
Jornal GGN – Jair Bolsonaro não está preocupado com um processo de impeachment. O que tira o sono do ex-presidente é algo específico e longe de seus tentáculos: o cruzamento das provas levantadas no chamado “inquérito das fake news” (Supremo Tribunal Federal) com uma das duas ações que pedem sua cassação (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, envolvendo o disparo de fake news em massa via WhatsApp, financiado ilegalmente pelo empresariado bolsonarista em 2018.
O PT, dono de uma das ações, peticionou no final de maio para que o inquérito das fake news empreste suas provas ao TSE. O relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de empresários, desde 2018. A Corte Eleitoral abriu para manifestações. A defesa de Bolsonaro, na sexta-feira passada, defendeu a rejeição do compartilhamento. Mas o Ministério Público Eleitoral emitiu um parecer nesta terça (9) em favor do cruzamento dos processos.
Enquanto o TSE não bate o martelo, ministros falaram em caráter reservado à jornalista Andreia Sadi que o futuro de Bolsonaro dependerá da “robustez das provas”. Mais: da parte da Corte eleitoral, a intenção é julgar as ações ainda em 2020. Isso significa que se Bolsonaro e Mourão forem cassados, uma nova eleição direta deverá ser convocada. Se ficar para 2021, a eleição é indireta.
Já da parte do STF, a mensagem que chega ao Planalto é que o inquérito das fake news será concluído até o final de junho. A partir daí, as provas, depois de periciadas, podem ser usadas no TSE.
O Supremo julgará nesta quarta-feira (10) a reclamação da Rede sobre o inquérito das fake news. A princípio, ventilou-se que o processo pudesse implodir a investigação que atinge o coração do “gabinete do ódio”. Mas nas últimas semanas os ministros do STF demonstraram que estão unidos em torno das investigações e, na semana passada, a Procuradoria-Geral da República afirmou não ser contra o inquérito, apesar de considerar que alguns “vícios” demandam “ajustamentos”.
A tendência no STF é de endossar a validade do inquérito, estabelecer balizas e definir se está se criando uma jurisprudência, ou seja, se mais inquéritos como o da fake news (instaurado de ofício, para proteger a corte de ataques) poderão florescer no futuro.
Quando encerrado, o inquérito será entregue à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresenta ou não a denúncia formal contra os investigados que têm foro no Supremo. Os demais casos devem ser distribuídos na instância competente.
Segundo Sadi, um ministro do STF lhe disse que o cruzamento das investigações vai ser uma “encrenca” para Bolsonaro. Apesar disso, parte da mídia lê a espada sobre a cabeça do presidente não como uma ameaça real de cair, mas como o Judiciário enviando uma mensagem ao presidente: comporte-se.
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