Moro diz que nunca usou de “jeitinhos” em ações

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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E Dallagnol criticou, sem saber, negociação de delação da PGR com JBS. Moro também defendeu que Ministério Público seja “mais duro” em acordos
 

Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – O juiz da Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, e coordenador da força-tarefa do Paraná, Deltan Dallagnol, foram participantes estrelas de um Seminário produzido pelo Estadão, chamado “O legado da Mãos Limpas e o futuro da Lava Jato”, nesta terça (24). No evento, falaram sobre corrupção, defenderam a prisão preventiva, Moro opinou sobre política e Dallagnol criticou a delação da JBS.
 
Tentando contrariar a maior parte das repercussões de suas decisões, o juiz da primeira instância do Paraná afirmou que faz tudo subordinado à lei, “sem jeitinhos ou caminhos alternativos”. “Nunca torça meu entendimento para chegar a alguma outra verdade”, completou.
 
Imediatamente depois, contrariando a si mesmo, tentou justificar que certas decisões são consequências de liberdades possíveis de uma ação penal: “Nós temos aí nossas liberdades, e as liberdades dentro do processo penal são importantes”. Ainda assim, voltou a afirmar que não existem “caminhos fora da lei”.
 
Aproveitou o espaço para defender as prisões preventivas, mas enfatizou o juízo de valor que ela adota sobre investigados, considerando que as detenções ainda na fase de apurações são necessárias por se tratarem de “conduta criminal”, “crimes de corrução”.
 
“Nós não estamos falando de altura de minissaia, estamos falando de crimes de corrupção. Estamos falando de fenômenos jurídicos muito claros. Não queremos pautar condutas éticas das pessoas”, disse. De forma generalizada, comparou o caso de Geddel Vieira Lima, ex-ministro e ex-assessor de Michel Temer, com outros condenados por ele na primeira instância que teriam “conduta reiterada de prática de corrupção”. 
 
Disse que poderia palpitar por não se tratar de um julgamento que está em suas mãos. “Um caso atualmente que ganhou fama é de um agente político relacionado a um apartamento no qual foram encontrados dezenas de milhões de reais”, exemplificou, sem citar diretamente o nome de Geddel.
 
“Se nós formos estudar um pouco a história desse indivíduo temos o envolvimento dessa pessoa em práticas criminosas que datam do início da década de 1990. Será que se as instituições não tivessem dado resposta naquela época não teríamos eliminado esse apartamento de R$ 51 milhões?”, concluiu, em sua lógica, como se a corrupção relacionada ao ex-ministro fosse padrão em todos os seus condenados, ignorando a singularidade dos milhões encontrados no apartamento.
 
Além de defender as prisões preventivas, que se tornaram marcas polêmicas de seus despachos, Moro defendeu os acordos de delação premiada e palpitou sobre política. Para ele, o suposto combate à corrupção que seria feito pela Lava Jato precisa de respostas no campo político. 
 
“Acho que existem situações que precisam ser enfrentadas não só por processos judiciais. Processos judiciais dão uma resposta limitada à corrupção e nós temos que pensar em mudanças em nossas práticas políticas”, defendeu. 
 
Ainda, defendeu que em acordos de delações premiadas com investigados, o Ministério Público seja “mais duro”. Eu acredito que, tanto quanto possível, o Ministério Público (MP) deve ser mais duro. O problema é que muitas vezes se trabalha num contexto de impunidade, no qual é muito mais difícil fazer esses acordos”.
 
Também sobre isso se manifestou o procurador da República Deltan Dallagnol, dizendo que o esquema de corrupção por criminosos ocorrem em “áreas de menor pressão”. “[Corruptos] vão buscar outros mecanismos de lavagem de dinheiro alternativos. Embora alguns tenham sido presos, muitos operadores ainda estão soltos”.
 
Dallagnol opinou sobre o acordo fechado pela JBS com a Procuradoria-Geral da República (PGR), como se fossem instituições distintas. Criticou as falhas da negociação, ainda admitindo que não conhece detalhes do acordo. 
 
“Quando olho a mesa de negociação com a JBS, vejo que os empresários estavam muito confortáveis. Não tinham buscas e apreensões contra eles, eram investigados mas não estavam indiciados, não tinham pressa e colocaram seu preço na negociação, que era a imunidade”, manifestou.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

18 Comentários

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  1. Nem tudo que é legal é justo 

    Nem tudo que é legal é justo  ..ou moral

    A LEI é uma liberalidade temporária, uma convenção contemporânea, a formalização de valores que mudam no tempo

    MORO exagera SIM ..comete BARBARIDADES e FERE A LEI (a CONSTITUIÇÃO tb)

    ..inventou a tal condução coercitiva pra desafeto, e pra gente que nunca tinha sido intimada, sem oferecer perigo, ou convidada a depor antes 

    .vasou ligação de presidente em EXERCÌCIO  (um CRIME contra a Instituição e segurança Nacional)

    ..colaborou com agentes EXTERNOS ao enviar depoentes (sem anuencia de outras instancias) pra falar contra a Petrobrás e o país

    ..duvulgou gravação ilegal  ..grampeu  presos e advogados ..humilhou, TORTUROU, chantageou  ..intimidou a defesa, tomou parte na contenda  ..usou o MP pra fazer valer suas querências e preferências  ..POLITIZOU os processos  ..priorizou casos que não envolviam seus relacionamentos políticos

    ..valeu-se do cargo e dos casos pra catapultar sua imagem

    ..por tudo isso e mais umn pouco  ..digamos que pau que da em Chico pudesse ser usado livremente pra dar em Francisco, embora eu seja contra a violencia explícitia

    ..mas, se assim, se em mim, em você também, que tal condenarmos este juiz a 50 anos de cadeia ??!!  ..por cada crime praticado  ..simples, faz as contas, e veja de quantos “NOSSO LAR” este indivíduo terá que voltar pra saltar sua divida com a sociedade brasileira

    francamente  ..tamo fu

  2. Corrupção não diminuiu na Itália, diz juiz da “Mãos Limpas”

    Corrupção não diminuiu na Itália, diz juiz da “Mãos Limpas”

    Enviado por Webster Franklin ter, 24/10/2017 – 18:10

    Tijolaço

    Corrupção não diminuiu na Itália, diz juiz da “Mãos Limpas”

    pimpao

    A cara de “pimpões” de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol expõe como a vaidade os diferencia dos juízes italianos da Operação Mãos Limpas italiana.

    Mas não é só isso que os separa.

    Enquanto os dois superheróis tupiniquins defenderam o “prende mais, prende mais, prende mais”, os magistrados italianos mostraram que o combate à corrupção depende menos de perseguição policial-judicial do que da mudança das estruturas sociais e políticas.

    No insuspeito Estadão, patrocinador do evento que os reúne em São Paulo, registra-se que o  ex-promotor e  ex-magistrado italiano Gherardo Colombo, “que conduziu a Operação Mãos Limpas, afirmou, nesta terça-feira, 24, que a grande investigação – iniciada nos anos 80 – contra empresários e políticos, não resultou na redução da corrupção naquele país”.

     “Olhando retrospectivamente hoje, podemos entender que a corrupção na Itália não diminuiu absolutamente. Me demiti 14 anos antes da minha aposentadoria, pois acredito que seja absolutamente necessário olhar outra fonte que é importante, que é a frente da educação”

    Como o Colombo do século XV, também este coloca o ovo em pé: diz o óbvio, mas que ninguém consegue pensar, de tão simples.

    O grau de corrupção de um país é igual ao nível de educação, inclusive a política, de sua população.

    Quando não se vende o voto, não adianta ter dinheiro para comprá-lo. Quando se tem partidos que funcionam e representem algo, os aventureiros endinheirados (como Sílvio Berlusconi) não se criam.

    Quando, ao contrário, se destrói os valores do humanismo, da fraternidade, da solidariedade, da felicidade coletiva pela asquerosa ideologia do “agregar valor” e do “bem sucedido” que a classe dominante vende pelos meios de comunicação, tem-se um país de corruptos, públicos e privados, a começar dos grandes, que vendem o trabalho de seu povo e a riqueza de seu país.

    O país que retrocedeu, na economia e no comportamento social, desde a Lava Jato é agora todo desta gente, porque vive a era do desemprego e da entrega de seu patrimônio.

    E é a estes que a histeria judicial dos dois “pimpões” tem ajudado, ou não é?

    http://www.tijolaco.com.br/blog/corrupcao-nao-diminuiu-na-italia-diz-jui

  3. Nada como jogar em casa, sem

    Nada como jogar em casa, sem torcida adversária  e com um juiz disposto a expulsar o time inteiro do rival caso o time da casa correr o mínimo risco de perder o jogo. Um dia esse loque ainda vai cair nas mãos de uma equipe de jornalista que o questione e não o paparique. É muita desfaçatez desse caboclo falar de respeita o processo legal. Espera a Onu se pronunciar e veremos quem é quem neste país de golpistas juristas.
     

  4. Rematados criminosos esses lavajateiros

    Caros jornalistas do GGN,

    Não percam tempo apenas narrando as patacoadas desses criminosos da ORCRIM lavajateira. Convidem grandes juristas para escrever artigos e colaborarem com o portal. Além da lenda viva, que é Eugênio Aragão, dezenas de outros grandes juristas (como muitos dos que assinam artigos naquele livro “Crônicas de uma sentença anunciada”) podem escrever textos contundentes, capazes de demolir essa turma de criminosos que se esconde sob a etiqueta da Fraude a Jato.

    Há poucos dias Eloisa Machado e David Figueiredo, em entrevista ao canal fechado GloboNews, reduziram a pó a ORCRIM lavjateira e a entrevistadora, Mônica Waldvoguel, que tentou manipular a entrevista e as respostas dos entrevistados.

  5. Tentou exigir que o Lula

    Tentou exigir que o Lula fosse a curitiba ficar presente em todos os depoimentos das 52 testemunhas chamadas pela defesa em uma das fases do processo, sob pena de não aceitar os testemunhos.

  6. Usou a esposa, envolvida até

    Usou a esposa, envolvida até o pescoço com o psdb, para vazar pro antagolpista informações ou versões que prejudicassem o acusado.

  7. Aqueles que fazem publicidade

    Aqueles que fazem publicidade bajulatória do seletivo, hiper-hipócrita e paródia de tirano-bobo da “corte”, moro, são todos movidos a propina; e aqueles que não se prestam a esse serviço sujo, ainda irão exigir o que estes lhes roubam.

  8. “Moro também defendeu que

    “Moro também defendeu que Ministério Público seja “mais duro” em acordos”:

    COMO UM JUIZ DE MERDA DE PRIMEIRA INSTANCIA NO BRASIL COMECA A LATIR A RESPEITO DO QUE NAO EH AREA DELE, GENTE?????????

  9. A lei não é para todos! Só
    A lei não é para todos! Só para o PT.
    Porque Moro e Dallagnol não comentaram sobre delação do Tacla Duran, em seu livro?

  10. Moro diz que nunca usou “jeitinhos”.(SÓ CHOQUE DE GESTÃO TUCANO)

    A ÚNICA COISA PROVADA ATÉ AGORA CONTRA LULA, É QUE OS OPERADORES DA LAVA JATO SÃO AUTENTICAMENTE INIDÔNEOS, PARTIDÁRIOS E TÃO RELIGIOSAMENTE HONESTOS QUANTO JUDAS, AQUELE QUE TRAIU JESUS POR 30 MOEDAS DE PRATAS.
    QUANTAS “MOEDAS” SERÁ QUE ELES ESTÃO LEVANDO PARA TER TANTA GANÂNCIA POR LULA?

    ·         JANOT disse sobre Temer:

    “O BANDIDO que se esconde atrás do MANTO POLÍTICO não é político, é bandido”,

    mas poderia ter acrescentado:

    O BANDIDO que se esconde atrás da TOGA, não é magistrado, é bandido.

    ·         A DRA. ELIANA CALMON TINHA MUITA RAZÃO QUANDO DISSE QUE MUITOS DE

    SEUS COLEGAS DE PROFISSÃO E DE CARGOS SÃO “BANDIDOS DE TOGAS”

    https://www.youtube.com/watch?v=wHKIErwmG-4

    https://www.youtube.com/watch?v=l2QhigH5iUM

    http://www.correiocidadania.com.br/antigo/ed296/politica.htm

     https://limpinhoecheiroso.com/2015/07/21/gilmar-mendes-o-defensor-geral-de-bandidos/

    ·         BANDIDOS DE TOGAS- VIDEO COM DRA ELIANA CALMON

    https://www.youtube.com/watch?v=wHKIErwmG-4
     

  11. Jeitinho…

    Oooohhhhh!!!!…, é só conversar com o Tacla Duran e Tacla explica prá o “Moro” bem direitinho (como é que as coisas acontecem…)!.

  12. Reincidência não tem relação com falta de resposta ao criminoso

    “Se nós formos estudar um pouco a história desse indivíduo temos o envolvimento dessa pessoa em práticas criminosas que datam do início da década de 1990. Será que se as instituições não tivessem dado resposta naquela época não teríamos eliminado esse apartamento de R$ 51 milhões?” – $érgio Moro

    As instituições deram resposta aos crimes do Yousseff. Porque ele reincidiu?

    ora, o Yousseff reincidiu não por falta de punição mas porque o índice de criminalidade tem relação com as desigualdades sociais.

  13. Moro nunca usou, ele sempre abusou do ‘jeitinho’ brasileiro

    Condução coercitiva sem recusa anterior a comparecimento, por exemplo, não é abusar do ‘jeitinho ‘brasileiro?

    E indeferir as perguntas do Eduardo Cunha que poriam o Michel Temer em saia justa não é, também, busar do ‘jeitinho’ brasileiro?

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