Bolsonaro evita Lula e deixa Padre Kelmon, o “impostor”, perseguir embates com o petista

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Com Kelmon e D'Ávila como estepes, Bolsonaro também deslocou o eixo das pautas de gênero que marcaram debates anteriores

Durante o terceiro e último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições gerais de 2022, promovido na noite de quinta (29) pela Rede Globo, o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), adotou como estratégia evitar o ex-presidente Lula (PT), líder nas pesquisas, durante os confrontos diretos. Restou ao principal aliado de Bolsonaro no debate, o Padre Kelmon (PTB), perseguir embates contra o petista.

Com Kelmon e, por vezes, Felipe D’Ávila (Novo) servindo como estepes, Bolsonaro não só conseguiu fugir de Lula em algumas situações, como também deslocou o eixo das pautas de gênero que deram margem ao protagonismo de Soraya Thronick (União Brasil) e Simone Tebet (MDB) nos dois primeiros debates.

A estratégia de Bolsonaro ficou escancarada na oportunidade em que ele deveria apontar um adversário para fazer uma pergunta e, mesmo com Lula à disposição, preferiu fazer tabelinha com D’Ávila, já que Kelmon não poderia ser escolhido.

Internautas anotaram que Bolsonaro “pipocou”, ou seja, fugiu do confronto com Lula. Até mesmo antigos aliados, como o deputado federal Kim Kataguiri, do MBL, registrou a situação:

Kelmon decidiu provocar Lula com perguntas hostis relacionadas à corrupção e à suposta proximidade do ex-presidente com governos de esquerda pela América Latina que, segundo ele, promovem perseguição religiosa em seus países.

Candidato laranja

Em um dos pontos altos do debate, o padre – que usa vestes da Igreja Ortodoxa indevidamente – acabou sendo chamado de “impostor” e “candidato laranja” por Lula, que não admitiu ter sua fé e respeito às diversas religiões colocadas em xeque.

“Eu sou cristão, casado na igreja, batizado e frequentador, e não vejo na sua cara um respeitador da igreja, vejo um impostor”, disparou Lula.

Lula ainda disse que o padre sequer deveria ter se apresentado para o debate. “Se presta ao serviço de enganar o povo”, comentou Lula.

Kelmon também teve duelos marcantes com Soraya Thronick, que perguntou se o padre não tem medo de ir para o inferno e se não se arrepende de defender o governo Bolsonaro, responsável por uma gestão desastrosa na pandemia, entre outros maus feitos.

Descontrolado, Kelmon interferiu na resposta dos adversários em diversas oportunidades e recebeu inúmeras advertências do moderador do debate, William Bonner. Soraya chegou a chamar Kelmon de “padre de festa junina” e insinuou que ele não é um padre de verdade. A Igreja Sirian Ortodoxa negou vínculo com Kelmon.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. Breves observações do debate na Globo:
    .6X1, e mesmo assim Lula foi o melhor, com responsabilidade.
    . Em termos eleitorais a disputa era (é) entre o genocida e Lula, portanto, em relação ao seu principal oponente Lula foi muito bom.
    .. Bolsonaro foi covarde e não o enfrentou cara a cara. E como tal terceirizou seu embate, através do Ciro e do padre Impostor. Representa a extrema direita que se julgava encolhida. Político da mais alta periculosidade para o povo, tanto no plano econômico, social e institucional.
    Se o clima e o nível implementado pelo genocida não tivesse sido belicoso e rasteiro, daria um bom debate, pois os candidatos formam o arco ideológico da sociedade atual na política brasileira. Basta uma maçã podre para infetar todo o cesto.
    .. Felipe Dávila é o representante genuíno do capitalismo raiz, do consenso de Washigton, ardoroso privatista, crente radical do deus mercado e falso moralista.
    .. Ciro, despiu a máscara, assumiu o Ciro da Arena e usa de retórica professoral para seduzir “universitários”, e não sai da propaganda do seu livrinho (eu li). Representa um pensamento desenvolvimentista sem mediação política, por isso, inexequível e virtualmente autoritário. Ele e Merval Pereira são ideólogos capciosos, com poder de desgaste da esquerda.
    .. Simone, é representante assumida do agro e o defende com a falsa premissa de que produz comida para a mesa do povo; com algumas falsas bandeiras identitárias e de moralidade pública, é uma MDB de direita assumida; seu desempenho a torna, em potencial, um quadro nacional para as próximas eleições.
    .. Soraya, também do agronegócio, com forte viés de tornar as áreas indígenas e quilombolas em “geradoras de riqueza e capazes de produzir alimentos e minérios estratégicos”, sem respeito às tradições, interesses e a dívida do Estado para com esses povos originários. Defende a reforma tributária, com o carro-chefe do imposto único, como bala de prata, sem preocupação explicita com a justiça tributária desses povos. Aliado a frases de efeito e ousadia, apresenta uma certa dislexia no raciocínio e exposição.
    Simone, Soraya e Felipe, por suas histórias, são farejadores e prospectadores do lucro, sem responsabilidade social.
    … O ‘padre’ impostor, lembra o pensamento da TFP, um escroque que precisa ser desmascarado o quanto antes; foi terceirizado para agitar o ambiente e desrespeitar o Lula; sua proposta (catequese ortodoxa fascista) não merece uma linha. É o arquétipo do vigarista.
    Francisco Celso Calmon

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