Executivo da Odebrecht sugeriu fuga a operadores de offshores

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Em acordo de delação premiada, um dos executivos operadores de offshores para a Odebrecht, Vinícius Veiga Borin, afirmou que a empreiteira foi responsável por 42 contas offshores no exterior. Apesar de declarar que nunca teve contato com Marcelo Odebrecht, disse que um dos representantes da empresa, Felipe Montoro, chegou a sugerir aos executivos que deixassem o Brasil, em 2015, pelo avanço das investigações da Lava Jato, indicando possíveis destinos e plano para financiar a fuga.
 
O delator citou que nas vezes que encontrou o representante da Odebrecht, ele sempre estava acompanhado de Fernando Migliaccio, outro executivo do banco anterior que cuidava das contas da empreiteira, o Antígua Overseas Bank (AOB). Vinicius Borin, Migliaccio e um grupo de executivos deixaram o AOB em 2010, ano em que o banco fechou.
 
Liquidado em 2010, como os executivos não conseguiram salvar o Antígua Overseas, por meio da compra de parte da AOB, um dos executivos, Luiz Eduardo, ofereceu a possibilidade de comprar 51% de participação do Meinl Bank, de Viena. O objetivo é que o novo banco operasse as contas que foram encerradas no AOB, que operavam as transações da Odebrecht. Por fim, o grupo de executivos acabou comprando 67% da participação societária do Meinl, assumindo a administração do banco em outubro de 2010.
 
Na delação que o GGN teve acesso, Vinícius afirmou que já trabalhando nas operações e área internacional do Meinl Bank, cuidando da tesouraria do banco, não tinha conhecimento da origem ilícita dos recursos. 
 
“Hoje, com a Operação Lava Jato em curso, fazendo uma memória retrospectiva, o depoente percebe que as transações não eram com fornecedores ou em razão das obras da Odebrecht; Que o depoente não pode afirmar que 100% dos pagamentos eram ilícitos ou não se referiam a fornecedores ou relativos a obras da companhia, mas sim que grande parte deles sim”, diz trecho da transcrição dos procuradores.
 
“Que em regra não sabia quem eram os beneficiários finais na época, salvo quando o dinheiro era destinado a contas do próprio banco, mas no resto só veio a saber mais recentemente por notícias de jornal”, segue o documento.
 
Vinícius Veiga Borin afirmou que começou a se dar conta das irregularidades já no início das investigações. “O depoente informa que com o desenvolvimento das investigações da Lava Jato, Luiz Eduardo começou a solicitar informações de pagamentos para algumas contas, como, por exemplo, se tinha sido feita alguma transferência, data e valores; Que em razão destes pedidos o depoente foi fazendo uma relação, já que aparentemente suspeitas”, diz a investigação.
 
As contas relacionadas à Odebrecht delatadas pelo executivo geraram ao menos US$ 132 milhões de transferências “suspeitas”. A maior parte das contas offshores controladas pela empreiteira foram criadas após a aquisição do Meinl Bank Antigua pelos executivos, já no fim de 2010.
 
Antes de ser liquidado o AOB, os executivos recebiam uma quantia de comissão de 2% sobre cada valor de entrada nas contas offshores – 0,5% eram destinados aos ex-executivos da AOB, 0,5% para a sede do banco em Viena e 1% para Olívio Rodrigues Júnior – que está preso como réu da Lava Jato -, Luiz Eduardo Soares, executivo do Departament de Operações Estruturadas, assim como Migliaccio.
 
Entre as contas offshores citadas como beneficiárias das remessas da Odebrecht, o delator cita a Shellbill Finance, pertencente ao marqueteiro João Santana, além de um total de outras 28 contas:
 
 
A delação integra a Ação Penal 019727-95.2016.4.04.7000, que tem como réus os executivos da Odebrecht. Além de Vinícius, no acompanhamento processual no TRF-4, é possível verificar uma decisão de Sergio Moro, juiz da Lava Jato, de que Marco Pereira de Souza e Luiz Augusto França também fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). A íntegra da delação de Vinícius Borin foi disponibilizada na última sexta-feira (17) no sistema da Justiça Federal.
 
Acompanhe a íntegra:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. meio c omplicado isso, parece

    meio c omplicado isso, parece  ate  coisa  inventando pelo tal operador, porque  em 2015 nao havia  investigaçoes concretas contra a Odebrecht. 

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