Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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A naturalização da mentira e as eleições ilegítimas, por Aldo Fornazieri

A naturalização da mentira e as eleições ilegítimas

por Aldo Fornazieri

As eleições presidenciais de 2018 vêm sendo marcadas por uma sucessão de episódios que as tornam cada vez mais ilegítimas. Todo esse processo tem origem no impeachment sem crime de responsabilidade, o que caracterizou o golpe parlamentar-judicial, fato que abriu  a porteira para uma sucessão de ilegalidades de juízes de primeira instância, do TRF4, do STJ, do TSE e, principalmente, do Supremo Tribunal Federal. Tudo termina – depois de uma série de relações causais, de cumplicidades criminosas de vários tribunais e juízes, de violações de leis e da Constituição – na imensa manipulação de eleitores, através de mentiras e falsas acusações, patrocinada pela campanha de Bolsonaro.

As ações manipuladoras do Sérgio Moro, numa sucessão de atos políticos para derrubar a presidente Dilma e prender Lula, estão em linha com a escandalosa farsa via redes sociais e Whatsapp, patrocinada pela campanha e pelos agentes bolsonaristas. Também estão em linha com esta campanha as ações do TRF4, cujo presidente, Carlos Eduardo Thompson Flores, é amigo íntimo do general Hamilton Mourão a ponto de participar de uma palestra do mesmo durante a campanha. Ilegítima foi a condenação de Lula sem provas, ilegítima foi a ratificação da condenação de Lula pelos três desembargadores do TRF4, ilegítima foi sua prisão, ilegítima foi a ação de Moro de impedir sua soltura determinada pelo desembargador Favreto, ilegítima foi a ação de Thompson Flores ao validar a ilegitimidade de Moro ao invés de remeter o caso para o colegiado do tribunal, ilegítima foi a decisão dos tribunais superiores ao não concederem habeas corpus a Lula, ilegítima foi a procrastinação de Carmen Lúcia ao não colocar em julgamento a questão da prisão após condenação em segunda instância e ilegítimas  foram as pressões de generais sobre os tribunais superiores nas vésperas de julgamentos envolvendo Lula.

Na tutela judicial-militar que vem se estabelecendo sobre as instituições políticas, sobre o Estado de Direito e sobre as liberdades e direitos individuais, os tribunais superiores vêm marcando sua conduta nesses episódios todos por ações definidas por dois tipos de caráter: covardia e cumplicidade. Por um lado, cedem às pressões dos generais e, por outro, são cúmplices adiantando-se até mesmo às pressões e sendo mais proativos no estabelecimento da exceção do que os próprios generais.

Não é um acaso histórico que as eleições presidenciais de 2018 estejam sendo marcadas e manchadas por uma imensa máquina de mentiras, de calúnias e de difamações contra os adversários do bolsonarismo. Esta farsa e sua cultura vieram sendo preparadas pelas ilegitimidades e pelas ilegalidades, pois estas são os punhais terríveis que, primeiro, assassinam a verdade, o respeito, a decência e a moralidade. Destruídas a verdade e a moralidade das leis e da Constituição, naturalizadas as ilegalidades e as ilegitimidades, depois, qualquer mentira prospera, pois o discernimento e a razão justos são igualmente destruídos pela racionalização da perversidade e da maldade. É da afirmação da validez do mal do que se está falando. Repita-se o que dissemos no último artigo: Nada de digno, nada de edificante, nada de justo surgirá sobre a montanha de mentiras, da falta de escrúpulos, da falta de moralidade erguida pela campanha de Bolsonaro.

Com a naturalização das mentiras perdeu-se o metro e o critério do justo e do verdadeiro. Com isto naturaliza-se também a incitação à violência, ao estupro, ao preconceito, à discriminação, ao racismo, à misoginia, ao machismo, à homofobia e ao golpe. Não existem mais as barreiras sociais e morais para que estas manifestações do mal se explicitem. Senhores e senhoras “do bem”, das elites, perderam qualquer escrúpulo em manifestar essas vocações perversas e pervertidas da conduta humana. Todos os demônios que estavam acorrentados nas almas de cada um por uma barreira moral e social se soltaram e a sociedade brasileira revela a sua verdadeira face: perversa, cruel, imoral, tirânica, violenta, assassina e desumana.

A banalidade da mentira precede e acompanha a banalidade do mal. O aparecimento da banalidade da mentira é o sintoma, o prelúdio, o anúncio do surgimento efetivo do fascismo. A banalidade da mentira é o primeiro ato do nascimento de um movimento fascista organizado que usará a violência sistemática para conquistar e/ou manter-se no poder.

Está mais do que documentado que os movimentos fascistas e nazistas que ascenderam ao poder, mesmo por eleições, usaram a mentira sistemática em sua propaganda para manipular e convencer as pessoas. A extrema-direita de hoje usa o mesmo expediente dos movimentos fascistas e nazistas originários. O que mudou são apenas os meios de propaganda. Também está documentado que o sucedâneo da mentira é o uso da violência sistemática e organizada. O que se vê hoje é a violência ainda dispersa, praticada pelos devotos do candidato e líder. Se tudo isto não for contido a tempo, amanhã, possivelmente com o domínio do poder, será fácil transformar o PSL num movimento fascista ou fazer surgir esse movimento à margem mesmo dos  partidos.

Também está solidamente documentado o fato de que as instituições judiciais e policiais foram omissas ou criminosamente cúmplices dos movimentos totalitários onde estes chegaram ao poder. Atos dessa omissão e dessa cumplicidades nós estamos assistindo nos últimos anos no Brasil. Agora mesmo se verá se o TSE será omisso ou criminosamente cúmplice desta montanha de mentiras, desta farsa em que a campanha de Bolsonaro transformou essas eleições via Whatsapp.

Com a naturalização da mentira e com a perda do metro e do critério do que é justo e verdadeiro as mentiras são mentiras e são transformadas em verdades. Quando o filho de Bolsonaro afirma que basta um soldado e um cabo para fechar o STF quer-se que isto não seja levado a sério, mas ao mesmo tempo é uma ameaça. Quanto Bolsonaro incentiva a violência, o estupro e o racismo é a mesma coisa: é brincadeira, mas é sério. É brincadeira para evitar a reprovação e a tipificação de crimes, mas é sério porque as palavras têm consequências, as palavras intimidam,  matam, estupram, discriminam.

E o povo? Por que o povo se deixa enganar e adere a propostas autoritárias? Existem várias explicações históricas, algumas de caráter geral, outras relacionadas a circunstâncias e conjunturas específicas de cada país, que evidenciam as razões para essa conduta dos povos. Não se trata aqui de analisá-las. Mas no caso específico da candidatura de Bolsonaro, apenas uma minoria age e adere a ela de forma consciente, sabendo que ele expressa uma perspectiva autoritária. Mas os eleitores em geral, como mostram as pesquisas, acreditam que Bolsonaro defende mais a democracia do que Haddad.

Em relação a esses eleitores, que de um ponto de vista progressista, são ingênuos, manipulados e enganados, existem explicações mais prosaicas acerca de sua adesão ao bolsonarismo. Parte deles aderem por quererem mudanças. Vêem em Bolsonaro uma encarnação mais efetiva de mudança do que em Haddad. Vêem no candidato do PSL alguém que está contra tudo o que está aí, um candidato anti-sistema. Identificam no sistema a causa das mazelas do Brasil e de sofrimento do povo.

A Filosofia Política também pode oferecer algumas explicações para a conduta desses eleitores manipulados. Tome-se as explicações de Maquiavel e de Shakespeare, que são coincidentes. Eles indicam que nos momentos de transição, de declínio de velhas lideranças e de ascensão de novas, o povo se fixa mais no presente e no que é novo do que no passado ou em algo que o represente. Os povos apreciam as frivolidades recém-nascidas ou  recém-chegadas. As pessoas vêem ouro onde há apenas um pó dourado e não conseguem ver o ouro verdadeiro sob o pó.

Ou tome-se Hegel: na opinião pública está a verdade e o erro infinito. Ela sabe o que é o verdadeiro bem, mas quando julga costuma aplicar golpes lamentáveis. Isto acontece porque o povo se engana e porque é enganado. Mas se existe um líder autêntico e que conta com a confiança do povo, basta que lhes diga onde está o critério da verdade e o povo o  perceberá. Lamentavelmente, neste momento, o único líder que pode fazer isto está preso e não pode falar.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 
Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

24 Comentários

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  1. O PT é culpado. Por que

    O PT é culpado. Por que Haddad não convocou a imprensa internacional e denunciou o crime e a cumplicidade acovardada da PGR, do TSE e da Mídia? Frouxo tem mesmo que se ferrar! 

    1. Simples assim, é….

      A imprensa internacional, tal qual a nacional, sabe perfeitamente o que esta acontecendo nas eleições brasileiras, assim como sabia o que acontecia na eleição americana. O jornal Le Monde de hoje diz que em sua chamada “Escândalo nas campanhas de candidtos brasileiros”. Viu bem o plural? Eles colocaram propositalmente Hadddad e Bolsonaro no mesmo patamar. A imprensa age em decorrência de seus interesses.

      1. Exatamente

        Outro exemplo de imprensa internacional burguesa altamente melíflua em relação às fraudes encadeadas que vêm reduzindo o Brasil a pó é o espanhol el país. Por exemplo, sua principal manchete de hoje sobre as eleições é: 

        ACM Neto: “Espero que um eventual Governo Bolsonaro seja de união nacional”

        Não é nenhum segredo o fato de que um dos segredos da dominação burguesa reside nas dissimulações empregadas para ocultar suas premissas e enaltacer os resultados de sua “democracia” insuspeitável.

        Chega de ilusões, o papel da imprensa burguesa sempre foi o de naturalizar as barbaridades que o capitalismo acarreta. No caso do fascismo não é diferente pois esse último recurso da burguesia é apenas um de seus filhos bastardos.  

         

  2. Finalmente um texto digno que
    Finalmente um texto digno que merecr exaltação ao professor Aldo
    Um texto onde o professor colocou todas as suas qualidades de sociólogo e deixou de lado qualquer mágoa mesquinha que porventura venha a existir.
    Minha única ressalva,embora não mude a perfeição da análise,está em não caracterizar todos os sujeitos envolvidos como meros instrumentos da mão invisível do golpe.
    Mesmo assim. Um post impecável, digno de compartilhamento por todos que defendem a democracia e sua história.

    1. Os últimos serão?
      Serão atrasados…
      Para quem defendia Ayres Britto como solução pacificadora pela eleição indireta a presidente…
      Será coragem tardia ou oportunismo?
      Ops mas não têm diferença entre essas duas hipóteses. Desculpe o sofisma.

        1. Telegramas do fim do mundo
          Olha… que alívio.

          Como dizia o velho Brizola, quando quiseres uma orientação sobre qual posicionamento adotar olhe a Globo… se ela é a favor somos contra…
          Parecido com seu caso. Se me críticas tenho certeza… estou no caminho correto!

          Grato.

  3. A naturalização da mentira e as eleições ilegítimas

    -> Lamentavelmente, neste momento, o único líder que pode fazer isto está preso e não pode falar.

    a Esquerda, de um modo geral, tem horror à crítica. mas não só a Esquerda, a maioria das pessoas é assim. pois de trata de um modo de viver.

    uma postura acrítica é a principal arma do Capitalismo para permanecermos dóceis e úteis.

    o horror à critica experimentado por nós não passa da introjeção do horror à critica próprio do Capital, pois o Capitalismo é disfuncional intrinsecamente e sua autocrítica seria também o seu fim.

    nenhum processo se sustenta senão baseado em ciclos continuados de planejamento, execução e avaliação.

    a interdição da crítica é uma das mais fortes características do Lulismo, como é comum em todo movimento político autoritário, personalista e despolitizador das massas.

    antes era justificada sob o argumento que toda e qualquer crítica ao “nosso governo” era fazer “o jogo da Direita”. e agora, por “fortalecer o fascismo”.

    para o Lulismo a crítica nunca é aqui e agora .

    em algum momento, espero que não seja sob os horrores da tortura, a Esquerda vai ter que fazer seu acerto de contas com o Lulismo.

    algo precisa ser encarado:

    – não chegamos a este ponto atual única e exclusivamente por conta do Lulismo, mas, com toda certeza, chegamos a este ponto do modo como chegamos por conta não apenas do Lulismo, como principalmente pela pusilanimidade frente ao Lulismo;

    – ao menos desde 1989, Lula não faz parte da solução, e sim do problema;

    – não se derrota o fascismo com eleições. o fascismo só pode ser combatido enquanto “a forma mais nua, mais cínica, mais opressora e mais mentirosa do Capitalismo”.

    qual a pior bolha: a BolsoNazi ou a Lulista?

    .

    1. Telegramas do fim do mundo
      Caro amigo…
      Alguns reparos:
      Assim como é pouco útil debater o varguismo, o brizolismo, ou o coisismo atual, também o é debater o lulismo… não se debate fé… fé ou se tem ou não!
      É preciso antes entender que a falsa tentativa de capturar todas as nuanças de um processo histórico que tem a frente um personagem específico e carismático é mais obra daqueles que querem nos privar de uma correta compreensão dos fatos…
      Sim… o lulismo como engrenagem da ilusão de que é possível conjugar democracia e capitalismo tem sua parcela de culpa… mas quem não a terá?
      O problema não foi (só ) do conformismo disseminado pela crença de que o consumo nos resumiria e redimiria…
      A questão central é não entender que esses movimentos carismáticos como ação política devem obedecer a sua historicidade… deixando a transcendência para os momentos de catarse coletiva necessários a coesão política de tais movimentos… tal e qual precisamos agora é não temos.. justamente porque Lula, nem ele, entendeu a dimensão e tamanho de sua figura e se entregou antes.
      Olhe só a pobreza conceitual que grassa por aqui faz tempos… e como já dissemos esse é o melhor lugar, senão o único, para quem deseja um debate.
      Na verdade, hoje precisamos de alguém com o capital político e a visão diferenciada do Lula e a certa dose de “insanidade” Brizola em 61.
      Não temos.
      O que temos de mais revolucionário nessa campanha é o coiso ameaçando a Globo de ficar sem verba publicitária e o menino coiso ameaçando fechar o stf.

      1. A naturalização da mentira e as eleições ilegítimas

        -> Na verdade, hoje precisamos de alguém com o capital político e a visão diferenciada do Lula e a certa dose de “insanidade” Brizola em 61.

        -> justamente porque Lula, nem ele, entendeu a dimensão e tamanho de sua figura e se entregou antes.

        -> O que temos de mais revolucionário nessa campanha é o coiso ameaçando a Globo de ficar sem verba publicitária e o menino coiso ameaçando fechar o stf.

        -> e como já dissemos esse é o melhor lugar, senão o único, para quem deseja um debate.
        -> Não temos.

        compreendo e concordo em grande parte. dá um excelente papo. o mais importante, do meu ponto de vista, é compreender o porque “não temos”.

        o “não temos” tem várias causas, inclusive a especificidade de nossas circunstâncias históricas. mas se não as escolhemos, tampouco a elas devemos nos resignar.

        acompanho um tanto desesperadamente o desespero das pessoas nesta reta final de campanha. mais do que desespero, a verdade é que estamos sendo humilhados.

        e não podia ser diferente, após décadas de interdição do debate crítico. inclusive aqui neste Blog.

        pois neste Blog há censura. nada com críticas a Haddad ganha destaque.

        sabe como é, somos contra a censura. mas só a dos outros, quando somos nós quem a praticamos, temos todas a razões e verdades do mundo para justificá-la.

        postei neste Blog entre 2006 e 2009. outro período extremamente decisivo para a Esquerda no Brasil. já então qualquer crítica era desqualificada por “fazer o jogo da Direita” e como “radicalismo”.

        a quantidade de asneiras que aqui se postou (tenho arquivado) sobre a Crise de 2008 e a pré-candidatura Dilma foram de enlouquecer.

        uma crise estrutural da acumulação capitalista foi transformada em mera marolinha, para obedecer ao discurso do grande líder salvador, agora encarcerado sem opor resistência.

        Dilma era a gerentona que sabia de tudo, conhecia o Brasil melhor do que ninguém, tinha todas as soluções para todos os problemas. foi chutada para fora do governo, também sem opor resistência, para depois ser escorraçada nas urnas, junto com seu homem de confiança Pimentécio.

        ou seja, se merecemos o desespero e a humilhação, cabe indagar: também merecemos a tortura?

        .

    2. Olá arkx, Lula não é e nunca

      Olá arkx, Lula não é e nunca foi revolucionário. É um homem do povo, simples, que conseguiu chegar à presidência da república. O capitalismo não facilita um revolucionário tornar-se presidente. E mesmo aquele que deseja um pouco menos de injustiça para seu povo pode ser enjaulado e silenciado. Agora era a hora, mas dá para enfrentar um exército de ocupação ?. Na minha humilde opinião, a única  semente revolucionária  que o PT poderia plantar seria  no sistema educacional, mas, por muito menos que isso, houve o golpe, que tem um componente geopolítico do tamanho do império.  Acho que seria mais justo se você indicasse caminhos a seguir, nesse momento em que brechas se abrem no sistema.

      1. A naturalização da mentira e as eleições ilegítimas

        -> Acho que seria mais justo se você indicasse caminhos a seguir, nesse momento em que brechas se abrem no sistema.

        em absolutamente tudo o que já postei aqui neste Blog (e não foi pouco) estão claras as propostas e caminhos a seguir.

        como por exemplo no comentário que vc retrucou, está colocada a pedra fundamental e marco inicial do caminho a seguir: nunca abrir mão do pensamento e da postura crítica.

        só existe Esquerda onde existe crítica!

        geralmente a mais insidiosa interdição da crítica vem com o questionamento: “- Mas o que você propõe?”

        a maior parte das pessoas sequer se dão conta do que fazem de fato com este tipo de questionamento. apenas repetem algo que se tornou hegemônico: não se pode criticar o próprio campo!

        mas é justamente ao contrário!

        denúncias e críticas aos nossos inimigos são inócuas, eles não vão mudar por causa disto!

        só podemos mudar a nós mesmos e ao nosso campo.

        aos nossos inimigos, devemos conhecê-los, aos seus objetivos, suas estratégias e táticas, para melhor combatê-lo – mas não com críticas e denúncias, e sim com ações.

        e a nós mesmos e ao nosso campo, cabe uma constante e impiedosa autocrítica. sem ela não temos autoconhecimento e autotransformação – continuaremos condenados a repetir os mesmo erros.

        .

        1. Oi arkx. Não discordei de sua

          Oi arkx. Não discordei de sua crítica à falta de auto-crítica do PT. Quando proponho a indicação de novos caminhos, é exatamente em relação a alternativas àquelas adotadas pelo PT. No lugar do PT, que medidas você teria implementado que poderiam resultar em mais justiça social e, ao mesmo tempo, impedir um golpe de estado ? 

          1. A naturalização da mentira e as eleições ilegítimas

            -> No lugar do PT, que medidas você teria implementado que poderiam resultar em mais justiça social e, ao mesmo tempo, impedir um golpe de estado ?

            finalmente, até José Dirceu voltou a reconhecer o principal fundamento da criação do PT:

            “- Hoje eu me arrependo, porque o Frei Betto queria criar os Conselhos do Fome Zero. Aí começou aquela discussão que a direita e a esquerda adoram “mas e a Câmara Municipal? E o Poder Legislativo? … Podíamos ter hoje 10 ou 20 mil conselhos … Não teria acontecido o que aconteceu.”

            só com a retomada imediata deste processo massivo de organização popular autônoma pela base, nos locais de moradia, trabalho e convivência (o que inclui a web) seremos capazes de derrotar o Golpe de 2016, e os demais golpes que sobre nós venham a se abater.

            outra coisa:

            de nada adianta querer ficar fazendo a cabeça do povão, como se fôssemos missionários catequistas evangelizando pagãos para convertê-los em militantes organizados.

            nenhuma base social jamais ganhou consciência por causa de belos discursos, mesmo com as mais sólidas argumentações e as mais exortativas palavras de ordem.

            é em seu processo de auto-organização, na luta por melhores condições de vida, que a sociedade transforma a si mesma.

            cabe a vanguarda ser catalisadora deste processo, sempre se colocando a serviço dele. pois nele a consciência política dá saltos gigantescos!

            assim, não há nenhum “povo” a conscientizar. quem gera consciência é a luta. é na luta que se estabelecem outras relações sociais. portanto é a luta quem cria o seu Povo.

            exemplo:

            por que diabos o povão deveria defender a Petrobrás e o pré-sal?

            qual o benefício tangível e imediato que o povão experimenta como vindos da Petrobrás? o preço do gás de cozinha? uma passagem mais barata de transporte coletivo por conta do preço do diesel?

            se o petróleo é nosso, no que nos beneficia enquanto coletividade?

            todo este debate político ficou interditado ao também se interditar a crítica.

            .

          2. Então, arkx, o arrependimento

            Então, arkx, o arrependimento do José Dirceu não é parte desse processo que você mencionou ? Se o PT tivesse partido para a concretização daquela idéia, a plutocracia não teria reagido antes ?  Não sabemos. O que quero dizer, é que o PT iniciou um processo de luta, com todos os erros e acertos,  não podemos descartar e desprezar o que foi feito.

  4. Falta de conhecimento não é

    Falta de conhecimento não é burrice. Burrice é a incapacidade de aprender. O povo é burro. Quase elegeu um elemento de alta periculosidade em 2014 e está quase elegendo um fascistão bronco em 2018. A esquerda precisa deixar de lado esta visão romantizada de que o povo tem sabedoria. É como acreditar que velhice seja sinônimo de sabedoria. É nada! O que não falta é velho burro pelo mundo, que viveu uma vida inteira e não aprendeu nada.

  5. Menos, Professor.
    O texto exagera na inocência. Acreditar que ainda há tempo para reverter um processo fraudado, já consolidado, é demonstração de falta de noção do momento.
    Sim, e o Lula como vítima e solução também é falta de conexão com o momento histórico recente. O STF covarde e golpista de hoje é fruto do trabalho do Lula e da Dilma. O resto nem precisa falar.

    1. Justiniano lê coisas estranhas.

      Em nenhum momento o texto afirma que ainda há tempo para reverter um processo fraudado. Agora, além das fake news se tem as fake leituras.

      1. ->
        “Agora mesmo se verá se o TSE será omisso ou criminosamente cúmplice desta montanha de mentiras, desta farsa em que a campanha de Bolsonaro transformou essas eleições via Whatsapp.”

  6. Bolsonaro é o Chaves brasileiro

    Essa triste ironia paradoxa mas ficticia, gastando o verbaculo, Bolsonaro eh o Chaves brasileiro a caminho da jornada venezuelana, Chaves também militar ganhou as eleicoes venezuelanas e apoiado pelo exercito governou por varios anos e elegeu Maduro também apoiado pelo exercito, o que que dizer, Bolsonaro vai pisar na Constituição apoiado pelo exercito, se precisar, fecha o congresso e STF, e começa a ditadura bolsonarista, por muitos anos, até o exercito cansar do governo.

  7. “A plateia aplaude e pede bis”

    Porfessor Aldo, na minha leitura estamos nos Pos-golpe. Golpe esse, sempre bom não esquecer, foi dado com a PF, com a PGR e MP, com Câmara, com o Senado, com a Globo, com o Estadão, com a Folha, com Sergio Moro e TRF-4, com o Supremo, com tudo ! E nesse pos-golpe é tempo de pos-verdade também. Tudo o que tentamos falar, demonstrar é atacado com mais e mais mentiras que são automaticamente sustentadas por muitos desses que participaram do golpe e que esperam agora pelo governo do bozo tosco e truculento, pois sabem que é o generalato quem vai governar e estão batendo palmas para isso tudo. 

  8. Existe uma outra

    Existe uma outra “naturalização”, que não tenho como mensurar, mas da qual sou testemunha em meu pequeno microcosmo baiano, no Engenho Velho de Brotas.

    Há alguns anos atrás mostrei, no youtube, um depoimento de uma advogada, a respeito de Aurora Maria Nascimento Furtado, militante esquerdista morta durante a ditadura militar.

    Tomei conhecimento de sua história há muitos anos atrás, quando devorava livros sobre os anos de chumbo, que foram editados em profusão após a abertura do general Figueiredo.

    O destino triste dessa moça, e o intenso sofrimento a que foi submetida, ficaram marcados na minha memória, até hoje.

    A pessoa a quem mostrei o depoimento da advogada, que relata o estado em que o corpo de Aurora Maria ficou após a tortura, era branco, instruído, de classe média. Pai de família, casado, com um bom emprego, que mantém até hoje. Um tipo que, há alguns anos atrás, seria chamado de “um boa praça”.

    Ao final do depoimento, ele perguntou: – Mas ela era comunista?

    Confirmei que era.

    E, sem traço de maldade ou qualquer tipo de perversão na voz, ele completou: – Ela devia ter pensado nisso, antes de se envolver com essas coisas.

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