A mediocridade mórbida dos golpistas

Umas das características mais chocantes do golpe de estado de 2016 é a generalizada mediocridade dos seus mais notórios protagonistas.

É de tal modo conspícua e indiscriminada essa qualidade dos personagens principais da farsa que se instaurou no país há um ano, que as ferramentas das disciplinas por via de regra utilizadas para analisar este tipo de evento histórico, tais como a sociologia, a própria história, a chamada ciência política, entre outras, parecem insuficientes para entender este traço marcante dos indivíduos que ocupam o proscênio deste espetáculo desastroso e dantesco.

Todos nós somos um tanto medíocres, num ou noutro aspecto. No entanto, é oportuno difundir que a mediocridade já foi descrita como um transtorno mental e tem sido assim estudada por profissionais da psiquiatria desde o início do século XXI.

Como qualquer característica ou necessidade humana pode se tornar patológica quando é insuficiente, excessiva ou inadequada, também a mediocridade pode ser doentia.  

No quadro geral nomes de destaque no golpe parlamentar-judicial-midiático que atingiu o país há medíocres de todos os níveis.

Há aqueles a quem a própria mediocridade não interessa e que sequer a entendem, desde que estejam satisfeitas suas necessidades básicas.

É possível que neste grau se encontre grande parte dos chamados “coxinhas” que foram para a rua, trajando verde e amarelo, tangidos pela mídia e pelos ancestrais fantasmas da classe média, e protegidos pelas forças de repressão, já, então, sabida ou inadvertidamente a serviço do golpe.

Os habitantes do segundo andar da mediocridade são aqueles cheios de presunção, de vaidade infundada e ridícula. No fundo são medíocres que pretendem ser brilhantes, mesmo que não saibam muito bem no que isso consiste, e que, por isso, só podem fingir, imitar ou plagiar.

Neste nível de mediocridade se encontram enfatuados representantes de todas as principais falanges do golpe. Entre eles é possível apontar jornalistas e apresentadores de rádio e televisão provincianos que se utilizam do modelo de colegas “polêmicos” consagrados, paparicados pelas ‘elites’ e muito bem remunerados; membros dos baixos estamentos do judiciário, tais como procuradores novatos e bacharéis que não advogam, mas não tem pejo de oferecer “pareceres jurídicos” diante de câmeras e microfones, além, naturalmente, de muitos representantes do parlamento federal que exibiram garbosos para o mundo sua mediocridade traiçoeira e espetaculosa durante a votação da permissão de abertura do processo de impeachment.

Finalmente, no último e terceiro plano da mediocridade está o mais nocivo ser da escala dos limitados: o Medíocre Inoperante Ativo, aquele tipo doentio que dá nome a uma patologia pouco conhecida – MIA, descrita por um psiquiatra espanhol.

Este tipo humano de índole perniciosa, incapaz de criar algo que tenha algum valor para o mundo e que, ao mesmo tempo, detesta e tenta destruir todo aquele que demonstre traços evidentes de brilhantismo, é o medíocre mais verdadeiramente perigoso entre todos os demais.

Ele impõe grave sofrimento a quem o cerca, entre outras razões, porque, como ocorre em todos os transtornos de personalidade uma característica essencial é que aqueles que são acometidos por algum deles não reconhecem a própria anomalia.

Nestes dias mais recentes dos desdobramentos do golpe não têm faltado entre os seus principais atores exemplos de figuras nefastas que podem ser diagnosticadas, mesmo por leigos apenas com informações básicas sobre este transtorno mental, como medíocres inoperantes ativos.

Eles precisam, com urgência, renunciar às suas funções para se tratar, pois está mais que evidente que podem destruir o futuro do país por meio de sua atuação em todos os Poderes da República onde estão sobejamente representados: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público e a mídia empresarial oligárquica.

Há quem considere que a mediocridade cumpre uma função social porque, ao dificultar as mudanças, mantém a estabilidade. 
 
Se assim for de fato, e considerada a aguda instabilidade que o país vive desde o dia seguinte às eleições de 2014, este é mais um indício de que os mentores intelectuais e principais patrocinadores deste golpe jurídico-parlamentar-midiático não estão entre as estrelas nacionais da mediocridade mórbida.

 

 

 

 

 

 

 

 

Redação

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