Fotos mostram como a cultura japonesa se espalhou pela cidade de São Paulo – considerada como a maior cidade oriental fora do Japão. A capital paulista tem a característica de incorporar e mesclar culturas. Leia mais em matéria publicada pelo blog Quando a cidade era mais gentil.
O lado de cá e o lado de lá
No final dos anos 50, a cultura japonesa já era parte importante da identidade da cidade. São Paulo já era (ou estava para se tornar) a maior cidade japonesa fora do Japão. As duas imagens deste post, ambas do vale do Anhangabaú, mostram os dois lados desse fenômeno.
Primeiro o lado de lá. Em 25 de novembro de 1956, a revista japonesa Iwanami Shashin Bunko (ou “Revista Fotográfica Iwanami”), publicou uma reportagem com texto e fotos sobre São Paulo. A matéria descrevia a cidade para o público japonês, e comentava o grande número de pessoas que vinha se transferindo para cá. Numa época em que as comunicações não eram tão fáceis, este tipo de publicação deve ter ajudado muita gente a formar uma ideia sobre o que havia do lado de cá. A imagem da revista foi enviada para o blog por Tomomasa Takeda, a quem agradeço a gentileza.
E a segunda imagem mostra o lado de cá: em 23 de julho de 1958, um desfile organizado pela comunidade japonesa em São Paulo comemorava o 50º aniversário do início da imigração. A foto é da agência Keystone.
E por falar em dois lados, talvez vocês tenham reparado que o anúncio de Bombril, que no post anterior aparecia de costas, agora está de frente assistindo ao desfile.
Em algum lugar do passado
Em janeiro de 1915, a revista inglesa “The Illustrated London News” publicou uma matéria sobre automóveis. A reportagem, que não tinha nada a ver com São Paulo, era sobre a concorrência entre fabricantes americanos e ingleses e também sobre as vantagens e desvantagens dos carros elétricos.
Curiosamente, embora São Paulo nem seja citada, a foto que ilustra a matéria é essa aí embaixo: um garboso carro inglês circulando por aqui.
Fiquei um tempão examinando a foto para ver se descobria que lugar da cidade é esse, mas não cheguei a nenhuma conclusão. Talvez alguém possa me ajudar.
Mais o quê?!?
“Mais humana”…
É assim que, em 1969, a revista Manchete dizia que a cidade ficaria com a praça Roosevelt e as obras viárias ao redor (e por baixo) dela. Lido hoje, o texto que acompanha a foto parece uma piada de mau gosto:
“Pela audácia de sua concepção arquitetônica, a Praça Roosevelt é um resumo da nova São Paulo. Uma praça de quatro andares, única no mundo, como única no mundo é a metrópole paulista. Em São Paulo, o futuro foi antecipado pelas obras, que conseguiram o milagre de engrandêce-la e torná-la mais humana, porque foram feitas com as vistas voltadas para o homem.”
A única coisa que eu gosto no texto é a expressão “única no mundo”. Ainda bem: o mundo não precisava mesmo de duas obras como essa…
A foto reproduz a revista Manchete de dezembro de 1969 e está no trabalho de graduação da arquiteta Gláucia Maia (http://www.arquitetura.eesc.usp.br/tgi2008/trabalhos/glauciam/index.html).
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.