Catalunha quer referendo para independência da Espanha hoje

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Em protestos, grupo segura a bandeira catalã pró-independência na cidade de Pamplona
Em protestos, grupo segura a bandeira catalã pró-independência na cidade de Pamplona – Foto: Lusa/EPA/JDIGES

Da ABr

Por Marieta Cazarré 

Apesar de a decisão do Tribunal Constitucional espanhol ter sido pela ilegalidade do referendo, o governo autônomo catalão (Generalitat) continua convocando as pessoas para neste domingo (1º). O referendo, caso aconteça, pode levar a Catalunha a se tornar independente da Espanha. Os que defendem a separação, apesar da oposição do governo nacional e do risco de atos violentos, insistem que o referendo acontecerá.

Nos últimos dias, o governo espanhol enviou para a região mais de 10 mil agentes das forças de segurança, apreendeu milhões de cédulas de voto e 45 mil notificações que conovocavam membros das mesas eleitorais.

De acordo com o jornal espanhol El País, o governo catalão apresentou, durante entrevista ontem (29), novas urnas compradas para o pleito e afirmou que 2.315 colégios eleitorais estarão abertos na Catalunha, com 7.235 mesários.

A comissão eleitoral, entidade que garantiria a realização normal da consulta, foi dissolvida depois de seus membros terem sido notificados de que teriam de pagar multas elevadas.

“Domingo se votará, as pessoas poderão votar desde às 9h até às 20h. Que todos estejam tranquilos, que poderemos votar”, disse o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, que declarou que mais de 5 milhões de pessoas estão aptar a participar do referendo.

O vice-presidente catalão Oriol Junqueras afirmou ainda que, “se alguém tentar impedir que haja una mesa (eleitoral), ainda assim os cidadãos poderão votar”. Com 7,5 milhões de habitantes, a Catalunha responde por 20 % da riqueza do país, superior à de Portugal ou da Grécia, por exemplo.

Os policiais da Catalunha, conhecidos como Mossos d’Esquadra, também se negaram a fechar os centros de votação que estiverem abertos no domingo, apesar da decisão do Tribunal Superior da Catalunha sobre a ilegalidade do pleito. Há grande preocupação em relação à segurança da população.


Os policiais da Catalunha, conhecidos como Mossos d’Esquadra,em locais de votação do referendo marcado para este domingo (1°) Foto: Lusa/EPA/Enric Fontcuberta

A menos de 24 horas do referendo, nenhuma das partes se mostra aberta a ceder e a tensão só aumenta, sendo imprevisível saber se a ordem pública será respeitada. O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, preocupado com a evolução da situação no país, decidiu não participar de uma cúpula de chefes de Estado e de Governo da União Europeia que se realizou em Talin, na Estônia.

Neste sábado, por decisão judicial, a Guarda Civil espanhola entrou no centro de telecomunicações do governo regional da Catalunha para bloquear os serviços de voto à distância para o referendo. A magistrada Mercedes Armas ordenou que os responsáveis pelo Centro de Telecomunicações e Tecnologia da Informação (CTTI) catalão suspendam o acesso a 29 softwares que administram bases de dados que as autoridades da Catalunha pretendem usar na consulta popular.


Milhares de pessoas se manifestaram neste sábado no centro de Madri e em outras cidades espanholas contra o referendo independentista e a favor da unidade da Espanha. Foto: Agência Lusa

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Apesar de cerca de 70% dos catalães defenderem a realização de um referendo dentro da legalidade, estudos de opinião indicam que os independentistas não têm a maioria, mas ganhariam no referendo pois iriam votar em massa. De acordo com o jornal português Diário de Notícias, uma pesquisa realizada pelo governo regional da Catalunha em julho revelou que os partidários da independência são 41,1% e os que são contrários à separação são 49,4%.

A organização Repórteres Sem Fronteiras denunciou que as “pressões de propaganda” da Generalitat ultrapassaram o limite do admissível e sublinharam que, por outro lado, as medidas tomadas pelas autoridades espanholas para impedir a propaganda para o referendo criou uma atmosfera de grande tensão.

Enquanto isso, milhares de pessoas se manifestaram neste sábado no centro de Madri e em outras cidades espanholas contra o referendo independentista e a favor da unidade da Espanha.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Como é padrão em todas essas

    Como é padrão em todas essas aventuras de “autonomias” o interesse real não é da população e sim de um pequeno grupo de “independentistas” que tem como projeto ganhar o poder na provincia e dele usufruir. Repete-s no Brasil em Estados e municipios, Tocantins virou um feudo de Siqueira Campos, criação de novos municipios visam empregos para vereadores e a cupinchada do lider do movimento pela autonomia, com isso criamos centenas de municipios inviaveis.

    A Catilnha com dois milhões de habitantes é viavel? Vai ter Forças Armadas, Embaixadas? É ridiculo, gente miuda, coisa miuda, a Espanha já não é player forte na UE, sem a Catalunha vira paria.

    1. André, a Catalunha tem 7,5

      André, a Catalunha tem 7,5 milhões de habitantes, quase a população de Portugal. Além disso, tem um PIB bem maior que o de Portugal, inclusive. Então, me parece que em tese seria sim um estado viável. 

    2. De fato, é uma rdícula e

      De fato, é uma rdícula e absurda aventura, é uma mistura de interesses de uma elite que quer um feudo para ganhar dinheiro e ter poder político com a manipulação de inocentes (in)úteis, a insuflação da vaidade de nacionalistas anacrônicos que trabalham não para criar um novo país forte e vigoroso, mas na verdade estão diminuindo a importância e a representatividade de outra nação que já é mais ou menos periférica na Europa.

       

      No Brasil também, algures e alhures, estão sendo cevadas ideias e movimentos que querem impor sua vontade absolutamente minoritária e decerebrada à maioria para tornar concreto o separatismo num país que há muito lida com dificuldades diversas menos o questionamento sobre sua unidade nacional e geográfica, no fundo essa gente está sofregamente procurando chifre em cabeça de cavalao e encontrarão mais cedo ou mais tarde.

      Mrecem completo desprezo, dada a sua obtusidade e falta do que fazer.

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