Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Sertão, de Ascenso Ferreira, por Valdemar de Oliveira e Alda Verona

Por Luciano Hortencio

Hoje trago o poema SERTÃO, de Ascenso Ferreira, musicado por Valdemar de Oliveira. SERTÃO foi gravado em disco Odeon 10485-A, em 1929. A intérprete é a soprano pernambucana ALDA VERONA (Celeste Coelho Brandão), com o luxuoso acompanhamento do maestro Nelson Ferreira ao piano.

Sertão! – Jatobá!

Sertão! – Cabrobó!

– Cabrobó!

– Ouricuri!

– Exu!

– Exu!

Lá vem o vaqueiro, pelos atalhos,

tangendo as reses para os currais…

Blém… blém… blém… contam os chocalhos

dos tristes bodes patriarcais.

E os guizos fininhos das ovelhinhas ternas:

dlim… dlim… dlim…

E o sino da igreja velha:

bão… bão… bão…

O sol é vermelho como um tição!

Lento, um comboio move-se na estrada,

cantam os tangerinos a toada

guerreira do Tigre do sertão:

“É lamp… é lamp… é lamp…

é Virgulino Lampião…”

E o urro do boi no alto da serra,

para os horizontes cada vez mais limpos,

tem qualquer coisa de sinistro como as vozes

dos profetas anunciadores de desgraças…

– O sol é vermelho como um tição!

– Sertão!

– Sertão!

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

28 Comentários

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  1. SER- TÃO são muitos: “Minha Gente”, Sagarana, G. Rosa

    MINHA GENTE 

    “Manhã maravilha. Muito cedo ainda, depois de gritos de galos e berros de bezerros, ouvi alguém cantar. Fui para a varanda, onde adensavam o ar os perfumes mais próximos, de vegetais e couros vivos. Sob a roseira, de rosas carnudas e amarelas, encontrei Maria Irma. Perguntei se era ela a dona de tão lindo timbre. Respondeu-me:

    – Que ideia! Se nem para falar direito eu não tenho voz …

    – Diga, Maria Irma, você pensou em mim?

    – Não tenho feito outra coisa.

    – Então …

    – Vamos tomar leite novo?

    – Vamos!

    …………………………………………………………………………………….

    – E agora?

    – Vamos tomar café quente?

    – Vamos e venhamos …

    …………………………………………………………………..

    – Mas, Maria Irma …

    – Vamos ver se a chuva estragou a horta?

    Havia uma cachoeira no rego, com a bica de bambu para o tubo de borracha. Experimentei regar: uma delícia! Com um dedo interceptava o jato, esparzindo-o na trouxa verde maio aberta de repolhos, nas flácidas couves oleosas, nos tufos arrepiados dos carurus, nos quebradiços tomateiros, nos cachos de couve-flor, granulosos, e nas folhas cloríneas, verde-aquarela, das alfaces, que davam um ruído gostos de borrifo.

    Maria Irma, ao meu lado, pôs-me a mão no braço. Do cabelo preto, ondulado, soltou-se uma madeixa, que lhe rolou pelo rosto”

    Em Sagarana, Minha Gente, p. 204, 205, José Olympio Editora, 1976

      1. Lindissimo

        Trio Nagô foi uma de minhas melhores descobertas no seu canal, Luciano, ha tempos. O Jaguaribe secando, o Rio Doce contaminado… Vi algumas imagens no canal do Jones – de quem ja sinto falta por aqui – e que tristeza ver aquilo tudo destruido. E ai, sente-se a necessidade, com tantas vicissitudes, de uma prece.

        [video:https://youtu.be/Jqd6mJkSqMA%5D

        1. JNS e o gosto doce-acido da Siriguela

          Aveloz e juazeiro
          Algaroba e tamboril
          Que à seca resistiu
          Mandacaru e faxeiro
          Siriguela e umbuzeiro
          Dão fruto e proteção
          São nativos deste chão
          Na mata e no terreiro
          São retratos verdadeiros
          Das coisas do meu sertão

          Esta estrofe de autoria de SANTINA DE CASTRO ANDRADE,
          natural de Bodocó, Sertão do Araripe, em Pernambuco,
          integra o cordel “COISAS DO MEU SERTÃO.

          [video:https://youtu.be/E8InEOIIaBA%5D

          1. Eu mereço…

            Sabia que iria me dedicar Atenção Garota. Nosso amigo esta muito triste, apenado, precisando de consolo……

          2. Coisas do meu sertão

            Açude seco, chão rachado
            Poeira e sol ardente
            Pasto seco e terra quente
            Gado magro e arrasado

            Sertanejo atribulado
            A reclamar a situação
            Pensa em outra região

            Falta coragem e dinheiro
            São retratos verdadeiros
            Das coisas do meu sertão

            A estrofe faz parte do cordel “COISAS DO MEU SERTÃO”, de autoria Santina de Castro Andrade,

            natural de Bodocó, Sertão do Araripe Pernambucano.

  2. O sertão, padre Cicero e o cordel

    Quase sempre meus presentes aos amigos estrangeiros são livros de autores brasileiros. Antigamente, mas não tanto!, a Livraria Portuguesa ficaca la na rua Tournefort, no cinquième, onde morei um tempo. Bons tempos de estudante…. Enfim, mas a excelente livraria portuguesa mudou-se um pouco mais acima, ainda no 5ème, proxima da instalação Sorbonne de letras para estrangeiros. 

    A livraria portuguesa é onde é possivel encontrar livros de autores brasileiros tanto em francês quanto no original e tem um leque grande de autores. E la outro dia encontrei a impressão em francês de cordéis. Comprei um deles Le Cordel de Frank Santos: “Le Père Cicero et la Vampire”. Edição Les Aretes (as espinhas :). O cordel é bom e muito engraçado, a tradução é boa, mas acho que para quem não tem nenhum conhecimento da cultura brasileira, fica meio no ar, apesar do cuidado da tradução em explicar alguns termos e nomes. 

    Mas que é um barato encontrar cordel traduzido isso é, e o sertão e o padim Cicero vão viajando mundo afora. Viva a cultura do sertão e do homem sertanejo.

    1. Meu Padrim
      [video:https://www.youtube.com/watch?v=2WS0SHJ9QPQ%5D Luiz Gonzaga – MEU PADRIM – Frei Marcelino de Santana.Gravação de 1960. O “f” é de outro Frei, Frei Marcelino. Gravação RCA Victor de 18 de fevereiro de 1960, lançada em abril seguinte no 78 rpm n.o 80-2194-B, matriz 13-L2PB-0886. Samuel Machado Filho. Morre Frei Marcelino de Santana – O ex-deputado Francisco Muniz de Medeiros, conhecido como Frei Marcelino de Santana, faleceu ontem, 08 de junho de 2013, havendo sido velado no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Em seguida foi trasladado para Catolé do Rocha, onde será sepultado. O religioso foi também político educador e compositor. Como político, foi presidente da Comissão de Negócios Municipais e Serviço Público na Casa de Epitácio Pessoa (1978), onde também foi 2º vice-presidente de 1975 a 1979. Fundou , com outros colaboradores, o Colégio Técnico Dom Vital (1959), em Catolé do Rocha. No mesmo ano, fundou o Sindicato de Trabalhadores Rurais da Paraíba. Foi professor de Português, Inglês, Grego e Latim, Educação Artística, Sociologia, Psicologia e Filosofia da Educação. É dele a composição MEU PADRIM, dedicada ao Frei Damião de Bozzano e imortalizada por Luiz Gonzaga. Leia mais no Portal Luis Nassif:http://blogln.ning.com/profiles/blogs/morre-frei-marcelino-de-santana?xg_source=activity

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