Trivial de Johnny Alf e Alaíde

Postado originalmente: http://klaxonsbc.com/2011/04/28/alf-e-alaide/

Abusados: ele, não abriu mão das teclas negras no samba, ela, ousou cantar baixinho, ser negra e não “cantar samba”. Um era Alf e a outra Alaíde. Os dois migraram para São Paulo em busca de espaço em pleno furor bossanovista no Rio. Aqui ficaram. Brilhantes e singulares,cantores e compositores (Alaíde esconde e resiste a este quesito), portadores de um repertório próprio e único. Localizá-los e enquadrá-los nas ondas da música brasileira é um martírio. Pela vida os repertórios se cruzaram. Alf, recatado e ourives de harmônias, faleceu há pouco, quietinho. Tem legado e história rica, lhe falta reconhecimento, que quando vier, se vier, na certa será tardio. Alaíde esta com a gente, cantando ainda baixinho para os botões que se interessam a ouvir os silenciosos e ousados movimentos da música brasileira. Discreta, ela quase se desculpa de ser tão sublime. Espera ou nem espera, viva, pelo tal reconhecimento. Os dois nunca mostraram despeito ou amargura, são leves demais pra isso. Este post foi produzido no espírito de  inveja inspiradora que a entrevista feita por Pedro Alexandre Sanches com Alaíde Costa, publicada na Revista Forúm, me causou. Inveja elegante e silenciosa como os dois citados. Por isso, me dá um desconto, Pedro?

Luis Nassif

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