Caos em Manaus: Governo do estado sabia que oxigênio de hospitais era insuficiente, desde novembro

Em contrapartida, o Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi comunicado sobre a situação em 7 de janeiro, mas se manteve inerte

© Divulgação/Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Jornal GGN – A Secretaria de Saúde do Amazonas tinha conhecimento que, pelo menos desde o dia 23 de novembro, a quantidade de oxigênio hospitalar disponível seria insuficiente para atender a alta demanda dos hospitais, em decorrência da pandemia da covid-19. A informação consta de projeto básico da própria pasta para a última aquisição extra do insumo, realizada no fim do ano passado, segundo o Estadão.

Em contrapartida, o portal Uol informou, que o Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi comunicado sobre a situação em 7 de janeiro, uma semana antes do sistema de Saúde do estado entrar em colapso. Diante da inercia do Executivo, mesmo de posse das informações sobre a situação, no dia 14 dezenas de amazonenses internados pela Covid-19 morreram asfixiados com o fim do estoque de oxigênio em Manaus. 

Segundo informações do Amazonas, hoje o déficit de Manaus chega a 46,5 mil metros cúbicos de oxigênio por dia, o equivalente a 4.650 cilindros. Ao Estadão, o secretário de Saúde do estado, Marcellus Campêlo, afirmou que o consumo de oxigênio nos hospitais da região teve salto de 14 mil para 30 mil m³ por dia durante o primeiro pico da doença, ainda em 2020. 

A reportagem destaca que se esse índice for considerado como referência, o volume extra contratado em novembro à White Martins, principal fornecedora do insumo no Estado, abasteceria a região por menos de duas semanas. A empresa, por sua vez, disse que se o contrato último contrato tivesse previsto um pedido maior na oportunidade, teria conseguido atendê-lo.

Ainda, tendo em vista o consumo de oxigênio das unidades de saúde essa semana, que foi de 76,5 mil m³ por dia e “com indicação de demanda crescente”, o insumo comprado só duraria quatro dias.

O contrato original para aquisição dos gases hospitalares foi firmado em 2016, com valor mensal informado de R$ 1,3 milhão. Inicialmente, o acordo previa o atendimento de até dois mil pacientes respiratórios no Amazonas.

Em 2018, ainda antes da pandemia, a secretaria do estado assinou outros dois aditivos que, juntos, representavam acréscimo de 3,1% do valor. Como o teto permitido é de até 25% (acumulado) em cada contrato, o estado ainda tinha uma margem de 21,9% para adquirir insumos em 2020, sem a necessidade de abrir um novo processo de contratação.

Essa cota restante, no entanto, foi usada na última compra extra em novembro. Na ocasião, a pasta informou a inclusão “com urgência” do Hospital Geraldo da Rocha, em Manaus, na lista de unidades atendidas e também admite que os casos da Covid-19 já estavam em alta na época e que o volume de oxigênio contratado não seria suficiente para dar conta da demanda.

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Redação

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