Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Delegados federais com cara de tacho, por Armando Rodrigues Coelho Neto

Delegados federais com cara de tacho

por Armando Rodrigues Coelho Neto

Ainda não se sabe de quanto será o jeton dos delegados da PF, pelo estranho papel que assumiram durante o Golpe de 2016. O que seria uma campanha salarial virou algo impublicável. O papel da PF foi tão estranho que os delegados passaram a ser tratados por muitos como “capitães do mato do golpe”. Frente às evidências, não tive coragem de defender. A PF é comandada e gerida por delegados, mas as outras categorias dizem que ela é “desmandada e ferida” por eles. Triste, mas também não tive como defender.

Dizem que cuspo no prato que comi. Perdão. Nunca comi nesse prato. Cumpri meu dever, mas sempre fui um corpo estranho e inservível para a ditadura, “glasnost e perestroika”, novas e velhas repúblicas e menos ainda durante a esquálida democracia que se tentou implantar e que foi fulminada por um golpe. Como golpe é que nem assalto, não dá nem pra explicar pro ladrão que ele está errado.

Depois da chantagem contra a Presidente Dilma Rousseff, seja com forçadas de barras salariais ou com a “Farsa-Jato”, incorporou lépida e faceira o espectro do golpe. Com mestrados, doutorados e a arrogância que lhes é peculiar, esqueceram de uma valiosa plaquinha que existe na Academia Nacional de Polícia (Brasília): “não seja arrogante com os humildes nem humilde com os arrogantes”.

Claro, que arrogante seria eu, se não reconhecesse que existem exceções, que são muitas. Mas a prova do que falo está na eterna guerra que lá existe, ponto de partida para a tal cara de tacho que serve de título a esta fala. Isto porque, eles, delegados, sempre tão exigentes com ministros da Justiça, terão que engolir Alexandre Morais, que segundo a lenda teria sido advogado do Primeiro Comando da Capital.

Para quem rotulou ex-ministros da Justiça como Aloysio Nunes de “ex-assaltante de banco”, José Eduardo Cardoso de “Carbozo” – numa alusão ao palhaço Bozo, é no mínimo vexatório.

Não sei se o tal Morais foi ou não advogado do PCC. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, cúmplice do golpe e fonte nada confiável, o tal Morais teria advogado para empresas que supostamente lavariam dinheiro daquela organização criminosa. Ainda que advogar não seja crime, a história soa estranha num contexto de golpe, cujo mote era combater a corrupção, a lavagem de dinheiro e outras mentiras.

Ainda que ser contra a corrupção seja algo nobre, tinha muito corrupto contra a corrupção e alguns deles acabam de ganhar foro privilegiado, fato que até um dia desses era tido como crimes – até de favorecimento pessoal (artigo 348 do Código Penal). Mas, como golpe é golpe, deixa pra lá.

Reza também a lenda, que Morais teria tido muito sucesso na “pacificação do PCC”, quando eles resolveram botar fogo em São Paulo para desafiar a desgovernança do Estado e a truculência da Polícia Militar. Eu diria apenas que pacificar o PCC é fácil. Quero ver Morais pacificar a PF, com ou sem jeton, nessa vergonhosa ruptura constitucional liderada por Eduardo Cunha, endossada por no mínimo 318 deputados processados, segundo o New York Times.

Tem mais: atribui-se ao inconfiável “Estadão” uma manchete de 06/10/1985: “Os delegados querem a demissão de Temer”. Tratado então por servidores da Polícia Civil como “secretário sinistro”, a matéria traz entre aspas a seguinte nota: “é a pior e mais melancólica fase de toda a nossa história”. É que a corrupção grassava no seio policial e os servidores honestos acusavam Michel Temer de estar preocupado “apenas em criar um núcleo político”, e não gerir a segurança pública como deveria.

Pois bem. Corre a bocas miúdas que o Supremo Tribunal Federal não quer se envolver com essa história do golpe. Em respeito aos juristas de renome, melhor não dizer em nome do quê, a Suprema Corte quer ficar de fora. Como tudo era tramoia mesmo, da “Farsa-a-Jato” ao transe de Janaina, do barquinho de Marisa à Mansão dos Marinhos o golpe a “la Paraguai” está aí. Pobre da elite branca CBF que prefere Miame…

Com essas e mais outras, o Habib’s já não dá mais descontos; o pato da FIESP murchou; a CPMF está voltando; a palavra crise está proibida e os delegados da PF estão engolindo seco. Como a Tramontina parou de vender panelas eles ficaram com cara de tacho.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

15 Comentários

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  1. engraçado

    Doravante vai ser engraçado ver o discurso de seu vizinho, que no passado recente foi emérito baterista de penico na varanda, show que ele repetia cantando palavras de ódio, sempre antes da novela. 

    Ele anda meio pelos cantos, tentando um disfarce de “não FUI eu”. No elevador ele fica com cara de quem está incomodado e sentindo falta de ar, os quinze segundos tendo que ficar numa jaula com seres humanos são insuportáveis para ele. Até no feice, onde até ontem ele vivia de filminhos misógenos, contra nordestinos pobres e lgbt’s o sujeito está acanhado, só posta fotos e filmetes de bebes e de gatinhos fofos. A revista veja outrora tão aguardada, fica pegando pó na portaria, só é recolhida em horários de pouco movimento e provavelmente não terá a assinatura renovada.

    -Ô dó. 

  2. A Tramontina está se

    A Tramontina está se recuperando porque ontem o panelaço aconteceu em vários estados no horário do Fantástico, só que dessa feita foi FORA TEMER. Quem diria!

  3. Delegados federais com cara de tacho

    Como disse Paulo Coelho, irão todos se autodestruirem, mas enquanto isso não acontece, vamos daqui dando uma maozinha, assistindo de camarote.Afinal, golpistas não tem caráter, ética e muito menos moral para saber o que é lealdade. Agora é olho por olho, dente por dente.

  4. E……………

    Agora Inês é morte e incinerada. Iremos pagar todos por esta insânia, mas ver a cara de tacho dos que se vestiam de amarelo e batima panelas se contorcendo de remorsos me deixarão com um sorriso nos lábios.

    Midiotas maniopulados principalmente pela globo que se deixaram usar de forma quixotesca, agora irão colher o que plantaram!!!

    No entanto, as midias que aplaudiram e coadjuvaram este golpe, irão ter seus dinheiros dados pelo bndes, e ficarão felizes!!!

    Bando de idiotas que se achavam que deveriam mudar, esqueceram de que mudar sim, mas para algo melhor!!!!

    Não este lixo que agora governa atraves do golpe, que todos, com raras e pouquíssimas  exceções condenam, principalmente a imprensa internacional!!!!

    Não darei trégua a estes golpistas, sejam eles de que camada forem, pois ser estúpido e ignorante em matéria de politica não lhes dava o direito de jogar o País na lama, como fizeram !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

     

  5. Golpe.

    Dizer que o Impedimento é GOLPE, é dizer que não existe Justiça neste país. Somente quem pode dizer se é GOLPE ou NÃO são os Tribunais. 

    1. Piada diplomática

      Não sei se ocorreu de fato, ou se ficou no campo das piadas, mas nos anos swtenta rolou uma história de uma conversa entre os governos militares de Brasil e Bolívia, e um mandatário brasileira teria questionado um mandatário boliviano sobre as razões de existir um Ministério da Marinha em um país sem mar, ao que foi dado o troco com uma pergunta: e vocês que tem um Ministério da Justiça?

      Imagino a dificuldade do cidadão acima, com sua estupenda contribuição às nossas querelas semânticas, se algum dia ele pisar numa massa pastosa, com odor acre, ficar em dúvida sobre a natureza da massa.

      Caberia um recurso aos tribunais?

       

    2. como pode uma asneira dessas?

      “… SOMENTE quem pode dizer se é golpe ou não são os tribunais ….”

      isso é asneira de asno.

      ou, resumindo, só asno leva o judiciário brasileiro à sério. 

    3. Que haja autoridade!

      Dizer que um quadrado é um quadrilátero é dizer que não existem geômetras neste país. É nesse rumo que vão acabar dizendo que o quadrado é um polígono.

  6. O que o povo trabalhador fez

    O que o povo trabalhador fez para merecer tudo isso. Na policia ninguem confia, politicos ninguem confia. Foi confiar na globo, e toda a sacanagem rola agora. Desmantelamento do SUS, politicas públicas.

  7. A bem da verdade eu tenho me divertido mais no governo Temer.

    Todo dia tem uma asneira cometido por esta gente.

    Mas, aproveitando: muito bom o texto do delegado federal aposentado Armando Rodrigues Coelho Neto

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