Um beijo, Guerrero

Guerrero em treino no Corinthians

A fila andou (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

Do Esporte Fino

‘Um beijo, Guerrero, não dá mais pra te amar’

Por Mari Nassif*

Autora convidada

Tá cheio de ídolo por aí. É verdade, pode ver: hoje em dia qualquer um pode ser ídolo.

Pode ser que você tenha eleito o Corinthians seu time pelos ídolos. Eu elegi porque é um time passional, o que me cai como uma luva, e é preto e branco, fácil de lidar.

Daí que este time tem alguém que, além de jogar bola, provoca uns calafrios e certas contorções que vão do pescoço à cintura porque ele é forte, firme, tem uns olhos meio cerrados, não sei, uma tatuagem de pena – que significa muita coisa num homem – e, segundo meu critério futebolístico, joga bem (embasado quase que apenas pela paixão, deixando de lado técnica e histórico, o que praticamente não importa pra mim). Um homem maduro com cara de moleque rebelde é de enlouquecer, sorry.

E tem o fator Fiel, que é premissa de tanta coisa boa na vida e, num jogo como o futebol, pressupõe uma série de combinações que, poxa, deveriam ir além de uns trocados, mesmo que estejamos falando de cifras semiastronômicas. Fidelidade passa perto de estar junto, seja lá qual for o momento de um ou de outro. Ou dos dois, quiçá.

E então ele vai pra um outro time e o que sobra é um monte de interrogações. Alguém que entenda o futebol como negócio, de repente pode explicar melhor. Eu não: apenas fico meio puta e me perguntando onde é que existe esta plantação de racionalidade que faz alguém sair de algo sensorial e querer pensar. Julgue-me.

Nestes tempos em que mafiosos e corruptos estão em todos os escalões do futebol, o torcedor é sempre o mais prejudicado. Mesmo que ele, o torcedor, seja o fator que move o jogo, que esteja lá debaixo de sol e chuva, seja onde for.

Pessoas como você e eu (e mesmo que você não torça pelo Corinthians, o time em que tudo é maior), que somos mais apaixonados pelo gol do que pelo que transita secretamente fora do gramado, gostaríamos que houvesse mais transparência e simplicidade na relação do futebol com a gente. Mas o mundo não anda tão natural, não é mesmo? O toco e me voy é coisa rara, as estrelas querem brilhar sozinhas.

Por tudo isso, dou o privilégio da despedida: um beijo, Guerrero, mas não dá mais pra te amar. Pra paixão não há argumento, e você sabe: acaba a paixão, acaba o fetiche.

* Mari Nassif é relações públicas (embora prefira as relações mais pessoais), microempresária do ramo de bem estar e não pronuncia o nome de times que não o seu

 

Redação

14 Comentários

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  1. A diretoria atual e a que a

    A diretoria atual e a que a precedeu no Corinthians tá saindo melhor que encomenda… de palmeirense! Esta diretoria ainda vai dar muitas alegrias… pros adversários.

  2. não pronuncia o nome de times
    “não pronuncia o nome de times que não o seu”

    Que virtude maravilhosa.
    Uma.pena que apenas os predominantes, os que estão no topo dá cadeia alimentar podem se dar a este luxo.

    Guerreiro. ..Para ser sincero nunca reparei muito nele. Vamos ver no que da mas me parece que o Flamengo ainda precisa de um jogador para o time acertar.
    Um Guerreiro não faz verão. A não ser que seja um 10. Mas…estes não existem mais em quantidade suficiente. São animais em extinção.

    O Timao vai encolher mas no longo prazo ainda parece bem viável. Será o maior adversário do Flamengo depois de 2030 junto com mais 2 ou 3.

    Boa sorte!

    1. “Junto com mais 2 ou 3”:

      “Junto com mais 2 ou 3”: Bangu, Olaria e quem mais? Flamengo acabou. Aceita que dói menos. E esse negócio da globo minar o futebol brasileiro entupindo esse time falido de dinheiro está com os dias contados. Pergunta pro Marin. 

       

       

  3. ingratidão do destino

    Tive certeza de que torceria pelo Corinthians aos 7 anos de idade,num bailinho de carnaval, quando começou a tocar : DOUTOR EU NÃO ME ENGANO… jamais torceria por um time que não pode ser traduzido em música. Já tivemos Sócrates, Rivellino. Mas quis o destino que um peruano pouco conhecido, e agora em final de carreira , fizesse os gols mais importantes da história do Corinthians.Continuo idolatrando Sócrates e Rivelino, Guerrero foi uma paixão de verão. Boa sorte para ele, que ao que tudo indica não saiu por dinheiro. Saiu pelas praias e uma suposta vida mansa carioca .  

    1. Coração vagabundo.

      O cara já foi apaixonado por Marcelinho Carioca, Carlitos Tevez, Ronaldo “Fenômeno” e Emerson Shiek. Agora, vem fazer juras de amor eterno a Sócrates e Rivelino. Rivelino que a “Fiel” já chamou de “ruinzinho do Parque” e que, aliás, é palmeiresense. 

  4. Lindo texto, autora convidada

    Coloquial, converseiro, como se fosse um lamento, mas com a força de um soco no estômago. Ou no ar, à lá Sócrates.

    Sou sua discípula ontem, hoje. E serei sempre. 

    Escreva mais por aqui. Gosto tanto de ler você no que escreve , me faz lembrar alguém que conheci lá pelos anos noventa. Mas agora na versão 3.6/ 3.7.

    Guerrero não sabe quem ele perdeu !

    1. Entre perdas e ganhos…

      Guerreiro perde Itaquera e Tietê e ganha Ipanema.

      Não vai mais dividir quarto com Emerson Sheik nem ouvir as preleções inspiradoras de Tite ou os comentários abalizados do “craque” Neto.

      Tampouco receberá “carinhos” de um bando de loucos.

      … saiu no lucro.

       

  5. Trollando a Mari.

    Rapaz!só faltou a Mari Nassif cantar “Quando olhaste bem nos olhos meus, e o teu olhar era de adeus”.

    “provoca uns calafrios e certas contorções que vão do pescoço à cintura porque ele é forte, firme, tem uns olhos meio cerrados, não sei, uma tatuagem de pena”

    Nassif, este é um blog de respeito. Essas coisas têm que ser censuradas.

    Vem, Guerrero.

    O Urubu te espera de asas abertas para afastar de vez qualquer ameaça de rebaixamento.

    E, na dúvida, jamais voltes a São Paulo.

    Vai que a Mari te encontra na Avenida São João?

  6. Pero no mucho

    Hasta siempre comandante Che Guerrero

    Aprendimos a quererte

    Desde la histórica altura

    Donde el sol de tu bravura

    Le puso un cerco a la vitoria.

    Sino que se ha ido y la buena suerte. 

  7. Pensar que jogadores atuantes

    Pensar que jogadores atuantes no futebol brasileiro o fazem por amor a camisa é uma piada.

    Podemos selecionar alguns casos nos últimos anos (Marcos – palmeiras, Léo Moura – Flamengo, Rogério Ceni – São Paulo)… mas são as exceções que confirmam a regra.

    Me espanto com o espanto da articulista. Acho que vai se decepcionar com todos os outros que estão hoje no seu time.

  8. CRUZEIRO

    Mais um time que troca treinador, achando que a solução sai do banco.

    Cruzeiro, equivocadamente, privilegia o futebol chamado “de toque” ou jogadores chamados de “habilidosos”, o que é um claro sinônimo de preguiça. Ainda, embora mereça homenagens (mas, de outro tipo) foi colocado no goleiro Fábio o cargo de capitão do time. Fábio é o maior fazedor de cera do futebol brasileiro. Ainda, mediante o seu comando, o time todo do Cruzeiro joga “perto dele”. Fábio é também um magnífico ilusionista que, ao começar o jogo, convence o time todo que estão já ganhando de 5×0.

    A solução do Cruzeiro é obvia: trazer um jogador de maior comando no meio campo e botar o time a jogar para frente.

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