Sempre há esperança!, por Ângelo Cavalcante

Enviado por Franklin Jr

Sempre há esperança!

por Ângelo Cavalcante

Que o país está integralmente “na lona” já não resta a menor dúvida; que as macro-políticas de Temer/Meirelles estão nos catapultado para o começo do século XX em matéria de organização e promoção social é fato líquido e certo; que o ambiente social, político e econômico do país avança em um pleno de degradação é, da mesma forma, de clareza solar; existem, no entanto, estranhas novidades no ar e que não podem passar desapercebidas.

Estou, inicialmente, a tratar de dois aspectos fundamentais e, por sinal, fartamente demonstrados ontem, no carrossel de crimes e que fora o 02/08/2017; data fúnebre e que, por fim, pela ação de um congresso apodrecido na corrução livrou o “ínclito” Temer de investigação via Supremo Tribunal Federal. O primeiro é que revela a integral falência e ruína deste governo; que mesmo liberando dezessete bilhões de reais em emendas, aditivos e projetos para aliados, ainda assim, se viu na incerteza da absolvição. Não poderia ser diferente, uma base constituída a partir desse tipo de expediente não é, ao fim, base de nada.

O que se viu ontem, foi o “tratorzão” do governo integralmente tímido e intimidado; que não dizia coisa com coisa e que tal qual um naufrago que se agarra desesperado em sua tábua, se abraçava em discursos prontos e ligeiros com base em abstrações longínquas e de impossível realização como “estabilidade econômica”, “compromisso com o país” e “reformas necessárias”.

Por fim, se esforçava por tentar articular discursos de apoio ao famigerado Temer. Efetivamente, sem verdade, substância ou coerência e que gravitava caótico entre o cinismo puro e simples e a desfaçatez mais escancarada e deletéria, sobretudo, para os fazeres políticos e que, a bem do que restou de democracia, carecem de ser resgatados. Se ganhou na votação, perdeu, de novo perdeu, na estratégia de aglutinação, na capacidade de liderança e na retomada do dialogo com a própria população do país.

O aspecto seguinte a ser considerado é o que respeita aos movimentos sociais, intelectuais de esquerda, militantes e educadores sociais; é que acredito que jamais podemos perder a oportunidade de apostar na educação política; na formação social politizada, crítica, classista, emancipatória e libertária. Vou insistir na educação política! É minha crença!

Se ontem foi um festival de horrores e, de fato, foi; há também a possibilidade de mostrarmos como funciona essa direita; como ela opera; como se enfileira para atingir seus objetivos. Essa é oportunidade única e essencial e que não podemos perder de vista.

Vejam bem… É governo cadavérico e que, estranhamente, está de pé e nos governando. Como isso pôde acontecer? A quem interessa esse zumbi na frente do país? Quem o sustenta e como o sustenta? É claro que aos mais afeitos ao debate político, aos que sabem identificar as delicadas e perigosas interfaces entre os mundos da política e da economia; aos que percebem forças e influências externas operando para a manutenção do que estamos vivendo, tudo é bem mais fácil, mas… Para o povo não é tão tranquilo assim.

Não é tranquilo ou favorável àqueles que não puderam estudar; que desde criança estão envoltos com trabalhos fatigantes; que sequer famílias tiveram; aos que vivem em rincões remotos do país submetidos a tirania de poderes locais; aos que não tiveram acesso a espaços formativos essenciais; aos que se dividiam entre jornadas intermináveis de trabalho em locais lúgubres, ambientes familiares deteriorados e bairros ou algo similar, arriscados e desestruturados.

O possível desse lastimável momento é traduzir pedagogicamente o vivido para a gente do povo; é converter toda essa maledicência em formação esperançosa, teimosa e ousada. Nada pode ser mais revolucionário ou transformador do que acreditar em um povo desarticulado, cansado e descrente. É a nossa maior radicalidade, é o melhor e mais sincero de nossa essência política e é o ódio que eles, os donos do poder, terão de todos nós, sobretudo, de nós, os que lidam com a educação.

Nossa missão? É acreditar!

Ângelo Cavalcante – economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara. 

Gravura: imagem do CD “Estación Esperanza” do Manu Chao.

Foto: Franklin de Paula Jr – Janela da Cidadania: resistência com esperança no final da Asa Norte em Brasília-DF, em 03/08/2017.

 

Redação

4 Comentários

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  1. A esperança macunaímica é a
    A esperança macunaímica é a causa do atraso brasileiro.

    O povo quando perde a esperança está pronto para derrubar a bastilha.

  2. Pois é

    Derrubar a Bastilha. Há pouco li um livrinho interessante que relata os momentos cruciais que levaram à derrubada da Bastilha e, logo depois, à caçada a reis e nobres, etc. Bem, a História mostra que a população mais pobre não é movida por grandes elocubrações teóricas. Isso fica sim com os intelectuais que precisam suprir o vazio político deixado pelos ‘reais’ caídos, o que temos e muito bons por sinal.. O povo é movido pela fome, pelo desespero, pela falta de saída para qulquer coisa. É o vemos agora com o circo armado pelos golpistas. Preparem seus corações sofridos. A lona do circo pode desabar…

  3. Esse país está morto e não

    Esse país está morto e não vai mais ressuscitar !!!

    Dá vontade de tirar a própria vida vendo o país desse jeito.

  4. Deveriamos colocar dizeres

    Deveriamos colocar dizeres semelhantes ao da Janela da Cidadania em todas as janelas deste Pais. O que fazer agora? Como colocar o povo na rua ? A esquerda politica esta com medo de ser perseguida, como ja são Gleisi, Lindenberg, Haddad, para além dos que foram condenados. Sobre os sindicatos é de se perguntar se seus dirigentes não ganharam dinheiro para esse silêncio fatal e os cidadãos conscientes estão sem saber o que rumo tomar neste momento de caos.

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