Eliane Brum: O trem de Alckmin que não chega ao Aeroporto é a metáfora do Brasil

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Reprodução/Folha

Por Eliane Brum

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Esse trem que o Geraldo Alckmin/PSDB inaugurou neste sábado (31/3) em São Paulo é um escândalo, uma vergonha absoluta. Além dos 14 anos de atraso, é a prova de que os interesses privado$ se sobrepõem aos públicos na administração do PSDB, há 24 anos no governo do estado de São Paulo e agora também na prefeitura de São Paulo.

A estação se chama Aeroporto, mas ninguém vai conseguir chegar ao Aeroporto de Cumbica. Carregando suas malas, o cidadão convertido em idiota vai ter que cruzar uma passarela e ainda pegar um ônibus. Custou R$ 2,3 bilhões – e para não chegar ao Aeroporto. Era para desembarcar do trem próximo ao check-in, mas “a concessionária decidiu construir um shopping no local da estação”.

Era para ter ficado pronto em 2004, não ficou. Depois foi anunciado para a Copa de 2014. Vai ficar pronto para a Copa da Rússia. E tudo segue sem maiores protestos… Esse trem que não chega é uma metáfora do Brasil. Com muito atraso, quase alcança. Mas os interesses privados de empresas, aliados aos interesses privados de políticos que não mereciam ser eleitos mas são, soterram o interesse público e o bem coletivo, interrompendo o percurso. E que cada um se vire para carregar suas malas.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Eliane….

    A metáfora do Brasil é que estas ratazanas, estes medíocres foram vendidos por nossa Elite, Imprensa, Intelectuais como o caminho para este país. Covas, Arraes, Dutra, Collares, Teotonio, Montoro, Lula,  FHC, Serra… Esta extensão da Linha Leste até Guarulhos é apenas mais um dos Elefantes-Brancos do Trensalão Tucano. Aquele que nunca é agraciado com a “celeridade” de STF e TRF 4. Aquela gente toda que na Anistia de 1979 prometia um país diferente combatendo a corrupção. Onde estão todos os ‘comparsas’ implorando o perdão de uma Nação toda? Só vejo e leio que a tal continuidade é o futuro. Futuro de quem? Esta extensão é uma ABERRAÇÃO, onde foram enterrados bilhões de reais num conluio com todas Empreiteiras que estão presas e sendo destruídas. Não citaram absolutamente nada, sobre este buraco de dinheiro público? É só verificar o absurdo de tal obra. O Brasil é de muito fácil explicação. 

  2. guarulhos

    Eliane, em primeiro lugar, parabéns por estar no GGN, lugar adequado a seu talento e sua coragem. Passei por Guarulhos ontem, depois de anos, e fiquei espantado. De um lado, os terminais velhos, que no lado dos check-ins parecem uma rodoviária mal cuidada. No terminal novo, lojas e lojas caras. Entre eles, um caminho péssimamente planejado e executado. Deviam ter vergonha, mas não têm tempo, estão contando dinheiro.

  3. bom post.

    O tucanistão ainda não foi extinto pela unica razão do apoio que têm do PIG.

    Não conheço ninguem que tenha votado em serra e alkmin e doria com convicção. Todos são votos anti-petista.

     

  4. A questão ferroviária no

    A questão ferroviária no Brasil é um caso sério.

    Em São Paulo, os trens urbanos estão sendo substituídos por composições novas. Mas a infraestrutura de linha, principalmente trilhos, dormentes, controle de tráfego etc. estão totalmente obsoletos e sucateados. Resultado: há trens novos, mas que têm de trafegar com lentidão e sofrem inúmeros atrasos.

    Pior. A malha ferroviária metropolitana, com raríssimas exceções (a Linha 13 do “Aeroporto sqn” é uma delas), é composta pelos trilhos das velhas Santos-Jundiaí (antiga SPR), Central do Brasil e Sorocabana, ferrovias que traziam não apenas passageiros mas também cargas tanto para a capital quanto para o porto de Santos.

    O tráfego de trens de subúrbio (hoje “metropolitano”) foi um subproduto inesperado que só deslanchou com a gradativa estatização do sistema, mas mantendo duas operadoras (a estadual Fepasa e a federal RFFSA/EBTU/CBTU) até que em 1994 todas as linhas metropolitanas foram unificadas por uma estatal estadual (a CPTM), formando a partir de então um sistema único e integrado.

    Ocorre que o sistema metropolitano da CPTM ainda continua tendo uso misto, isto é, passageiros e carga. Basta ficar algumas horas na Estação Barra Funda, por exemplo, para flagrar a passagem de trens de carga pelas plataformas.

    Esse uso misto é um brutal impedimento para a metrorização das linhas ferroviárias, isto é, a adequação do sistema de trens às normas e características do metrô.

    Para eliminá-lo, é fundamental criar uma linha ferroviária que contorne a capital, isto é, o Ferroanel, versão ferroviária do Rodoanel. Mas enquanto 3/4 do Rodoanel estão prontos, o Ferroanel nunca saiu do campo das intenções.

    Voltando à Linha 13 – Jade. Do ponto de vista dos trilhos, vai-se do sistema Luz (começando na Barra Funda e além) até a estação Aeroporto SQN tranquilamente. Tanto que há a promessa de em junho partirem trens do Brás para Guarulhos.

    Mas então por que não se impõe que TODOS os trens rumo a Guarulhos saiam da Estação da Luz (que tem o diferencial de possuir estações de metrô das linhas 1 e 4)?

    Ora por que, porque o sistema não suporta. Apenas algumas seções podem ser trafegadas, o aparelhamento não dá conta, os trens atuais já saturam o pouco que funciona.

    E não devamos menosprezar o lobby de agentes que não desejam uma ligação ferroviária ao aeroporto, a começar pelas associações de taxistas e a concessionária do estacionamento.

    Sempre estranhei a recusa sistemática de GRU construir uma estação rodoviária, dado que os voos internacionais atraem muitos passageiros dos quatro quadrantes da macrometrópole (Santos, S. José dos Campos, Campinas e Sorocaba).

    Um terminal rodoviário moderno e confortável, com saguão de espera dotado de cadeiras confortáveis, anúncios sonoros de chegada e partida de ônibus, banheiros etc seria um ganho imenso em termos de mobilidade dos usuários da macrometrópole. Mas o que há são gambiarras nas plataformas do setor de desembarque, sem qualquer eficiência, conforto ao usuário e mesmo segurança.

    Agora essa estação a 2,5km do terminal.

    Há muito interesse espúrio por debaixo dessa ponte…

  5. Aerotrem
    Mais uma obra inaugurada para fazer campanha, e explorada em seus muitos aditivos que explicam o atraso para fazer propina e dinheiro pra… campanha.
    A estação não chegar até onde foi planejada inicialmente é só um pretexto para outra obra, para ser inaugurada em outra campanha, e fazer dinheiro para.. . a próxima campanha.
    Dinheiro e poder são os motores da direita que o psdb e o diabólico do discurso oco representam muito bem.
    Cadê a investigação sobre a máfia do transporte em SP? Vai prescrever, como tudo que interessa a eles, ou ser desviada de seu curso, como a estação do “quase-chega-ao-aeroporto”. Psdb, o partido do quase em um país do futuro que nunca chegou a sair do passado colonial, malgrado sua modernização. Aliás, como disse Faoro, se bem entendi e se estiver enganada que me avisem, a função da modernização no Brasil é alterar a superfície para conservar as estruturas retrógradas. A estação é mais que metáfora, é nota dez em alegoria dessa ideia.

    Sampa/SP, 31/03/2018 – 22:44 (alterado às 22:56).

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