Polícia Federal indicia executivos da Odebrecht

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Mais um indiciamento de empreiteiras. A Operação Lava Jato finalizou a investigação contra a Odebrecht e encaminhou à Justiça Federal do Paraná os indícios de crimes do presidente Marcelo Bahia Odebrecht e de outras sete pessoas da empresa por vantagem indevida, crime contra a ordem econômica e frustração de licitação.
 
A denúncia com o material coletado e reunido pela Polícia Federal será preparada pelo MPF, que deve entregar ao juiz Sergio Moro na próxima sexta-feira. Se a Justiça acatar a denúncia da equipe de procuradores, Marcelo Odebrecht e os outros investigados passarão a ser réus de ação penal.
 
O laudo da Polícia Federal traz informações sobre a influência em meio político do presidente da empreiteira “na busca por obter os contratos de construção e operação das sondas (o que veio a ser adjudicado à própria Sete Brasil) e depois visando ser contratada para construir os navios”, afirma o documento. Entre os materiais de prova, os delegados utilizaram e-mails dirigidos a Marcelo Odebrecht e o foco das investigações de corrupção foram as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
 
Sobre a Abreu e Lima, a PF levou em consideração o relatório de auditoria da Petrobras, que apontou “falha no rito processual”, indicando um acréscimo de 19,3% do valor contratado e uma extensão do prazo de entrega das Unidades de Destilação Atmosférica. 
 
Na planilha do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, encontrada pela equipe de investigação, consta o “pagamento de propina relativo a essa obra” por Marcelo Odebrecht a Rogério Araújo e Agenor Medeiros, da OAS. 
 
O delegado também citou trecho de delação premiada do doleiro Alberto Youssef, em que detalha pagamentos da empreiteira de R$ 7,5 milhões à diretoria de Abastecimento da Petrobras, sob comando de Paulo Roberto Costa, envolvendo as duas obras da estatal.
 
Também é mencionado o pagamento de R$ 1,4 milhão para a empresa terceirizada Sul Brasil realizar obras da sede da Petrobras em Vitória, Espírito Santo, “pairando indícios de que nenhum serviço fora prestado” pela empresa.
 
Em resposta, a Odebrecht afirmou que o indiciamento já era esperado e que as defesas dos funcionários da empreiteira irão “exercer plenamente o contraditório e o direito de defesa”, disse a companhia.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Como entender a bipolaridade do juiz?

    Muitos têm elogiado a rapidez com que o juiz Sérgio Moro conduz a Lava Jato.

    É fato.

    Em apenas um ano o referido juiz está conseguindo destruir algumas das maiores empresas nacionais, fundamentais para obras da maior importância para o Brasil, e acabar com milhares de empregos.

    Sem falar nas tentativas de fazer o mesmo com a Petrobras.

    Não, por favor, não faça isso comigo.

    Não zombe da minha inteligência e não leve a sua estupidez ao limite.

    Não argumente que os ladrões têm que ser punidos.

    Dizer o óbvio e o que vai agradar a milhares de ouvidos muitas vezes só expõe a enorme fragilidade mental de quem diz, ainda que aqueles milhares de ouvidos jamais percebam.

    Mesmo diante de escândalos de corrupção envolvendo os seus diretores, em nenhum país do mundo se permitiu que destruíssem as empresas.

    Para os terceiro-mundistas que carregam o complexo de vira latas, cito os Estados Unidos e a Alemanha.

    Esses países, o que significa dizer as suas autoridades, jamais permitiram que as empresas fossem destruídas, como não permitiram, mesmo diante de enormes escândalos que inclusive geraram crises além das suas fronteiras.

    A razão?

    Uma só.

    Inteligência, responsabilidade e compromisso com o país.

    Não deve ser natural que homens que se põem acima do bem e do mal passem por cima desse compromisso.

    Mas em nome do combate à corrupção, aceita-se, não é mesmo?

    Ah, o combate à corrupção!

    Quantas vezes em seu nome a corrupção só faz aumentar!

    Mas, um fenômeno recorrente em países que lutam para sair da condição de terceiro mundo e cujas sociedades insistem em permanecer nele, parece ser o fato de que nesses países sempre surgem nobres combatentes que se tornam heróis.

    O juiz Sérgio Moro é um combatente.

    Um combatente da corrupção.

    Um herói.

    Nada pior do que nadar contra a corrente, não é mesmo?

    O esforço é enorme.

    Muito mais confortável é deixar-se levar.

    Muito mais confortável é fazer parte da corrente.

    Deve ser interessante, por exemplo, fazer parte da corrente dos idólatras do juiz Moro.

    Mas, diante de eventuais obstáculos intransponíveis, é possível que alguns não consigam.

    É possível que alguns não consigam entender, por exemplo, como depois de mostrar tanta competência e rapidez nas investigações da Lava Jato, o diligente juiz Moro pode exibir um comportamento tão diametralmente oposto diante de outras investigações.

    Desde dezembro de 2012, as investigações sobre um episódio que envolve Cássio Cunha Lima, senador pelo PSDB, estão sob a responsabilidade do juiz Moro.

    Foi dada ao juiz pela ministra relatora Rosa Weber a responsabilidade da investigação para que o magistrado realizasse audiências de interrogatório, inquirição de testemunhas, inspeções, entre outros afazeres, incumbências que foram, repito, rapidamente realizadas na Lava Jato.

    Ocorre que como estava o inquérito do senador tucano em DEZEMBO DE 2012 está hoje em JULHO DE 2015. As investigações não foram adiante.

    Só a título de informação, deve-se ressalvar que Cássio Cunha Lima já foi cassado por corrupção antes desse novo caso.

    Talvez outra ressalva deva ser feita.

    O senador Cássio Cunha Lima é um dos comandantes do batalhão da linha de frente nas tentativas de derrubar a Presidenta Dilma Roussef, valendo-se, juntamente com o seu partido, de informações preciosas, que alguns maldosamente chamam de “vazamentos seletivos”, oriundas da Lava Jato, operação capitaneada pelo juiz Moro.

    Claro que não posso e não vou pensar que o juiz Moro não tem interesse em investigar políticos do PSDB.

    Longe de mim esse pensamento.

    Às vezes existem razões para os nossos atos que a própria razão desconhece.

    Mas, provavelmente pelas minhas dificuldades pessoais de entender algumas coisas, sinto-me diante de uma enorme dificuldade.

    Como entender essa bipolaridade do juiz?

    Por um lado, extrema competência.

    Por outro, nenhum interesse.

    Ou será que devo dizer?

    Com um lado, extrema competência.

    Com o outro, nenhum interesse.

  2. Matéria Estadão

    “Relatório mostra siglas de Marcelo Odebrech para políticos”

    Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/relatorio-mostra-siglas-de-marcelo-odebrecht-para-politicos/

    Segundo a matéria, várias siglas aparecem nos smartphones do empresário, mas algumas delas foram cobertas por uma tarja preta, impedindo a identificação dos possíveis nomes. Será?

    O interessante é que links com o pdf foram disponibilizados, de maneira que dá para ver tais tarjas cobrindo os supostos nomes de pessoas. JS e FP, por exemplo, tiveram os (possíveis) nomes cobertos. A questão é que tal pdf não foi, ao que parece, bem protegido. Basta selecionar (com o mouse) a tarja preta, copiar (control + C, por exemplo) e colar em um simples editor de texto para ver tudo. JS = José Serra, FP = Fernando Pimentel, etc.

    Já com as figuras não é possível, só em modo texto.

    Tem duas páginas em branco, onde nada pode ser lido. Basta fazer a mesma coisa, selecionar, copiar e colar para ler todo o texto: trata-se de uma possível entrevista de Marcelo para jornalistas da Folha. Por que tais páginas foram assim tratadas?

    Foi a PF que impediu a leitura completa do pdf (tarja preta e páginas em branco) ou foi o Estadão? Estranho isso…

    (*) Pode-se rejeitar ou editar o que foi escrito acima.

     

     

  3. Tá aí o “isolamento” e a “inércia” da Presidência

    Ser republicana e democrata(nos limites de nossa frágil conquista):não barrar e,pelo contrário,dar toda a força à livre atuação dos órgãos de investigação.Se há esse ou aquele personagem,juiz,polícia federal,congresso q jogue contra,ora, isso é normal,de se esperar.Agora,sair atirando,quase nos primeiros dias,contra a Presidência,mal inicado o 2º Mandato,é o que os opostos fazem e não se mancam:jogarem pela direita ou pela instabilidade.É o que se percebe,infelizmente,em blogs alternativos de senso crítico,não diria de esquerda,porque não são,nem nunca foram,a não ser q relativizemos q é a esquerda possível.Mas não sejamos escravos do inevitável(um Frias usou tal expressão numa pequena e ótima coluna na FSP).

  4. como tem baiano investigado

    como tem baiano investigado na lava jato… meu deus! parece até que a guerra fiscal provinciana descambou pra seara policial

    logo logo “juiz leite quente” irá investigar a cueca do caetano in momentum sunga do gabeira in door nas redes sociais…

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