A denúncia de caixa 2 contra o DEM

Sugerido por Webster Franklin

Correio do Brasil
 
Denúncia de caixa 2 coloca o DEM mais perto do fundo do poço
 
O combalido Partido Democratas (DEM), após uma série de revezes nas urnas, nas últimas eleições, chega ainda mais perto do fundo do poço em reportagem publicada neste fim de semana pela revista IstoÉ, assinada pela jornalista Josie Jeronimo, repórter da publicação. Governadora do Rio Grande do Norte e única da agremiação partidária, Rosalba Ciarlini e o presidente do partido, Agripino Maia, segundo a matéria intitulada Caixa 2 democrata, entraram na alça de mira do Ministério Público Federal pela formação de caixa 2 durante a campanha eleitoral de 2006. Em umas das escutas telefônicas, Maia surge questionando a um interlocutor se a parcela de R$ 20 mil – em um total de R$ 60 mil prometidos a determinado aliado – foi repassada. A sequência das ligações revela que não era uma transição convencional. Segundo a investigação do MP, contas pessoais de assessores da campanha eram utilizadas para receber e transferir depósitos não declarados de doadores. A reportagem da revista Istoé é assinada pelo jornalista Josie Jeronimo.
 
A denúncia foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República em 2009, durante a gestão de Roberto Gurgel, mas só agora, sob a batuta do procurador-geral Rodrigo Janot será investigada. O caso entra no alvo do MPF num momento complicado para a governadora Rosalba Ciarlini, que já teve seu mandato suspenso pelo TRE, por uso da estrutura governamental em 2012 para beneficiar uma aliada que era candidata a prefeita. Rosalba permanece no cargo por força de uma liminar.

 
Leia, a seguir, a íntegra da matéria:
 
Pequenino em área territorial, o Rio Grande do Norte empata em arrecadação tributária com o Maranhão, Estado seis vezes maior. Mas, apesar da abundância de receitas vindas do turismo e da indústria, a administração do governo potiguar está em posição de xeque. Sem dinheiro para pagar nem mesmo os salários do funcionalismo, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) responde processo de impeachment e permanece no cargo por força de liminar. Sua situação pode se deteriorar ainda mais nos próximos dias.
 
O Ministério Público Federal desarquivou investigação iniciada no Rio Grande do Norte que envolve a cúpula do DEM na denúncia de um intrincado esquema de caixa 2. Todo o modus operandi das transações financeiras à margem da prestação de contas eleitorais foi registrado em escutas telefônicas feitas durante a campanha de 2006, às quais ISTOÉ teve acesso. A partir do monitoramento das conversas de Francisco Galbi Saldanha, contador da legenda, figurões da política nacional como o presidente do DEM, senador José Agripino, e Rosalba foram flagrados.
 
A voz inconfundível de José Agripino surge inconteste em uma das conversas interceptadas. Ele pergunta ao interlocutor se a parcela de R$ 20 mil – em um total de R$ 60 mil prometidos a determinado aliado – foi repassada. A sequência das ligações revela que não era uma transição convencional. Segundo a investigação do MP, contas pessoais de assessores da campanha eram utilizadas para receber e transferir depósitos não declarados de doadores. Uma das escutas mostra que até mesmo Galbi reclamava de ser usado para as transações. Ele se queixa:“Fizeram uma coisa que eu até não concordei, depositaram na minha conta”.
 
Galbi continua sendo homem de confiança do partido no Estado. Ele ocupa cargo de secretário-adjunto da Casa Civil do governo. Em 2006, o contador foi colocado sob grampo pela Polícia Civil, pois era suspeito de um crime de homicídio. O faz-tudo nunca foi processado pela morte de ninguém, mas uma série de interlocutores gravados a partir de seu telefone detalharam o esquema de caixa 2 de campanha informando número de contas bancárias de pessoas físicas e relatando formas de emitir notas frias para justificar gastos eleitorais.
 
Nas gravações que envolvem Rosalba, o marido da governadora, Carlos Augusto, liga para Galbi e informa que usará de outra pessoa para receber doação para a mulher, então candidata ao Senado. “Esse dinheiro é apenas para passar na conta dele. Quando entrar, aí a gente vê como é que sai para voltar para Rosalba.” O advogado da governadora, Felipe Cortez, evita entrar na discussão sobre o conteúdo das escutas e não questiona a culpa de sua cliente. Ele questiona a legalidade dos grampos. “Os grampos por si só não provam nada. O caixa 2 não existiu. As conversas tratavam de assuntos financeiros, não necessariamente de caixa 2”, diz o advogado de Rosalba.
 
Procurado por ISTOÉ, o senador José Agripino não nega que a voz gravada seja dele. No entanto, o presidente do DEM afirma que as conversas não provam crime eleitoral. “O único registro de conversas do senador José Agripino refere-se à concessão de doação legal do partido para a campanha de dois deputados estaduais do RN”, argumenta.
 
No Rio Grande do Norte, José Agripino é admirado e temido por seu talento em captar recursos eleitorais. Até mesmo os adversários pensam duas vezes antes de enfrentar o senador com palavras. Mas o poderio econômico do presidente do DEM também está na mira das investigações sobre o abastecimento das campanhas do partido. A ­Polícia Federal apura denúncia de favorecimento ao governo em contratos milionários com a Empresa Industrial Técnica (EIT), firma da qual José Agripino foi sócio cotista até agosto de 2008. Nas eleições de 2010, o senador recebeu R$ 550 mil de doação da empreiteira. Empresa privada, a EIT é o terceiro maior destino de recursos do Estado nas mãos de Rosalba. Perde apenas para a folha de pagamento e para crédito consignado. Só este ano foram R$ 153,7 milhões em empenhos do governo, das secretarias de Infraestrutura, Estradas e Rodagem e Meio Ambiente. Na crise de pagamento de fornecedores do governo Rosalba, que atingiu o salário dos servidores e os gastos com a Saúde, a população foi às ruas questionar o porquê de o governo afirmar que não tinha dinheiro para as despesas básicas, mas gastava milhões nas obras do Contorno de Mossoró, empreendimento tocado pela EIT.
 
De acordo com a investigação do MPF, recursos do governo do Estado saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas. O esquema de caixa 2 tem, segundo o MP, seu “homem da mala”. O autor do drible ao fisco é o empresário Edvaldo Fagundes, que a partir do pequeno estabelecimento “Sucata do Edvaldo” construiu, em duas décadas, patrimônio bilionário. No rastreamento financeiro da Receita Federal, a PF identificou fraude de sonegação estimada em R$ 430 milhões.
 
O empresário é acusado de não pagar tributos, mas investe pesado na campanha do partido. Nas eleições de 2012, Edvaldo Fagundes não só vestiu a camisa do partido como pintou um de seus helicópteros com o número da sigla. A aeronave ficou à disposição da candidata Cláudia Regina (DEM), pupila do senador José Agripino. Empresas de Edvaldo, que a Polícia Federal descobriu serem de fachada, doaram oficialmente mais de R$ 400 mil à campanha da candidata do DEM. Mas investigação do Ministério Público apontou que pelo menos outros R$ 2 milhões deixaram as contas de Edvaldo rumo ao comitê financeiro da legenda por meio de caixa 2.
Redação

10 Comentários

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  1. Certamente aqui em SC, se

    Certamente aqui em SC, se procurar o caixa dois do oeste do Estado foi generoso a determinadas figurinhas carimbadas do partido.Mas agora eles são PSD-PARTIDO ,SOCIAL DO DINHEIRO ..DO POVO. Investigação neles.

  2. Os Donatários

    Reparem como é nojenta a política no Rio Grande do Norte.

    Aparentemente existe disputa política e democrática no Rio Grande do Norte, mas só aparentemente.

    Alves e Maia dominam todo o Estado há décadas e ninguém incomoda ninguém.

    Os fatos graves agora levados a cabo pelo Procurador Geral da República e que deixaram, há época, os potiguares de cabelo em pé, sequer mereceram ânimo dos adversários políticos do DEM no Estado, notadamente os Alves, no sentido de uma oposição mais contundente, uma denúncia mais efetiva.

    Os Alves dominam quase tudo no Estado: TVs, jornais, rádios e o que mais possa se imaginar. Politicamente o Estado ainda é uma capitania cujos donatários, Alves e Maia, o governam em parceria. Há um arranjo de bastidores para lotear o Estado. Os “adversários” políticos na verdade trocam figurinha há décadas.

    Entre ano sai ano e os cargos políticos apenas trocam de mão num acumpliciamento vergonhoso.

    Agripino Maia já foi flagrado em várias situações que, em outras paragens, o deixaria alijado para a política. Um dos mais emblemáticos foi o episódio conhecido como “rabo de palha” em que o coronel da política potiguar ensinava seus capatazes a manipular eleitores pobres e humildes com a consequente “compra” de votos.

    Há, portanto, um desafio enorme a ser enfrentado pelo povo potiguar para rever esse quadro e retirar o Rio Grande do Norte das mãos desses donatários.

     

     

  3. Agora “Justiça”e”Imprensa” só dirão caixa dois. Adeus Mensalões
    Se pelo menos eles cumprirem com a obrigação de tocar os processos e fazer os julgamentos diminuirá o estrago da ação seletiva no poder judiciário.
    Podem tirar o cavalinho da chuva, temas contrários ás oposições só terão guarida na Internet.
    Triste constatar que tivemos mais um Engavetador Geral da República . A grande diferença é que esse cara operava em favor da Oposição (Dem´stenes, D

  4. Dem? Nahããão! Certeza?! Nahããããão!

    1) Sempre acreditei que caixa 2 é um fenômeno único e pioneiro do PT. Estou perplexo!

    2) Bater no Dem é bater em cachorro, digamos, moribundo.

    3) Não adiantou trocar de UDN para Arena, para PDS, para PFL, para DEM (“democratas”, assim como aquele “social democrata brasileiro”.

    4) Como os componentes continuarão vivos, qual será a próxima? Partido Popular Revolucionário Cristão? Ou dispersarão pelos PSóis, PPSs, PSBs e outros?

    5) Papuda nos papudos (né? … ou “aí então”, não?)

     

    1. Paudo,
      “Cachorro morto” não.

      Paudo,

      “Cachorro morto” não. Tanto que estava há 04 (QUATRO) anos engavetado no MPF. E isto não é pouca coisa. Somente mostra a força desse pessoal. E, não tenha dúvidas, mais gavetas se abrirão e se fecharão até caminhar para o arquivamento.

    2. Paudo,
      “Cachorro moribundo”

      Paudo,

      “Cachorro moribundo” não. Tanto que estava há 04 (QUATRO) anos engavetado no MPF. E isto não é pouca coisa. Somente mostra a força desse pessoal. E, não tenha dúvidas, mais gavetas se abrirão e se fecharão até caminhar para o arquivamento.

  5. DEM, o boi de piranha do PSDB

    DEM, o boi de piranha do PSDB

    No caso as piranhas são do Ministério Público Federal, se é que vocês me entendem.

    O certo é que isto aí dá assunto para uns dez meses no Ministério Público Federal, e, caso extremamente necessário, na Imprensa Golpista.

    Enquanto isto, o Esquema Político Assassino do PSDB de Minas Gerais (*), e o Esquema dos 40 bilhões do Trensalão do PSDB de São Paulo (**) viram pó e vão ou para baixo do tapete ou passear de helicóptero.

    ______________________________________

    (*) Mesmo acuado por busca e apreensão, advogado denuncia que morte de modelo tem ligação com mensalão tucano em Minas, no Viomundo, no endereço http://www.viomundo.com.br/denuncias/advogado-contesta-versao-oficial-e-diz-que-morte-de-modelo-tem-ligacao-com-mensalao-tucano-em-minas.html#comment-58182

    (**) Ou 3.2 bilhões de propina, considerada a taxa mínima citada no caso, de 8 por cento de corrupção do PSDB de São Paulo.

  6. A justificativa: ‘ os grampos


    A justificativa: ‘ os grampos por si só não provam nada’.

    Para o stf a condenação sai pela literatura jurídica. Provas não provam.

    1. Agripino fez caixa dois e

      Agripino fez caixa dois e enviou pacotes de dinheiro para comprar politicos…. Quando se trata da turminha PSDB-DEMO, isso eh uma bobagem para Justica Brasileira. Eles podem matar se tiverem vontade, andar com avioes car regados de cocaina…… Isso tudo nao eh crime quando se trata dos amigos dos togados.

      A nossa Justica estah ai eh para Ferrar o povo e quem se artreve a defende-lo.

  7. Aqui em Minas termina o ano

    Aqui em Minas termina o ano com a triste constatação do surgimento de mais dois “DESAPARECIDOS POLÍTICOS”.  O escândalo IMDC/FIEMG e o do Tráfico de Cocaína dos Perrelas. 

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