O feminismo foi o único movimento progressista que avançou desde 2013, diz Heloisa Buarque de Hollanda

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Chico Cerchiaro/Divulgação

 
Jornal GGN – Heloisa Buarque de Hollanda, escritora e pesquisadora, lançou neste mês, pela Companhia das Letras, o livro “Explosão feminista”. A obra aborda a quebra de tabu, nas últimas décadas, em relação à palavra “feminismo” e expõe suas variadas vertentes. Em entrevista divulgada pelo jornal O Globo, ela disse que o movimento foi o único que “avançou significativamente” no Brasil desde os protestos de junho de 2013.
 
“Boa parte dessas meninas (que assinam os artigos do livro) não se dizia feminista antes do período 2013/2015. Isso tem só três, quatro anos! O livro se propõe a olhar este passado próximo e entendê-lo. Ali, as pessoas foram às ruas por uma explosão de demandas básicas, como educação, saúde e segurança. Hoje, a gente olha para trás e pensa: o conservadorismo levou a melhor! Mas o feminismo levou também. Foi o único movimento progressista que avançou significativamente a partir dali. Em comum entre todas as tribos de 2013, havia a frase “não quero intermediários”. E acho que essa ideia o feminismo absorveu bem”, comentou.
 
A pesquisadora associou o desempenho do movimento – que teve seu auge em 2015, ocupando ruas contra projeto de lei de Eduardo Cunha que dificultava o acesso ao aborto legal e, em 2018, contra a eleição de Jair Bolsonaro – com o ativismo nas redes sociais e com a falta de hierarquia. “Pesquisei muito nos últimos anos e não sei quem é a liderança hoje. As correntes feministas já existiam, mas mesmo nelas não há líderes claras.”
 
Sobre as pautas, Heloísa disse que há convergências mas o livro fomenta o debate muito mais em cima das demandas de cada vertente. “A negra bate muito na tecla da violência. Sou feminista há muitos anos e lembro de ter visto pouco a questão da mulher negra ser pautada. Elas têm toda a razão de cobrar por visibilidade hoje em dia. Enquanto isso, a asiática reclama da fetichização, de sempre acharem que no Oriente todo mundo é gueixa. As lésbicas lutam por visibilidade, mesmo dentro do movimento LGBTI. As cristãs e as indígenas brigam por lugar de poder, para ser sacerdote e pajé. Já para as transexuais é demanda é legal, por direito a registro civil. E há também o feminismo radical, que não poderia deixar de estar no livro.”
 
Questionada sobre o que será das feministas durante o governo de Bolsonaro, Heloisa respondeu: “Minha tese de doutorado foi mostrar o que aconteceu na cultura depois da repressão da ditadura. Ali surgiu uma nova música popular, uma poesia marginal, uma outra forma de lutar. As artes sempre dão jeito de entrar em brechas. A única coisa que me preocupa é a possibilidade de retrocesso de direitos. Mas não entro em pânico. Há uma pauta conservadora porque o progressismo foi longe. Teve por acaso o (presidente eleito, Jair) Bolsonaro, mas teria outra coisa se não fosse ele. Andamos muito pra frente. O “não é não”, as poesias, as performances, tudo foi interpelação forte ao status quo. Dá vontade de viver para sempre para ver como vai ser daqui para a frente.”
 
Leia a entrevista completa aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. progrediu?

    Em 2013 as meninas tinham a presidência da República.

    Apesar de serem maioria, perdemos.

    Hoje o que resta é Bolsonaro, Mourão e Dória.

    -É. Mas tem a Damares, goiaba!

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