Líder indígena pede que o governo se aproxime das bases sociais

Jornal GGN – Em um ato realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, a líder indígena Sônia Guajajara falou sobre a necessidade de o governo se aproximar de suas bases sociais. Ela questionou as próximas etapas do modelo de desenvolvimento energético e falou sobre a paralisação na demarcação de terras.

“Nós reconhecemos os avanços, as conquistas sociais, não somos cegos, mas o que está aí está muito longe ainda diante da dívida que o Brasil tem com os seus povos originários e é por isso que não podemos permitir o retrocesso”, disse.

Abaixo, a íntegra do discurso na cobertura dos Jornalistas Livres. As fotos são da Mídia Ninja:

Dos Jornalistas Livres

“SOFREMOS ATAQUE DOS TRÊS PODERES” – Sônia Guajajara, liderança indígena

Via Facebook

ACONTECE AGORA! Ato na Fundição Progresso, com diversos artistas e representantes culturais.

Sônia Guajajara, liderança indígena, discursou:

“Pedimos a esse governo que olhe para os povos indígenas, que demarque nossas terras!

Preciso pedir para o Presidente Lula: não deixe que a presidenta cometa o erro com o rio Tapajós o mesmo ao construir a Belo Monte, não permita esse retrocesso, o mesmo que aconteceu com o Rio Xingú, o Rio Madeira… hoje estamos vivendo as consequências, todos estão vendo Belo Monte, esse modelo de desenvolvimento está errado! Precisamos mudar.

O atual governo precisa se aproximar mais das suas bases sociais, olhar o MST, os povos tradicionais, os indígenas. Nós não precisamos de muita coisa não, apenas queremos dignidade, justiça e liberdade e não só vamos alcançar isso com os nosso territórios demarcados. Isso, sim, é a verdadeira democracia!

Nós reconhecemos os avanços, as conquistas sociais, não somos cegos, mas o que está aí está muito longe ainda diante da dívida que o Brasil tem ainda com os seus povos originários e é por isso que não podemos permitir o retrocesso.

Não podemos ficar olhando passar, deixar a página ser escrita na história e dizer que somos omissos, sempre fomos muito corajosos! Coragem não falta… quantas vezes fomos ao congresso nacional? Quantas vezes não entramos lá, ocupamos a plenária em 2013 para lutar contra a PEC 215.

Volto a dizer, o governo precisa ser mais incisivo com sua base aliada para pedir o arquivamento da PEC 215, que representa o genocídio dos povos indígenas e não podemos permitir

Sofremos ataque hoje todos os dias nos três poderes:

Executivo – demarcação e paralisação das terras
Judiciário – muitos dos que estão lá adotam uma postura anti-Indígena em relação aos territórios dos indígenas e quilombolas
Legislativo – uma pequena classe de ruralista quer entrar, explorar e acessar nossos territórios de qualquer jeito e eles lutam todo dia contra nós e agora querem assumir o poder! Querem pegar de vez nossos territórios, e por isso não vamos nos calar e não vamos entregar!

Pra finalizar dou um recado, dos povos do Pará: diga para o Lula, para Dilma, que deem um passo para trás, porque são as forças das águas e da natureza que estão reagindo contra eles. Eles precisam dar um passo atrás e pensar em uma nova forma de desenvolvimento, que respeite os povos, a natureza e o meio ambiente

Terra, justiça, liberdade e demarcação, isso é democracia”

Em Defesa da Democracia. Contra o Golpe! ‪#‎CulturaPelaDemocracia

Fotos: Mídia Ninja

Redação

7 Comentários

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  1. Esqueceram o principal…

    A fala mais incisiva dela foi “Fora Katia Abreu”!

    E disse que o MST também sonha com isso, desde muito antes da posse dela.

     

  2. Uma bela lição ao Lula…

    Que costuma gritar contra o “sapinho de beira do Rio que trava os licenciamentos ambientais”. 

    A matriz energética prevista para a Amazônia nos próximos 30 anos é realmente um problema ambiental gravíssimo e equivocado. Mas a líder indígena também deve entender que esforços consideráveis estão sendo feitos por uma matriz mais limpa (estímulo à produção solar no âmbito urbano e eólica no rural) que já respondem por quase 10 % de toda energia produzida. As tais PCHs (pequenas centrais elétricas) eram alternativas interessantes, mas foram desvirtuadas em sua implantação, gerando impactos cumulativos nas bacias. Ou seja, neste tema está havendo mudanças, mesmo que lentas, no modelo tradicional da hidroeletricidade, mas que governo se arriscaria a enfrentar carência de energia no futuro, paralisando os projetos de grandes hidrelétricas? Nem a Marina seria louca pra tanto. Uma solução paliativa seria o gás natural, mas sua queima contribui com o aquecimento global. Eu não vejo saída a curto prazo para se mudar o modelo…

  3. A liderança indígena tem

    A liderança indígena tem poucos espaços para fazer suas reinvidicações. Soube fazer a oportunidade ontem, sem oportunismo, é bom ressaltar. Ela foi tão líder quanto o Lula. E ela pode ir longe. Já pensou? Mulher e índia.  Para isso, a democracia ainda está engatinhando, mas chegaremos lá.

  4. Falou muito bem

    Desde o primeiro governo Dilma que estamos falando que esse govenro não tem dado a atenção devida ao problema indigena. A fala ontem da lider indigena foi bastante aplaudida. Sinceramente, Dilma tem muita sorte de toda essa gente ainda esta se manifestando para a manutenção de seu governo, ja que ela andou ignorando as demandas sociais, sobretudo as indigenas.

  5. fiquei encantada com o

    fiquei encantada com o discurso da índia Sônia. Ela é muito envolvente, inteligente, aritculada, como se tivesse nascido para a política. É dasafiadora também, pois mostrou seu inconformismo com as poucas políticas públicas em pro dos indígenas, e naõ só deu recados diretos a Lula, como mandou outros para Dilma. Foi apaludida de pé por parte dos que estavam no recinto, e via-se nos rostos de todos uma espécie de satisfação com a presença da moça. Posso estar enganada, mas Sônia, essa indiazinha fora de série talvez tenha marcado exatamente ontem seus primeiros grandes passos para o grande cenário político brasileiro, com cadeira cativa no Conresso. Ela merece, e tem cancha pra isso.

  6. Cría Cuervos…

    O PT trocou desde o início suas bases sociais, pela “base aliada”. Tirou da cena não apenas os índios, mas demais movimentos populares. Traiu de cara os servidores públicos com mudança de regra de suas aposentadorias, que o levou a expulsar parlamentares que dissidiram e mais tarde formariam o PSOL. Deixou os sem terra acampados com as quireras do bolsa família;  terra que é bom nada, não queria peitar a bancada do boi, assim como não quis confrontar a bancada bíblia e tratou de trair as minorias LGBT.

    Ninguém pode negar que o PT cortejou figuras como jeferson, temer, cunha… agora colhe o que plantou. As ruas estão inundadas de corvos, que infectam e pestilentam as redes sociais e recebem ampla cobertura dos meios de comunicação. São cevados pelo ódio, para serem lançados em massa, contra as parcas conquistas democráticas e sociais, que por breve tempo, a “base aliada” concedeu.

    Os corvos:

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