Após controversa atuação na Lava Jato, juiz de São Paulo é promovido

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Juiz federal de São Paulo, Paulo Bueno de Azevedo carregava um perfil discreto e favorável ao papel da magistratura isenta e longe de fundos ideológicos. Mas insurgiu em junho deste ano rompendo o aspecto pacificador e leal às garantias do direito penal, com a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo. 
 
Aquilo que criticou na combatividade aplicada por alguns juízes contra o crime ou posicionando-se contra a figura de “adversário do réu”, colocou em sua atuação nos 14 pedidos de depoimentos, 40 buscas e apreensões e 11 prisões preventivas, entre elas do ex-ministro. 
 
Contraditoriamente, em julho de 2013, Bueno de Azevedo publicava na Revista do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) o artigo “Contra um processo penal ideológico”, destacando que “o juiz não pode assumir uma posição de combate ao crime, eis que, nesse caso, estaria no mínimo, se colocando como um potencial adversário do réu, papel que deve ser, quando muito, do Ministério Público ou, em alguns casos, do querelante”.
 
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Herdando o desdobramento da Operação Lava Jato, de Sérgio Moro, recebendo o material quase pronto para a condenação do ex-ministro petista da força-tarefa da Lava Jato do Paraná, conforme revelou o GGN em junho, o juiz de São Paulo deu sequência às medidas polêmicas, criticadas por justamente cercear o direito de defesa e assumir o posto de “juiz de instrução”, figura instinta no meio jurídico que atua em parceria com os investigadores.
 
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Autorizando a invasão à casa da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), esposa de Paulo Bernardo, prendendo o ex-ministro e outras duas pessoas e ordenando a invasão à sede do PT, o juiz se revestiu do protagonismo político que antes criticava.
 
Seis meses se passaram, e Paulo Bueno de Azevedo, antes substituto, é agora postulante a juiz titular da 1ª Vara do Juizado Especial Federal de Andradina. Após a breve e impactante atuaação no desdobramento da Lava Jato, sua candidatura conseguiu ser aprovada por unanimidade pelos 18 desembargadores do Órgão Especial do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
 
Deixará o posto de substituto para se tornar titular, desde janeiro de 2017.
 
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. Quando um cão se mostra

    Quando um cão se mostra obediente joga-se alguma guloseima para ele;  a observação nada tem a ver com artigo acima, apenas estava passando por aqui e … me veio essa lembrança dos tempos da infância. Deve ser a proximidade do Natal.

  2. Judiciário bandido e criminoso é assim.

    Prezados leitores,

    Eu perdi a paciência e não trato mais com respeito ou reverência a bandidagem togada, ou aquela que se esconde atrás de paletós do MPF e uniformes da PF.

    Observem que basta um juiz cometer abusos e crimes contra petistas, ministros que serviram a governos petistas ou qualquer pessoa ligada ao PT ou à Esquerda para, no lugar de punição, receber promoção. O exemplo maior é o criminoso contumaz sérgio moro, que o PIG/PPV e o s comparsas dele ainda chamam de juiz.

    Procuradores que cometem abusos e crimes contra lideranças petistas são incensados pelo PIG/PPG, protegidos por seus superiores e às vezes promovidos (dallagnol é apenas um dos exemplos, por estar na caça criminosa ao ex-presidente Lula). Em SP procuradores envolvidos na máfia da merenda são promovidos ou recebem o direito de se aposentar. No Rio, um juiz que comete crimes ganha os holofotes midiáticos ou a aposentadoria.

  3. São rígidos os critérios de

    São rígidos os critérios de promoção na justiça federal, indepente da região onde ocorrem. Assim, postulante apenas significa que ele – dentro das regras internas – se candidatou ao posto pretendido e, na ausência de outros candidatos para a mesma, ou, considerando que os demais candidatos possuiam pontuação/tempo menores do que ele, seu nome foi aprovado (o que acontece em 99,9999999% dos casos, por unanimidade). Portanto, o texto  – por desconhecer o regramento – prima pela “desnotícia”. Apenas. Lamentável.

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