A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.

Por Motta Araujo

O PAPEL DE JOSÉ DIRCEU ENTRE O BRASIL, WASHINGTON E WALL STREET – Livro – 18 DIAS – por Mathias Spektor, Editora Objetiva, 285 páginas

Livro a ser lançado pelo professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas Mathias Spektor, relata o crucial período da transição dos Governos FHC e Lula, entre 2002 e 2003 e como foram pavimentadas as relações entre Washington e Brasília para garantir ao Brasil, com mercados em pânico, a solvência do Real naquele momento dependente de um aval de credibilidade internacional vista com suspeita pela ascensão de um Presidente de esquerda. O Real era uma moeda criada pela direita neoliberal, o que seria do Real com Lula? Washinton, aí incluindo a Casa Branca, o Departamento de Estado, o Partido Republicano e o FMI queriam saber.

Spektor traça um quadro dos bastidores dos reconhecimentos e tratativas entre os Governo Lula, ainda a tomar posse e o Governo Bush, um curioso movimento entre dois governos antípodas ideológicos mas que se entenderam por razões egoístas de cada lado e pela boa história contada pelos artífices dessa aliança necessária.

Papel central nessas demarches foi do então presidente do PT, José Dirceu, que de tal forma deu conta desse papel que passou a ser o “maestro” das relações entre o Brasil e os Estados Unidos até mesmo depois de sua queda em 2005, interlocutor maior do PT com os EUA, onde tinha o codinome de “Cardinal”, por conta do Cardeal Richelieu.

Mathias Spektor traça minuciosamente os caminhos, as impressões mútuas, a intersecção entre governo e mercados que ao fim do dia consolidaram a força do Real, fazendo a cotação recuar de 4 Reais por dólar para a metade, medindo o barômetro de confiança na solidez institucional do novo governo antes visto como suspeito.

O desenho das relações internacionais do Brasil estava dado a partir desses dias cruciais: as relações Brasil-EUA passaram a ter como interlocutor privilegiado o então Ministro da Casa Civil José Dirceu, as relações com a América Latina com o Assessor Internacional da Presidência, prof. Marco Aurélio Garcia, as relações com Europa e Ásia com o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e as relações com a África com o Presidente Lula.

Esse desenho que rompe todos os organogramas sempre foi comum nas relações internacionais, depende de circunstâncias especiais que a dinâmica da política fixa, no Governo Roosevelt as relações com o Brasil estavam nas mãos de Nelson Rockefeller, chefe do Escritório de Assuntos Pan Americanos, que não fazia parte do Departamento de Estado, mas Roosevelt achava o Brasil o país-chave da América Latina e passou por cima da diplomacia oficial para ter um pessoa de grande estatura e de sua confiança para operar o canal Washington-Rio de Janeiro no período decisivo da guerra. No próprio Brasil, a engrenagem operacional em certas relações especiais com capitais como Caracas, La Paz, Quito, Assunção não passa “para valer” pela Chancelaria e sim pelo gabinete palaciano do Prof. Garcia, o que é tambem um arranjo atípico tolerado pelo Itamaraty, o Assessor não é só assessor, é também operador diplomático do mais alto nível, que falava com Chávez sem esperar na ante-sala.

No lado de Washington o interlocutor de José Dirceu era Otto Reich, do grupo íntimo do Presidente Bush Jr., desde do tempo de Bush pai quando Otto era um dos principais operadores da então Presidência George Bush, foi escudeiro do então Presidente na famosa operação Irã-Contras. Nesses dias da virada 2002-2003, Reich era o Subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, que englobava a América Latina e o Canadá, com acesso direto a Bush e não tinha dificuldade de interlocução com Dirceu, Reich é cubano de nascimento e sua língua materna é o espanhol.

Em julho de 2005, já depois de sua queda da Casa Civil, a então Secretaria de Estado Condolezza Rice esteve em Brasília em viagem oficial, na manhã do dia de sua chegada pediu para almoçar com Dirceu que estava em Caracas. O ex-Ministro conseguiu voar no mesmo dia para Brasília a tempo de almoçar com Condolezza antes dos compromissos oficiais da Secretaria de Estado, uma demonstração da enorme credibilidade do ex-Ministro.

Hoje, surpreendentemente, O GLOBO e  FOLHA DE S.PAULO dedicam grande espaço ao livro de Mathias Spektor, que a meu ver dá uma ênfase exagerada ao papel de FHC em Washington para facilitar a transição para Lula.

Os Republicanos da Presidência Bush Jr. nunca tiveram intimidade com os tucanos. Esse grupo de neocons tem horror a intelectuais de esquerda na política, espécie da qual FHC é um expoente. Os tucanos sempre tiveram boa ligação com os Democratas, que são afins ideologicamente com os tucanos mas nunca com os Republicanos.

Reich depois de ter completas informações sobre o perfil de Lula vendeu ao Presidente Bush um personagem que é parte do sonho americano, o “self made man”, o homem sem herança que veio de baixo e venceu na vida, algo não só completamente palatável aos americanos mas, mais do que isso, um ídolo que representa o ideal  americano.

Reich, provavelmente o diplomata mais odiado por Fidel Castro e pelo finado Hugo Chávez (Reich era Embaixador em Caracas quando Chávez assumiu o poder) atestou a Bush Jr. que Lula nunca foi comunista, não era um político com ideologia na alma e sim um líder das classes mais pobres que visava melhorar a vida de seus eleitores sem desmontar o sistema de economia de mercado, o Subsecretário sendo latino deu aval ideológico ao novo Presidente do Brasil.

Então esse inflar do papel de FHC me parece excessivo no livro de Spektor, FHC era amigo intímo de Bill Clinton, poucas pessoas eram mais detestadas pelo círculo de Bush Jr, do que Clinton, FHC amigo de Clinton não seria o melhor padrinho de Lula perante os Republicanos, o livro escorrega nesse ponto, respeite-se o autor, mas minha opinião é diferente nesse ponto, escolher FHC como patrono não ajudaria muito na corte de Bush Jr.

Trata-se, porém, de obra importante e cobre um periodo pouco conhecido da nossa história recente, ainda não disponível nos arquivos oficiais, mesmo porque foram em grande parte ações de bastidores, o PT ainda não estava no poder e os americanos costumam ter cuidado para não se enredar em políticas internas em outros países.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=42271330

http://oglobo.globo.com/brasil/lula-fh-cooperaram-para-mudar-visao-ameri…

Redação

49 Comentários

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  1. Com algum esforço e

    Com algum esforço e colaboração  do PIG, a história  do  PT,de Lula  e José Dirceu,corre o risco de se tornar  mero rodapé nas publicações  vindouras. José Dirceu ,foi o mais temido  depois de Lula, seria seu  sucessor  natural e bem mais cerebral. Reeleição,continuidade,consolidação, é o trinômio que ainda causam  calafrios à oposição,seja ela  o matiz  que tenha. Basta recordar que os   serviços  prestados por  Carlinhos  Cachoeira tentando atingir  J C,através  da filmagem  do  seu assessor, Valdomiro Diniz,em situação comrpometedora, em seguida o non-sense  arranjado  das CPI dos Correios,prelúdio do “Mensalão”. Por esse “conjunto de obras”,avalia-se  a importância  de José Dirceu no projeto  de estruturação e permanência do Partido dos trabalhadores no poder.

  2. Vamos à origem de tudo.
    O PT

    Vamos à origem de tudo.

    O PT foi contra tudo:

    Não assinou a Constituição de 88.

    Foi contra o Plano Real.

    Foi contra a Reforma da Previdência.

    Foi contra a Responsabilidade Fiscal.

    Se cumprisse o que pregava o Brasil seria uma nova Argentina ou Venezuela ou pior ainda.

    Ao assumir, felizmente, o discurso incendiário foi abandonado sob risco de arrebentar o País.

    O dolar foi a R$ 4,00 e o risco explodiu pela bomba relógio que o discurso petista despertava.

    O resto é tentativa de reescrever as história mentinod sem parar e aida, de quebra, tentado dar a Dirceu uma importância como fiador que ele nunca teve.

     

     

     

     

    1. Senta lá, claudia.

      Deve ser por isso que a classe média hoje continua nao podendo nem comprar um carro, como na era fhc. 

       

      nao tem FIES, nao tem PROUNI, nao tem PRONATEC, pra saude nao tem SAMU, PSF. 

       

      realmente fica dificil.

      1. De fato não tinha nada disto

        De fato não tinha nada disto noa governos FHC  e os tubarões da rede privada e sistema SS estavam morrendo de fome

      1. Blog infestado de coxinhas contaminadas

        Salvo melhor juízo, coxinhas dormidas e contaminadas meu caro Troll, do tipo coxinha de 2a feira em bar da Central do Brasil.

    2. Olha o tolo mentiroso na

      Olha o tolo mentiroso na área.

      O PT nunca é contra por ser contra. É um partido com propostas e tudo que vc diz é mentira, pois o PT tinha propostas alternativas para cada uma destas agendas. Ao contrário de vc, que não tem idéias próprias e repete este discurso do século passado que não convence mais ninguem.

      Além do mais, o PSDB quebrou a Previdência, seus políticos não respeitam a responsabilidade fiscal (vide MG e PR) e suas gestões arrebentam o Estado (FMI 3 vezes, USP quebrada, P-56 no fundo do mar, apagão, Metrô que não anda, seca na paulicéia, campeão nacional de ficha sujas…). Então, tolinho, suas convicções são meras inverdades, sua defesa é de papel jornal, e suas frases meros repetecos da imprensa golpista.

      1. Realmente, o PT tinha uma

        Realmente, o PT tinha uma proposta. Em 2000, Zé Dirceu defendeu publicamente a moratória da dívida externa. E ainda se perguntam porque o mercado desconfiava do PT na presidência…

    3. A importância de José Dirceu

      A importância de José Dirceu é a que vc está vendo aí… Qtos brasileiros vc conhece com a capacidade se sair de uma trama que envolveu até a Suprema Corte de Justiça, de cabeça em pé? E, pior que isso, derrubando o presidente dessa mesma Corte e com o país inteiro assistindo a derrocada de todos os envolvidos na farsa? Veja aí a qtas anda a TV Globo e perceba tb o MP tentando marketar-se 24h por dia, pelas redes sociais. Aliás, são esses mesmos grupos que trabalham para fazer no Brasil o que fizeram na Argentina e na Venezuela, caso suas ordens não sejam acatadas. Nenhum país do mundo pode se dar ao luxo de abrir mão de um José Dirceu e/ou um Marco Aurélio Garcia. São e sempre foram os melhores quadros do PT.

  3. Ato falho?(!)

    “…e os americanos costumam ter cuidado para não se enredar em políticas internas em outros países.”

     

    é pra rir, né?

    1. Não é para rir, se um

      Não é para rir, se um candidato como Aecio ou Campos quiser ser recebido por uma autoridade em Washington será bem dificil porque são candidatos em eleições presidenciais, há uma regra que não permite ao governo americano por seus ocupantes tomar partido em eleições em terceiros paises.   Não confunda realidade com lendas da esquerda.

      1. Mais de 400 tentativas de

        Mais de 400 tentativas de assassinato de Fidel Castro

        Cinco Bilhões de  dólares para financiar a “Democracia” na Ucrânia

        Patrocionio na tentativa de Golpe de Hugo Chaves

        Espionagem de presidentes de paises considerados “aliados”

        Snowden revelando ao mundo aspectos secretos da NSA

        E por fim a maior lenda de todas:

        Invasão do Iraque para tomar conta do petroleo

         

        Eu adora lendas, ainda mais nessa época de festas Juninas.

      2. Parece que também há uma

        Parece que também há uma regra de que os EUA não podem conceder auxílio financeiro para ditaduras(o Egito, por exemplo), nem auxiliar golpes de Estado contra Democracias.

        Ou é só lenda da direita?

    2. Ato falho?(!) II

      Boa tarde.

      Caro Gil Teixeira.

      “…e os americanos costumam ter cuidado para não se enredar em políticas internas em outros países.”.

      Os estadunidenses (se o autor me diz ‘americanos’, passo a entender que podem ser mexicanos, panamenhos, costarriquenhos, etc.) têm, realmente, muito cuidado “…para não se enredar em políticas internas em outros países.”… De forma ostensiva. Entenda este detalhe. Os estadunidenses só não são os reis da conspiração porque perdem para seus ascendentes, os escroques ingleses.

       

    3. De fato, esta de que os

      De fato, esta de que os (norte-)americanos têm todo cuidado para não se meter na política interna de outros países foi de arder os olhos. É cada uma que somos obrigados a ouvir e a ler. Qual país do planeta Terra já não sofreu algum tipo de intervenção dos EUA? Financiam golpes, patrocinam mídias, provocam invasões militares, divisões internas, destruição em massa, etc., etc. Não têm o menor respeito pelas culturas de outros povos. Aliás, não respeitam nem mesmo seu próprio povo, já que estamos falando de EUA enquanto poder político e militar e econômico dominado por alguns poucos grupos de rapina.

  4. Só tem uma pessoa que tem que

    Só tem uma pessoa que tem que ter FHC como padrinho, o Aécio. Pra enterrar de vez a candidatura desse playboy.

  5. A insignificancia dos detratores.

    Com o tempo a história faz a justiça, ainda que, muitas vezes, tardiamente. O tamanho de ZD é incomparável com o tamanho de seus detratores… é só olhar e ver!

  6. Bush: A influência evangélica na política dos USA

    A influência evangélica na política dos USA

    26/06/2014

    A influência evangélica na política dos USA
    Ricardo Gondim

    Isabel e Fernando receberam do papa Alexandre VI o título de Los Reyes Católicos em 1494. Os soberanos espanhóis eram, de fato, profundamente religiosos. Os dois demonstravam ao mundo que viviam uma piedade pessoal admirável. O historiador Will Durant conta que em 1492, Isabel escolheu o cardeal Ximenes como confessor pessoal. Devido a proximidade que Ximenes dizia ter com Deus e com a rainha, ele se tornou tão importante e poderoso quanto o próprio rei. O cardeal pertencia a uma das mais severas ordens monásticas espanholas – os Franciscanos Observantes. Ascético, dormia no chão ou em tábua dura, jejuava frequentemente, flagelava-se e vestia uma bata de pelo de crina sobre a pele. Nenhuma dessas observâncias religiosas ajudou Ximenes a tornar-se um homem compassivo.

    No reinado de Fernando e Isabel a Inquisição ganhou espaço. Na intolerância espanhola, milhões sofreram. Judeus, mouros, hereges – ou qualquer pessoa mal querida – podiam ser indiciados nos autos inquisitórios. Na Inquisição, não havia defesa. Uma vez indiciado, a pessoa já estava condenada. Ou morriam no torniquete, na fogueira ou abandonados nas masmorras imundas.

    Os dois monarcas patrocinaram os Conquistadores que, sob o pretexto de levarem salvação saquearam a América. Quando os Conquistadores chegaram às nações do que se conhece hoje como América Latina, prometiam libertação. Fé no Deus verdadeiro abria o caminho para a salvação. Sob o pretexto de evangelizar, queriam ouro. E nessa voracidade, trucidaram e espoliaram. Dizimaram culturas milenares. Rapinaram uma prata limpa e deixaram o legado de uma cruz suja. Depois de séculos, quando se reviu a história, Isabel, a católica, foi responsável por mais horrores em nome da fé, do que Nero em nome dos vícios. Não sobrou nenhum bem espiritual da Inquisição, apenas vergonha. As incursões espanholas na América se desdobram em miséria mesmo depois de tantos anos.

    Durante os anos de George W. Bush, a revista Newsweek publicou matéria de capa sobre a fé do presidente. O mundo tomou conhecimento dos conteúdos de sua devoção pessoal como crente nascido de novo. Bush frequentava grupos de oração e afirmava orar todos os dias. O mundo laico ficou estarrecido: para cada decisão, ele reunia uma pequena célula de oração e pedia que Deus o orientasse.

    Criticou-se a influência de Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Condoleezza Rice, Colin Powel e Paul Wolfwitz na política externa. Falou-se do poder que os militaristas do Pentágono exerceram sobre a Casa Branca. Especulou-se sobre a influência da cultura do Texas – sempre cowboy – nos momentos em que Bush definia doutrina geo-política para o mundo. Alguns acusaram, dizendo que a família Bush tinha interesses bilionários com petróleo.

    Todavia, uma dimensão exige maior reflexão. Até que ponto a mentalidade evangélica influenciou Bush? Alguns anos depois, é preciso refletir sobre os desdobramentos dessa influência no Oriente Médio e no futuro da humanidade. Nenhum estadista advogaria uma guerra pelo simples desejo de invadir e matar. Como grupos de oração se formaram também no Congresso e no Pentágono, o fator religiosos tem que ser levado em conta. O preconceito contra muçulmanos, tratados como os responsáveis pelo eixo do mal, certamente vazou dos grupos religiosos para o presidente. Na véspera da invasão do Iraque, Bush se valeu de uma linguagem claramente religiosa para justificar a decisão: o bem contra o mal; quem não é por nós é contra nós, etc. A partir dessas frases, pastores, evangelistas e teólogos se revezaram em afirmar que a Bíblia chancela guerras justas. O Iraque foi bombardeado, milhares morreram, o povo americano gastou trilhões de dólares e a região se complica com o passar do tempo. É preciso entender a mentalidade evangélica para perceber o aval religioso que Bush e os falcões militares receberam para uma aventura bélica desastrada e sanguinária.

    1. O mundo islâmico como obstáculo.

    Por anos a comunidade evangélica enxergava no comunismo o inimigo a ser destruído. Eu ouvi inúmeros sermões sugerindo que o Anticristo viria de algum país marxista. A dificuldade de enviar missionários para o que se tratava como Cortina de Ferro era o maior desafio dos crentes. Quando o muro de Berlin caiu em 1989, muito da mobilização esvaziou. Para estrategistas missionários, restou um último obstáculo: o islamismo parecia inexpugnável. Como abrir uma brecha na hermética cultura árabe, nas práticas radicais do Islam? Ora, ora, a propaganda de guerra prometia um Iraque livre e democrático. Não é preciso muito exercício de imaginação para ver os olhos das lideranças evangélicas brilhando. Chegaremos, seremos recebidos como libertadores, podemos ganhar milhares de pessoas para Cristo; juntos conseguiremos minar o último obstáculo que impede a evangelização do  mundo. Imagino o frisson: que missão chegará junto com as tropas? No competitivo mercado religioso importa despontar como líder. Quem vai tirar as primeiras fotos de enorme cruzada evangelística? Sonhamos com milhares de iraquianos de mãos levantadas, atendendo ao apelo de salvação.  O padrão religioso se repetiu nos Estados Unidos, da mesma maneira que na América Latina. Muitas igrejas e líderes ficaram calados quando outros denunciavam tortura e assassinato nas ditaduras. A justificativa dos crentes brasileiros foi a mesma dos americanos: os militares combatem o comunismo e nos dão ampla liberdade para pregar o evangelho.

    2. Demonologia territorial

    Alguns escritores se notabilizaram nos Estados Unidos com uma teologia bizarra: demônios dominam continentes, países, cidades e até bairros – acreditam existirem príncipes satânicos governando sobre determinados hemisférios. Crêem, inclusive, que essas entidades retardam as ações históricas de Deus. Obviamente tais potestades precisam ser destronadas. Nas últimas décadas do século XX, conferências aconteceram ao redor do mundo alertando para o que chamavam Janela 10×40. Missiólogos identificaram entre latitude 10 e longitude 40 do mapa do mundo, as menores percentagens de cristãos. Repetiram até cansar que esses buracos com poucos cristãos eram devido à opressão de algum anjo demoníaco responsável pelo islamismo.  Ora, se conseguirmos ‘desdemonizar’ a Mesopotâmia, berço da civilização babilônica, escancaramos o que bloqueava a evangelização de todo aquele pedaço de mundo”.

    Bush pode não deve ter lido Este Mundo Tenebroso de Frank Perreti (ele não é chegado a livros). Perreti escreveu a ficção para divulgar uma visão de mundo maniqueísta. O livro permaneceu na lista dos best-sellers por quase toda a década de 80. Os mentores espirituais de Bush leram o livro com certeza. A linguagem de Bush preocupou por repetir o mesmo maniqueísmo de Perreti que reduz o mundo a bem versus mal, certos e errados e bons e maus. Bush então se apropriou das palavras de Jesus – quem não é por mim é contra mim – para legitimar sua doutrina belicosa. O texano cometeu o crime de militarizar o discurso de Jesus que pregou: Bem-aventurados os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus. No discurso na Academia Militar de West Point, Bush afirmou: Estamos em um conflito entre o bem e o mal, e a América chamará o mal por seu nome.

    Na noite do dia 17 de março de 2003, no ultimato a Saddam Hussein, Bush o tratou como lawless man, (literalmente o sem-lei), expressão retirada na Bíblia de King James em que Paulo repreende os falsos mestres. A indevida apropriação do linguajar religioso para justificar ações políticas e militares é perigosíssima. Tiranos se consideraram ungidos por Deus e em nome dessa unção cometeram atrocidades. No discurso no congresso sobre o Estado da União em 29 de janeiro de 2003, Bush propositalmente modificou a estrofe de um hino evangélico para enaltecer o destino manifesto: Há poder força e vigor, na bondade, idealismo e fé do povo americano – a versão original do hino afirma que poder e vigor estão no sangue de Jesus. Com certeza a comunidade evangélica se sentiu envaidecida. O presidente recheava os discursos com versículos bíblicos e dizia orar antes de qualquer decisão. Os evangélicos gringos deveriam ter lembrado, entretanto, que Jesus nunca permitiu que ambições políticas desfigurassem sua missão espiritual – O meu reino não é deste mundo. Vale conferir o absurdo: indústria bélica grava versículos bíblicos nos rifles e metralhadoras.

    3. O conceito de mundo arruinado pelo pecado.

    Para a grande maioria evangélica, o mundo inteiro está, irremediavelmente, arruinado pelo pecado. A ação da igreja se resume em salvar, resgatar para fora do mundo, o maior número de almas. O planeta – o meio ambiente – não pode e não precisa ser salvo. Salvam-se almas. Os fundamentalistas evangélicos crêem na versão extremada da perversão humana. Seguem acriticamente a teologia de Santo Agostinho que afirmava: os seres humanos já nascem condenados ao inferno devido ao pecado original. O pecado, segundo Agostinho, deformou a humanidade de tal maneira que ninguém é capaz de fazer o bem. As pessoas nascem como criaturas de Deus, mas só depois de aceitarem Jesus é que são tratadas como filhos. Muçulmanos, hereges e infiéis, segundo o fundamentalismo evangélico, já estão condenados ao fogo eterno. Na teologia evangélica, crianças nascem debaixo da ira de Deus.

    Os evangélicos americanos chegam a conceder: os motivos para a guerra do Iraque foram escusos; Bush, Cheney e Powell mentiram. No próximo fôlego a justificam: Deus está no controle. Deus usa o mal para o bem. Mesmo que milhões de crianças tenham morrido por desnutrição, doenças ou como dano colateral das bombas, não há muito o que lamentar. Por quê? Mulheres grávidas, idosos, paraplégicos iriam mesmo para o inferno. Devido à mesma lógica inquisitória que condenou as bruxas. Se foram predestinados por Deus foram para o céu. Agora gozam delícias lá. Se nunca aceitaram Jesus iam para o inferno mesmo. Não há problema em antecipar a chegada deles no lago de enxofre.

    A revista Newsweek detectou um fatalismo calvinista na administração Bush. Há um elemento fatalista, afirmou David Frunn, ex-escritor dos discursos do presidente.  Sem tremer o rosto, Bush disse: Você faz o seu melhor e aceita que tudo esteja nas mãos de Deus. A lógica é: se Deus controla todas as coisas, basta agir com sinceridade e todas as variáveis históricas se acertarão. Hoje, ninguém ao redor de Bush”, denunciou Frunn, pode duvidar de seus atos, mesmo quando deveria. A Newsweek não deixou dúvidas: a fé ajudou Bush a escolher caminhos sem nunca questionar os seus desdobramentos. Ele nunca olhou para trás porque acreditava (e ainda acredita) que Deus sempre cumpre os seus desígnios; o futuro acontecerá como estava predito desde sempre.

    As lógicas acima alimentam o imaginário norte-americano e com certeza estava nos mentores espirituais de George Bush. Evangélicos tentam tapar o sol com peneira.

    As grandes barreiras que os missionários enfrentam não se resumem ao mundo islâmico. Elas estão no quintal das igrejas ocidentais. Complacência, materialismo, violência, destruição da família e alienação cultural se avolumam entre fundamentalistas – montanhas que a fé dos evangelistas não consegue remover. Antes de apontar o dedo para os infiéis islâmicos seria de bom alvitre olhar as loucuras praticadas em nome de Jesus. Tem muito joio no trigal e muito lobo vestido de ovelha. O argueiro islâmico e a trave do cristianismo ocidental não passam de uma questão de perspectiva.

    Os evangélicos acreditam que demônios territoriais dominam sobre a antiga Babilônia. Se oração não os exorcizou, mísseis teleguiados podem completar o trabalho? Isabel também acreditava que as tropas ajudavam os evangelistas. Massacrar líderes e impor medo resolve? Acreditou-se que o povo era submisso ao esplendor do império e que ouviria a mensagem dos jesuítas. Infelizmente, o fundamentalismo evangélico cometeu o mesmo erro: enxergou Washington como agente de Deus para cumprir o seu propósito eterno. Com o poder militar que possue, essa crença ameaça o futuro da humanidade. Não faz muito tempo, esse mesmo governo apoiou o sangrento golpe de estado no Chile, considerou Saddam Hussein aliado e municiou o Afeganistão que agora bombardeia.

    O Iraque não se transformou em uma democracia. A paz no Oriente Médio não chegou com a invasão de tanques. As igrejas que preparam missionários para evangelizar o Iraque devem esperar – a não ser que desejem criar mártires, e com o testemunho das mortes, aumentar a arrecadação. O ódio islâmico recrudesce. Observadores internacionais advertiram que o terrorismo se multiplicaria. Pior: muçulmanos radicais confundem a cultura ocidental com o cristianismo. Cristãos serão acusados de legitimarem a invasão do Iraque.

    Isabel perdeu a oportunidade de dialogar com os reis Astecas. Todos morreram sem jamais ouvirem sobre o amor de Deus. Ao invés de tratar o regime de Saddam Hussein com tanto ódio, existia uma terceira via. Se os Estados Unidos tivessem investido em saúde, educação e desenvolvimento humanitário, a história seria outra. A bondade formaria um cinturão ao redor do Iraque. O próprio povo destituiria o ditador. Uma legítima democracia só acontece pelo povo, nunca por imposição de um invasor.

    Bush desprezou as mínimas brechas de diálogo que restavam no regime truculento de Saddam Hussein. Restou um ódio pelo invasor, que se só tende aumentar. Grupos radicais do Islã se sentiram ultrajadom. Ninguém quer ouvir quem arrombou a porta da casa. Na ponta da baioneta não acontece transformação legítima.

    Como Isabel, a católica, Bush, o evangélico, não receberá o louvor da história. E o futuro? Que Deus nos ajude.

    Soli Deo Gloria

    http://www.ricardogondim.com.br/estudos/a-influencia-evangelica-na-politica-dos-usa/

     

    1. Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha

      Concordo com sua relação entre o pensamento evangélico e a motivação para as guerras e imperialismo americanos. Mas fica pergunta: O pensamento evangélico é que motiva as ações de invasões e guerras dos EUA  OU o desejo de invadir e guerrear se apoia no xenofobismo evangélico para justificar suas ações. Será Bush é mesmo religioso ou simplesmente finge ser para conseguir justificativas e apoio para seus crimes de guerra? Será que toda esta “interpretação da bíblia” feita pelos reis espanhois ou por George Bush não é meramente um discurso para encaixar como justas a simples vontade de matar e expoliar outros povos???

      Vale lembrar que aqui no Brasil os evangélicos na “demonizam” o Islã, até porque temos poucos muçulmanos, mas voltam suas forças contra o Camdomblé e as religiões afro-brasileiras. Aí exibem vários discursos justificando seu racismo e opressão aos mais pobres ( Lembra-se de Marcos Feliciano dizendo que África era um continente “condenado por Deus”?).

      No fundo é tudo discurso vazio para justificar o instinto assassino e criminoso dos EUA e de todos evangélicos.

  7. Não me conformo com esse julgamento

    Muito bom o André ter trazido pra ca um resumo do assunto do livro de Mathias Spektor. Esse periodo ainda é pouco estudado e os bastidores então, muita gente não sabe nada. Certa vez, ha poucos anos, ainda ouvi de um casal – ela psicologa, ele advogado – que não entendia como um analfabeto, como Lula e seus cumpanheiros (sic), podiam governar um Pais qualquer, ainda mais da dimensão do Brasil. Eram fiéis leitoras da Veja, a unica fonte de informação que disponham à época, ja que diziam não ter tempo para ler os jornais… Então ficavam na Veja e nos jornais da Globo. Ainda bem que de la pra ca a Internet ganhou peso e que agora, livros estão saindo sobre as articulações durante o governo Lula, com cabeças com a de Dirceu, Gushiken, Palocci (goste-se ou não) e o proprio Lula, um tremendo articulador.

  8. Pode até ser interessante,

    Pode até ser interessante, mas dizer que a crise na transição se devia a falta de confiança no Lula, e não ao fato de que FHC quebrou a economia brasileira, é absurdo. Essa história de confiança é balela, investidores procuram oportunidades no mundo todo, investem na África, Ásia, há forte lobby pressionando o Congresso americano para acabar com o embargo em Cuba, pois os americanos estão ficando de fora da soprotunidades de investimentos propiciadas pela incipiente abertura promovida por Raúl Castro. Os capitais internacionais investem em ditaduras latino-americans, países africanos em guerra civil, teocracias muçulmanas, e nunca tiveram problemas com confiança.

    A confiança veio porque o governo Lula recuperou a economia destruída pelo neoliberalismo tucano, e não porque o presidente Bush Jr se encantou com a historinha sobre o “self-made man” de São Bernardo. Simples assim. 

    1. Nada a ver. É a politica que

      Nada a ver. É a politica que cria a confiança, não basta haver boas oportunidades, é preciso saber para que direção vai o Governo do Pais. A Venezula tem as maiore reservas de petroleo do planeta, 297 bilhões de barris, de facil extração MAS não recebe um dolar de investimento estrangeiro porque seu cenario politico é INCONFIAVEL.

      Confiança é tudo na vida das empresas e dos paises, sem confiabilidade NINGUEM investe ou empresta, a propria moeda de um Pais é resultado de confiança e nada mais do que isso, as moedas não tem mais lastro ouro.

      1. Ora se é a politica que cria

        Ora se é a politica que cria confiança eu concordo. Mas confiança de quem? Você sabe bem que existe a confiança do Mercado e a confiança da população. Diga-me quando que a politica econimica de FHC gerou confiança e para quem? Deve ter gerado confiança naqueles que foram acompanhando o desmont das estatais para enriquecerem a preço de banana. Óbvio que era confiança. Do outro lado o trabalhador sem emprego e sem perspectiva não tinha confiança alguma. Assim, Sr. Motta, especifique a origem da confiança.

        1. Essa eu respondo

           

          A política do FHC gerou confiança em relação ao governo anterior, gerador de uma hiperinflação absurda.

          A política do Lula gerou confiança sim, em relação ao governo anterior, e o Brasil avançou razoavelmente bem.

          A política do atual governo não gera confiança, pois foi eleito sob a bandeira do gerenciamento, e nessa área o Brasil retrocedeu 4 anos.

          Infelizmente a confiança que interessa é a do mercado (em sentido amplo), pois essa é a que gera crescimento, além de aumento da arrecadação, que banca os gastos sociais. A confiança da população vem a reboque. Por mercado entendo tb o cara dono da média/pequena empresa que não está investindo esse ano pq não sabe como estarão as coisas ano que vem.

          Se esse cara está assim, imaginem o pessoal da primeira divisão.

          O Bacen revisa p/baixo o crescimento deste ano a cada momento. Sem mudança de rumo não há como a situação de emprego e de renda estar pelo menos igual daqui a 4 anos. 

          PS: O problema da Dilma é que o “peixe” dela é o de gerentona, e a convicção de muita gente é que nisso ela foi um fracasso.

        2. A confiança a que se refere

          A confiança a que se refere este tema aqui neste post é a CONFIANÇA DA ORDEM GLOBAL no Governo do Brasil, ai entendida a confiança dos mercados financeiros, dos paises centrais e dos organismos economicos multilaterais.

          Sem essa confiança um Pais não funciona e nem os trabalhadores terão emprego. Essa confiança é o EIXO CENTRAL de qualquer economia, é algo extramamente sério. A antiga URSS tinha credibilidade financeira no mundo ocidental para todas suas necessidades, era um regime que cumpria RIGOROSAMENTE todos seus compromissos financeiros apesar do antagonismo da guerra fria.

          O comercio exterior de um Pais, sua capacidade de importar comida e combustiveis, materias primas e remedios DEPENDE da confiança que os seus fornecedores tem em receber por suas vendas. Um pais confiavel compra o que precisar, um Pais sem credito PASSA FOME. Um fornecedor de maquinas para o Brasil, se confiar no Pais e no importador, são dois niveis de confiança, manda a máquina para receber em 180 dias, sem carta de credito. Se não confia no Pais exige CARTA DE CREDITO confirmada em terceiro Pais, por exempo Carta do Credito do Banco do Brasil confirmada por banco de Nova York, o Pais pode quebrar mas o banco estrangeiro pagará a carta. Pais quebrado não consegue  emitir carta de credito confirmada por banco de terceiro Pais. Confiança é a base de todo comercio mundial, sem ela o mundo para.

          Estamos agora assistindo dois paises do Mercosul sofrendo crises de confiança por causa de governos , Argentina e Venezuela, o pior é que crise de confiança não se resolve a curto prazo., demora muito tempo para acabar.

        3. O Motta vive em um mundo de

          O Motta vive em um mundo de contos de fadas, chega a ser constrangedor ver um sujeito dessa idade acreditando no que acredita. O fluxo de investimentos no país bateu record graças às políticas de recuperação da renda interna que estimularam o crescimento econômico, promovidas durante o governo Lula. No governo FHC, que abaixava as calças para o mercado, toda essa submissão não gerou um centavo em “confiança”, o investimento direito se deveu às privatizações de empresas brasileiras, procuradas por seu preço de bananas, e não pela confiança que FHC passava aos mercados com sua retórica vazia e sua política econômica catastrófica.

      2. A Venezuela estatizou seu

        A Venezuela estatizou seu setor produtivo, o confiável Putin recebe bilhões em investimentos, assim como muitos países africanos, asiáticos, etc. Os investimentos buscam oportunidades de lucro, não historinhas sobre “self-made man”. Isso é lorota para os desavisados.

         

    2. O pior é que esse discurso

      O pior é que esse discurso pegou para encobrir tudo de ruim que a economia sofreu no Governo FHC, onde uma crise di Sumiquistão era usada pela equipe economica para justificar arroxos e a mendicância no FMI.

      Eu sempre me pergunto: uma analise da inflação no tempo de FHC antes de Lula vai revelar que a inflação só aumentaou pelo “efeito Lula”, ou ela vinha alta desde 1998?

       

      Pela resenha que o Sr. Motta fez parece até que o Lula só se elegeu pelo Voto dos EEUU, e não pela carcomida que o FHC deu na gente.

  9. Um Importante Depoimento de Uma Época e de Homens de Luta

    Boa tarde.

    O livro, mesmo que eivado com alguns pequenos vícios, vieses, até, tem o condão de mostrar ao povo brasileiro e ao mundo o retrato, o instantâneo de uma época e a saga de homens que ousaram mudar a trajetória de um país. Mostra, por seu turno, a envergadura de um José Dirceu. O quanto este homem tem sido capaz de pensar o país e de projetá-lo para o futuro. Dirceu mostra, mormente agora, que dispõe de ética geracional; pensa o Brasil para os novos brasileiros. Minha admiração pelo grande J. Dirceu cresce. Viva o Brasil. Obrigado Lula; obrigado Dirceu.

  10. RI é um negócio muito louco…

    Como a amizade do Bush com o Lula, uma coisa improvável para a  maioria, foi de encontro com a linha da The Economist para celebrar um acordo que ainda hoje dá para barrar o avanço asiático é um mistério insondável para os Motta da vida.

    Nada como um pouco de mistério para atiçar curiosidades rsrsrs….

  11.  
    Esse Bush além de ser

     

    Esse Bush além de ser limitadíssimo intelectualmente, sua cara de estúpido não me deixa mentir,  não passa de um criminoso, um genocida, fosse outra a humanidade, tivesse alguma moral a ONU ou aquele tribunal internacional vagabundo de prender peixe pequeno para alimentar a falsa moral de tubarões, já teriam emitido uma ordem de captura desse perigoso terrorista.

    Quanto ao assunto dos eventuais contatos, se é que ocorreram mesmo, não faço comentários pois seriam impublicáveis.

     

     

     

     

     

  12. Contradição braba

    “vista com suspeita pela ascensão de um Presidente de esquerda. O Real era uma moeda criada pela direita neoliberal, o que seria do Real com Lula?”

    ” tem horror a intelectuais de esquerda na política, espécie da qual FHC é um expoente. Os tucanos sempre tiveram boa ligação com os Democratas, que são afins ideologicamente com os tucanos mas nunca com os Republicanos.”

    Não há uma tremenda contradição?

    Afinal tucanos e FHC, que se afirmam criadores do real, são da direita neoliberal ou “expoentes”(rsss) de “esquerda”(rssssssss)???,

    1. Politica  é o campo mais

      Politica  é o campo mais inconsistente da existencia, nada é preto e branco, a contradição é a regra. Voce veja que o PT, partido de DNA de esquerda, patrocinou e financiou o maior truste privado de carnes do mundo, com donos particulares mas montado com dinheiro publico, tem que coisa mais absurda que esquerdistas patrocinarem essa farra capitalista?

      FHC como persona politica tem DNA de esquerda, desde criancinha, depois, por circunstancias e não por convicção

      intima, bancou politicamente um grupo de economistas neoliberais, sem que ele realmente fosse um neoliberal de alma,

      nunca foi, toda sua carreira de intelectual foi do campo CONTRARIO ao neoliberalismo mas naquele momento, para

      domar a imflação, a receita tinha que ser neoliberal. Então não há contradição alguma, como não há como Lula nomear

      Henrique Meirelles para o Banco Central, Meirelles tinha sido eleito deputado pelo PSDB e é o arqui-capitalista americanoide, ex-presidente de um dos mais antigos bancos americanos, com casa e vida nos EUA, nada menos PT.

      Lula cometeu esse ato por necessidade e circunstancia MAS Lula nunca deixou de ser Lula por causa disso, assim como FHC nunca deixou de ser um intelectual de esquerda porque bancou politicamente o Plano Real. O pedigree de FHC na intelectualidade de esquerda é purissimo, foi ele um dos organizadores da historica viagem ao Brasil  do filosofo Jea Paul Sartre, comunista de carteirinha do PCF e ícone da esquerda mundial no Seculo XX. FHC conseguiu que Sartre, um figura internacional de grande porte, fosse fazer uma conferencia em Araraquara, terra de dona Ruth Cardoso, conferencia da qual FHC foi interprete. Mais intelectual de esquerda do que isso não existe. Portanto o Real, da qual as privatizações foram uma parte ESSENCIAL, foi uma grande jogada politica de FHC, o que não significa que FHC virou um apaixonado pela economia de mercado, ao contrario, todo seu biotipo da juventude até hoje é o de esquerda light, de salão, exatamente aquilo que Republicanos dos Texas detestam.

      Lula, com mãos de graxa e macacão, é para americanos o simbolo do sucesso NO CAPITALISMO.

       

      1. Não diga, a teoria da

        Não diga, a teoria da inflação inercial é neoliberal?Que maravilha de comentário!

        Esqueci que o senhor é um analfabeto em economia, escreve livros sobre finanças sem se dar ao trabalho de saber o signifciado de conceitos elementares da matéria.

        1. Ninguem aqui disse que a

          Ninguem aqui disse que a teoria sobre a inflação brasileira  não era inercial. O grupo de economistas que organizou e colocou a funcionar o Plano Real vinha da PUC Rio, eram todos de orientação neoliberal e o apoio do sistema financeiro internacional e do FMI foi essencial para garantir o plano, que não consistia apenas em formulas de conversão de moedas mas tambem de medidas típicas de economias neoliberais tais como Lei de Responsabilidade Fiscal, privatizações, saneamento de bancos (Proer), metas previas de superavits primarios, consolidação da divida publica com a conversão de 43 tipos de dividas federais em NTN, consolidação das dividas dos Estados transferidas para o Tesouro Nacional,  liquidação dos bancos estaduais, cambio flexivel, liberação do controle cambial, etc.

          E quanto a mim, jamais escrevi livros sobre finanças, como já lhe informei, meus livros são todos sobre politica.

          1. Eu perguntei se a teoria da

            Eu perguntei se a teoria da inflação inercial era de cunho neoliberal, mas não obtive resposta, só o mesmo blábláblá do sr. Araújo.

  13. “Os Republicanos da

    “Os Republicanos da Presidência Bush Jr. nunca tiveram intimidade com os tucanos. Esse grupo de neocons tem horror a intelectuais de esquerda na política, espécie da qual FHC é um expoente.”

    Truco. Depois do PSDB ter aderido ao Consenso de Washington e concretizar sua guinada a Direita com o PFL, dúvido que essa afirmação de que Republicanos não terem intimidade com tucanos seja verdadeira.

  14. A turma aquiu, conhecida por

    A turma aquiu, conhecida por toda net como a bem mais informada do Brasil, agora não sabia de nada disto? Seria possível aprovar reeleição de FHC sem que o petismo fizesse corpo mole? Por que FHC precisava de reeleiçao? Porque da turma dele nenhum era competente suficientemente para prosseguir como os passos seguinte. Seria muito mais fácil Lula, depois que se cumprisse algumas agendas. Foi isso que FHC negociou. E desde do começo fez uma agente internacional em que falava mais de Lula do que de gente da sua turma. E convenhamos; Dirceu não seria tão otário, se tivesse poder de alguma coisa, que não soubesse que a China ofereciria milhões de vezes mais vantagem do que essa turma do capitalismo selvagem. Em parte tudo isso explica um pouco do porque esse hoje se encontrar preso. Sem o mensalação o presidente era Dirceu, que Lula quissesse ou não.  

  15. O Motta Araújo poderia também

    O Motta Araújo poderia também fazer um post nos contando a verdadeira história de uma mulher de branco, que misteoriosamente aparece nas estradas brasileiras durante as madrugadas, assustando os caminhoneiros.

    Seria até mais crível que essa do FHC recuperando a confiança no Brasil.

    1. Penso que você está sendo injusto com Motta Araujo

       

      Daytona (terça-feira, 01/07/2014 às 13:18 e terça-feira, 01/07/2014 às 00:14),

      Não entendi este seu comentário de terça-feira, 01/07/2014 às 13:18 e achei um tanto forte a sua afirmação sobre Motta Araujo no seu comentário de terça-feira, 01/07/2014 às 00:14. Se bem que me parece compreensível você vir assim com o pé atrás em relação ao que diz o Motta Araujo, pois há mais tempo e se não me falha a memória e talvez em relação as afirmações de Motta Araujo sobre a tensão Ucrânia e Rússia ou em outro assunto você relacionou uma série de contradições ou incoerências ou falhas de interpretação no discurso de Motta Araujo.

      Eu acho o Motta Araujo um tanto preconceituoso, mas não tenho conhecimento para questionar muitas informações que ele passa aqui e na maioria das vezes, à parte o preconceito, tenho-as como de fonte fidedigna. Este post “A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.” de segunda-feira, 30/06/2014 às 12:02, aqui no blog de Luis Nassif e com texto de Motta Araujo pareceu-me muito bom.

      Não tinha visto este post de Motta Araujo. Ontem com pouco tempo disponível para a leitura eu li por alto o post “Como Lula aproximou-se dos Estados Unidos” de terça-feira, 01/07/2014 às 06:00, e de autoria de Luis Nassif. Nele Luis Nassif reforça o que Motta Araujo dissera aqui neste post “A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.”. O endereço do post “Como Lula aproximou-se dos Estados Unidos” é:

      http://72.55.165.238/noticia/como-lula-aproximou-se-dos-estados-unidos

      Há bons comentários no post “Como Lula aproximou-se dos Estados Unidos”, mas eu gostaria de destacar três. Primeiro destaco o comentário de Assis Ribeiro, enviado terça-feira, 01/07/2014 às 07:04, e que se constituiu no primeiro comentário ao post. Destaco porque embora Assis Ribeiro se equivocasse em relação a análises mais antigas de Motta Araujo, comparando o que ele dizia antigamente com o que ele diz neste post “A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.”, ele deixa o link para este post “A verdadeira história da aproximação de Lula e Bush Jr.”. Além disso, naquilo que em meu entendimento Assis Ribeiro se equivocou sobre as análises mais antigas de Motta Araujo, ele foi corretamente corrigido em comentário que DanielQuireza enviou para ele na terça-feira, 01/07/2014 às 08:31. De todo modo, foi o link deixado por Assis Ribeiro que me permitiu chegar a este post de Motta Araujo.

      Um segundo comentário que eu destaco lá no post “Como Lula aproximou-se dos Estados Unidos” é o de Leandro C. enviado na terça-feira, 01/07/2014 às 15:01. Trata-se de um comentário curto e misterioso com o título “Motta tem bastante conhecimento desse caso” e para que se mantenha o mistério vale bem a transcrição do comentário a seguir. Diz então lá Leandro C. (e para evitar algum desarranjo não deixo entre aspas a transcrição):

      Se alguém tem duvidas sobre o assunto e da influencia de um nobre colega do blog, segue link:

      https://wikileaks.org/cable/2004/03/04SAOPAULO493.html

      Como o corvo de Edgar Alan Poe foi só isto que Leandro C. disse e nada mais. Apenas por curiosidade eu fui ao link e dei de cara com um texto do Wikileaks. Fiquei sem entender do que se tratava e apenas procurei identificar data para saber a importância do documento. E se cheguei a ler não foi por interesse desperto, mas apenas por circunstâncias do momento. De todo modo, o importante é que no texto do Wikileaks o nosso Motta Araujo aparece camuflado de Andre Araujo ou deveria eu dizer que o nosso Andre Araujo que se camufla de Motta Araujo aparece sem camuflagem lá no texto do Wikileaks.

      Dos três, eu reconheço que o comentário mais importante é o de Leandro C, mas como eu estou apresentando os comentários na ordem de aparição, deixo como terceiro comentário para destacar um que eu enviei terça-feira, 01/07/2014 às 20:10. Destaco meu comentário por este trecho do artigo “Estados Unidos: uma oportunidade perdida” de autoria do jornalista Cristiano Romero e que foi publicado no jornal Valor Econômico de quarta-feira, 21/09/2005. Diz lá Cristiano Romero, em uma pérola de preconceito:

      “O jeitão tosco de George W. Bush e a antipatia que nutria pelo antecessor de Lula facilitaram a aproximação entre o presidente americano e seu colega brasileiro. Os dois chefes de Estado têm essa característica comum. Ambos odeiam intelectuais e tiveram como antecessores justamente dois deles – Bill Clinton e FHC”.

      O artigo “Estados Unidos: uma oportunidade perdida” do jornalista Cristiano Romero pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.iconebrasil.org.br/pt/?actA=7&areaID=5&secaoID=7&artigoID=769

      Coloquei o texto dele porque não só o texto mostra um Cristiano Romero com o mesmo defeito que se vê e se critica em Andre Araujo como o trecho, à parte o preconceito, reforça o que Andre Araujo com bastante ênfase e Luis Nassif menos enfático disseram nos respectivos posts.

      E menciono o que eu considero preconceito no trecho de Cristiano Romero. Preconceito ali foi o fato de ele dizer que George Walker Bush, o filho, e Lula odeiam intelectuais. Eu não saberia dizer sobre George Walker Bush, o filho, mas tenho certeza que Lula não odeia intelectuais, como se pode concluir se se conhece a dependência dele a muitos intelectuais do Partido dos Trabalhadores. E mesmo sobre George Walker Bush, o filho, o que se poderia dizer é que como alguém do Partido Republicano é provável que ele odeie intelectuais liberais. Enfim juntar George Walker Bush, o filho, e Lula e atribuir aos dois o mesmo ódio e direcionar o ódio deles a intelectuais e dar como exemplo de intelectuais os dois antecessores deles William Clinton e Fernando Henrique Cardoso foi uma pisada na bola de Cristiano Romero sem tamanho.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 02/07/2014

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