CNBB critica intervenção policial no Rio e alerta para morte de vereadora

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução

Da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB

Manifestação da CBJP sobre a Intervenção Federal no Rio de Janeiro

A situação de violência urbana, no Rio de Janeiro e em outros Estados, há tempos causa preocupações e enseja nossa plena solidariedade com medidas que visem o bem-estar e a segurança da população. Tais medidas, para serem efetivas, devem estar acompanhadas de vultosos investimentos em políticas públicas nas comunidades, muitas vezes abandonadas pelo Estado e prisioneiras de grupos criminosos.

No entanto, a forma como o governo vem tratando a questão merece nossa reflexão. A Intervenção Federal, tratada como panaceia que resolveria os males da insegurança pública, carece de uma visão de segurança pública mais preventiva que repressiva, com gestão civil e participação da sociedade no planejamento e gestão das ações. É grave, e no nosso entender equivocada, a decisão de colocar nas costas das forças armadas a direção e a execução de uma tarefa que ela não é preparada para realizar.

Infelizmente não se vislumbra uma ação planejada, abrangente e sistêmica. Correndo-se o risco de revivermos cenas de desrespeito aos direitos humanos, de gastos de recursos com ações paliativas e com motivação eleitoral que escondem o problema de forma momentânea e localizada. A ação federal tem suscitado sérios e consistentes questionamentos sobre sua eficácia e motivação por parte dos especialistas da Segurança Pública.

O brutal assassinato de Marillene Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro e de Anderson Pedro Gomes, assessor da parlamentar, com características de execução, insta uma rápida investigação para elucidar os fatos e a responsabilização dos culpados. A gravidade da ocorrência indica a necessidade de discutir com a sociedade os rumos da segurança pública. O homicídio da jovem vereadora é uma perda irreparável aos seus familiares, amigos e a todos que se engajam em defesa dos direitos humanos.

A Campanha da Fraternidade de 2018, Fraternidade e Superação da Violência, nos interpela a discernir na Quaresma os sinais das dores do Crucificado nos rostos dos que tanto sofrem as violências de nossa sociedade, mas também, que junto com elas, sejamos anunciadores das esperanças da Ressurreição! 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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    1. Sim, “erramos”, pois CNBB eh

      Sim, “erramos”, pois CNBB eh a putada que nao se prounciou ainda sobre a ideologia de genero que esses filhos da puta catolicos estao espalhando pelo mundo…

  1. A Intervenção e o brutal crime …

    A intervenção e o brutal crime não tem relação , o crime poderia ocorrer sem ela. E se PMs estão envolvidos mais um motivo para a Intervenção.

  2. Novo Ângulo

    REFLEXÕES SOBRE A MORTE DE MARIELLE: ACERTANDO O FOCO

     

    A consternação pela morte da vereadora e ativista Marielle Franco é plenamente compreensível. Mais do que indignar-se, porém, é preciso tentar entender o fato. Um fato político, diga-se, haja vista se tratar obviamente de uma execução contextualizável. A pergunta que se faz, primeiramente, é a seguinte: por que fizeram? Teria sido apenas uma espécie de tiro no pé por parte das forças conservadoras? A quem interessaria, portanto, a morte de Marielle?

    Devemos considerar que a repercussão de fato tão hediondo seria imediata. Movimentos sociais, partidos políticos e todas as forças contrárias ao estado de exceção instalado, além da opinião pública internacional voltariam seus olhos e sua fúria imediatamente contra a intervenção militar no Rio de Janeiro, contra a presença das forças armadas e, sobretudo, contra o governo golpista de Michel Temer. Não há dúvidas de que esta seria a reação esperada. O que não se tem considerado em todas as reflexões até o presente momento, é que tais reações seriam também desejadas por aqueles que assassinaram Marielle.

    Para seguir tal raciocínio deveríamos tentar supor quais são os reais agentes deste fato político. Acompanhando tudo que se falou sobre a atuação da Marielle – suas denúncias contra um certo 43º Batalhão da PM e a presença de milícias controladas por agentes de segurança no Rio – mais alguns posicionamentos institucionais recentes por parte dos agentes interventores em relação a PM carioca – a declaração do novo secretário de segurança, admitindo a necessidade de se sanear as forças de segurança locais para a atuação efetiva contra o crime organizado no Estado – as atenções passam a ser voltadas não para a repressão do governo golpista, muito menos para as políticas administrativas do interventor, mas para os grupos interessados em manter a máquina do paralelismo administrada por forças milicianas, máquina esta reconhecidamente lucrativa e influente.

    Não se trata aqui de subestimar a influência e o ativismo de Marielle Franco, mas de considerar que, se sua representatividade nacional e internacional já faziam dela uma referência na luta dos direitos humanos, muito maior será tal representatividade depois de seu assassinato. Então, como explicar uma morte que faria recair sobre um governo golpista toda a culpa, além de expor seu caráter autoritário e ilegítimo?

    O contexto visível nos faz refletir sobre o modus operandi do crime: tiros certeiros com armas de grosso calibre, num ato cometido imediatamente após a saída da vítima de uma reunião na região central do Rio de Janeiro – central, é bom repetir – contra figura notória do ativismo social. A intenção é clara, no sentido de se forçar comoção contra a intervenção militar. Que Marielle fosse uma inimiga declarada da violência institucional e defensora dos direitos humanos, todos sabiam. O que não se sabia era que o atual secretário de segurança demonstraria alguma disposição em se investigar e retirar os quadros da polícia agentes identificados com as milícias que detêm algum controle sobre o crime e que, por isto, pode-se supor, atuariam como colaboradores do mesmo contra as ações do governo interventor.

    A partir daí, podemos supor, com pouca margem de erro, que os assassinos de Marielle não seriam outros senão os agentes formadores de milícias que “oferecem serviços de proteção” nas favelas. Entenda-se, portanto, a parcela corrupta e aliciadora do crime organizado. A mesma parcela para a qual não interessa nenhuma restrição ao crime, nenhuma forma de atuação – humanista ou autoritária – contra sua prática mercantilista em relação ao crime. Diga-se de passagem, sem estes agentes, não há crime organizado.

    Mas, há um outro ponto que se pode considerar sobre este aspecto: tais grupos policiais, controladores e beneficiários da simbiose Estado-Poder Paralelo jamais poderiam ser compostos de policiais comprometidos com a questão da segurança pública, sobretudo aqueles grupos organizados presentes no Rio de Janeiro que se posicionam em defesa dos direitos humanos. Parece óbvio, mas não é. A criminalização dos agentes defensores de direitos humanos e a narrativa de que estes seriam favoráveis aos bandidos deixa claro o quanto este fato o quanto a clareza dos fatos pode ser eclipsada pelo discurso fascista.

    Em entrevista dada ao RFI Brasil o delegado Orlando Zaccone, membro de um grupo de policiais civis e militares, suprapartidário, autointitulado “Policiais Antifascismo” fala sobre a construção da narrativa que criminaliza os defensores dos direitos humanos: “A execução da vereadora Marielle apresenta um quadro político onde o acirramento da disputa política no Brasil passa pela ideia de que precisamos estender a ordem constitucional e suspender direitos humanos para garantir a governabilidade. Isso é algo que tem sido construído pelo menos desde a década de 90, através do discurso de que direitos humanos atrapalham a segurança pública. Isso associa como inimigos os defensores dos direitos humanos. É bastante provável que essa execução tenha motivação nas atividades desenvolvidas pela vereadora Marielle na luta pelos direitos humanos.” E continua: “ideia que se constrói em relação aos que se opõem é que são criminosos – traficantes, milicianos – e aí você joga no mesmo pacote aqueles que defendem políticas de direitos humanos. Ou seja, você joga, ao lado de traficantes e milicianos, os defensores de direitos humanos. Aí você constrói esses últimos como inimigos. A partir do momento que você localiza interesses contrários à intervenção em grupos criminosos, sejam de traficantes de drogas, sejam de milicianos, e a partir do momento que você tem defensores de direitos humanos contra a forma com que está sendo construída a intervenção, é muito fácil você construir que os defensores de direitos humanos estão ao lado de criminosos.” (https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/“o-tráfico-não-opera-da-forma-como-marielle-foi-executada”-diz-delegado/ar-BBKh0GQ?li=AAkXvDK&ocid=spartandhp)

    O que penso, no entanto sobre isto é que, talvez por questões profissionais, estes grupos de agentes de segurança pública engajados na luta por uma polícia mais humanitária não possam afirmar aquilo que um morador de periferia como eu, em qualquer Estado do país, sobretudo no Sudeste sabe e também tem como óbvio: que estes grupos ultra-conservadores que defendem o recrudescimento de ações institucionais contra os mais pobres, como forma de se combater o crime, sobretudo exigindo poder de vida e morte sobre o cidadão, sejam também os mesmos agentes a lucrarem com o sistema simbiótico entre o crime organizado e o Estado.

    Qualquer policial decente, que deseje atuar efetivamente para o combate a criminalidade, deve entender, por questão de ofício e por vivência profissional, que tanto a chamada “guerra contra as drogas”, quanto o aumento do autoritarismo sobre as comunidades sitiadas pelo crime se mostram inócuas, contraproducentes e agravantes do quadro de criminalidade. É de se supor, portanto, que a morte de Marielle nos deveria servir como o momento propício para se colocar o rabo no burro. Que tipo de agente de segurança participa de grupos de extermínio, de milícias, ou atua como aliciador do crime ao invés de seu inimigo? Os policiais progressistas? A que se presta o discurso em prol da violência institucional contra as periferias e contra o crime, senão como moeda de troca para a garantia de controle sobre o crime e para o lucro advindo deste?

    Pensemos na atuação do PCC no Estado de São Paulo. A forma como esta facção criminosa chegou ao nível de poder atual, fixando-se em todo o país nos remete ao fatídico período de ataque à cidade de São Paulo com o estratagema conhecido como “Salve-geral”. Nele, o objetivo central é elevar a níveis críticos a sensação de insegurança do cidadão comum a ponto de se tornar inevitável o escândalo capaz de contrapor-se ao discurso estatal de que o setor da segurança pública permanece sobre controle. O próximo passo é forçar assim, a garantia da imagem construída de governo eficiente pela mídia e construir-se desta forma uma “Pax” estabelecida por acordo velado em que ambas as partes – crime organizado e Governo – saiam beneficiados. Eu receio que, desgraçadamente, as manifestações geradas pela morte de Marielle venham a ter efeito equivalente diante do governo intervencionista e do poder federal. O perigo maior, no entanto, é que ao prestar-se a fazer o papel de “Salve-Geral” contra o governo golpista, é o de que se empurre o mesmo para os braços do crime organizado e, quiçá, para os braços do próprio Jair Bolsonaro. É bom lembrar da posição definida por grande parte das PM’s estaduais em favor de sua candidatura. Somada à necessidade de garantir alguma aura de eficácia do Governo golpista de Temer e sua proverbial capacidade de negociação com acossadores de plantão e temos uma bomba química, pronta para disparar quando estes agentes vierem a se misturar. A Pax tucana em São Paulo já se mostrou muitíssimo eficaz para a garantia de uma passividade da opinião pública diante de fatos incômodos. Estendê-la em nível nacional seria entregar toda a sociedade à lógica de um paralelismo institucional tão profundo que faria o golpe de Temer parecer realmente aceitável.

    A questão que devemos nos colocar neste momento, com vistas a desatar este nó é: seria mesmo, interessante às elites brasileiras, atender aos desígnios de corja tão baixa??? O bolsonarismo, embora viável, é desejável a eles? Eis um ponto fora da curva que, se devidamente explorado poderia garantir a curto e médio prazo, uma mudança institucional no mínimo esperançosa. Se não se deseja para este país um regime militar, um governo controlado pelo judiciário, um estado não-democrático, muito menos podemos desejar – por amplos setores da sociedade – um governo fascista controlado ou orientado pelo poder paralelo gestado a partir de mílicias estaduais compostas por bandidos declarados e agentes corruptos de polícia.

    A denúncia e o combate às forças milicianas compostas por estes agentes se mostra neste momento, mais prioritária até mesmo, que a queda de Michel Temer. Os efeitos colaterais a médio prazo são palpáveis: a revisão de políticas de segurança pública, o enfraquecimento dos grupos armados compostos por agentes com autorização estatal e direitos de exceção sobre o povo da periferia; a reflexão em nível nacional sobre o discurso fascista de recrudescimento das ações estatais sobre os mais pobres, enfim; o início de uma pauta em nível nacional jamais contemplada sequer pelas esquerdas sobre a promiscuidade das forças estatais com a criminalidade e o consequente massacre nas periferias. A cortina da hipocrisia institucional que tanto agrada à classe média cairia paulatinamente com a desconstrução do discurso ultrafascista que alavanca candidaturas como as de Bolsonaro e das bancadas da bala. Por outro lado, os riscos de se mirar no governo golpista neste momento são tão infinitamente maiores quanto possa se dizer remotas as possibilidades de mudança as quais me refiro.

    Tomando o jargão usado por Luis Nassif, o xadrez iniciado com a morte de Marielle Franco requer um cuidado com certas jogadas aparentemente positivas. Neste momento, se aceitarmos a oportunidade de dar um xeque no Rei – entenda-se Michel Temer – corremos o risco de ser comidos pelos cavalos. O Brasil já perdeu muitos peões nesta luta. Perderá muito mais se a avidez por derrotar o golpe for maior que a realidade dos fatos.

    As ações em desagravo a Marielle deveriam, portanto, seguir uma outra direção:

    – exigir que as apurações sejam levadas a cabo, obviamente;

    – reforçar a pauta abraçada por Merielle sobre a atuação das milícias nas favelas e o consequente aliciamento do crime em detrimento ao seu combate;

    – denunciar com a maior força possível a leniência do estado em relação às milícias, bem como exigir das forças intervencionistas ações que combatam a inserção do crime nas instituições;

    – dar voz e vez aos agentes que combatem o fascismo policial e denunciam a corrupção policial;

    – mirar efetivamente nos verdadeiros responsáveis diretos pela morte de Marielle, com a certeza de que, caso não sejam enfraquecidos, há uma mesa de negociação prontinha pra se fazer um convescote à tucana esperando pra se negociar a manutenção dos esquemas de aliciamento e achaque ao poder paralelo.

    Não se trata aqui de propor abertura de diálogo ao governo golpista. A força das ruas já se mostrou pronta para exigir ações efetivas de intervencionistas contra aqueles que mataram Marielle. Trata-se de exigir que se oponham aos que ameaçam a toda a sociedade, inclusive ao golpe, sem dar margem de negociação entre governo e polícia corrupta. Eles estão no poder, a bola está nas mãos deles. É preciso canalizar a notoriedade gerada pelo fato político para a exposição de uma realidade que, até o momento, só atingiu aos mais pobres e que, por isto mesmo, foi negligenciada. E isto se configura unicamente em dar voz à luta de Marielle, em legitimar a visão dos que sofrem constantemente com a realidade e ficam indignados com a negação de fatos que, até então, só eram considerados pela própria periferia.

     

  3. CNBB….

    Não li um pedido de desculpas da CNBB, este monte de Bispo e Padre Comunista, por ter dado apoio aquele Bispo Comedor da Paraguai que usou a Igreja para se tornra Presidente? Nem sobre aquela Paróquia do interior de SP, que lavava dinheiro para um Deputado? Sandro Mabel se não me engano? Era só um chequinho de 800 mil, depois soubemnos que eram vários. Onde estão os resultados da Policia, do MP, da Justiça? Ninguém precisa dar satisfações ou CNBB com todo seu peso, fez “sumir” tal processo? Não ouvi uma única palavra sobre a morte de dezenas de Policiais no RJ, este ano? Quantos já foram? 23? Não li um pedido de desculpas por CNBBB apoioar esta Elite Esquerdopata que está no Poder nestes 40 anos de Redemocracia e transformaram o RJ e o Brasil nesta calamidade? Esta Elite que está lotando Presidios. Cumplicidade com Criminosos? Cuide um poucoi mais da Fé e dos Católicos, sen~çao continuarão a produzir Evangélicos. (P.S. E nem falei dos Pedófilos que sempre foram acobertados pela omissão de CNBB) 

  4. Essas Igrejas continuam no

    Essas Igrejas continuam no século XVIII. Omissa e lenta.

    E por escrever século XVIII…

    A Igreja Católica já pediu perdão aos Negros por apoiar e se lambuzar da escravidão no Brasil? 

    Mas já pediu pros Judeus, né?

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