se chama “índice de rejeição”.
    Descartaram FHC, Dilma, Temer, Lula18 e já já Bolsonaro.
    É vida que segue.
    O Brasil segue mal.
    Contudo, o inimigo predileto é a tal da “esquerda?”, que ainda não percebeu o golpe marcado para as eleições de 2026.
    Dessa vez, a ambição é demais, expurgar por muito anos governos socialistas (chamados de esquerdas) que não conseguem governar com herança maldita.
    Vide Cristina kirchner e Cia, que tão as cozinhando em fogo baixo.
    A esperança de quem presidir é políticos singulares tendo em seus atos muito mais exposição pública.
    A esperança do povo prudente é eleger representantes comprometidos com o futuro das novas gerações.

  5. A única coisa que vejo como certa é que os ratos (de sempre) abandonarão o navio quando a água (que já começou) subir.
    Vamos ver todos os tipos asquerosos de sempre (Ciro Nogueira, Lira apenas como exemplos) se aproximarem de quem estiver a ponto de vencer o excrementíssimo sr. presidente.
    Não ficaria nem surpreso e boquiaberto, se de repente, não mais que de repente, quando da próxima derrapada do Valdemort, o Arthur Lira aceite analisar um dos incontáveis pedidos de impedimento do coisa ruim.
    Ou o povo aprende a escolher com coerência dando ao presidente uma base sólida ou vamos continuar neste vuco-vuco sem fim.

  6. Dê uma passadinha aqui nos estandes de tiro do DF. Há 3 anos não tinha 1. Agora tem mais que loja de fast food. O bolsonarismo veio para ficar.

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