Escola busca valorização do território e dá espaço ao protagonismo estudantil

Escola paulistana incentiva o estudo da história do colégio e do bairro e também aposta nos clubes juvenis, autogestionados pelos estudantes

Por Caio Zinet, do Centro de Referências em Educação Integral

Valorizar a história do território por meio de iniciativas com os alunos. Essa foi uma das formas encontradas pela Escola Estadual Alexandre Von Humboldt, localizada naVila Anastacio, zona oeste de São Paulo, para reafirmar a identidade do colégio e fortalecer o vínculo dos alunos com o espaço.

Em 2016, a escola completará 59 anos de existência e o entorno já passou por inúmeras transformações. No início, a região era residencial e aos poucos foi ganhando características fabris, expulsando aos poucos os moradores do local. Nos últimos anos, entretanto, o bairro está voltando a abrigar residências.

A diretora da escola, Maria de Fátima Braz Aragão, conta que nas aulas os estudantes aprendem sobre a história da escola e do bairro e que isso faz com que elas consigam valorizar os espaços ali existentes. Outras iniciativas foram tomadas pela diretora. Logo na entrada, existe uma maquete, feita por um grupo de estudantes, representando a escola.

Conhecer a história da escola e da região ajudou a resgatar a autoestima dos alunos porque o espaço passou ter mais sentido e significado para eles”, conta a diretora que planeja decorar o orelhão da entrada da escola com fotos históricas da região e da escola.

Fátima assumiu a gestão em 2012, quando a Von Humboldt se tornou uma escola detempo integral. Uma das primeiras medidas foi revitalizar o espaço físico. O campo de futebol, de tamanho próximo ao oficial, teve a grama cortada, as paredes pintadas e a escola ganhou uma nova cara.

Autonomia
Para além da reformulação física, a diretora fortaleceu a autonomia dos estudantes. Eles que devem se auto-organizar, por exemplo, para saber como e quando utilizarão o campo de futebol e também são eles quem se responsabilizam por deixar tudo limpo. Atualmente, também cuidam do corte da grama, tarefa que executam emparceria da escola com o Rio Branco Rugby Clube.

Não é só por meio do cuidado com o espaço que a Escola Estadual Alexandre Von Humboldt fortalece o protagonismo dos estudantes. Os chamados clubes juvenis são uma das almas do colégio. Eles são espaços previstos no currículo, no qual os estudantes podem se reunir livremente para desenvolverem a atividade que julguem importante.

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Ao todo, são 17 clubes juvenis. Hoje, alguns deles se organizam para aprende a tocar instrumentos, jogar algum esporte, desenhar e discutir sobre filmes, entre outras atividades. Cada clube elege seu líder e vice-líder, que se reúnem quando necessário para dar conta de alguma demanda.

“Principalmente no início do ano, precisamos nos reunir para distribuir as salas. Dependendo do clube, às vezes preciso de alguma coisa específica. Daí os líderes e vices se reúnem para resolver”, conta Piero, estudante do 3º ano do ensino médio.

Outro papel importante é desempenhado pelo grêmio escolar que organiza outras iniciativas, como uma rádio que fica ligada durante o horário do intervalo e campeonatos esportivos nos horários livres.

Outra atividade desenvolvida dentro da grade e que fortalece a autonomia dos estudantes é um epaço para trabalhar os Projetos de Vida, momento em que cada aluno desenvolve anotações sobre o que planejam para suas vidas. Somado a isso, a escola também oferece aula de Orientação de Estudo.

“Os professores ficam o dia todo na escola e são muito acessíveis e próximos a nós. Às vezes, saíamos da aula com alguma dúvida e perguntamos ali no almoço mesmo e eles já respondem. Temos uma relação muito próxima”, afirmou  Kayque, outro estudante do 3º ano do ensino médio.

Avaliação 360 e currículo flexível

Um dos elementos que permite essa maior autonomia dos estudantes é uma grade curricular mais flexível, fator somente possível por conta da jornada de 9 horas. Atualmente, cerca de 70% do conteúdo curricular é formado pelas disciplinas obrigatórias e os demais 30% são flexíveis.

Dentro desse espaço livre são encaixadas as aulas de Orientação de Estudos, Projetos de Vida, além de tempo para as reuniões dos clubes juvenis e matérias eletivas. “No começo, é puxado para os alunos e eles demoram um pouco para se adaptar, especialmente os que vêm de escola com tempo menor, mas procuramos os pais e fortalecemos os alunos para eles que se ajudem”, conta a diretora.

Fátima reserva dois horários da manhã, por semana, para atender os responsáveis pelos alunos. “Esse horário nos aproxima muito dos pais. Eles sabem que se vierem aqui no horário reservado, estarei a disposição para conversar”, conta.

Outra marca da escola é o conselho participativo. Todas as classes têm um espaço bimestral de 2 horas em que participam alunos, professores e pais de uma determinada turma. Nesse momento, é realizada uma avaliação total dos estudantes e dos professores.

“Na maioria das vezes, o conselho serve como um incentivo para nós porque conseguimos nos colocar. Às vezes pode ser um pouco pesado para alguns alunos que se sentem muito pressionados, mas no geral funciona bem”, afirmou Luís, estudante do 3º ano.

Além desse espaço, os estudantes também preenchem uma ficha todo bimestre para avaliar ao menos cinco professores.

https://www.youtube.com/watch?v=w0qubMyCrns
Redação

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