
Salim Mattar é um empresário polêmico. Sempre foi conhecido pelo estilo pouco ortodoxo de tratar com o setor público. E também por uma absoluta ausência de coerência. Já recorreu por diversas vezes aos incentivos culturais. Mas debatera contra o uso dos incentivos para uma obra meritória, a reconstrução do Museu da Língua Portuguesa.
Invoca as crianças abandonadas e os policiais como alternativa para a aplicação do dinheiro, sendo, hoje em dia, um dos setores mais privilegiados da economia brasileira, colocando em risco dois setores relevantes: concessionárias de veículos e trabalhadores de aplicativos.
Hoje em dia, as locadoras conseguem adquirir veículos diretamente das montadoras, com até 30% de desconto. Não seria uma competição abusiva, se os veículos ficassem com elas. Mas são autorizadas a vender veículos usados a usuários finais. Com 30% de desconto no veículo novo, depois de um ano a locadora consegue vender o automóvel com lucro.
Confira.
- Um Chevrolet Onix 1.0 2022 custa R$ 64.520,00
- Com 30% de desconto, sai por R$ 45.164,00
- Já o Onix 1.0 2020 custa R$ 58.108,00.
- Digamos que depois de um ano, a locadora resolva vender o veículo por R $54.000. Mesmo pagando 3,9% de ICMS, ainda assim terá um lucro de 15%.
Mais que isso. As concessionárias precisam manter estruturas pesadas de vendas, de atendimento dos clientes e manutenção de estoques. Já para as locadoras, a venda de veículos não tem custo algum. É apenas um subproduto.
Essa falta de isonomia faz com que, hoje em dia, as locadoras respondam por mais de 30% das vendas de veículos.
Não apenas isso. Com o advento dos aplicativos, cada vez mais os automóveis se tornam instrumentos de trabalho de motoristas. E as locadoras passam a ter papel central nas duas pontas: alugando e vendendo os veículos. Atualmente, 25% dos motoristas de veículos por aplicativos alugam carros para o trabalho.
Daí a relevância de um tema que está sendo apreciado pelo CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), e tentativa a de aquisição da Unidas pela Localiza, de Salim Mattar. O market share de ambas é de 80% do mercado. Hoje em dia, ambas são responsáveis por 10% das vendas de todos os carros com 1 a 3 anos de uso, com crescimento médio anual de 78%. Também são os maiores compradores de veículos do setor, com crescimento médio anual de 48,4%. Juntas, terão o controle de 13% de todos os emplacamentos feitos no país.
Essa foi a razão da Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo se manifestar contra o risco do monopólio.
Por isso mesmo, faria melhor Salim Mattar, em vez de questionar gastos culturais relevantes, olhar para o próprio umbigo e usar seus poderio financeiro para apoiar crianças e moradores de rua.
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Matéria super importante. Felicitações. Parabéns.
Esclarecer é papel da imprensa.
MGF
Todos os donos de concessionária que conheço são minions e possuem sempre aquele discurso do estado mínimo, LulaLadrão , bandido bom é bandido morto e por ai vai. Sei que para os motoristas de Uber e 99, eles praticamente trabalham para trocar 6 por meia dúzia, hoje em dia, mas é uma classe também bem Bolsonarista. Me lembro de já ter pego inúmeros motoristas minions. Digo tudo isso porque neste imbróglio estou do lado da briga. As vezes é preciso cair na desgraça para poder comparar. A grande maioria das pessoas não entende o texto e nem a sua importância mas sentirão na pele o que é um monopólio.