Dilma cobra mobilização de entidades para aprovar reforma política

Da Agência Brasil

Jovens dizem após encontro que Dilma não vai propor lei para reprimir protestos

Luana Lourenço

A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje (10) cerca de 30 jovens, representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, e cobrou mobilização das entidades juvenis para pressionar o Congresso Nacional pela aprovação da reforma política. Os jovens também disseram que Dilma se comprometeu a não enviar ao Congresso projetos de lei que endureçam o controle sobre manifestações.

“Ela anunciou que não enviará ao Congresso nenhuma lei que venha para aumentar a repressão sobre os movimentos sociais. Isso é muito importante, porque hoje os movimentos de rua, assim como a juventude negra e pobre, sofre muita repressão policial”, disse a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vic Barrros.

Segundo relatos de participantes quanto ao debate sobre a reforma política, a avaliação da presidenta é que, sem pressão das ruas, a bancada governista não tem força suficiente para aprovar as mudanças no Congresso. A presidenta chegou a comparar a necessidade de pressão pela reforma política ao movimento Diretas Já, que entre 1983 e 1984 pediu a volta das eleições diretas no país.

“Ela disse que não é uma questão só de caneta, que a maioria que ela tem no Congresso não é uma maioria em todos os temas e que é preciso uma conjuntura que envolva as ruas para pressionar o Congresso a fazer a reforma política”, contou a criadora do movimento “Não mereço ser estuprada”, Nana Queiroz.

Em 2013, após as manifestações de junho, Dilma sugeriu um plebiscito sobre a reforma política, mas a proposta não foi adiante no Congresso. A secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, disse que o plebiscito ainda está nos planos do governo.

“A presidenta é simpática à ideia de se construir um processo exclusivo, um plebiscito, uma consulta à sociedade sobre a reforma política. Nosso entendimento é o de que o Parlamento precisa discutir e ampliar o debate, mas que a sociedade precisa opinar sobre que reforma política ela quer”, disse a secretária.

Segundo Nana Queiroz, Dilma também se comprometeu a avaliar uma proposta de plano nacional para enfrentamento do estupro intrafamiliar, aquele que é cometido por um parente da vítima. O movimento “Não mereço ser estuprada” vai sugerir uma ação nacional com treinamento de médicos do Sistema Único de Saúde e professores de escolas públicas para informar às famílias sobre como identificar sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes. Dilma ainda se posicionou contra a redução da maioridade penal e defendeu a inclusão de temas ligados à igualdade de gênero no Plano Nacional de Educação – proposta que enfrenta resistência dos grupos religiosos.

Durante a reunião, a presidenta “levou uma bronca” do rapper Mc Chaveirinho, representante da Associação dos Rolezinhos, que cobrou do governo uma linguagem mais informal e próxima dos jovens, principalmente nas periferias. “Não é questão de chamar de ‘mano’, mas falar em ‘caros companheiros’ para o jovem, ele não vai se identificar. A gente tem que falar a linguagem do jovem para ele entender. Tem muito curso, muito benefício para levar para a comunidade, mas que não chega no meio da favela. Por que não chega? Porque às vezes a linguagem não é adequada, não é certa”, ponderou.

Mc Chaveirinho também cobrou investimentos em lazer e segurança nas comunidades pobres, principal reivindicação dos rolezinhos, encontro de jovens marcado para os shoppings. “O rolezinho ocorre há muito tempo e foi exposto pela mídia como uma baderna. Mas não é isso que a gente quer passar, a gente está aqui brigando por espaço cultural, por espaço na comunidade. A gente quer curtir o shopping sim, mas a gente quer trazer o rolezinho para a comunidade, que é lá que está faltando cultura”, disse.

Para o representante do Movimento Passe Livre, Clédson Pereira, a reunião com Dilma teve poucos resultados práticos. Pereira reclamou que, desde a última reunião do movimento com o governo, em 2013, a pauta de reivindicações ligadas ao transporte público não foi adiante. “Neste momento, a gente enfrenta forte aumento de passagem em quatro capitais do país e uma intensificação de políticas e projetos de lei para repressão das manifestações”, listou. “Se não existir intervenção prática na vida das pessoas, as manifestações vão continuar. A gente só vai ser convencido com ações práticas”, advertiu.

 

Redação

9 Comentários

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  1. DRousseff

    Nassif,

    DRousseff recebe um grupo de jovens, quando sugere pressão popular para conseguir a mais do que necessária reforma política, o ponto mais importante do tal encontro.

    Quanto à crítica de dois dos jovens, são válidas, eu apenas gostaria de sde quanto foram os fortes aumentos de passagem de ônibus em quatro capitais do país. 

    Caso os governadores tucanos fizessem o mesmo, trocar idéias com a população (atitude realmente impensável prá qualquer comandante bicudo), talvez a população paulista não estivesse prontinha prá beber lama durante alguns meses.

     

  2. Politizado?

    Alguém poderia avisar ao representante do MPL que passagens de ônibus, se municipal, é negociada com as prefeituras e, se intermunicipal, com os governos dos estados.

    Evitaria o vexame e passar desinformação à população.

    1. Gerson

      O MPL propõe uma mudança de modelo.

      O modelo que prioriza automóveis em detrimento de transportes coletivos.

      Esse modelo é a causa da péssima qualidade dos transportes públicos e seus preços caros; causa dos congestionamentos e poluição em cidades; causa do grande número de mortes por doenças e acidentes de trânsito.

      1. Concordo plenamente!

        Concordo plenamente! Diminuiria poluição do ar e sonora, estresse, e por aí vai.

         

        Quem nos dera termos um transporte urbano minimamente respeitoso com os cidadãos.

         

        Mas que ele poderia ter mencionado os responsáveis, isso poderia. Ficou parecendo que é atribuição do Governo Federal.

        1. Gerson

          Trata-se de um modelo

          Um modelo ditado por um sistema que incorpora o federal, estadual e municipal.

          Todos os metrôs no Brasil são construídos com dinheiro federal. A distribuição do nosso sistema tributário não permite que municípios e estados assumam financeiramente a construção de metrôs e trens.

    2. Além disso, caro Gerson,

      Além disso, caro Gerson, perguntar ao rapaz porque o MPL não foi às ruas pela defesa do projeto do Haddad de aumento progressivo do Iptu. Esse era o projeto da Erundina que poderia bancar a tarifa zero, supostamente o grande objetivo do MPL.

      Esses fedelhos da extrema-esquerda infrutífera ainda vem falar em falta de resultado prático. E as faixas exclusivas, o que os movimentos sociais infanto-juvenis fizeram a respeito? 

  3. Dilma cobra mobilização  de

    Dilma cobra mobilização  de entidades para aprovar reformas.

    Bravo, brilhante.

    Mas, o que foi que os manifestantes de junho fizeram?

    O que foi que entidades da “Coalizão Democrática pela Reforma Política” 

    ver o link:  http://www.reformapoliticademocratica.com.br/coalizao/

    fizeram como mobilização?

    O que adiantou?

    A proposta de Dilma da Constituinte Exclusiva logo após as calorosas manifestações e apoio das entidades acima não foram suficientes para fazer o Congresso avançar.

    Lamentável que alguns condenem as formas de pressão de movimentos de ruas.

    1. Aumentaram não era 50 r$ mais

      Aumentaram não era 50 r$ mais almoço e transporte?

      Vai custar quanto para Dilma se eleger 500 milhões de reais?

      Por isso essa coisa de comprar com ágio a refinaria de pasadena..

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