Hamilton de Holanda – Sinfonia Monumental e Esperança

Hamilton de Holanda: Bandolinista lança sinfonia sobre Brasília e registro de shows pela Europa

por Leonardo Lichote

O bandolinista Hamilton de Holanda / Divulgação

RIO – Para comemorar os dez anos da criação de seu bandolim dez cordas, Hamilton de Holanda preparou uma série de projetos. Os dois primeiros refletem viagens do instrumentista, uma para dentro – “Sinfonia monumental”, dedicada a Brasília, cidade onde cresceu – e outra para fora – “Esperança: ao vivo na Europa”, em que, sozinho, ele se lança frente a plateias de estrangeiros, com o que isso envolve de risco e de busca de terrenos seguros.

A sinfonia (projeto que evoca a “Sinfonia da Alvorada”, de Tom e Vinicius) tem cinco movimentos, sobre momentos da vida da capital. Ela passeia por diferentes universos sonoros brasileiros, via orquestra ou quinteto popular, ora em harmonia, ora em conflito – como que reproduzindo a cara plural da cidade de migrantes. “Primeiras ideias”, sobre a chegada ao Planalto, abre os trabalhos com alma de samba-jazz (o sonho que movia a ideia de nação de JK era o mesmo da bossa nova).

A construção está em “A marcha dos candangos”, que evoca o Nordeste. “Prece ao santo céu”, sobre a primeira missa rezada ali, traz o lirismo de liturgia católica. A visita clandestina de Juscelino à cidade, durante a ditadura, aparece na tensão e melancolia de “JK proibido”. O fim vem com “Caos e harmonia”, que, com seu compasso irregular, busca retratar Brasília hoje. Enfim, uma obra que, como a capital, é criada sobre uma pretensão que se concretiza ora à altura, ora aquém da utopia.

“Esperança” é, mais que uma demonstração da técnica de Hamilton, uma pequena exposição de sua filiação. “Negro samba”, uma das quatro autorais, mostra o quanto Baden está presente em seu bandolim. Não por acaso, há dois afro-sambas do violonista no CD, “Canto de Iemanjá” e “Canto de Ossanha”, relidos com personalidade. Pixinguinha (“Vou vivendo”), Chico (“O que será”) e Gismonti (“7 anéis”) fecham o repertório. Sem favor, o bandolinista honra a grandeza de suas referências.

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Ouça no Globo online “Primeiras ideias” e “Negro Samba”.

Fonte: O Globo
http://migre.me/1VZTT

Redação

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