Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
[email protected]

De Aquiles Rique Reis para Antonio Adolfo

Antonio Adolfo celebra os 65 anos da Bossa Nova com seu novo álbum 'Bossa 65 - Celebrating Carlos Lyra e Roberto Menescal'

De: Aquiles

Para: Antonio Adolfo

Salve, grande Antonio! Mais uma vez me entusiasmei ao ouvir um novo álbum seu. Que delícia é o Bossa 65 – Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal (AAM), com o qual você homenageia os 65 anos da Bossa Nova!

Mas vamos lá que o papo é reto: tudo começa com “Coisa Mais Linda” (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes).* Com a sonoridade que o caracteriza, seu piano inicia. Os sopros vêm a seguir. O suingue é total. O seu arranjo é de quem sabe tudo desse barato que é a música instrumental. O trombone vem carregando em si o poder de ser esplêndido. Assim como a guitarra. Gostei de você cantarolando a melodia em alguns momentos da música, viu?

“O Barquinho” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).**: Partindo de um acorde dos sopros, você inicia dedilhando a melodia. Logo batera e baixo o amparam até que chegue a hora de seu improviso, e improvisar sobre boas harmonias é a onda perfeita para você dropar. Seu arranjo para os sopros é de uma riqueza quase insuportável, sabia? O sax vem para criar – a cozinha o deixa à vontade – e ele não se faz de rogado, arrepia! Meu Deus, quequéaquilo?! Os sopros se ajuntam novamente. A dinâmica é supimpa – e você, como quem não quer nada, a acentua. Repetindo os acordes finais, o arranjo fecha a tampa.

Em “Tetê” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), seu piano vem levinho, delicado. O trombone entra na área e esquenta a melodia. Os sopros mostram sua sonoridade e criam a atmosfera romântica pedida pela melodia. A guitarra improvisa. O baixo cria o clima, sobre o qual você toca, Antonio. Os sopros vêm, o final se aproxima.

Já em “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes), a flauta contralto, solitária, nostálgica mesmo, inicia ad libtum. Logo o piano a encontra e com a batera e o baixo seguem o som. Assim como o baixo e a batera, os sopros tocam docemente. A flauta chega num improviso de alguns compassos. Com surdina, o trompete assume a vez de solar e o faz com a consciência da responsabilidade que você lhe deu, Antonio. A melodia volta com o seu piano e logo vêm os sopros a conduzi-la à nota final.

Em “Sabe Você” (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes), você dedilha a melodia arritmo, até chegar um momento como se ouvíssemos os versos do poeta perguntando e eles mesmo respondendo: “Sabe você o que é amor?/ Não sabe?/ Eu sei!”

É, Antonio, a música sabe bem o que é o amor, né? Aquele amor incondicional, que sentem você e tantos que levaram e levam a vida a tocar e cantar: Lyra, Vinícius, Menescal, Bôscoli, Buarque e a turma que tocou em Bossa 65: Lula Galvão (guitarra e violão), Jorge Helder (baixo); Rafael Barata (bateria/percussão); Dadá Costa (percussão); Jesse Sadoc (trompete/flugelhorn); Danilo Sinna (sax alto); Marcelo Martins (saxes tenor e contralto e flauta) e Rafael Rocha (trombone).

A todos vocês o meu respeito e a minha admiração por serem o que são para a música brasileira de ontem, hoje e sempre.

Abraços.

* https://youtu.be/vj8DXkDxgiI

** https://youtu.be/8UnHjBQwmA8

Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador