TCU afirma que não houve irregularidades na UFSC; Cancellier sempre foi inocente

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Tribunal considerou representação improcedente e determinou arquivamento; caso levou ao suicídio do então reitor Luiz Carlos Cancellier

Tribunal de Contas da União. Foto: Wikipedia

Reportagem alterada às 12h19 de 08 de julho de 2023 para correção de informações

A representação de superfaturamento realizada contra a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi considerada improcedente pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou seu cancelamento nesta quinta-feira (06/07).

A decisão é mais uma parte do reconhecimento de inocência do reitor Luiz Carlos Cancellier, morto em 02 de outubro de 2017 depois de ser preso pela Polícia Federal dentro de operação denominada Ouvidos Moucos.

Tal operação buscava investigar um suposto esquema de superfaturamento da UFSC na locação de veículos para a execução de projetos de cursos à distância no sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Em ação executada aos moldes da Operação Lava Jato, Cancellier teve sua prisão decretada pela delegada da Polícia Federal Erika Mialik Marena, que chegou a chefiar a operação em Curitiba antes de ir para Florianópolis.

Cancellier cometeu suicídio dezoito dias após a operação policial, que mobilizou 105 policias federais, sete mandados de prisão temporária e cinco de condução coercitiva, ao se jogar do último andar de um shopping em Florianópolis.

Logo após a morte de Cancellier, a delegada foi transferida para Sergipe – e o então procurador Deltan Dallagnol chegou a se solidarizar com Erika por conta da morte do reitor, afirmando que as decisões “foram todas dele” e chegando a se oferecer para manifestações públicas de solidariedade.

Reparação pública

Em janeiro, os familiares de Cancellier obtiveram uma declaração pública de reparação por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na ocasião, o presidente afirmou que o reitor se matou pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas, que condenaram as pessoas antes de investigar e antes de julgar e a gente não pode nem fazer um ato em homenagem a ele”.

“(…) Você morreu, mas as suas ideias continuam vivas e nós haveremos de recuperá-las e trabalhar para que a gente nunca mais permita que aconteça o que aconteceu”, disse o presidente.

Em abril, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconheceu a suspeição da juíza substituta Janaina Cassol Machado, da 1ª Vara Federal de Florianópolis, para julgar o “caso Cancellier”. Segundo o decano, não cabe a magistrada “antecipação de juízos categóricos” em relação aos acusados no processo.

A saga foi detalhada pelo Jornal GGN no documentário “LEVARAM O REITOR”, idealizado por Luis Nassif com produção e roteiro de Patricia Faermann.

6 Comentários

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  1. Mataram um reitor inocente e culparam a vítima que foi humilhada pela PF. A delegada do caso foi promovida. Ninguém responderá pelo crime?

  2. Essa gente,que fez o que fez,não matou somente o reitor,essa gente matou muito mais que isso.
    Eles acabaram com 6 anos de nosso país e sabe-se lá quantos morreram nesse período macabro.
    Essa gente não tem como ser perdoada.

  3. A Lava Jato de Curitiba cometeu muitas atrocidades e crimes de lesa-patria. É preciso puni-los, usando os rigores da Lei, para resgatarmos o sentimento de Justiça no país.

  4. Pois é! E QUEM É QUE VAI PAGAR POR ISSO? (pelo desespero de um profissional que tirou a própria vida por conta de uma vaidade macabra de sua algoz)

  5. “o reitor se matou pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas, que condenaram as pessoas antes de investigar e antes de julgar”

    Pode-se acrescentar que a ignorância, a arrogância, o flagrante abuso de poder e o uso desrespeitoso e debochado do cargo, somado a confiança na impunidade, que seria garantida pela horda de bestas humanas que defenderam e ainda defendem crimes, como neste caso, tem que ser tratado como crime hediondo de tortura e também como crime de coação covarde, traiçoeiro, premeditado e gratuito, contra a pessoa indefesa e inocente.
    A horda das bestas, usando indevidamente a representação do estado, que se fazia presente na autoridade do cargo representativo, usaram e abusaram dos limites da lei, da violência, da covardia e da confiança constitucional que os cargos lhe conferiam.
    Hu

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