A incógnita das eleições mineiras

Coluna Econômica

Ao lado de Marcos Coimbra e João Francisco, do Vox Populi, Ricardo Guedes, do Instituto Sensus, é o melhor analista do país em pesquisas eleitorais. Os três têm a rara capacidade de, em meio ao emaranhado de números de uma pesquisa, identificar os pontos centrais, os que fazem a diferença e permitem antecipar tendências da mídia.

Recentemente, foi alvo de uma investida do PSDB mineiro, pelo fato de suas pesquisas não terem mostrado evolução da candidatura de Antonio Anastasia para o governo mineiro.

Mesmo ressentido com o ataque – por ter servido, inclusive, no governo Tancredo Neves – Guedes considera que a eleição mineira não está decidida para Hélio Costa.

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hHojHoje em dia, a chapa Hélio Costa-Patrus Ananias têm 20 pontos de vantagem sobre Anastasia. Mas há dúvidas sobre a junção PMDB-PT. A nível partidário, o pacto foi bem resolvido. Mas, eleitoralmente, o efeito é uma incógnita. Quando se juntam projetos antagônicos – PT e PMDB mineiros – às vezes pode somar, mas muitas vezes pode gerar rejeições de eleitores de lado a lado.

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Por outro lado, Guedes não tem dúvidas de que Anastasia irá subir. 35% do eleitorado mineiro ainda desconhecem que ele é candidato do ex-governador Aécio Neves. No caso de Dilma Rousseff, há uma correlação de 0,98 entre os que ficam sabendo que é candidata de Lula e que decidem votar nela. Ou seja, quase todos. No caso de Anastasia com Aécio, a correlação é de 0,78 – menor que a de Dilma-Lula mas, ainda assim, muito alta.

Pelas contas de Guedes, Anastasia ainda deverá crescer 10 pontos, de maneira inercial, reduzindo para 10 a diferença em relação a Hélio Costa.

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Aí entram as dúvidas específicas.

De um lado, não se sabe como será o desempenho de Anastasia no horário político, se irá gerar processo de confiança ou não no candidato.

Há uma desconfiança, entre os próprios coordenadores da campanha, de que talvez Aécio tenha entrado tarde demais no jogo. Como não sabia se seria candidato à presidente, Aécio sempre evitou se comprometer demais com a candidatura de Anastasia, para não acirrar a política. Anastasia era um candidato pró-forma. Agora, se tornou candidato real. Mas, enquanto Lula passou a apoiar ostensivamente Dilma desde janeiro de 2009, só agora Aécio entrou de corpo e alma na campanha.

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Há outras incógnitas no jogo. No caso das eleições presidenciais, segundo Guedes, o primeiro turno já ocorreu – dossiês, acusações mútuas, sabatinas. Haverá pouca novidade daqui para diante. Além disso, José Serra não logrou desenvolver um discurso novo.

Já no caso da oposição mineira, grupos de discussão coordenados pelo próprio Sensus em todo o Estado mostram que, apesar da popularidade de Aécio, há o sentimento de que ele não cuidou da parte social como Lula cuidou. Então a oposição deverá martelar na bandeira de que fará pelo social, em Minas, o que Lula fez no Brasil.

Por tudo isso, Guedes não arrisca um prognóstico para a eleição mineira. Para a eleição nacional, ele crava que Dilma deverá ter mais que o dobro dos votos de Serra. 

Luis Nassif

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