Como estaria a economia sem a Lava Jato? Pesquisador do Dieese responde

Operação destruiu a construção civil e causou prejuízo de mais de R$ 172 bilhões que deixaram de ser investidos

Crédito: Divulgação/ Camargo Correia

Na última semana, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) publicou um estudo sobre o impacto da Operação Lava Jato na economia brasileira, em especial no mercado de trabalho. O resultado do acompanhamento entre 2015 e 2018 mostrou que 4,44 milhões de empregos foram destruídos no período.

Para explicar como foi o processo de análise da Lava Jato, que completou 10 anos no último domingo (17), o programa TVGGN 20h recebeu o economista Leandro Horie, do Dieese, que contou ao jornalista Luis Nassif que o departamento teve acesso às tabelas do Tribunal de Contas da União com todas as 14 mil obras paradas devido à operação. 

Segundo Horie, os economistas do Dieese contaram ainda com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fim de calcular como seria o Brasil se a Lava Jato não existisse. 

“A partir daí, a gente sabia que no setor rural dentro desses dados tinham x milhões de empregos. Esse é um dado consolidado. Criamos um método que simulava o mundo sem a Lava Jato. Isso gerava valor e essa diferença de valor atribuímos aos resultados da Lava Jato”, explica. 

Entre 2014 e 2017, por conta da operação, o Brasil deixou de investir R$ 172 bilhões, dos quais R$ 70 bilhões seriam destinados à construção civil – dados obtidos a partir do mapeamento de cada sentença da operação.

“Qual seria o mundo se não tivesse a Lava Jato? Seria um mundo com 4,44 milhões de empregos a mais, onde teria 3,6% do PIB [produto interno bruto] a mais nos cinco anos que a gente analisou, teria quase R$ 70 bilhões de aumento de arrecadação de impostos, teria quase R$ 180 bilhões que se deixou de gastar”, resumiu Horie.

Mais que destruir as empresas no passado, a Lava Jato destruiu também o futuro da construção civil, setor que teve dificuldade de alavancar novos projetos, que por muito tempo não pôde contar com construtoras para realizá-los e ainda hoje sofre com a escassez de empresas dispostas a realizar grandes obras de engenharia, já que o mercado se voltou para o segmento habitacional.

“Além do esvaziamento prático do setor de construção civil, você tem também a perda de qualidade do setor, por ser um setor que alavanca os outros”, conclui o convidado.

Assista a entrevista completa no canal da TVGGN no YouTube ou no link abaixo:

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Camila Bezerra

Jornalista

3 Comentários

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  1. É claro que os números podem ser contestados. O que não pode ser contestado é o papel do camisa preta do Paraná ,sua trupe de meninas vestidos de procuradores e a mídia golpista na destruição dos empresa e ascensão do fascismo milico milicianos em nosso país.
    Uma CPI abrangendo essas questões seria muito bem vinda

  2. O que eu não entendo: existem silos de poder e os empresários (de setores diferentes) que financiam os políticos. Os empresários que perderam muito com a vaza jato, onde que eles erraram? Eles perderam mesmo? Ou quais empresários mais ganharam?!

    1. A burguesia empresarial no Brasil se volta para a exploração máxima dos recursos diaponíveis (mão de obra e recursos naturais), para atendimento prioritário do mercado externo (via desregulamentação total da exportação), visando obter o máximo ganho ao menor custo possível. Mesmo quando está aqui dentro, vive fora do país e pouco se importa com as condições de vida das pessoas ou com o desenvolvimento do país, desde que seus interesses sejam preservados. Isso quando, fugindo dos riscos inerentes aos negócios produtivos, não escolhe deitar na cama macia dos ganhos fáceis da financeirização bancada com os impostos da patuléia.

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