#eleQUEM? Contra um oportuno esquecimento, por Rogério Mattos

#eleQUEM? Contra um oportuno esquecimento, por Rogério Mattos

Em meio a campanha contra o uso de materiais descartáveis durante as eleições desse ano, inaugurada pelo TSE em prol de uma eleição “mais limpa”, uma multidão se reuniu contra o uso de Jair Messias Bolsonaro, vulgo Bozo, na urna de votação eletrônica.

O problema é que a classe-média, entusiasta do ambientalismo e de outras propagandas fakes defendidas pela The Economist, por exemplo, uniu suas forças contra um material descartável de segunda categoria, versão retrô, anos 60, que é vendido hoje em qualquer camelô. Já se esqueceram do produto considerado de marca, igualmente descartável e que parece ter uma vida útil maior, ou seja, sua venda, ainda mais em escala industrial, produz muito mais malefícios ao meio ambiente.

Uma multidão se formou contra o produto tupiniquim de quinta categoria e se esqueceu, talvez por ser americano, que seu modelo é potencialmente muito pior. Se há de existir alguma união verdadeiramente patriótica contra essas espécies de enlatados, descartáveis, que se levantem as bandeiras, as faixas de protesto, contra um tóxico bem mais potente. Caso contrário, é inevitável se embarcar numa campanha onde se sairá nas fotos aos lado de Madona, Sasha ou Ana do Relho…

Já não bastou junho de 2013? Quem disse que PSDB alguma vez foi “centro”? Não se sente o cheiro de podre nessa história? Por que a “direita limpa” seria menos maléfica? Por que a “esquerda” gosta tanto de ser cheirosa?

Que se pergunte às mães do nordeste como foram tratadas – elas e seus filhos – durante o luminoso reinado de FHC! No seu fim, uma criança morria a cada cinco minutos por fome ou por causas relacionadas a ela.

Se patriótico fosse o movimento de sábado, seria outra a figura a se voltar contra. Figura esta que é a única razão de ser da direita como um todo ainda hoje ter alguma aspiração política, com ou sem Bolsonaro. Se esse não existisse, outro descartável seria colocado em seu lugar. Que se interdite o uso da matéria-prima e não necessariamente de seus derivados que se espalham de maneira difusa. Quando se fala em “barbárie”, o buraco é muito mais embaixo.

Redação

3 Comentários

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  1. Comentando um artigo de um

    Comentando um artigo de um Walderley de Tal, publicado em O Cafezinho, na semana passada, escrevi o seguinte:

    Sr. Wanderley, não o conheço (e nem quero conhecer). Como a grande maioria da classe média, provavelmente o senhor não conhece um pobre. Conhecer no sentido de saber como é sua vida, seus sofrimentos e sua luta diária.

    Moro na área rural do sertão norte baiano. Aqui cheguei em 99, no fim de uma seca. O governo federal distribuía, através das prefeituras, cestas básicas que só chegavam aos eleitores do prefeito. Vivia-se de caça, quando caça havia. O transporte era a pé ou de jumento. Cavalo era caro, alguns tinham bicicleta. Moto e carro nem pensar. Bebia-se água salobra e médico só na cidade maior. Médico não, meros passadores de receitas. Passava-se fome, sr. Wanderley.

    Vieram os governos do PT. O senhor nem faz ideia de como a vida mudou. É rara uma casa que não tenha uma moto. Algumas até mesmo carro, velho, mas andando. A fome sumiu. O senhor nem vai acreditar, mas graças ao Luz para Todos, até mesmo geladeira e rádio o sertanejo passou a ter. Parece coisa de ficção, não é? Mas juro por Deus que é verdade. Na seca de 2012/2013, a maior dos últimos 100 anos, dizem, até mesmo milho por menos da metade do preço do mercado pude comprar. Ah, minhas cabras até riam de tanta felicidade, sr. Wanderley. E pela primeira vez na história, atravessamos 2 anos de seca terrível sem pagarmos o pesado imposto de mortes, moço. Sabe aquela frase “é melhor ganhar dez do que não ganhar nada?” Pois é, o povo já não trabalhava mais por dez tostões.E então passaram a dizer que o Bolsa Família incentivava a ociosidade. E como o dinheiro era entregue à mulher, o homem já não podia se meter a besta com ela.

    O Bolsa Família, o salário mínimo valorizado, tudo isto para o senhor, sr. Wanderley, deve ser dinheiro d pinga . D. José Maria Pires, o D. Pelé, dizia que o homem da cidade não sabe o que valem 50 reais para o sertanejo. Vi gente chorando de alegria ao receber a chave da casa própria. E o senhor certamente nunca foi atendido por um médico cubano, certo? Quanta diferença, cara! E quando fizeram as cisternas para aparar água da chuva, vi famílias degustando a água doce. Degustando, cidadão! (Certamente vc só degusta bons vinhos, correto?)

    A vida mudou e mudou muito, senhor. Nunca nenhum governo havia olhado para esse povo cuja vida era só sofrimento. Assim, cidadão, respeite essa gente para a qual você nunca olhou antes. Respeite esse povo que diariamente tira água de pedra. Vamos sim, vamos votar maciçamente no Lula a ou quem ele indicar, chame-se Haddad, Pedro ou Maria.

     

    1. Ari, eu não faria nenhum

      Ari, eu não faria nenhum retoque no seu comentário. É uma realidade que se continua a querer ignorar. Quando as notícias eram muito ruins poderia até se achar que seria “comum” virar os olhos para ela. Quando as notícias passaram a ficar boas, ninguém segurava a retórica do Lula com o seu “nunca antes na história desse país”. De uma hora para outra, os canalhas tomaram o poder de tal forma que roubaram até o que de mais legítimo havia em nosso discurso. Hoje, boa parte dos antigos entusiastas das políticas do PT sofrem desse transtorno semântico: perderam qualquer referencial concreto na realidade e parecem falar como dementes. Infelizmente, o professor Wanderley, tão lúcido em diversas ocasiões, foi sequestrado por transtorno das massas, essa hipnóse coletiva. Lembro desse artigo dele e é algo para ficar nos anais da recente história da infamia nacional.

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