O difícil caminho de Lula: a lealdade primeira ao Brasil, e só depois ao PT, por Eduardo Ramos

Espero que Lula saiba de fato, INTERPRETAR tudo o que o Brasil viveu de 2005 pra cá, todo o ódio, a selvageria, as perversidades

Ricardo Stuckert

O difícil caminho de Lula: a lealdade primeira ao Brasil, e só depois ao PT.

por Eduardo Ramos

No momento em que escrevo esse texto, 22/12/2022 às 12 horas, vemos, alguns como eu perplexos, o primeiro “tiro no pé” do governo Lula. Que, aliás, – e esse comentário serve bem ao objetivo desse artigo – deveria fazer questão de ser chamado e reconhecido como “O Governo da Frente Ampla que quis salvar o Brasil do naufrágio!” – mesmo que reconhecendo-se ampla e naturalmente a liderança legítima do presidente em todo o processo, da eleição ao fim do mandato.

“Tiro no pé” é como conceituo as notícias que leio com tristeza, mesmo sem ter a certeza de que sejam totalmente verídicas, mas apenas especulações e, talvez até, “balões de ensaio” que partidos e lideranças lançam ao vento só para testarem a reação da sociedade.

Mas… 1) Convidarem Simone Tebet para o Ministério do Meio Ambiente e levarem dela uma invertida, com direito a lição de casa em relação à ética e à decência nas relações políticas, é erro para amador nenhum botar defeito! É feio, “pega mal” como dizemos aqui na rua quando alguém “pisa na bola com a gente”. É o PT passando uma imagem de arrogância, uma certa burrice, uma falsa esperteza, um desejo de se sobrepor de modo esmagador na tal da “Aliança política”, que faz aos brasileiros lúcidos engasgarem com um espanto ruim preso na garganta.

E 2) Optarem por Wellington Dias para Ministro do Desenvolvimento Social. Dou minha opinião objetiva para isso: NADA, ABSOLUTAMENTE NADA JUSTIFICA LULA NÃO CONCEDER ESSE MINISTÉRIO PARA SIMONE TEBET, POR QUINHENTOS MOTIVOS DIFERENTES, TODOS VÁLIDOS!

Desenhando alguns desses motivos: mostrar aos aliados que a frente ampla não é um “puxadinho desvalorizado do PT”, um “apêndicezinho…”, mas “convidados de honra”, principalmente aqueles que, literalmente, na batalha final deram tudo de si para que a apertada vitória ocorresse. E emitir um sinal de que o PT não agirá de modo mesquinho impedindo gente talentosa como a Tebet de brilhar através de um grande ministério.

OU TERÃO ESQUECIDO QUE O PT SÓZINHO É FONTE DE ÓDIO E PRECONCEITOS, O PRÓPRIO PARTIDO SÓ PROSSEGUIRÁ EM RELATIVA PAZ CONTANDO COM ALIADOS DE CENTRO-DIREITA?

A grande mídia já faz um carnaval com essas notícias – serão fatos??? – e é preocupante o PT não desmenti-las, soa tudo como realmente balões de ensaio, testes para verem até onde podem ir em sua sede de poder… Se for isso, é raso, é burro, é colocar os interesses do partido acima dos interesses do Brasil. É não dar o devido valor aos aliados que ajudaram “a trazer a taça para o nosso lado”.

Espero que Lula saiba de fato, INTERPRETAR tudo o que o Brasil viveu de 2005 pra cá, todo o ódio, a selvageria, as perversidades, a ausência de limites… Ele e o PT, infelizmente, ainda figuram no imaginário popular de um modo pejorativo, uma das acusações (não importa se verdadeira ou não!) a incapacidade da grandeza de dividir o poder, cargos, brilhos, e não importa nesse momento crucial que vivemos, se isso deriva dos massacres impostos ao Partido: o erro estratégico do PT nessa questão transcende qualquer necessidade de “imputar justiça a si mesmo” (sic…).

Distopias experimentadas por uma sociedade num tempo prolongado trazem, entre outras consequências nefastas, uma dificuldade quase intransponível para se ver além das paredes daquele hospício onde está “internada à força” aquela nação específica. Será deplorável, a nível do inacreditável, se Lula e o PT não enxergarem o tamanho, a profundidade, do pântano em que nos atiraram a todos!

SÓ UMA FRENTE AMPLA TORNADA CONCRETA, REAL E ASSIM PERCEBIDA POR ALIADOS E PELA SOCIEDADE PODEM NOS TIRAR DESSE LUGAR HORRENDO!

Que Lula e o PT tenham essa lucidez, e a grandeza necessária para colocarem ACIMA DE QUAISQUER OUTROS, os interesses do Brasil em primeiríssimo lugar.

Fora disso, é quase como lançarem a semente do caos mais uma vez nos terrenos do acaso…

(eduardo ramos)

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Redação

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Gostei das críticas ao PT como forma de confrontar o Partido com a Frente Ampla.
    Entretanto não esqueçamos das opções políticas havidas no processo eleitoral:
    Tebet, Ciro e os nanicos, NO PRIMEIRO TURNO, optaram por privilegiar opções pessoais. Podemos imaginar que Tebet aliando-se a Lula no primeiro turno resolveria a eleição já ali. Fez a opção pessoal, legítima politicamente.
    Vencida a eleição, núcleo duro formado com os seus, Lula deveria ir a Marina e Simone para as opções ministeriais de cada uma, que aliás, estavam claras: Ambiente e Social.
    Depois vieram os adesistas, necessários para a governança.
    Essa seria a ordem natural de preenchimento de cargos.
    O Bolsa Família tem ligação umbelical com o PT/Lula, dificilmente Simone romperia essa ligação.
    Sem dúvida houve um erro político na condução das duas apoiadoras, decisivas no segundo turno.
    Nem falo na condução mencionada do texto base.
    O cara falhou nessa.

  2. Discordo totalmente. Simone Tebet não tem experiência nenhuma para assumir um ministério tão importante como o do desenvolvimento. A mídia viúva da terceira via quer fazer acontecer Simone no ministério mais importante do governo já visando 2026. Simone poderia muito bem assumir o ministério da agricultura e fazer a interlocução necessária com os ruralistas, mas ela quer se desvincular do agro já pensando na próxima eleição. O PT não é santo, mas quem está pensando no projeto pessoal muito acima do projeto de país é Simone Tebet.

  3. Lula pode dar qualquer cargo pra essa senhora, menos uma vaga no STF, seria mais uma das muitas indicações estapafúrdias, errar é humano, insistir no erro é estupidez…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador