Estadão descobre que vazamentos desestabilizam a política e a economia

Jornal GGN – Em editorial publicado nesta quarta-feira (14), o jornal O Estado de S. Paulo afirma que o “constitucionalmente legitimado” governo de Michel Temer age de maneira correta ao reagir ao vazamento de delações premiadas, já que eles causam instabilidade institucional com “efeito paralisante” sobre o governo federal.

Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, citou mais de 50 políticos em sua delação. Temer é citado 43 vezes no documento, junto com outros políticos próximos do presidente, como Eliseu Padilha e Moreira Franco.

O governo pediu à Procuradoria-Geral da República celeridade da divulgação das delações dos outros 76 executivos da Odebrecht. Para o Estadão, a preocupação do chefe do governo é “sensata”, já que os vazamentos não são feitos de foram aleatória, e sim “atendendo a interesses que todo o País gostaria de ver desvendados”.

Leia o editorial completo abaixo:

Do Estadão

Quando a pressa é necessária

O mesmo sentido de urgência que a unanimidade nacional atribui ao combate à corrupção aplica-se também às ações governamentais, especialmente aquelas que dependem de aprovação parlamentar, destinadas a promover o saneamento das contas públicas, a reforma da Previdência e outras providências destinadas a lançar as bases de um amplo programa de retomada do crescimento econômico

A economia está em cacos e exige medidas urgentes de correção de rumos. A responsabilidade por essa correção de rumos cabe primordialmente ao governo. Não a um governo de sonhos embalados pelo voluntarismo malicioso e irresponsável de uma oposição que, em última análise, jogou o País no buraco quando teve oportunidade de governá-lo. Quem precisa agir agora, com urgência, é o governo que temos, o que está aí, constitucionalmente legitimado. Tem toda a razão o presidente Michel Temer, portanto, quando reage ao vazamento de delações premiadas – nas quais seu próprio nome é mencionado – solicitando formalmente ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “celeridade” na divulgação oficial das demais 76 delações de executivos da Odebrecht conduzidas pelo Ministério Público Federal, de modo a evitar a instabilidade institucional e seu efeito paralisante sobre a administração federal.

Tem razão o chefe do governo porque se impõe a necessidade de circunscrever ao âmbito de quem de fato delinquiu – e não, como tem sido feito, a todos os políticos e à inteira estrutura política nacional – o resultado do vazamento de informações que, no momento, servem apenas aos interesses dos que desejam se apresentar como salvadores da Pátria, bem como aos saudosos do populismo lulopetista que apostam no quanto pior, melhor, na política e na economia.

Falando na noite de segunda-feira, em São Paulo, sobre a carta que enviou ao procurador-geral da República, Michel Temer fez vigorosa defesa da necessidade de que as investigações da Lava Jato e operações congêneres prossigam no mesmo ritmo e que, “se houver delitos e malfeitos, que venha tudo à luz de uma vez”. A sensata preocupação do chefe do governo é que, tanto quanto possível, seja rigorosamente coibida a frequente reiteração do vazamento de detalhes das delações premiadas que, obviamente, não são divulgados aleatoriamente, mas atendendo a interesses que todo o País gostaria de ver desvendados.

O fato é que, se a corrupção fez terríveis males ao País, a estudada manipulação que se tem feito das apurações a respeito daqueles fatos criminosos também está corroendo o tecido social. Não se entenda do que foi dito acima que pregamos a imunidade ou a impunidade. Quem violou a lei deve pagar – e caro – por isso. Mas quem apura tais violações, ou manipula os resultados da apuração para manter a sociedade em constante sobressalto e as instituições em perigoso desequilíbrio, inocente não é.

Essa ponderação, aliás, levanta uma questão óbvia: até que ponto é realmente impossível a certas autoridades evitar a ocorrência de vazamentos? Policiais, procuradores, juízes e seus serventuários – além dos próprios delatores – têm acesso ou conhecimento dos depoimentos. A imprensa, não. Os meios de comunicação só os divulgam quando há vazamentos. Quanto aos delatores, é difícil imaginar que tenham pressa em tornar públicos os delitos que cometeram e muito menos comprometer, pela inconfidência, as vantagens decorrentes da colaboração.

Recentemente, o relator das ações da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, rebatendo críticas à morosidade daquela Corte no julgamento de ações que envolvem figurões da República, explicou que a demora se deve à complexidade do trabalho dos procuradores e policiais federais.

O procurador-geral da República e os procuradores federais devem se empenhar em criar condições para que o STF possa se desincumbir, com a rapidez pela qual os brasileiros clamam, da alta responsabilidade de julgar homens públicos acusados de corrupção.

O mesmo sentido de urgência que a unanimidade nacional atribui ao combate à corrupção aplica-se também às ações governamentais, especialmente aquelas que dependem de aprovação parlamentar, destinadas a promover o saneamento das contas públicas, a reforma da Previdência e outras providências destinadas a lançar as bases de um amplo programa de retomada do crescimento econômico. Não faz sentido, portanto, permitir que essas duas urgências entrem em conflito, principalmente por meio da manipulação política levada a efeito tanto por obstinados caçadores de glórias quanto pelos órfãos do poder obcecados por vingança.

Redação

16 Comentários

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  1. Estadao Descobre

    Ê impressionante que um jornal como o Estadao escreve um editorial destes. Para o governo anterior valeu tudo o que foi feito e delaçoes vazadas.Naquele momento nenhum jornal saiu em defesa.Agora com este governo sabidamente pelos personagens que o compoem tem contas a resolver com a justiça, as delaçoes sao um problema. Voces que compraram esta banana , que descasquem..juntamente com todos aqueles movimentos chamados sociais( MBL, VEM PRA RUA)que se diziam contra a corrupçao, mas agora estao com o bico fechado porque estenderam o braço a corrupçao que tanto reclamaram existir no governo anterior.

    Sem falar no Teto de Gastos Publicos, Reforma do ensino medio e outras que nao sei a quem interessa.

    Com certeza a populaçao mais vulneralnao sera beneficiada.

  2. Que as delações sejam vazadas a conta-gota

    “Se houver delitos e malfeitos, que venha tudo à luz de uma vez”. – Michel Temer

    “Não quero o impeachment, quero ver a Dilma sangrar”. – Aloysio Nunes

    Porque o Temer não pediu ao Aloysio Nunes que desistisse do sangramento da Dilma?

  3. Faz lembrar a campanha

    Faz lembrar a campanha submarina no Mediterraneo durante a Guerra Civil Espanhola de 1936-1939. Navios russos que partiam de Odessa a Alicante transportanto material belico para a Republica eram afundados por submarinos italianos.

    Tanto a participação sovietica como a italiana no conflito espanhol não era oficial,  uma ação clandestina dos dois lados, assim todos fingiam que os afundamentos não aconteciam porque a Russia tambem não assumia que mandava armamento para a Espanha dando apoio ao Governo Republicano, que era de esquerda.

    De qualquer maneira a Inglaterra e a França convocaram uma conferencia internacional em Nyon, na Suiça, para determinar

    que o Mediterraneo fosse considerado mar aberto, portanto sem ações de guerra. Compareceram a Russia e a Italia e

    ambas fingiram que não havia navios com armamento e submarinos operando no Mediterraneo. Todos assinaram o acordo de “mar aberto” e as remessas russas continuaram assim como os afundamentos italianos.

    O vazamento existe, todos sabem de onde vem e todos fingem que a origem do vazamento é desconhecida. Um teatro.

    1. Como sempre AA, seus

      Como sempre AA, seus comentários são objetivos, esclarecedores e muito bons de se ler. Eu fico grato pelos ensinamentos que retiro deles. Único mérito de um editorial de jornal moribundo, provocar comentário como o seu.

  4. Canalhas !
    Quando foi contra

    Canalhas !

    Quando foi contra  Dilma e LUla, os vazamentos eram imprtantes, agora, para fazer a agenda golpista, é errado.

  5. Ė Estadāo vazar nos tempos da

    Ė Estadāo vazar nos tempos da Dilma pode mas do Temer nāo pode. Esse Estadāo nāo tem ė vergonha na cara. Desculpem a expressão mas esses jornalecos tiram a gente do sério. 

  6. Em sintonia

    com Gilmar Mendes; os canalhas são assim mesmo, combinam a patifaria e depois os remédios para que a patifaria prossiga.

  7. pimenta nos olhos dos outros é refresco

    Um a um, como dominós, vão caindo todos. O assessor especial da Presidência, em cujo escritório teriam sido entregues os 10 mi destinados a Temer, acabou de pedir demissão. Moreira Franco, depois de fortes rumores que já teria escrito a carta de demissäo, desmentiu sua saída no tweeter.
     

  8. O que sempre foi óbvio pra

    O que sempre foi óbvio pra quem quisesse ver é que essa imprensa gollpista trata seus teleguiados como perfeitos imbecis (o que realmente são).

    Todos na praça dos tres poderes e nas redações sabem que se tratou de um golpe de valentões de butiquim de olho grande no poder, e que o resto era embalagem pra coxinha/trouxinha engolir.

    Não há a menor dúvida que dão boas risadas dessa legião de tolos que apoiaram a destruição da democracia para unicamente satisfazer interesses de grupos que perderam uma, duas, três, quatro eleilções seguidas e partiram pra ignorância.

  9. rs…………………é que já telefonaram e caíram na real

    “com a economia nestas condições, nada feito, não dá, não há como as estrangeiras entrarem…

  10. Jornaleco vagaba, nunca li

    Jornaleco vagaba, nunca li este lixo conservador, jornal golpista, e em vias de falência, esse opúsculo dos endinheirados vem agora defender seus amigões apanhados nas delações, jornal que capitaneou como apêndice  – quem lê esta coisa – o golpe, tenho ânsia de vômitos ao ler um editorial tão desclassificado com este, é mesmo um veículo típico do paiseco que estes abutres transformaram o Brasil.

  11. Cinismo, simplesmente C I N I

    Cinismo, simplesmente C I N I S M O em estado cristalino esse editorial do Estadão. Eles não pensam que somos trouxas: tem certeza. Só assim se compreende uma manifestação do tipo. 

  12. O Povo não vê o que o Temer faz, só vê o que ele não faz

    O Temer não bota o seu rabo nas mãos dos seus financiadores, tendo, mais tarde, que, em virtude de estar com o rabo preso, cair de 4, mocrofonear e depois se arregaçar todinha para o capitalista fungar no cangolte dele; o Temer não abre uma nova escola, ao contrário, fecha; o Temer não cria um novo emprego, pelo contrário, ele está destruindo e vai destruir muiiiiito mais postos de trabalho com essa sua canhenguice fiscal e com essa sua reforma da previdência que obriga os pobres a trabalhar até morrer, isso se tiverem a sorte de arrumar um emprego que vai te joder e te pagar muy mal; Mas o Temer também não incendeia Brasila, como Nero incendiou Nápoles

    Tu tá x, num tah, Menino Semvergon I

  13. Está tudo conforme o script do Golpe

    Os vazamentos quando eram úteis,foram amplamente divulgados por essas mesmas mídias, agora que a água começa a bater na B… deles, altera-se o discurso, aliás cínico, das consequências maléficas dos vazamentos. Mas o script do Golpe está sendo seguido à risca, O Gilmar Mendes dizendo em anular as delações quando justamente os atingidos são políticos que compactuaram com o Golpe que ele  Gilmar,ajudou a perpetrar e mais esse editorial do Estadão, indicam os rumos que a Lava-Jato iram tomar. 

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