Vamos falar sério, o centro não existe!

As pessoas ficam procurando achar nas eleições o que eles denominam de centro, pois a adoção desta palavra para descrever uma posição política perece extremamente agradável, o nome CENTRO representa no imaginário destas pessoas algo centrado, longe dos extremos, com famílias felizes vivendo num limbo maravilhoso longe da terrível direita e da desagradável esquerda. Porém para pensarmos na construção de um bloco de centro a primeira coisa que devemos ficar certos é que existe este bloco de centro.

A ideia de centro é intensivamente mostrada pelos filminhos de Hollywood, onde a feliz “middle class” norte-americana, que estuda em colégio público, tem uma bela casinha no subúrbio e dois automóveis, recebe seu salário mensal que permite uma vida digna e rolar seus empréstimos até que a próxima crise leve o seu carro ou sua casa.

Mas esta “middle class” é realmente uma classe social? Ou ainda, seria possível reproduzir esta classe média eleitoras do CENTRO para o resto do mundo?

Vamos as origens destas pessoas e vamos procurar entender o que são e quais são seus prováveis equivalentes brasileiros!

O classe média norte-americano, assim como o europeu, é na realidade um trabalhador assalariado, ou um pequeno empreendedor, que vive do seu salário ou dos salário que seu pequeno empreendimento lhe dá como “lucro”, ou seja, o dono do pequeno negócio trabalha intensivamente durante toda a sua vida, sem férias e sem descanso para no fim desta garantir uma pequena aposentadoria proveniente do seu fundo de pensão.

Porém não podemos esquecer que este “classe média” norte-americano, recebe aproximadamente o mesmo que recebia um bom trabalhador da indústria nas décadas de 60 e 70, e o mais importante é que o sua sobrevivência provinha do seu trabalho e talvez em parte do que ele ganha acima do salário de alguns empregados em suas microempresas. Ou seja, o nosso equivalente brasileiro do classe média norte-americano é o funcionário público ou mesmo o funcionário de nível superior das grandes empresas industriais e comerciais que ainda existem no nosso país, também seria o dono do armazém o da pequena oficina mecânica que lutam a vida inteira para não falir ou rezam para que um supermercado não abra ao lado de seu armazém.

Se quiséssemos classificar corretamente as classes sociais, deveríamos adotar uma divisão pura e simples em quem vende a força do trabalho e quem vive da compra desta força e trabalho e se apropria em parte do valor que esta gera. Adotando esta divisão clara e que não inclui faixa de renda, mas sim a venda e a compra da força do trabalho, se vê claramente que a chamada classe média está na ponta de quem vende a sua força de trabalho, colocando aqui todo o aparato burocrático estatal que vende a sua força para o Estado, e na concepção antiga de Estado este não deveria dar lucro.

Logo saindo da abstração idílica da classe média como uma cópia de uma classe média do primeiro mundo, em que a exploração do resto do mundo subdesenvolvido permitia que algumas benesses desta superexploração fosse passada para sua classe média, podemos passar para a segunda abstração também idílica da classe média brasileira.

Falamos tanto que o nosso país é desigual, e inclusive a nossa classe média em alguns momentos pensa em diminuir esta desigualdade, porém o que passa nos dias atuais, em que a chamada classe média brasileira se radicaliza pensando em votar nos candidatos liberais para manter o seu status de vida, é que essa “classe média” se dá conta que a sua sobrevivência como “classe média” depende não da superexploração de países vizinhos, mas sim do proletariado brasileiro. Desde o engenheiro em que seu salário é mantido por um salário mínimo miserável do trabalhador da construção ou da fábrica, do funcionário público de carreira que sabe que para o Estado poder pagar um salário mais alto é necessária uma massa de terceirizados das mais diversas formas, como os estagiários, que trabalharão muito abaixo do seu salário. No limite todos os quadros médios femininos do serviço público e da iniciativa privada, em que o salário da mulher é parte importante na manutenção do nível de “classe média” tem como necessidade a exploração do trabalho da doméstica para que liberem seu tempo para a educação e treinamento e para a execução posterior de suas tarefas.

Como conclusão se pode dizer que o CENTRO no BRASIL é composto de uma classe trabalhadora, que por deter um nível de instrução maior, tende a uma superexploração das classe trabalhadoras para se manter como “classe média” equilibrando-se entre uma hipotética e distante chance de ascender para os níveis superiores do capitalismo, e uma próxima e real perspectiva de se proletarizar não em termos de classe, mas sim em termos de rendimento, pois na realidade são um proletariado melhor remunerado a custa da superexploração do proletariado que ocupa os trabalhos com menor remuneração.

Em resumo, podemos dizer que o centro é formado por pessoas que adotam uma ideologia de direita, sem pertencer as classes dominantes do grande capital, e na realidade são proletários melhor remunerados, ou seja, o centro é uma miragem.

Redação

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