Toda vez que o Brasil toma consciência dos antagonismos sociais, balas começam a chover, diz Vladimir Safatle

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
 
Jornal GGN – O filósofo Vladimir Safatle publicou em sua coluna na Folha, neste sábado (30), um texto afirmando que “todas as vezes que a consciência dos antagonismos sociais aflora [no Brasil], balas começam a chover e discursos do tipo: ‘Quem semeia vento, colhe tempestade’, retornam.”
 
A análise de Safatle teve como ponto de partida a declaração de Geraldo Alckmin sobre o atentado à caravana de Lula no Paraná, que foi alvo de pelo menos 3 tiros na noite de terça (27). Questionado sobre o episódio, o presidenciável do PSDB insinuou que a culpa pelo ataque era do próprio PT, que há anos vem fomentando uma “divisão” na sociedade com o discurso do “nós contra eles”.
 
Segundo o filósofo, “as balas que correm nos nossos dias não são consequência de uma maior divisão e antagonismo da sociedade brasileira. Elas são, na verdade, a reação desesperada para tentar barrar tal divisão, para amedrontar os que começam a perceber sua impressionante resiliência.”
 
Safatle ainda explicou que o fazer política não deixa de ser uma atividade agressiva, no sentido de que é preciso se contrapor a interesses particulares para fazer jus aos direitos renegados a uma parcela da sociedade.
 
“Em política, quem fala em unidade normalmente mente, pois a única unidade possível é aquela que reconhece o caráter originário da divisão”, apontou.
 
Safatle defendeu que “a melhor resposta a tais situações [como a do ataque à caravana] é lembrar que não precisamos de mais unidade, precisamos de mais divisão, de parar de temê-la e começar a aceitá-la.”
 
E, para Alckmin e seus seguidores, mandou um recado: “(…) talvez seja o caso de lembrar que não há lei nenhuma da física que garanta que balas só correm da direita para a esquerda.”
 
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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. não há lei da física que garanta que balas so sao da direita

    Talvez seja justamente esse o medo de Alckmin, e de Bolsonaro quando disse quase a mesma coisa

  2. O grande erro da esquerda

    Aqui se torna evidente o grande e terrível erro da esquerda: Achar que as balas podem fluir tanto da direita para esquerda, quanto da esquerda para a direita. Na verdade as balas podem fluir, só que na vida real, isto não funciona, por um simples motivo: A direita quando financia as suas balas, tem muito, mas muito mais dinheiro do que a esquerda, ou seja, as balas da esquerda acabam, e as da direita continuam indefinidamente. Está aí a resposta do porque a esquerda e os mais pobres sempre acaba sendo massacrados nos conflitos com a direita e com os mais ricos.

    Não por acaso, líderes mundiais como Ghandi, escolheram lutar num terreno onde a direita não domina bem, que é a luta pacifista.

    #Ficaadica#

  3. “Piedade, pra essa gente careta e covarde”

    1 – Não li a íntegra porque não quero dar audiência para panfleto da direita. 

    2 – Agora entendi porque alguém que se diz à ultra-esquerda escreve para o panfleto: a questão ideológica pesa menos que seu antipetismo, e sua defesa da divisão na verdade é um discurso utilitário que dissimula a rejeição ao apelo popular que o PT representa – nisso as massas cheirosas, à esquerda e à direita, estão à vontade na Farsa de SP, e portanto não há contradição em um professor de filosofia que quer ser mais radical que a Bastilha vender seu prestígio intelectual para um ex jornal que há muito tempo não disfarça seu alinhamento ao neofascismo, esclarecido, é claro.  

    3 – Concordo com ele em  apenas um aspecto: não devemos ter medo da divisão, e ele poderia dar o exemplo dividindo suas luzes com tendências mais radicais da esquerda – não terá feito uma insinuação crítica também à idéia propagada de união das esquerdas? – e não se unindo a quem anda na contramão do que sua imagem de intelectual sugere. 

    4 – Se não há lei da física que governe o trajeto ideológico de projéteis, há leis sociais e econômicas que moradores de favelas e periferias conhecem muito bem, para além de retórica vazia pra fazer bravata, e leis humanas que só políticos de verdade e não de abstração têm legitimidade para afirmar; quanto ao desgovernador, terá esquecido nobre filósofo?, ele vem contrariando sua tese filosófica da divisão ao unir em São Paulo, do crime organizado ao Judiciário, em nome da pax paulistanóia, o que prova que sua lei política da divisão parece não funcionar no universo neofascista de SP – será a Farsa de SP uma exceção ou segue sua regra? Ou terei entendido mal e o professor tinha mente esse tipo de divisão de poder quando elaborou sua afirmação? 

    5 – Agora que minha dúvida sobre a aparente contradição político-ideológica entre articulista e panfleto foi sanada – as minhas perguntas também são retóricas, vide item 2…-,  não mais chamarei ilustre filósofo de perfume para a massa cheirosa do panfleto, ele é seu próprio hálito. Aliás, economizarei meu tempo para quem seja, politica e intelectualmente, relevante.

    Como diz uma letra de música: “toda Folha elege um alguém que mora logo ao lado” (e vice-versa). 

     

    Blues da piedade –  CAZUZA (QUANTA FALTA!!!)

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=mP2TSifujE8%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=mP2TSifujE8

     

    trecho de entrevista – CAZUZA (QUANTA FALTA!!! E teria acertado se a Globélica não tivesse roubado a eleição, pra variar)

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=1KFPJwr9vCA%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=1KFPJwr9vCA

     

    Sampa/SP, 30/03/2018 – 20:14  (alterado às 20:19).

    1. Lavei a alma
       

      Pensei que o mal estar fosse só meu ao tomar conhecimento das mal traçadas linhas sobre o filósofo (que aliás, não tive o “animus” de seguir leitura)

      O cerne 

      “a questão ideológica pesa menos que seu antipetismo, e sua defesa da divisão na verdade é um discurso utilitário que dissimula a rejeição ao apelo popular que o PT representa – nisso as massas cheirosas, à esquerda e à direita, estão à vontade na Farsa de SP, e portanto não há contradição em um professor de filosofia que quer ser mais radical que a Bastilha vender seu prestígio intelectual para um ex jornal que há muito tempo não disfarça seu alinhamento ao neofascismo, esclarecido, é claro. “

      Mandou bem!

    2. Piedade….

      A CENSURA nada esconde , pelo contrário, muito revela. E dizem não entender este Brasil/2018? Cazuza, playboy, nascido em berço de ouro, filho de Diretor da RGT. Mas sabemos: Elite são os outros. Juntamente com esta “thurminha” que veio no embalo de redemocracia dos anos 80 e suas bandinhas. Ficamos sabendo que esta gente contra “aquele Brasil”, cheios de ideologia numa transformação socialista eram herdeiros de Magnatas, Empresários, Generais e Coronéis, Politicos de 1.o Escalão, Moradores dos Jardins, Zona Sul carioca ou bem-nascidos da Elite de Brasilia. “Tudo gente do Povo, honesta e trabalhadora.” Mas sabemos Elites e Despotas são os outros. O Povo é que não entendeu a mensagem. Maitê Proença, atriz da RGT, é outra desta “esquerda-gourmet”, revoltada, socialista e anticapitalista com o bolso dos outros. A pensão do Pai-Desembargador de uns 30 mil, era muito pouco. Então exigiu sua revisão para uns 40 mil. “É meu direito vindo de berço de ouro”. Sabemos. Elites são os outros. Nesta ditadura de 88 anos, é muito facil fazer anticapitalismo com o bolso dos outros. E censura também. O Brasil é de muito fácil explicação. 

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