Empresário com síndrome de Down cria negócio milionário

A “John’s Crazy Socks” lucrou US$ 1,4 milhão e arrecadou US$ 30 mil para a caridade só no primeiro ano de vida e com um terço de funcionários com deficiência no quadro 
 
Foto: John Cronin / Divulgação matéria BBC
 
John
 
Jornal GGN – A “John’s Crazy Socks” (As meias malucas do John) lucrou no primeiro ano de vida US$ 1,4 milhão e arrecadou US$ 30 mil para a caridade. O negócio começou a ser idealizado por John Cronin junto com o pai Mark Cronin em 2016 mas foi posto mesmo em prática no início de 2017 e em pouco tempo se tornou um sucesso de vendas. 
 
Os dois vivem em Long Island, em Nova York e oferecem na sua loja na internet cerca de mil e quatrocentos modelos de meias diferentes, todas com imagens divertidas. A forma de entrega também é diferenciada: cada pedido vem com um docinho e um bilhete escrito a mão e se o endereço for próximo John faz a entrega pessoalmente. 
 
A empresa prioriza, ainda, a contratação de pessoas com deficiência que correspondem a um terço da equipe e realiza com frequência campanhas inteligentes como a “Meia do Mês” ou para arrecadar donativos em causas sociais. 
 
“Não acho que seja suficiente apenas vender um serviço ou um produto. Valores precisam fazer parte, e nós temos um modelo que está mostrando isso”, afirma Mark, o pai, em entrevista à BBC ressaltando que a empresa se pauta em duas missões “indivisíveis”: uma social e outra de negócio e espera aumentar ainda mais o quadro de funcionários com alguma deficiência.
 
“Quando converso com empresários, sempre digo a eles que é urgente que eles contratem pessoas com deficiência. Não só porque isso seria a coisa certa a fazer, mas porque eles são bons, porque todo mundo gostaria de trabalhar com bons profissionais e é isso que eles são. É uma quantidade enorme de gente que ainda não é aproveitada no mercado”, pontua. 
 
Além da organização criativa do negócio, John e o pai entraram em um mercado em expansão. Segundo a consultoria Transparency Marketing Research, no mundo inteiro, o comércio de meias movimentou US$ 42 bilhões em 2016 com crescimento previsto para US$ 75 bilhões até o fim de 2025.
 
Acompanhe a seguir a matéria:
 
O empresário com síndrome de Down que criou um negócio milionário
 
Joshua Cheetham
BBC News
 
Ao completar 21 anos, em 2016, John Cronin confessou ao pai, Mark, que gostaria de ter um negócio quando terminasse o ensino médio, mas ainda não tinha ideia do ramo em que poderia atuar.
 
“Minha primeira sugestão foi uma loja que vendesse algo divertido, mas não sabíamos direito o que vender”, diz John, que vive em Long Island, em Nova York.
 
Depois, pensou em abrir um food truck, mas um problema fez com que os dois mudassem de ideia: “Nós não sabemos cozinhar”, brinca Mark.
 
Logo eles tiveram uma ideia. “John sempre usou, a vida toda, meias coloridas, meio doidas. Era algo que ele realmente gostava, e aí sugeriu que a gente vendesse meias”, conta o pai.
 
“Meias são divertidas, são criativas e coloridas. E elas me deixam ser eu mesmo”, afirmou John, que tem síndrome de Down.
 
Foi assim que surgiu a “John’s Crazy Socks” (“As meias malucas do John”, em tradução literal). Em um ano no mercado, eles contam que já conseguiram lucrar US$ 1,4 milhão e arrecadaram US$ 30 mil para caridade. O negócio ficou tão famoso que chegou a vender meias para o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o ex-presidente americano George W. Bush.
 
Bilhetes
A loja online tem cerca de 1,4 mil tipos diferentes de meias, com todos os desenhos que se possa imaginar – de gatos e cachorros a até caricaturas de o presidente dos EUA, Donald Trump.
 
Cada pedido é enviado no mesmo dia com um pacote de doces e um bilhete de agradecimento escrito a mão. E se o endereço for perto, John vai entregar as meias pessoalmente.
 
Como é “a cara” do negócio, John também frequenta eventos, fala com clientes e fornecedores e cria campanhas como a “Meia do Mês”.
 
Já Mark lida com os aspectos mais técnicos envolvidos em uma empresa.
 
“John é realmente uma inspiração”, elogia o pai, que reforça que não há qualquer tratamento “especial” ao filho no trabalho.
 
“Ele trabalha muito nessa empresa. Nós chegamos no escritório antes de 9h e saímos, na maioria das vezes, depois de 20h”, conta.
 
Em pouco mais de um ano, eles já enviaram 30 mil pedidos.
 
Pai e filho também doam 5% dos lucros da empresa para a instituição “Special Olympics”, que organiza eventos esportivos para pessoas com deficiência – John compete no basquete, no futebol e no hóquei.
 
Além disso, eles criaram “meias de conscientização” para arrecadar dinheiro para instituições de caridade como a Associação Nacional da Síndrome de Down e a Sociedade de Autismo da América.
 
‘Espalhando felicidade’
Para Mark, a empresa que ele criou com o filho tem duas missões: uma social e outra de negócio. E as duas são indivisíveis.
 
“Não acho que seja suficiente apenas vender um serviço ou um produto. Valores precisam fazer parte, e nós temos um modelo que está mostrando isso”, afirma.
 
“O que nós fazemos é espalhar felicidade”, acrescenta John.
 
A empresa quer trazer mais pessoas com deficiência para o negócio – por enquanto, perto de um terço da equipe que trabalha lá tem alguma deficiência.
 
“Nós estamos trabalhando para mostrar o que as pessoas com deficiência ou com dificuldade de aprendizagem podem fazer”, diz Mark.
 
“Quando converso com empresários, sempre digo a eles que é urgente que eles contratem pessoas com deficiência. Não só porque isso seria a coisa certa a fazer, mas porque eles são bons, porque todo mundo gostaria de trabalhar com bons profissionais e é isso que eles são. É uma quantidade enorme de gente que ainda não é aproveitada no mercado”, observa.
 
Crescimento rápido
A empresa de John e Mark surgiu em 2017 e cresceu de maneira muito rápida – e até inesperada. Eles contam que o maior desafio tem sido conseguir atender toda a demanda que surgiu.
 
No primeiro mês, a John’s Crazy Socks entregou 452 pedidos. Três meses depois, esse número havia aumentado para 10 mil, e logo eles tiveram que mudar para um espaço maior.
 
“Nós ficamos surpresos com o quão rápido a empresa está crescendo”, diz o pai.
 
O mercado de meias em geral está em alta, na verdade. Globalmente, valia mais de US$ 42 bilhões em 2016 e estima-se que chegue a valer US$ 75 bilhões até o fim de 2025, de acordo com a consultoria Transparency Marketing Research. Continue lendo… 
 
 
 
Redação

5 Comentários

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  1. Hu-hum…alguém chama o régis röesing aí…

    Então tá tudo certo…

    Mas o que o fato de criar uma empresa, e provavelmente lucrar com trabalho alheio, o coloca como exemplo ou referência?

    Ah, sim, para serem amados ou reconhecidos como pessoas, eles têm que ter alguma “utilidade”…hu-hum…

    Olha, todos os dias agradeço o fato de meu filho (com paralisia cerebral) ter morrido aos dois anos…

    Poupou-o de ter que ser um “exemplo de superação”…ou de ter que ouvir que seu estado seria uma espécie de “aprendizado” para nós, pais…argh…!

    Olha, para ler algo desse tipo, é melhor assistir o escroque campeão de exploração da miséria alheia, o repórter da pocilga global…

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