Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Prisão e tiros contra músicos.
    O caso do músico (negro) que morreu após os 80 tiros vai desaparecendo das mídias. E o judiciário vai concluir (espero que não!!) que ninguém foi culpado.
    Nove dos 10 militares que atiraram foram presos:
    https://recordtv.r7.com/cidade-alerta-rj/videos/corpo-de-musico-morto-apos-carro-ser-atingido-por-80-tiros-e-enterrado-no-rio-18022020
    Depois, esses militares foram soltos:
    https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/05/23/80-tiros-stm-militares-morte-de-musico-catador.htm

    Agora veio o caso do músico (negro) que foi preso sem ter feito nada ilegal. Correm a falar que foi por engano. Ainda bem que já foi solto. E aos que o prenderam, provavelmente nada acontecerá. Espera-se que seja indenizado (danos morais).

  2. VÍDEO: Grupo protesta contra a vacina para covid-19 e a favor da cloroquina em Curitiba

    https://paranaportal.uol.com.br/cidades/video-grupo-protesto-vacina-covid-cloroquina-feriado/

    “Não queremos a vacina, nós temos a cloroquina”: são essas as palavras de ordem de meia duzia de trogloditas curitibanos. Veja o vídeo depois da foto que se destaca na matéria.

    Eu gostaria de dizer para o troglodita que grita no megafone que não quer a vacina que a cloroquina com suco de maracujá no café da manhã é uma delícia (quá, quá, quá!).

  3. Excelente artigo do amigo Oscar Sales da Cruz

    A PANDEMIA COMO PRENÚNCIO DE UM NOVO MUNDO

    Oscar Sales da Cruz

    Mais uma tragédia assola o mundo. Não é sabido, ao certo, o seu começo, mas em termos de Pandemia foi alarmada lá pelos meados de março deste ano de 2020. Em termos sanitários o seu principal causador é um ‘novo coronavírus’, transmissor da doença Covid-19. Em termos outros, ‘parceria-causadora`, poder-se-ia falar nas ações predatórias, incúria e irresponsabilidade dos homens, sem as quais os efeitos dessa Pandemia seriam bem menos cruéis.

    Exemplo desses, houve, na Idade Média, a Peste Negra que assolou a Europa quando em apenas quatro anos dizimou um terço da sua população; à época, cerca de 25 milhões de pessoas. O perigo de contágio exigia o uso de máscara e roupas especiais, além do “distanciamento ou isolamento social” com a severidade que o caso exigisse. A bactéria causadora desse mal, a Yersínia Pestis, causadora da Peste Bubônica, também leva a outra peste chamada Pneumônica cujos sintomas mais comuns estão na febre, dor de cabeça, falta de ar, dor no peito e tosse; o principal meio de propagação: o ar; as emanações fétidas consequentes das malcuidadas ruas da Europa, naquela época, com seus monturos de lixo e lama, favoreciam a proliferação de ratos, baratas, mosquitos, e peçonhas outras. A ocorrência: século XIV – 1347 a 1351-.

    Um salto do século XlV ao século XX, e outra tragédia se abate sobre a humanidade. Em 1914, é a vez da peste da guerra que ficou conhecida como a Primeira Grande Guerra Mundial. É que, os “donos” da Europa obcecados pelo poder, acabaram por contraír o ‘vírus’ da irracionalidade: dividiram-se em dois grandes grupos, para disputar a hegemonia do continente; um deles, os Aliados – com base na Tríplice Entente: Reino Unido, França e Rússia -; o outro, os Impérios Centrais – a Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria, e Itália que logo se retirou dessa aliança -; Essa divisão, consubstanciada pelo ‘liberalismo econômico’ – um dos disfarces do Capitalismo -, evoluiu para a Grande Guerra. Em 1918, quando acabou, a guerra deixou no seu saldo de mortes 9 milhões de combatentes, e 6 milhões de civis. No rastro dessa desgraça, outra peste: a Gripe Espanhola, a mais mortal da história, quando o vírus Influenza fez 50 milhões de vítimas; aqui no Brasil 35 mil.

    Causas, efeitos, e debelação do mal foram estudadas, aplicadas, e… descuradas pelas autoridades concernentes em maior ou menor graus, mas suficientes para obstaculizar a cura de alguns desses males.

    Ainda no século XlX, o médico cubano Carlos Juan Finlay formado nos EE.UU. em 1855, dois anos depois voltou a Havana, teve seu diploma reconhecido, e passou a desenvolver sua teoria “A influência das condições atmosféricas na prevalência de febre amarela”. Na década de 1870 suas pesquisas o levaram à via de transmissão da fêmea do mosquito Aedes Aegypti, como agente causador da febre amarela. No início de 1881, já convencido que a doença era transmitida por um agente infeccioso, e tendo observado que só se transmitia sob certas condições topográficas e climáticas, apresentou uma comunicação preliminar, durante a Conferência Sanitária Internacional realizada em Washington, pontuando que a transmissão da febre amarela requeria um agente autônomo específico necessário para transmissão do doente para o suscetível. Em 14 de agosto de 1881, perante os membros da Real Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais de Havana, apresentou sua célebre obra intitulada “ O mosquito hipoteticamente considerado um agente transmissor da febre amarela”. Finlay completou assim sua brilhante descoberta, que pela primeira vez, mostrou ao mundo a forma de contrair doenças epidêmicas por meio de um agente intermediário. Seu achado representou uma ruptura com as concepções vigentes naquela esfera da medicina, segundo as quais as enfermidades só poderiam se espalhar pelo contacto direto entre as pessoas ou por influência de um fator ambiental.

    Em 1860, na maternidade do Hospital Geral de Viena, O médico húngaro Ignaz Semmelweis, observando as precárias condições de higiene durante os procedimentos de parto, naquele hospital, conseguiu reduzir uma alarmante taxa de mortalidade, entre as parturientes, para menos de 1% com a implantação da simples prática de lavar as mãos,

    – Em 1900, aqui no Brasil, o médico Oswaldo Cruz de volta da França, onde expandiu seu interesse por microbiologia, com as aplicações da vacina que trouxe nos seus estudos na Europa, combateu com sucesso a febre amarela, a peste bubônica, e a varíola que assolaram o Brasil.

    Mesmo com os bons resultados dessas ações, alcançados à custa de muita abnegação e determinação dos seus protagonistas, seus esforços não lhes trouxeram, de logo, o reconhecimento merecido; sequer apenas gratidão:

    – O martírio imposto ao Dr. Ignaz Semmelwieis, por suas ideias, começa com a forte reação às suas experiências na própria comunidade médica, onde excelsas figuras consideraram uma ofensa alguém impor a obrigatoriedade deles lavarem as mãos. As várias publicações das suas exitosas experiências não impediram que elas continuassem sendo rejeitadas pelos seus colegas médicos. Cada vez mais indignado com as críticas às suas ideias, passou a enviar cartas em crescendo tons agressivos às autoridades científicas. Acreditando que estivesse enlouquecendo, acabaram por interná-lo num hospício por uma decisão que contou até mesmo com a anuência de sua esposa. Aos 47 anos, em meio aos espancamentos que lhes impingiam os guardas do manicômio, sofreu um corte que, infeccionado, levou à morte aquele que é considerado o pioneiro em procedimentos anti-sépticos. Morreu de choque séptico, 14 dias depois de internado. Suprema ironía, seu legado ficou na frase: – “ Criei esses procedimentos para eliminar o terror das maternidades, para manter a esposa viva para o marido e a mãe para o filho”- Ignaz Semmelwieis(grifos do texto).

    – Também muitas vezes incompreendido, o médico Oswaldo Cruz, mesmo incansável no combate às pestes, veio a sofrer o combate das forças do atraso – outra peste-. Sem mais se constituir novidade, a voz contrariada de grande parte da comunidade médica se levantou contra suas teorias, também contagiando grande parte da população. A imprensa corporativa, oportunisticamente, e fiel ao sistema – ainda que infiel ao seu dever de ofício -, contribuiu de forma decisiva, para se estabelecer um caos onde, ao final das contas, sempre lhe rende um generoso quinhão. Em 1904 houve um recrudescimento dos surtos de varíola; os ânimos contra a ideia de uma vacinação em massa da população, deu margem a uma campanha comandada pelos jornais, que contou com a parceria do Congresso; estava aceso o estopim de uma rebelião contra a Vacina Obrigatória; a convulsão social estabelecida culminou com o levante da Escola Militar da Praia Vermelha. Para acabar a rebelião instaurada o Governo decretou o Estado de Sítio; também no mesmo dia, 16 de novembro daquele ano, suspendeu a obrigatoriedade da vacina…(!). Mesmo assim, em 1907 a febre amarela estava erradicada no Rio de Janeiro, e quando em 1908 hove um novo surto de varíola, foi o povo que procurou os postos de vacina.

    – Com o Dr. Finlay não foram menos injustas as reações; suas pesquisas realizadas na década de 1870 somente vinte anos depois ficou constatada quando um Comissão de Saúde do Exército Americano foi enviada à Havana em decorrência da febre amarela que ali assolava, disseminada pelos seus soldados: Cuba já era colônia americana, tomada dos espanhóis. Essa Comissão chefiada pelo major-médico Walter Reed, adotou medidas de combate ao mosquito transmissor reduzindo os óbitos em Havana de 300 em 1900, para 18 em 1901: estavam comprovadas as teorias de Finlay. Suas descobertas permitiram erradicar a febre amarela no Panamá, Rio de Janeiro, Vera Cruz, Nova Orleans e outros lugares do hemisfério ocidental, onde os repetidos surtos causaram um número incalculável de mortes. Ainda assim, apesar das proposições a seu favor, entre os anos de 1905 e 1915, para o Prêmio Nobel de Medicina, não chegou a receber tal distinção. Ao menos, em 1907, Finlay recebeu a Medalha Mary Kingsley conferida pelo Instituto Liverpool School of Trical Medicine localizada no Reino Unido.

    Vencida a etapa das desgraças da primeira guerra e da gripe “espanhola”- denominada, com mais propriedade, gripe americana -, a Humanidade respirou aliviada dos pesares passados, mas não se dispôs a refletir sobre o que fazer para não tornar a se Desumanizar.

    O alívio respirado pela humanidade, num sopro se esvaiu, e o século XX ainda nem chegara à metade. Em 1939 é a vez da peste da Segunda Guerra. As lições que as pestes anteriores deixaram não foram levadas em conta. As desgraças desta guerra foram bem piores que as das anteriores; o PROGRESSO da ciência propiciou o desenvolvimento da indústria bélica, e em consequência, crescer a ambição de poder dos vencedores; nos perdedores, o desejo de revanche.

    Estamos no século XXl e já na segunda década, uma nova Pandemia a desafiar a Ciência. Debalde os esforços despendidos, seis meses depois reina a incerteza de como detê-la, e o quanto de sequelas deixará. Enquanto isso, uma dúvida acomete às autoridades afetas ao assunto: Salvar Vidas, ou a Economia. Aqui no nosso país os detentores do poder já se manifestaram pela Economia em primeiro lugar, acreditando que ‘os que têm que morrer vão morrer mesmo’; não anunciaram o que estão reservando para os que sobrarem. Com maior abrangência do campo da saúde, o Ministério não tem um ministro; no início da Pandemia dois médicos passarem por lá, mas foram demitidos em menos um mês por divergência com o presidente sobre um medicamento não indicado contra a Covid 19; um militar faz as vezes de interino já há quatro meses; o presidente da República, um capitão da reserva, do Exército, insiste em contrariar as recomendação da maior referência mundial em saúde, a OMS: promove aglomerações; sem máscara desestimula o seu uso, e propagandeia remédio sem indicação para Covid-19. Em consonância com o presidente, um segmento da corporação médica medica reza pela mesma cartilha. Nesse contexto, enquanto no mundo se busca desesperadamente por uma vacina, como a única certeza para conter o mal, surge um fato inusitado: ferrenhos movimentos de combate à vacina que ainda nem foi encontrada.

    Os fatos narrados neste texto, guardam impressionante similitude entre o mundo da Idade Média e o Mundo atual, o que se pode constatar através do Google; ‘dessemelhança’, a descoberta da serventia do velho sabão que antes era usado para lavar roupas, cômodos da casa e panelas, hoje, serve também para higienizar as mãos. Como ‘novidade’, o alcool 70°, e o alcool Gel, bem como, a nova doutrina do “involucionismo”, em conformidade com a recente descoberta da planura da terra.

    De resto, “Tudo como d’Antes no quartel de Abrantes”: a mesma vaidade das classes privilegiadas, e o menosprezo pela vida dos seus semelhantes que não tiveram as mesmas oportunidades para desfrutar de uma vida digna; da mesma forma, a ambição desenfreada dos apregoadores da preponderância econômica do Capital.

    Evidentemente, este cenário não sugere o Prenúncio de Um Mundo Novo; todavia, a esperança não morrerá jamais!

    Set/2020.

  4. A PANDEMIA COMO PRENÚNCIO DE UM NOVO MUNDO

    Oscar Sales da Cruz

    Mais uma tragédia assola o mundo. Não é sabido, ao certo, o seu começo, mas em termos de Pandemia foi alarmada lá pelos meados de março deste ano de 2020. Em termos sanitários o seu principal causador é um ‘novo coronavírus’, transmissor da doença Covid-19. Em termos outros, ‘parceria-causadora`, poder-se-ia falar nas ações predatórias, incúria e irresponsabilidade dos homens, sem as quais os efeitos dessa Pandemia seriam bem menos cruéis.

    Exemplo desses, houve, na Idade Média, a Peste Negra que assolou a Europa quando em apenas quatro anos dizimou um terço da sua população; à época, cerca de 25 milhões de pessoas. O perigo de contágio exigia o uso de máscara e roupas especiais, além do “distanciamento ou isolamento social” com a severidade que o caso exigisse. A bactéria causadora desse mal, a Yersínia Pestis, causadora da Peste Bubônica, também leva a outra peste chamada Pneumônica cujos sintomas mais comuns estão na febre, dor de cabeça, falta de ar, dor no peito e tosse; o principal meio de propagação: o ar; as emanações fétidas consequentes das malcuidadas ruas da Europa, naquela época, com seus monturos de lixo e lama, favoreciam a proliferação de ratos, baratas, mosquitos, e peçonhas outras. A ocorrência: século XIV – 1347 a 1351-.

    Um salto do século XlV ao século XX, e outra tragédia se abate sobre a humanidade. Em 1914, é a vez da peste da guerra que ficou conhecida como a Primeira Grande Guerra Mundial. É que, os “donos” da Europa obcecados pelo poder, acabaram por contraír o ‘vírus’ da irracionalidade: dividiram-se em dois grandes grupos, para disputar a hegemonia do continente; um deles, os Aliados – com base na Tríplice Entente: Reino Unido, França e Rússia -; o outro, os Impérios Centrais – a Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria, e Itália que logo se retirou dessa aliança -; Essa divisão, consubstanciada pelo ‘liberalismo econômico’ – um dos disfarces do Capitalismo -, evoluiu para a Grande Guerra. Em 1918, quando acabou, a guerra deixou no seu saldo de mortes 9 milhões de combatentes, e 6 milhões de civis. No rastro dessa desgraça, outra peste: a Gripe Espanhola, a mais mortal da história, quando o vírus Influenza fez 50 milhões de vítimas; aqui no Brasil 35 mil.

    Causas, efeitos, e debelação do mal foram estudadas, aplicadas, e… descuradas pelas autoridades concernentes em maior ou menor graus, mas suficientes para obstaculizar a cura de alguns desses males.

    Ainda no século XlX, o médico cubano Carlos Juan Finlay formado nos EE.UU. em 1855, dois anos depois voltou a Havana, teve seu diploma reconhecido, e passou a desenvolver sua teoria “A influência das condições atmosféricas na prevalência de febre amarela”. Na década de 1870 suas pesquisas o levaram à via de transmissão da fêmea do mosquito Aedes Aegypti, como agente causador da febre amarela. No início de 1881, já convencido que a doença era transmitida por um agente infeccioso, e tendo observado que só se transmitia sob certas condições topográficas e climáticas, apresentou uma comunicação preliminar, durante a Conferência Sanitária Internacional realizada em Washington, pontuando que a transmissão da febre amarela requeria um agente autônomo específico necessário para transmissão do doente para o suscetível. Em 14 de agosto de 1881, perante os membros da Real Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais de Havana, apresentou sua célebre obra intitulada “ O mosquito hipoteticamente considerado um agente transmissor da febre amarela”. Finlay completou assim sua brilhante descoberta, que pela primeira vez, mostrou ao mundo a forma de contrair doenças epidêmicas por meio de um agente intermediário. Seu achado representou uma ruptura com as concepções vigentes naquela esfera da medicina, segundo as quais as enfermidades só poderiam se espalhar pelo contacto direto entre as pessoas ou por influência de um fator ambiental.

    Em 1860, na maternidade do Hospital Geral de Viena, O médico húngaro Ignaz Semmelweis, observando as precárias condições de higiene durante os procedimentos de parto, naquele hospital, conseguiu reduzir uma alarmante taxa de mortalidade, entre as parturientes, para menos de 1% com a implantação da simples prática de lavar as mãos,

    – Em 1900, aqui no Brasil, o médico Oswaldo Cruz de volta da França, onde expandiu seu interesse por microbiologia, com as aplicações da vacina que trouxe nos seus estudos na Europa, combateu com sucesso a febre amarela, a peste bubônica, e a varíola que assolaram o Brasil.

    Mesmo com os bons resultados dessas ações, alcançados à custa de muita abnegação e determinação dos seus protagonistas, seus esforços não lhes trouxeram, de logo, o reconhecimento merecido; sequer apenas gratidão:

    – O martírio imposto ao Dr. Ignaz Semmelwieis, por suas ideias, começa com a forte reação às suas experiências na própria comunidade médica, onde excelsas figuras consideraram uma ofensa alguém impor a obrigatoriedade deles lavarem as mãos. As várias publicações das suas exitosas experiências não impediram que elas continuassem sendo rejeitadas pelos seus colegas médicos. Cada vez mais indignado com as críticas às suas ideias, passou a enviar cartas em crescendo tons agressivos às autoridades científicas. Acreditando que estivesse enlouquecendo, acabaram por interná-lo num hospício por uma decisão que contou até mesmo com a anuência de sua esposa. Aos 47 anos, em meio aos espancamentos que lhes impingiam os guardas do manicômio, sofreu um corte que, infeccionado, levou à morte aquele que é considerado o pioneiro em procedimentos anti-sépticos. Morreu de choque séptico, 14 dias depois de internado. Suprema ironía, seu legado ficou na frase: – “ Criei esses procedimentos para eliminar o terror das maternidades, para manter a esposa viva para o marido e a mãe para o filho”- Ignaz Semmelwieis(grifos do texto).

    – Também muitas vezes incompreendido, o médico Oswaldo Cruz, mesmo incansável no combate às pestes, veio a sofrer o combate das forças do atraso – outra peste-. Sem mais se constituir novidade, a voz contrariada de grande parte da comunidade médica se levantou contra suas teorias, também contagiando grande parte da população. A imprensa corporativa, oportunisticamente, e fiel ao sistema – ainda que infiel ao seu dever de ofício -, contribuiu de forma decisiva, para se estabelecer um caos onde, ao final das contas, sempre lhe rende um generoso quinhão. Em 1904 houve um recrudescimento dos surtos de varíola; os ânimos contra a ideia de uma vacinação em massa da população, deu margem a uma campanha comandada pelos jornais, que contou com a parceria do Congresso; estava aceso o estopim de uma rebelião contra a Vacina Obrigatória; a convulsão social estabelecida culminou com o levante da Escola Militar da Praia Vermelha. Para acabar a rebelião instaurada o Governo decretou o Estado de Sítio; também no mesmo dia, 16 de novembro daquele ano, suspendeu a obrigatoriedade da vacina…(!). Mesmo assim, em 1907 a febre amarela estava erradicada no Rio de Janeiro, e quando em 1908 hove um novo surto de varíola, foi o povo que procurou os postos de vacina.

    – Com o Dr. Finlay não foram menos injustas as reações; suas pesquisas realizadas na década de 1870 somente vinte anos depois ficou constatada quando um Comissão de Saúde do Exército Americano foi enviada à Havana em decorrência da febre amarela que ali assolava, disseminada pelos seus soldados: Cuba já era colônia americana, tomada dos espanhóis. Essa Comissão chefiada pelo major-médico Walter Reed, adotou medidas de combate ao mosquito transmissor reduzindo os óbitos em Havana de 300 em 1900, para 18 em 1901: estavam comprovadas as teorias de Finlay. Suas descobertas permitiram erradicar a febre amarela no Panamá, Rio de Janeiro, Vera Cruz, Nova Orleans e outros lugares do hemisfério ocidental, onde os repetidos surtos causaram um número incalculável de mortes. Ainda assim, apesar das proposições a seu favor, entre os anos de 1905 e 1915, para o Prêmio Nobel de Medicina, não chegou a receber tal distinção. Ao menos, em 1907, Finlay recebeu a Medalha Mary Kingsley conferida pelo Instituto Liverpool School of Trical Medicine localizada no Reino Unido.

    Vencida a etapa das desgraças da primeira guerra e da gripe “espanhola”- denominada, com mais propriedade, gripe americana -, a Humanidade respirou aliviada dos pesares passados, mas não se dispôs a refletir sobre o que fazer para não tornar a se Desumanizar.

    O alívio respirado pela humanidade, num sopro se esvaiu, e o século XX ainda nem chegara à metade. Em 1939 é a vez da peste da Segunda Guerra. As lições que as pestes anteriores deixaram não foram levadas em conta. As desgraças desta guerra foram bem piores que as das anteriores; o PROGRESSO da ciência propiciou o desenvolvimento da indústria bélica, e em consequência, crescer a ambição de poder dos vencedores; nos perdedores, o desejo de revanche.

    Estamos no século XXl e já na segunda década, uma nova Pandemia a desafiar a Ciência. Debalde os esforços despendidos, seis meses depois reina a incerteza de como detê-la, e o quanto de sequelas deixará. Enquanto isso, uma dúvida acomete às autoridades afetas ao assunto: Salvar Vidas, ou a Economia. Aqui no nosso país os detentores do poder já se manifestaram pela Economia em primeiro lugar, acreditando que ‘os que têm que morrer vão morrer mesmo’; não anunciaram o que estão reservando para os que sobrarem. Com maior abrangência do campo da saúde, o Ministério não tem um ministro; no início da Pandemia dois médicos passarem por lá, mas foram demitidos em menos um mês por divergência com o presidente sobre um medicamento não indicado contra a Covid 19; um militar faz as vezes de interino já há quatro meses; o presidente da República, um capitão da reserva, do Exército, insiste em contrariar as recomendação da maior referência mundial em saúde, a OMS: promove aglomerações; sem máscara desestimula o seu uso, e propagandeia remédio sem indicação para Covid-19. Em consonância com o presidente, um segmento da corporação médica medica reza pela mesma cartilha. Nesse contexto, enquanto no mundo se busca desesperadamente por uma vacina, como a única certeza para conter o mal, surge um fato inusitado: ferrenhos movimentos de combate à vacina que ainda nem foi encontrada.

    Os fatos narrados neste texto, guardam impressionante similitude entre o mundo da Idade Média e o Mundo atual, o que se pode constatar através do Google; ‘dessemelhança’, a descoberta da serventia do velho sabão que antes era usado para lavar roupas, cômodos da casa e panelas, hoje, serve também para higienizar as mãos. Como ‘novidade’, o alcool 70°, e o alcool Gel, bem como, a nova doutrina do “involucionismo”, em conformidade com a recente descoberta da planura da terra.

    De resto, “Tudo como d’Antes no quartel de Abrantes”: a mesma vaidade das classes privilegiadas, e o menosprezo pela vida dos seus semelhantes que não tiveram as mesmas oportunidades para desfrutar de uma vida digna; da mesma forma, a ambição desenfreada dos apregoadores da preponderância econômica do Capital.

    Evidentemente, este cenário não sugere o Prenúncio de Um Mundo Novo; todavia, a esperança não morrerá jamais!

    Set/2020.

  5. A PANDEMIA COMO PRENÚNCIO DE UM NOVO MUNDO

    Oscar Sales da Cruz

    Mais uma tragédia assola o mundo. Não é sabido, ao certo, o seu começo, mas em termos de Pandemia foi alarmada lá pelos meados de março deste ano de 2020. Em termos sanitários o seu principal causador é um ‘novo coronavírus’, transmissor da doença Covid-19. Em termos outros, ‘parceria-causadora`, poder-se-ia falar nas ações predatórias, incúria e irresponsabilidade dos homens, sem as quais os efeitos dessa Pandemia seriam bem menos cruéis.

    Exemplo desses, houve, na Idade Média, a Peste Negra que assolou a Europa quando em apenas quatro anos dizimou um terço da sua população; à época, cerca de 25 milhões de pessoas. O perigo de contágio exigia o uso de máscara e roupas especiais, além do “distanciamento ou isolamento social” com a severidade que o caso exigisse. A bactéria causadora desse mal, a Yersínia Pestis, causadora da Peste Bubônica, também leva a outra peste chamada Pneumônica cujos sintomas mais comuns estão na febre, dor de cabeça, falta de ar, dor no peito e tosse; o principal meio de propagação: o ar; as emanações fétidas consequentes das malcuidadas ruas da Europa, naquela época, com seus monturos de lixo e lama, favoreciam a proliferação de ratos, baratas, mosquitos, e peçonhas outras. A ocorrência: século XIV – 1347 a 1351-.

    Um salto do século XlV ao século XX, e outra tragédia se abate sobre a humanidade. Em 1914, é a vez da peste da guerra que ficou conhecida como a Primeira Grande Guerra Mundial. É que, os “donos” da Europa obcecados pelo poder, acabaram por contraír o ‘vírus’ da irracionalidade: dividiram-se em dois grandes grupos, para disputar a hegemonia do continente; um deles, os Aliados – com base na Tríplice Entente: Reino Unido, França e Rússia -; o outro, os Impérios Centrais – a Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria, e Itália que logo se retirou dessa aliança -; Essa divisão, consubstanciada pelo ‘liberalismo econômico’ – um dos disfarces do Capitalismo -, evoluiu para a Grande Guerra. Em 1918, quando acabou, a guerra deixou no seu saldo de mortes 9 milhões de combatentes, e 6 milhões de civis. No rastro dessa desgraça, outra peste: a Gripe Espanhola, a mais mortal da história, quando o vírus Influenza fez 50 milhões de vítimas; aqui no Brasil 35 mil.

    Causas, efeitos, e debelação do mal foram estudadas, aplicadas, e… descuradas pelas autoridades concernentes em maior ou menor graus, mas suficientes para obstaculizar a cura de alguns desses males.

    Ainda no século XlX, o médico cubano Carlos Juan Finlay formado nos EE.UU. em 1855, dois anos depois voltou a Havana, teve seu diploma reconhecido, e passou a desenvolver sua teoria “A influência das condições atmosféricas na prevalência de febre amarela”. Na década de 1870 suas pesquisas o levaram à via de transmissão da fêmea do mosquito Aedes Aegypti, como agente causador da febre amarela. No início de 1881, já convencido que a doença era transmitida por um agente infeccioso, e tendo observado que só se transmitia sob certas condições topográficas e climáticas, apresentou uma comunicação preliminar, durante a Conferência Sanitária Internacional realizada em Washington, pontuando que a transmissão da febre amarela requeria um agente autônomo específico necessário para transmissão do doente para o suscetível. Em 14 de agosto de 1881, perante os membros da Real Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais de Havana, apresentou sua célebre obra intitulada “ O mosquito hipoteticamente considerado um agente transmissor da febre amarela”. Finlay completou assim sua brilhante descoberta, que pela primeira vez, mostrou ao mundo a forma de contrair doenças epidêmicas por meio de um agente intermediário. Seu achado representou uma ruptura com as concepções vigentes naquela esfera da medicina, segundo as quais as enfermidades só poderiam se espalhar pelo contacto direto entre as pessoas ou por influência de um fator ambiental.

    Em 1860, na maternidade do Hospital Geral de Viena, O médico húngaro Ignaz Semmelweis, observando as precárias condições de higiene durante os procedimentos de parto, naquele hospital, conseguiu reduzir uma alarmante taxa de mortalidade, entre as parturientes, para menos de 1% com a implantação da simples prática de lavar as mãos,

    – Em 1900, aqui no Brasil, o médico Oswaldo Cruz de volta da França, onde expandiu seu interesse por microbiologia, com as aplicações da vacina que trouxe nos seus estudos na Europa, combateu com sucesso a febre amarela, a peste bubônica, e a varíola que assolaram o Brasil.

    Mesmo com os bons resultados dessas ações, alcançados à custa de muita abnegação e determinação dos seus protagonistas, seus esforços não lhes trouxeram, de logo, o reconhecimento merecido; sequer apenas gratidão:

    – O martírio imposto ao Dr. Ignaz Semmelwieis, por suas ideias, começa com a forte reação às suas experiências na própria comunidade médica, onde excelsas figuras consideraram uma ofensa alguém impor a obrigatoriedade deles lavarem as mãos. As várias publicações das suas exitosas experiências não impediram que elas continuassem sendo rejeitadas pelos seus colegas médicos. Cada vez mais indignado com as críticas às suas ideias, passou a enviar cartas em crescendo tons agressivos às autoridades científicas. Acreditando que estivesse enlouquecendo, acabaram por interná-lo num hospício por uma decisão que contou até mesmo com a anuência de sua esposa. Aos 47 anos, em meio aos espancamentos que lhes impingiam os guardas do manicômio, sofreu um corte que, infeccionado, levou à morte aquele que é considerado o pioneiro em procedimentos anti-sépticos. Morreu de choque séptico, 14 dias depois de internado. Suprema ironía, seu legado ficou na frase: – “ Criei esses procedimentos para eliminar o terror das maternidades, para manter a esposa viva para o marido e a mãe para o filho”- Ignaz Semmelwieis(grifos do texto).

    – Também muitas vezes incompreendido, o médico Oswaldo Cruz, mesmo incansável no combate às pestes, veio a sofrer o combate das forças do atraso – outra peste-. Sem mais se constituir novidade, a voz contrariada de grande parte da comunidade médica se levantou contra suas teorias, também contagiando grande parte da população. A imprensa corporativa, oportunisticamente, e fiel ao sistema – ainda que infiel ao seu dever de ofício -, contribuiu de forma decisiva, para se estabelecer um caos onde, ao final das contas, sempre lhe rende um generoso quinhão. Em 1904 houve um recrudescimento dos surtos de varíola; os ânimos contra a ideia de uma vacinação em massa da população, deu margem a uma campanha comandada pelos jornais, que contou com a parceria do Congresso; estava aceso o estopim de uma rebelião contra a Vacina Obrigatória; a convulsão social estabelecida culminou com o levante da Escola Militar da Praia Vermelha. Para acabar a rebelião instaurada o Governo decretou o Estado de Sítio; também no mesmo dia, 16 de novembro daquele ano, suspendeu a obrigatoriedade da vacina…(!). Mesmo assim, em 1907 a febre amarela estava erradicada no Rio de Janeiro, e quando em 1908 hove um novo surto de varíola, foi o povo que procurou os postos de vacina.

    – Com o Dr. Finlay não foram menos injustas as reações; suas pesquisas realizadas na década de 1870 somente vinte anos depois ficou constatada quando um Comissão de Saúde do Exército Americano foi enviada à Havana em decorrência da febre amarela que ali assolava, disseminada pelos seus soldados: Cuba já era colônia americana, tomada dos espanhóis. Essa Comissão chefiada pelo major-médico Walter Reed, adotou medidas de combate ao mosquito transmissor reduzindo os óbitos em Havana de 300 em 1900, para 18 em 1901: estavam comprovadas as teorias de Finlay. Suas descobertas permitiram erradicar a febre amarela no Panamá, Rio de Janeiro, Vera Cruz, Nova Orleans e outros lugares do hemisfério ocidental, onde os repetidos surtos causaram um número incalculável de mortes. Ainda assim, apesar das proposições a seu favor, entre os anos de 1905 e 1915, para o Prêmio Nobel de Medicina, não chegou a receber tal distinção. Ao menos, em 1907, Finlay recebeu a Medalha Mary Kingsley conferida pelo Instituto Liverpool School of Trical Medicine localizada no Reino Unido.

    Vencida a etapa das desgraças da primeira guerra e da gripe “espanhola”- denominada, com mais propriedade, gripe americana -, a Humanidade respirou aliviada dos pesares passados, mas não se dispôs a refletir sobre o que fazer para não tornar a se Desumanizar.

    O alívio respirado pela humanidade, num sopro se esvaiu, e o século XX ainda nem chegara à metade. Em 1939 é a vez da peste da Segunda Guerra. As lições que as pestes anteriores deixaram não foram levadas em conta. As desgraças desta guerra foram bem piores que as das anteriores; o PROGRESSO da ciência propiciou o desenvolvimento da indústria bélica, e em consequência, crescer a ambição de poder dos vencedores; nos perdedores, o desejo de revanche.

    Estamos no século XXl e já na segunda década, uma nova Pandemia a desafiar a Ciência. Debalde os esforços despendidos, seis meses depois reina a incerteza de como detê-la, e o quanto de sequelas deixará. Enquanto isso, uma dúvida acomete às autoridades afetas ao assunto: Salvar Vidas, ou a Economia. Aqui no nosso país os detentores do poder já se manifestaram pela Economia em primeiro lugar, acreditando que ‘os que têm que morrer vão morrer mesmo’; não anunciaram o que estão reservando para os que sobrarem. Com maior abrangência do campo da saúde, o Ministério não tem um ministro; no início da Pandemia dois médicos passarem por lá, mas foram demitidos em menos um mês por divergência com o presidente sobre um medicamento não indicado contra a Covid 19; um militar faz as vezes de interino já há quatro meses; o presidente da República, um capitão da reserva, do Exército, insiste em contrariar as recomendação da maior referência mundial em saúde, a OMS: promove aglomerações; sem máscara desestimula o seu uso, e propagandeia remédio sem indicação para Covid-19. Em consonância com o presidente, um segmento da corporação médica medica reza pela mesma cartilha. Nesse contexto, enquanto no mundo se busca desesperadamente por uma vacina, como a única certeza para conter o mal, surge um fato inusitado: ferrenhos movimentos de combate à vacina que ainda nem foi encontrada.

    Os fatos narrados neste texto, guardam impressionante similitude entre o mundo da Idade Média e o Mundo atual, o que se pode constatar através do Google; ‘dessemelhança’, a descoberta da serventia do velho sabão que antes era usado para lavar roupas, cômodos da casa e panelas, hoje, serve também para higienizar as mãos. Como ‘novidade’, o alcool 70°, e o alcool Gel, bem como, a nova doutrina do “involucionismo”, em conformidade com a recente descoberta da planura da terra.

    De resto, “Tudo como d’Antes no quartel de Abrantes”: a mesma vaidade das classes privilegiadas, e o menosprezo pela vida dos seus semelhantes que não tiveram as mesmas oportunidades para desfrutar de uma vida digna; da mesma forma, a ambição desenfreada dos apregoadores da preponderância econômica do Capital.

    Evidentemente, este cenário não sugere o Prenúncio de Um Mundo Novo; todavia, a esperança não morrerá jamais!

    Set/2020.

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