Sobre a história do Egito

A historia moderna do Egito vem da Segunda Guerra. Um extraordinario pano de fundo social, politico e economico foi traçado pela escritora inglesa Artemis Cooper no livro CAIRO IN THE WAR 1939-1945, Cairo ao tempo da Segunda Guerra era uma cidade efervescente, de romance, de espionagem, de magnificas festas, de boates sempre cheias, dinheiro correndo solto, os alugueis de partamentos quadruplicaram de preço por causa da presença de milhares de oficiais ingleses e americanos, a maioria dos melhores imoveis  de Gezira, Zamalek e Heliopolis, os bairros chiques,  pertenciam à aristocracia turca, classe docimante apesar do Egito ter deixado de ser provincia truca desde 1918. Tudo girava em torno da Casa Real, seus principes e intrigas como um dos polos sociais. O outro polo era a Embaixada de Sua Mahestade Britanica, aonde pontificava o Embaixador Sir Miles  Lampson, casado com uma italiana, Jacqueta (Jaqueline) Lampson. Quando o prepotente Embaixador mandou o Rei despedir sua criadagem italiana, o Rei Farouk que era tambem petulante e desbocado respondeu, “”O Senhor se desfaça da sua italiana que eu então despedirei os meus””.

O milleu social do Cairo não tinha só egipcios e ingleses, Reis destronados pelos alemães, como os da Grecia e da Iugoslavia tambem foram para o Cairo, aumentando a intensa vida social.

O Rei vivia em doze magnificos palacios, o principal era o Abdine no Cairo e o de verão era o Montaza em Alexandria.  O jogo corria solto nos cassinos, como no Royal Yacht Club de Alexandria. A espionagem tambem corria solta porque o Egito tècnicamente não estava em guerra, apesar de ser um teatro da Segunda Guerra  e de se desenrolarem em seu territorio grandes batalhas, como El Alamein e Mersa Matruh .  Por causa de sua neutralidade, paises do Eixo como a França de Vichy, Romenia,  Hungria e Bulgaria mantinham Embaixadas no Cairo, que obviamente eram ninhos de espionagem, alem disso havia uma grande colonia italiana no Egito, parte da qual era fascista. Todos esses grupos sociais se misturavam no Cairo e em Alexandria, por isso o ambiente de altas intrigas, escandalos, romances, isto entre 1940 e 1944, havia a escassez de produtos e alimentos provocada pelo conflito mas nunca faltou champagne e whisky e a evidente fermentação que vinha debaixo para cima e que levou ao incendio do centro do Cairo em 1952 dentro da revolta popular que destronou Farouk. Revolta de massas não são novidade no Egito, a de 1882 em Alexandria fez a esquadra inglesa bombardear a cidade.

O livro é interessantissimo, Artemis, que é esposa do  escritor Anthony Beevor e neta de Lord Duff Cooper, importante diplomata inglês da Segunda Guerra, escreveu tambem PARIS AFTER THE LIBERATION : 1944-1949, outro panorama social e intelectual da Paris do imediato pós-guerra. Propus a ela escrever um livro sobre o Rio de Janeiro ao tempo da Segunda Guerra, o Rio dos grandes cassinos e da intensa vida social, infelizmente Artemis está ocupada com outros projetos agora, voltarei a carga, acho que seria um tema fascinante.

Os livros sobre o Cairo e sobre Paris são edições de Penguin Books.

Luis Nassif

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