Lava Jato: Galvão Engenharia pagou R$ 5 milhões em propina

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A Folha insiste em amenizar corruptores, como se estivesse a estatal isolada pela responsabilidade do esquema de corrupção
 
 
Jornal GGN – A Galvão Engenharia pagou R$ 5 milhões de propina à Petrobras, disse Erton Fonseca, presidente da divisão industrial da empreiteira, à Polícia Federal. Além desse montante, a empresa de construção civil teria pago mais R$ 4 milhões de propina a empresas do doleiro Alberto Youssef. Ainda que a manchete da notícia seja essa, a Folha de S. Paulo insiste em inverter o fato: “um empresário recolheu propina de R$ 5 milhões, paga por uma empreiteira, dizendo-se representante da diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras, à época dirigida por um indicado do PT”, divulgou o jornal.
 
O montante foi entregue a um empresário que se disse representante do setor da Petrobras, Shinko Nakandakari. Segundo o depoimento de Fonseca, Shinko atuava junto ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que está sob delação premiada. Barusco trabalhava na seção de Serviços, sob comando de Renato Duque, também detido pela PF na sétima fase da Operação Lava Jato.
 
O presidente da empreiteira afirmou que foi procurado por Shinko, que lhe disse que deveria pagar a ele um percentual que variava de 0,5% a 1% sobre o valor dos contratos para garantir o negócio com a Petrobras. Erton Fonseca contou sobre uma reunião da Galvão Engenharia com a presença de Barusco para tratar da propina. 
 
Shinko é sócio da Talude Comercial e Construtora. Ele já foi investigado por desvio de dinheiro na Infraero, em 2007, em esquema de irregularidades nas obras de ampliação do aeroporto de Viracopos, entre 2000 e 2002. Uma CPI, do Caos Aéreo, concluiu que a empresa de Shinko recebeu pagamentos sem realizar serviços nessa ampliação.
 
Ainda que Duque fosse o diretor da seção, o empresário afirmou em continuidade a seu depoimento que não se lembra de o ex-diretor ter solicitado qualquer vantagem diretamente. Também em relato à Polícia Federal, Renato Duque negou o “esquema criminoso envolvendo empresas para se beneficiarem em contratos”. 
 
Trazendo o enfoque para a Petrobras, como se estivesse a petroleira isolada pela responsabilidade do esquema de corrupção, a Folha adiciona: “a Galvão diz ter sido vítima de extorsão: ou pagava suborno ou não obtinha novos contratos com a estatal”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. a grande mídia é capaz de

    a grande mídia é capaz de tudo,

    inclusive de algo desconexo que ouvi dia desses:

    os empreiteiros  são capazaes de sair  dessa de tal forma

    que podEm parTicipar d um leilão para adwquirir…a petrobras!

     

  2. Depoimentos sigilosos?

    Por favor, Nassif, ilumine um pouco essa sua leitora: esses depoimentos não são sigilosos? Até quando vão continuar vazando informações mais do que os canos da Sabesp? Até o impeachment de Dilma Roussef? 

  3. Nassif, à Folha não deve

    Nassif, à Folha não deve estar lembrando, ou mehor, o PIG, do Sr. Cecílio do Rego Almeida que em entrevista pública detalhou como se davam determinados acertos e que, quem cuidava dos planos e orçamentos de obras do País, eram as empreiteiras. Deu a entender que sempre foi assim.

    Para relembrar: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2303200817.htm

    Ou:  http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/607/noticias/por-que-o-s-vai-sair-da-oas-m0053074

  4. Perguntinha besta: é muito

    Perguntinha besta: é muito estúpido sugerir que se abra o mercado de construção no Brasil a grandes empreiteiras estrangeiras, observadas algumas regras (uso de mão de obra e materiais locais, por exemplo?).
    Porque, sinceramente, estou de saco cheio de aguentar esses carteis e acho que colocar mais gente para concorrer talvez fosse saudável.

    1. A pergunta eh boa mas a

      A pergunta eh boa mas a resposta nao eh:  eh problema NO Brasil e tem que ser resolvido mais cedo antes de mais tarde.  A Alston tambem era estrangeira e deu no que deu.

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