O Sarau em casa e a nova economia da música

Sexta-feira rolou um sarau inesquecível lá em casa, juntando todos os gêneros. Do lado do choro, um time peso-pesado, com os clássicos sete cordas Zé Barbeiro e Joao Macacão, seis cordas Italo Peron, a flauta  internacional de Toninho Carrasqueira, o piano imbatível de Dudah Lopes e seu vocal Flor Amorosa, o cavaquinho de Ildo e Omar, o sax de João Poleto, jovens virtuoses, como o bandolinista Fábio Peron (anote o nome), o gaitista Vitor Lopes, o violonista Emiliano Castro. Fora do choro, os consagrados Eduardo Gudin, Vicente Barreto, Roberto Riberti, a dupla Chico Saraiva e Suzana Travassos, Renato Braz e Flor Amorosa e se for mencionar todos, hoje não vou terminar.

Ponto em comum: quase todos com seu CD na mão, caprichado, bem gravado, bem editado e tudo com as ferramentas acessíveis a qualquer artista hoje em dia.

Outro ponto: deu para juntar tanta gente boa porque janeiro é mês de folga. Vários dos meus amigos de saraus quase nunca estão disponíveis no sábado porque excursionando pelo país, nos inúmeros festivais de música ou em shows, pela América do Sul e Europa.

Esse é o novo quadro. No modelo anterior, havia um filtro que permitia a visibilidade a poucos, de acordo com os critérios comerciais da gravadora, mas era intensa.

Com a tecnologia disponível, aumentou extraordinariamente a quantidade de gravações e as possibilidades de divulgação. Houve uma certa diluição junto ao público comum, mas abriu-se o campo para os contatos entre os grupos especializados.

Dia desses, nosso acordeonista predileto, o Tadeu, recebeu email de um fabricante italiano de acordeon e o convite para visitar a fábrica, na Italia. Lá, foi presenteado com um acordeon especial. De onde o conhecimento? Do Youtube.

No decorrer da semana, vou divulgando aqui os CDs de alguns dos músicos do sarau

A visita de Toninho Carrasqueira trouxe-me uma lembrança especial.

Início dos anos 80, eu trabalhava no Jornal da Tarde e me convidaram para fazer um programa semanal instrumental na Rádio Eldorado. Para a estreia convidei João Carrasqueira, o Canarinho da Lapa, mestre inesquecível da flauta. Telefonei para sua casa com minha Maricota (que tinha poucos meses) no colo. Ele ouviu os barulhos de criança e perguntou o nome.

Carrasqueira aceitou o convite e chegou no estúdio com uma fita K7 com um choro, Mariana.

Os choros de Luiz Gonzaga

Aqui vai um CD de um dos cobras que fora lá em casa, meu amigo Zé Barbeiro e o CD “O lado B do Lua”, os choros de Luiz Gonzaga interpretados por Zé no sete cordas, Cleber Silveira no clarinete e Jotagê Alves ao violão.

 

Luis Nassif

13 Comentários

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  1. Que bela reunião de “feras”,

    Que bela reunião de “feras”, chorões e virtuoses da música brasileira! Um dia ainda espero ter o prazer de presenciar um show desses ao vivo! Abração do conterrâneo que muito o admira pelo conjunto da sua obra!

     

  2. Filosofia mineira

    Luis Nassif:

    Pouco importa se são cobras.

    O fundamental é que existem os artistas e o povo que queira ouvi-los.

    Francamente, eu duvido que você gostaria de ouvir música cantada em holandês. Aqueles “g” finais das palavras que ficam com o som de “r” são muito românticos 😉

    Mas o que isso importa? Estamos felizes na colônia, ouvindo as músicas de nossos camaradas.

    O mesmo acontece com vocês. Uma gravação vez por outra, registro de um momento de alegria, como diz a filosofia mineira:

    “Procuro a resposta. Por que criar a dor? Se quando estamos juntos. Temos sonho, força e amor.”

  3. Que belo!

    Sem dúvida, a vida assim é bem melhor!  Músicas lindas, amigos colaborando e um bom drink !  São essas ocasiões que melhor definem a felicidade! Parabéns Nassif!

  4. O Sarau

    Nassif, foi um imenso prazer participar do seu Sarau! Realmente, só feras….. nunca havia estado antes com tantos colegas tão talentosos e fantásticos numa noite só! Obrigada!!!! 🙂  Abraços, Marcia Regina – violinista

  5. Um dia eu gostaria de ir ao sarau.

    Estou ouvindo e são feras mesmo. Estou ouvindo um pedaço do Zé Barbeiro ( Não me siga que não sou novela… Kkk ). Valeu por disponibiliza-los, seu Nassif.

    Realmente, a internet esta revolucionando as artes e a musica é a que mais tem sofrido transformações na sua difusão. Esta muito mais democratico, ainda que gravadoras e musicos sofram por outro lado… Mas o caminho é esse.

    Abraços.

  6. O Sarau

    Nassif,

    Foi uma honra poder participar, junto ao Flor, de seu Sarau. A cada música linda que ali foi tocada, por músicos maravilhosos, numa noite maravilhosa, sua casa ficava ainda mais plena de luz. 

    Muito obrigada pelo carinho com que sempre nos recebe.

    Um agradecimento especial à Eugênia, atenciosa e carinhosa com todos.

    Abçs

    Andrea Cunha 

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